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Sábadão em Bonn, tudo de Bão!

17 de Janeiro de 2015, 13:53 , por Alan Freihof Tygel - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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  • Sábadão de inverno em Bonn, os Alemão tudo na rua botando as luvinhas de fora. Dois erros nesta frase: (i) só quem usa gorro e luva sou eu, o povo parece que não tá nem aí pro frio. (ii) Tem muito mais do que alemão aqui, muito mesmo. Em muitos lugares, ouve-se todos os idiomas, menos alemão: árabes, sobretudo turcos, espanhol, um bocado de coisa.
  • Daí virou lugar comum falar de xenofobia na Europa. Mas vamos com calma, é mais complexo que isso:
    • É claro que os imigrantes sofrem um bocado aqui. Noto isso desde os imigrantes classe A, que são meus colegas da universidade. Todos muçulmanos (Kosovo, Etiópia, Argélia - alguém um dia sonhou em conhecer um Kosovense?). Eles têm muito mais dificuldades que eu para arumar casa, visto, conta no banco, etc. Alías, conta no banco é fácil, basta ter uma residência ;). Imagina para os refugiados...
    • Mas: todos os meus colegas vieram com bolsa da Uni-Bonn ou DAAD, ao contrário do bacanão aqui que veio bancado pelo povo brasileiro;
    • Mas: todos os 5 moradores de rua que ví até agora eram bem alemães;
    • Mas: quer comer bem e barato? Procure um chinês, um turco, um indiano, mongol... Os restaurantes são maravilhosos, o povo é simpático, pergunta se gostou da comida, e, principalmente, alerta se o prato que você escolheu for "scharf", apimentado. Aliás palavra útil essa.
    • E o Alemães adoram! Ví uma cena bem bonita hoje enquanto comia meu Kebab. A alemã entrou na loja com seu filhinho no carrinho de bebê. O turco, muito simpático, cumprimentou, e só olhar o neném viu que ele estava doente. Enquanta moça era atendida por um funcionário, o turco simpático saiu de trás do balcão, e foi lidar com o bebê doente, segurou as mãozinhas, brincou, e a mãe numa alegria que só. Sai a mãe, entram duas sul-coreanas. Mais uma vez, o turco simpático recebe com um enorme sorriso, e os três têm uma animada conversa em alemão (daí que soube que era sul-coreanas) quando ele começou a falar da integração Turquia-Coréia. Daí ele ofereceu, de graça, dois docinhos, e elas quase caíram pra trás. Pense num alemão fazendo isso? nê...
  • Em suma, minha conclusão depois de dois dias (tudo pode e deve mudar) é que: (i) no Brasil não existe um nível de imigração de estrageiros pobres que nos permita comparar como seria a reação do nosso povo; (ii) existe um nível grande de integração, e um esforço da parcelas das sociedade pra isso acontecer, seja por simpatia, seja por necessidade de mão de obra barata; (iii) o fantasma do fascismo ronda forte por aqui, vide a conversa com os muros do post anterior. Prometo me aprofundar melhor e ir conhecer as organizações aqui.
  • Sábadão de inverno em Bonn, o povo vai pra praça. Havia duas manifestações, em barracas montadas: uma promovendo boicote aos produtos israelenses enquanto israel mantiver as invasões em Gaza e Cisjordania. Eles fizeram um enorme trabalho de mapeamento e distribuiam isso. Dooei 2 Euros.

  • A outra eram muçulmanos dando Alcorão de graça e incentivando a leitura e conversão para o Islã. Em alemão. Achei bem corajosos, fazer isso no momento atual. Mas parecia tudo bem.

Mais um pouco de conversa com as paredes:

Tá frio, moça!

Certas coisas nunca envelhecem!

Alguém entendeu?

Burguês. Mente estreita. Pequeno burguês. Bonn. (tinha outro que não tirou foto, mas era tipo esse, dizendo: Schhhh. Silêncio. Sem bagunça. Bonn.

... para que ninguém seja invisível, ajude ao invés de virar o olhar.

A capa da 1a edição do Charlie após o atentado, colada na porta do meu departamento (onde, diga-se de passagem, há muitos muçulmanos). A charge mostra Maomé segurando a placa, e dizendo que tudo é perdoado.

Pra fechar, minha feira hoje. Claro que segurei a mão porque ainda estou no albergue, mas esperem só quando eu tiver uma cozinha pra mim!


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