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As eleições, as lutas e meu voto em Dilma

1 de Outubro de 2014, 8:34 , por Alan Freihof Tygel - 44 comentários | 4 pessoas seguindo este artigo.
Visualizado 608 vezes

 

Em primeiro lugar, gostaria de deixar claro o papel que penso cumprirem as eleições na sociedade em que vivemos. Estamos numa democracia burguesa, e votar num/a presidente/a ou governador/a é simplesmente escolher o/a novo/a gerente do Capital sobre o Estado. Partindo desse pressuposto, derrubo qualquer aspiração revolucionária a partir do voto. Amo a Luciana Genro, curto demais o Eduardo Jorge e sou fã do Mauro Iasi. Mas pra botar qualquer um desses no poder, precisaríamos de armas. Só apertando o botão não dá.

Reconheço o papel que candidatos com posições mais à esquerda têm nas eleições. Os debates são oportunidades únicas de usar o espaço de radiofusão, que deveria ser público e democrático, para propagar ideias progressistas. Mas é muita ingenuidade pensar que alguém que estivesse realmente concorrendo a um cargo poderia falar tão abertamente a favor do aborto, da legalização das drogas, ou contra o capital. Só podem dizer o que dizem porque não concorrem a cargo algum. Vivemos num país de 200 milhões de conservadores, sinto muito dizer a verdade. Dizer então que fica "decepcionado" com Dilma é ignorar isso.

Mas foi precisamente nesse país de 200 milhões de conservadores que o PT conseguiu levar adiante projetos ofensivos à algumas frações da burguesia, como as cotas, bolsa família, mais médicos, elevação real do salário mínimo. O Programa de Aquisição de Alimentos, uma importante conquista para a agricultura familiar, foi alvo de reclamações imperialistas.

Quem me conhece sabe que acompanho de perto o tema da reforma agrária e da agroecologia, e portanto tenho argumentos para reclamar três dias e três noites do PT sem parar. Nenhum dos programas que citei afrontam diretamente a propriedade privada. Essa, só com reforma agrária e reforma urbana, coitadas, uma mais distante que a outra.

Mas para que servem então as eleições? Como já avisei antes, escolher o novo gerente do Capital. Nada mais do que isso. Esse gerente será tão melhor quanto mais permitir que a classe trabalhadora acumule forças para se organizar. E isso se faz melhorando as condições objetivas e a consciência de classe. Quanto ao primeiro ponto, é inegável que houve avanços. Já em relação ao aumento da consciência...

Ainda que o governo PT tenha sido deplorável nesse sentido, quando tinha totais condições de fazê-lo, considero que o aumento da participação da sociedade organizada nos espaços de decisão são um grande avanço. Ainda que quem já tenha participado destes espaços muitas vezes tenha saído profundamente decepcionado, podemos medir sua importância pelo tamanho do chilique que a direita deu quando Dilma propôs a criação do Sistema Nacional de Participação Social e o Plebiscito sobre Reforma Política. Ambos trariam o povo para mais perto da política, e a direita portanto veio forte para barrar os dois.

Nesses anos em que acompanhei alguns espaços políticos mais de perto, percebi a importância da incidência da sociedade nas políticas, e a tragédia que seria perder esses espaços. Só para dar um exemplo, a construção da Política de Agroecologia foi fruto concreto da nossa luta. Saiu dilacerada, estilhaçada, mas saiu. E vai se despedaçar ainda mais na sua implementação. Mas está lá, e nos permitiu chegar a um avançado Programa Nacional de Redução do Uso de Agrotóxicos.

Daí já entramos no outro assunto, que é o nosso maravilhoso parlamento ruralista. Enquanto não extirparmos esse câncer (literalmente!), ou pelo menos reduzirmos seu escopo de atuação, as mudanças positivas, se houverem, serão poucas. E, precisamente neste ponto, saliento a grande importância de termos parlamentares comprometidos com nossas lutas, esses sim possíveis de serem eleitos. No Rio, os deputados do PSOL e alguns do PT são fundamentais para obtermos vitórias, ainda que pequenas, mas que nos animam a continuar lutando. Precisamos elege-los, mais e mais.

Respeito demais as grandes companheiras e companheiros que constróem o PSOL, PSTU e PCB. São fundamentais para construir a crítica consistente, apresentar alternativas e mobilizar a sociedade para as lutas da classe trabalhadora.

Respeito também quem vota nos candidatos destes partidos para presidente com intuito de ter a consciência tranquila, de votar em quem realmente acredita. Acho até bonito.

Eu acredito na revolução socialista e tenho certeza que ela não será construída pelo voto, nem nada perto disso, como foram Allende ou Chavez, na conjuntura atual. Eu acredito na luta dos movimentos sociais e na elevação da consciência revolucionária pelo povo a partir de pautas que ofendam a burguesia e a propriedade privada, para que um dia possamos construir uma unidade na esquerda capaz reverter a correlação de forças em nosso favor.

Eu luto pela Reforma Agrária Popular, pela democratização das comunicações e por uma Engenharia a serviço do povo. E voto em Dilma.


44 comentários

  • Eu com violao 2011 minordaniel
    1 de Outubro de 2014, 9:18

     

    Tenho orgulho deste moço! Ótimo texto, Alan!


  • 3eef4956fdf20a6a3000653f971ae093?only path=false&size=50&d=identiconAngela
    2 de Outubro de 2014, 6:07

     

    Assino em baixo, Alan!


  • 9d2eec50cfb3eddb0528243af35da84a?only path=false&size=50&d=identiconHerli Joaquim de Menezes
    2 de Outubro de 2014, 9:19

    Concordo e assino em baixo...

    Essa postagem não pede comentários, só aplausos. Muito bem Alan, como a Angela, assino em baixo.


  • Pfoto cv minorFelipe Addor
    3 de Outubro de 2014, 9:48

    Dilma

    Boa Alão, estamos juntos!!!


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