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Transformação versus Manutenção

20 de Março de 2010, 21:00 , por Alan Freihof Tygel - 33 comentários | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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Escrevo este texto motivado por uma amiga que me pergunta se talvez a Economia Solidária não seria uma forma de amansar o ânimo revolucionário do povo. Vamos lá.

Dentre as diversas iniciativas "sociais" que vemos hoje em dia, é fácil perceber que há dois grupos bem distintos: aqueles que pretendem manter a sociedade do jeito que está, e aqueles que pretendem transformar a sociedade.

Os primeiros são claramente os que mais abundam. Uns chamam de assistencialismo, outros de "dar o peixe", outros ainda de Responsabilidade Sócio-Ambiental. São empresas capitalistas que doam mísera parte de seus lucros para calar comunidades atingidas por suas ações, são ONGs que promovem o empreendedorismo para que os pobres possam explorar outros mais pobres ainda, etc, etc. Seguindo Josué de Castro - "Dois terços da humanidade não comem; e um terço não dorme, com medo da revolta dos que não comem." - , trata-se do um terço tentando evitar a revolta dos outros dois, mas com o cuidado de manter sempre a mesma proporção.

Já as iniciativas transformadoras, essas são mais difíceis de se encontrar, sofrem com a falta de apoio financeiro, mas são aquelas realmente gratificantes para quem não concorda com o modelo de sociedade em que vivemos hoje.

Seja através da uma revolução, seja dando pequenos passos, a grande diferença reside na tentativa de se mudar as bases do comportamento social que nos levaram ao modelo de hoje. Quando se investe na comunicação comunitária, por exemplo, é a chance de se reduzir a influência da grande mídia, uma das maiores responsáveis pela manutenção do modelo capitalista. Quando se trabalha a agroecologia, trata-se de uma transformação da relação entre o homem e a terra, relação que hoje é fundamentada na extração de lucro.

Outro alicerce do modelo capitalista é modo de produção. O detentor dos meios de produção explora a mão-de-obra do trabalhador, e com isso consegue mais valor para a sua mercadoria. Dessa roda mágica brota o capital, e todas a suas consequências sociais.

Mas será esse o único modelo de produção possível? Com a Economia Solidária, tentamos provar que não. O conjunto formado por cooperativas de produção, cooperativas de consumos e moedas solidárias modela um jeito diferente de produzir e de consumir, onde o trabalhador de fato se apropria do produto do seu trabalho, onde a voz do trabalhador é ouvida e com isso ele se torna finalmente sujeito da sua própria transformação.

Em suma, a Economia Solidária é transfomadora porque inverte a lógica do capital para a lógica da vida; o que importa são as pessoas e o seu bem-estar, e não o dinheiro. A Economia Solidária é revolucionária porque não existem mais patrão e empregados; todos são trabalhadores, e ao mesmo tempo responsáveis pelo trabalho.

O caminho não é fácil, mas as condições existem e estão cada vez mais aparentes. É necessário transformar. E seguimos lutando para isso.


33 comentários

  • 0cc4be45ca060b5d23edb3bbd7b70cf7?only path=false&size=50&d=404Leonardo(usuário não autenticado)
    21 de Março de 2010, 17:12

    Capitalismo

    De acordo com algumas fontes (so tenho fontes da web, ams que não devem estar muito erradas. Mas se tiver avise) a renda per capita mundial é da ordem de uns 7 mil dólares por ano, ou, 580 dólares por mês por pessoa.

    A igualdade social passa pela distribuição de riquezas, acredito. Se fosse possível atingir a distribuição plena de riquezas, cada pessoa no mundo teria acesso a US$600 todo mês.
    Ora, contar com US$600 todo mês é praticamente impossível, comparado aos dias de hoje. Como sustentar alimentação vestuário, saúde , educação cultura e demais com apenas 600 dolares?

    Lembre-se que ainda nem incidiu sobre esse valor o que é devido ao governo em impostos.

    Iniciativas para distribuição de renda me parecem sem futuro com base nestes dados.
    A saída seria o fim do lucro, do caitalismo e a volta à vida de subsistência?
    E o socialismo, que fracassou em diversos lugares, devido a natureza humana?
    Qual seria outra abordagem para solucionar o problema de distribuição de riquezas, se o planeta aparentemente não produz riqueza suficiente para todos?

    ------

    www.​apol​o11.​com/​mund​o.ph​p
    www.​succ​ess-​and-​cult​ure.​net/​arti​cles​/per​capi​tain​come​.sht​ml
    en.w​ikip​edia​.org​/wik​i/Li​st_o​f_co​untr​ies_​by_G​DP_(​PPP)​_per​_cap​ita


  • Alan mst big minoralantygel
    22 de Março de 2010, 8:36

    Re: Capitalismo

    Nipo,
    Em primeiro lugar, este espaço seria pra um comentário sobre o artigo em si, mas parece que você nem leu o texto, ou leu parcialmente e já com uma opinião pré-programada. O objetivo do texto não é capitalismo versus socialismo. Mas tudo bem, como sou teu amigo vou responder.

    Na verdade, eu vou tentar entender o que você quis dizer, porque do jeito que está escrito não faz o menor sentido.

    > A saída seria o fim do lucro, do caitalismo e a volta à vida de subsistência?
    Quem disse que o fim do capitalismo é a volta à vida de subsistência? Você está falando em voltar algumas dezenas ou centenas de milhares de anos, e o capitalismo não tem mais do que 300. Reveja um pouco os conceitos que definem o capitalismo, não vou fazer isso aqui, nem tenho competência pra isso.

    >E o socialismo, que fracassou em diversos lugares, devido a natureza humana?
    Você está partindo de duas premissas postas como verdades, mas que são opiniões vindas diretamente da sua cabeça. Não confunda. E discordo de ambas. E mesmo partindo da premissa que todas as tentativas de oposição ao capitalismo falharam, não é motivo pra aceitar o capitalismo. Aliás, eu te pergunto: o capitalismo deu certo??? Dê uma olhada no filme the corporation, por exemplo, e depois me responda se o capitalismo deu certo.

    >Qual seria outra abordagem para solucionar o problema de distribuição de riquezas, se o planeta aparentemente não produz riqueza suficiente para todos?
    Você está querendo me dizer que a riqueza produzida pelo planeta é a renda per capita mundial???? Em primeiro lugar, a riqueza não é produzida pelo planeta, é produzida pelo trabalho. A renda per capta é a remuneração do trabalhador pelo seu trabalho. A questão é que o trabalho gera mais riqueza do que aquela paga ao trabalhador. Este mais-valor não entra na renda per capta. Mas isso é só um aspecto pra rebater essa afirmação absurda.

    Além disso, a questão não é distribuir riquezas, mas sim produzí-la em benefício das pessoas, e não da própria riqueza.


  • 0cc4be45ca060b5d23edb3bbd7b70cf7?only path=false&size=50&d=404Leonardo(usuário não autenticado)
    22 de Março de 2010, 20:41

    Porra...

    Alan,

    Você está MUITO intolerante.

    Esqueça as perguntas do final que te irritaram. Conte apenas com a seguinte:

    Como sustentar um mundo com riqueza perfeitamente distribuida, se a renda per capita mundial (ou o que seria de direito de cada um no mundo nesta situação) é de aprox. US$600?

    Quanto ao "mais-valor", a econômia diz que se esse bem não fosse pago aos trabalhadores ele sobraria para alguém, no caso os patrões. nesse caso ele seria computado sim no PIB, e logo na renda per capita. To errado?


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