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Oswaldo Sevá se foi: "ninguém é obrigado a vender a cabeça"

2 de Março de 2015, 5:53 , por Alan Freihof Tygel - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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Oswaldo Sevá - Foto: Verena Glass

Uma grande perda... Mas, taí alguém que podemos dizer cumpriu um papel grandioso nesse mundo.

Sevá dava suas aulas apenas com fotos. Usinas, indústrias, pedreiras, minas, estradas de ferro, garimpo... E a cada foto, a gente entrava naquele mundo particular, compreendendo os estragos que a Engenharia pode fazer no mundo.

Certa vez ele deu uma entrevista para a revista do Soltec - EITCHA!!! - e eu fui o responsável pela diagramação. Obviamente a entrevista toda não cabia, e tive que cortar alguns trechos. Logo após a publicação, cheguei um e-mail trovejante do Sevá, dizendo que havíamos cortado o principal, que era por conta das críticas à Universidade, por que fulano ia achar isso, isso, e aquilo, e nem deu tempo de dizer que eu só tentei extrair o mais bonito. Rapidamente publicamos a entrevista inteira.

Mas o que importa é que esse trabalho, difícil, me fez ler e reler a entrevista várias vezes. Daí pesquei uma frase, singela, mas muito forte, que passei a usar no final de todas as minhas apresentações, quando tento convencer engenheiros de que outros caminhos são possíveis:

"..., mesmo dentro do sistema, devíamos todos ser pelo menos reformistas, humanistas, afinal temos que procurar emprego e salário mas ninguém é obrigado a vender a cabeça e apenas reproduzir a máquina de moer gente e utopias em que isso se transformou."

Numa dessas palestras, no ENEDS de Natal, em 2012, estava super nervoso, pois era uma plateia grande, um auditório imponente. Havia preparado os slides com a citação, mas não havia atentado para o que podia acontecer e aconteceu: ele estava na plateia! Dai, obviamente fiquei mais nervoso ainda.

Ao final, como sempre, ele levantou. Me preparei para raios e trovões, e ouvi uma linda demonstração de humildade: "Quero saber o que os palestrantes não puderam dizer por conta do curto tempo?" Não poderia ter recebido elogio maior.

Professor Oswaldo Sevá, sempre presente!

Veja o site do Sevá, e uma entrevista (que, essa sim, tentaram censurar!) no Combate ao Racismo Ambiental.


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