Ir para o conteúdo
Mostrar cesto Esconder cesto
Tela cheia

blogdoalan

27 de Janeiro de 2010, 22:00 , por Alan Freihof Tygel - | Ninguém está seguindo este artigo ainda.

Blog do Alan, contém pensamentos saídos diretamente da minha cabeça.


Budapeste: entre o passado e futuro, refugiados resistem a ataques neonazistas e recebem solidariedade húngara

4 de Setembro de 2015, 15:35, por Alan Freihof Tygel - 0sem comentários ainda

Fotos: Flávio Chedid

Budapeste é um dos principais centros turísticos do leste europeu. Seus belo edifícios e o Rio Danúbio atraem visitantes do mundo inteiro. A cidada também carrega a densa história recente da Hungria, que lutou ao lado dos nazistas na 2a Guerra Mundial, foi libertada pelo exército vermelho e fez parte da União Soviética até 1991.

Entretanto, nos últimos meses, e especialmente na última semana, Budapeste têm recebido um outro perfil de visitantes. Milhares de sírios, iraquiano e afegãos, fugindo da guerra e da pobreza, sobretudo das regiões dominadas pelo Estado Islâmico, estão sendo sistematicamente bloqueados na capital Húngara, após cruzarem a fronteira vindos da Sérvia. A situação é tão grave, que desde a última terça-feira (1), a estação de Budapeste cancelou todos os trens em direção ao oeste europeu. A grande maioria dos cerca de 3000 refugiados que estão neste momento na estação de Budapeste-Keleti deseja chegar à Alemanha.

O governo conservador do premiê Viktor Orbán tem sido apontado como grande culpado pela tragédia humanitária que se instalou, como explica Krisztina Szabo, colaboradora da Migration Aid. Desde junho, foi organizada pela sociedade civil uma estrutura de ajuda para os refugiados. “Já sabíamos que eles iriam chegar, mas parece que o governo não. Fizeram questão de se não preparar para isso, e agora temos uma situação de calamidade humanitária. Nosso governo não gosta de imigrantes, e a União Europeia também não colabora.”

Krisztina explicou ainda que os refugiados foram forçados a assinar papéis em húngaro, afirmando que haviam sido instruídos em sua língua materna. Além disso, na quinta-feira, um trem foi liberado para que os refugiados entrassem. Entretanto, apesar das sinalizações em alemão do trem, os alto-falantes informaram, em idioma húngaro, que ele iria apenas até a cidade de Bickse, na fronteira da Hungria com a Áustria. Lá eles foram levados para campos de refugiados.

A Migration Aid tem contado com a ajuda de dezenas de voluntárias e voluntários que distribuem comida, água, roupa e brinquedos entre os acampados. Mesmo assim, a quantidade de banheiros é de apenas 8, e o único chuveiro estava quebrado. Um cano jorra água potável, o que permite aos homens se banhar, mas não às mulheres.

Mohamed Barakat é iraquiano e tem 29 anos. De origem sunita, fugiu do iraque há um ano, ficando a maior parte do tempo na Turquia. De lá, pagou €5000 para alguém que iria ajudá-lo a chegar a Alemanha. No entanto, após vencer a fronteira da Sérvia chegou em Budapeste e ficou preso 5 dias por não ter documentos. Mohamed espera chegar à Alemanha para conseguir um emprego e enviar dinheiro para a família, que ficou na Turquia.

A maior dificuldade para ajuda aos refugiados é o idioma, já que muito poucos falam inglês. Entretanto, a língua do futebol é universal. Após algumas trocas de passes, foi possível conversa com o jovem Rashad Haidam, que veio de Damasco, na Síria, há nove meses. Atravessou grande parte da Sérvia à pé, até chegar Hungria. Ele está há 18 dias em Budapeste, e sonha em chegar à Alemanha para ser jogador do futebol do Bayer de Munique.

Além das lembranças da guerra e da situação precária, outro perigo ronda os refugiados. Por volta das 15h desta sexta, um grupo de homens de cabeça raspada e vestidos de preto começou a circular a praça onde fica a estação principal, gritando palavras de ordem com os braços erguidos. Após aparentemente terem deixado o local, retornaram pelo fundo da praça, onde um grupo de sírios e iraquianos protestavam para tentar entra na estação. O membros da ultra-direita provocaram os refugiados, que ao revidar, foram contidos pela polícia. Após a situação parcialmente controlada, outro neonazista entrou no local e derrubou uma mulher que carregava uma criança no colo. Novamente a polícia conteve os refugiados, e deixou com os neonazistas deixassem o local tranquilamente.

A Europa está em chamas. Crise econômica, desemprego em alta, e centenas de milhares de refugiados chegando em busca de uma vida melhor. Ainda que governos insistam em ignorar, ainda que grupos neonazistas continuem ameaçando e colocando fogo em abrigos, é possível ver a solidariedade no rosto dos muitos europeus que os têm recebido de braços abertos, se voluntariado para ajuda nos abrigos, e principalmente na integração destas pessoas no mundo europeu.

Felizmente, ainda há muitos que compreendem que a história da humanidade é uma história de migrações, e que os processos colonizatórios europeus estão fortemente ligados a este pedaço do mundo que hoje pede socorro.

 



Ciao, Bello!

25 de Julho de 2015, 11:50, por Alan Freihof Tygel

Na semana passada, durante um festival de Direitos Humanos em Colônia, aqui pertinho, assistimos a um show de um rapper turco. Cantando em alemão, pelos direitos dos refugiados, imigrantes - 'somos todos imigrantes' - emocionou a todos, até a quem só entendeu 10%. Para terminar com chave de ouro, cantou ao final uma versão de "Bella Ciao", em turco. Lindo demais.

Lindo, mais ainda quando esta música te leva imediamente para o Brasil com escala na Itália. Te leva para dentro de um ônibus, com toda a turma do NPC reunida, rumo a São Paulo. E todos cantando, aos berros - o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!

Partiu com a certeza de ter deixado uma semente de revolução em cada um de nós. Muitos e muitas "nós", que cruzaram o caminho dele, se emocionaram, se apaixonaram e puderam ao menos uma vez na vida ouvir, depois de virar duas noites diagramando um jornal: "TÁ UMA BOSTA!!! ISSO É MERDA LÍQUIDA!!!"

Havia um bocado de coisa para se impressionar. Eu me impressionava com as histórias da luta sindical dos anos 70/80. Como assim, alguém resolve vir da Itália para ser operário no Brasil, logo após o golpe, e no auge da ebulição social se torna uma líderança como ele! E me emocionei alguma vezes, sempre que ele falava da migração nordestina, botava uma mesma música do Luiz Gonzaga (alguém sabe qual é? A triste partida), e chorava no meio da aula, lembrando do amigo assassinado.

Minha dor agora é de não poder estar fisicamente junto com todo mundo que ama ele, poder abraçar, lembrar das histórias. Meu coração está aí. Na sala do NPC, na livraria, no auditório do SENGE, no galeto do centro, na mesa do bar. Com você, Vitão!

Ciao Bello!



O segundo encontro

15 de Maio de 2015, 20:43, por Alan Freihof Tygel - 0sem comentários ainda

Não, não é todo dia que a gente encontra alguém tão especial. Volta e meia a gente esbarra na rua com um conhecido, toma uma cerveja com uma amiga querida, sai pra dançar com os colegas do serviço... Mas aquele encontro, que por mais que você espere é sempre de supetão, por mais que você saiba, nunca está preparado, por mais que você deseje, não acontece toda hora.

Hoje eu encontrei Paulo Freire pela segunda vez. Não foi à toa, não foi por acaso, mas foi surpreendente. A primeira vez foi em 2010, durante o IV Estágio de Vivência e Intervenção - EIVI Bahia. Na entrada do local onde fizemos a formação, uma grande faixa dizia: "A cabeça pensa onde os pés pisam". Entrava e saia, saia e entrava, lendo e relendo a frase, e não havia jeito de entender.

Já no assentamento, depois de uma semana morando na casa de dona Gilma, Tiquinho e o pequeno Francisquinho, percebi que o menino, apesar de já ter 10 anos, tinha muitas dificuldades de leitura. Então sentei com ele, peguei o caderno, pedi para ele ler algumas palavras, e nada. Folheei até chegar numa página onde estava o alfabeto, e foi lá que encontrei Paulo Freire, mas não só. Luiz Gonzaga veio de brinde, e poderia até dizer que Fagner ficou de longe olhando.

"Francisquinho, que letras são essas?"

"A, Be, Ce, De, Fe, Fe, Gue, Agá, I, Ji, Le, Me, Pe, O, Que e Re".

Eu jamais podia ensinar alguém a ler sem enteder sua realidade. Podia até saber de cor a quantidade de soja produzida no Brasil naquele ano, mas o alfabeto com o qual aquele menino aprendeu a ler, eu não sabia. Lembrei que, apesar de ter ouvido a música um tanto de vezes, jamais havia conseguido decorar. E, no mesmo sopetão, entendi a frase: só entra na cabeça quando o pé ta no chão.

Hoje foi diferente. Depois de uma semana inteira preparando, ao mesmo, um artigo sobre alfabetização em dados inspirado em Paulo Freire, e uma oficina sobre educação no MST para um congresso sobre internacionalismo, na Alemanha, estava com a corda todo no homi. O objetivo não era focar em Freire, porque no mesmo congresso, haveria uma oficina só sobre ele no dia seguinte. Mas durante a oficina, a conversa acabou indo para esse lado, aproveitei que estava com tudo fresco na cuca, e fui falando sobre o método de alfabetização.

Uma companheira alemã estava realmente muito interessada, me interrompia toda hora, fazendo muito esforço pra entender. O camarada alemão confessou: parece muito interessante, mas pra mim é muito difícil imaginar. Foi quando comecei a me dar conta do tamanho da distância entre Angicos de 1960, e Münster em 2015. Comecei a achar que fiz tudo errado.

"Mas então assim, partindo da realidade dos estudantes, fazendo pontes daí com novos assuntos, blablablaeminglêsmisturadocomalemãoblblbla"

"Desculpe, não entendi sua pergunta!"

"Não foi uma pergunta, foi só uma constatação que percebi agora. Problematizando a realidade das é pessoas, é tão simples inserir o debate político em qualquer processo de formação!"

Confesso que eu chamei. Mas mesmo assim, quando ele apareceu na minha frente, assim tão simples, natural, óbvio, deu aquele sorriso na alma...

Até a próxima, camarada Paulo Freire!



Transgênicos: malefícios do mau uso dos dados e o diálogo mentiroso

11 de Maio de 2015, 3:41, por Alan Freihof Tygel - 0sem comentários ainda

Resposta ao artigo: Transgênicos: benefícios e diálogo, publicada no Jornal da Ciência em 11 de maio de 2015

Gostaria que os nobres cientistas discorressem sobre a metodologia de cálculo do aumento da produtividade no Brasil. O referido artigo afirma que “os transgênicos representam apenas 30% da área plantada: são 160 milhões de hectares cultivados com as mais diversas culturas no país contra apenas 45 milhões com cultivos transgênicos”, e vai mais fundo, dizendo que “a produtividade geral da agricultura brasileira nos mesmos 10 anos: foi de 200%”, referindo-se, provavelmente, ao período de 2004 a 2013.

Como cidadão, fiquei impressionado com a eficiência do agro brasileiro e fui conferir os dados. Afinal, plantar 160 milhões de hectares e cravar um aumento de produtividade geral em exatos 200% é um feito incrível!

Apenas 10 minutos de pesquisa no site da PAM/IBGE, foram necessários para me desiludir. O agro brasileiro não estava com essa bola toda…Em 2004, o somatório da produção de culturas temporária e permanente foi de 609.173.973 toneladas, numa área de 62.691.475 hectares, o que acarreta numa produtividade de 9,72 toneladas por hectare.

Em 2013, tivemos 1.034.842.193 produzidos em 74.206.968 de hectares, que resultam em 13,94 toneladas por hectares.

Ou seja:

1) A área total plantada no Brasil é de 74 milhões de hectares, “apenas” 86 milhões a menos, quase uma França e meia mais. (Com a diferença que a França caminnha a passos largos para banir os transgênicos). Estamos confundindo agricultura com pecuária ou silvicultura? Espero que não…

2) Disso decorre que os transgênicos não representam 30% das plantações, e sim 40,3/74 = 54%. (A área de transgênicos em 2013 foi de 40,3 milhões de hectares, medidos sabe-se lá como pelo ISAAA.) Considerando que mais de 90% da soja é transgênica, e que mais da metade dos agrotóxicos usados no Brasil vão para a soja, a afirmação de que “a contribuição dos transgênicos no consumo de agrotóxicos é menor” no mínimo está subjugando a inteligência dos leitores.

3) Finalmente, o fantástico aumento de produtividade de 200% minguou para 43,51%. O que não é mau. Mau é errar 360% numa conta.

4) Ainda, é muito mau-caratismo estatístico usar como argumento que no período a área de transgênicos aumentou 1000% (da próxima vez use o número correto: 1306,67%, de 2003 a 2014, ok?). Qualquer coisa que começa do zero vai ter um crescimento alto. Comparar o crescimento dos transgênicos ao dos agrotóxicos desde que os transgênicos começaram (oficialmente) é como se não se usasse agrotóxico antes de 2003, e todo o crescimento fosse devido aos transgênicos. Nunca ninguém fez essa afirmação.

Prezados Paulo Paes de Andrade, Francisco G. Nóbrega, Zander Navarro, Flávio Finardi Filho, Walter Colli,

Se vocês argumentam que não temos dados para provar a relação entre uso de agrotóxicos e transgênicos, tampouco vocês o têm para provar o contrário. Mesmo inventando. Querem diálogo? Dialoguem de maneira justa. Jogar números estapafúrdios para ver se cola é prova da falta de argumento.

Transgênico é feito para ser resistente a agrotóxico, e portanto é óbvio imaginar que o uso de agrotóxicos vai aumentar. Ou será que é coincidência que as 6 grandes empresas de agrotóxicos são donas das patentes de transgênicos? Será porque transgênicos e agrotóxicos não têm nada a ver?

Sei que você não gostam do princípio da precaução. Mas invoco ele para afirmar que quem deve provar que transgênico não aumenta o consumo de agrotóxico são vocês. Sem inventar.

Atenciosamente,

Alan Tygel, engenheiro e membro da coordenação da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.



Aumenta a quantidade de agrotóxicos consumido por cada brasileiro: 7,3 litros

28 de Abril de 2015, 3:31, por Alan Freihof Tygel - 0sem comentários ainda

Brasil de Fato, 28/04/2015

Em artigo, coordenador da Campanha contra os Agrotóxicos aponta que, de 2007 até hoje, mais de 34 mil casos de intoxicação por agrotóxico foram notificados no SUS

por Alan Tygel*

No início de 2011, a Campanha Contra os Agrotóxicos causou estardalhaço ao afirmar que cada brasileiro consumia 5,2 litros de agrotóxicos por ano. À época, o cálculo foi simples: a indústria dos venenos, orgulhosa do sucesso de seu mortífero negócio, alardeou aos quatro ventos que havia vendido 1 bilhão de litros de agrotóxicos. Divididos pelos então 192 milhões de habitantes, nos davam os 5,2 litros por pessoa. Ainda que este volume todo não chegue diretamente à nossa mesa, vai nos encontrar algum dia pela terra, pela água ou pelo ar. O veneno não desaparece, como querem fazer crer aqueles que enriquecem com ele.

 
  Foto: Reprodução

Pois bem, depois do baque, as associações patronais agrotóxicas deixaram de divulgar a quantidade de litros vendidos por ano. E, dada a escassez de dados oficiais sobre a venda destes produtos no Brasil, ficamos quase sem alternativas para medir o nível geral de intoxicação no país.

Quase. Talvez para atrair mais “acionistas-vampiros”, a indústria continuou divulgando sua receita anual, que, em 2014, representou US$ 12,2 bilhões. Multiplicado por 3, chegamos aos exorbitantes R$ 36,6 bilhões.

Quanto custa um litro de agrotóxico?

Agrotóxico é um nome genérico para diversas substâncias utilizadas na agricultura e no controle de vetores urbanos. Em comum, uma característica: matam a vida. Poderiam, portanto, ser chamados de biocidas.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) publicou, em 2012, a quantidade de princípios ativos de agrotóxicos vendidos naquele ano. Os três entes reguladores – Ibama, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Ministério da Agricultura (MAPA) – deveriam receber estes dados das empresas e publicar. Contudo, apenas o primeiro o faz, e já com atraso de dois anos.

Por esta lista, vemos que os principais produtos são: glifosato, 2,4-D, atrazina, acefato, diurom, carbendazim, mancozebe, metomil e clorpirifós. Retirando-se os aditivos, eles representam 80% do total de agrotóxicos vendidos.

Uma busca pelos preços de agrotóxicos na internet revela um cenário assustador. Encontra-se, por exemplo, a atrazina (disruptor endócrino) a R$ 0,34 o litro, enquanto o mais caro, glifosato (cancerígeno), na promoção sai por R$ 35. Com uma média dos preços, ponderada pela participação no mercado, chegamos ao valor de R$ 24,68 por litro de agrotóxico.

A partir da população estimada pelo IBGE em 2013, de 201 milhões pessoas, temos R$ 36,6 bilhões / R$24,68 por litro de agrotóxico / 201 milhões de pessoas. O que resulta, então, em 7,36 litros de agrotóxico por pessoa.

E o povo com isso?

Os preços dos produtos variam, o dólar ora sobe, ora desce. Poderíamos ter alguns mililitros a mais ou a menos, mas o certo é que, de 2007 até hoje, 34.282 casos de intoxicação por agrotóxico foram notificados no Sistema Único de Saúde (SUS). Mesmo assim, qualquer um que viva no campo sabe o quão improvável é que uma pessoa reconheça os sintomas de intoxicação, consiga chegar ao atendimento e que o serviço notifique corretamente. Seja por desconhecimento ou por pressão de quem mandou aplicar os venenos.

Certo também é que, além de caros e perigosos, os venenos, assim como os transgênicos, são desnecessários. De Sul a Norte do país, a produção agroecológica ganha força na terra, nas feiras e na mesa da população. A não ser que algum fazendeiro ganancioso inviabilize a produção limpa jogando veneno na lavoura alheia. Infelizmente, acontece, e muito.

O povo precisa de informação

Anvisa, publique os dados sobre vendas de agrotóxicos. Ministério da Agricultura, faça o mesmo. Ibama, atualize seus dados. Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia, responsáveis pela emissão de receitas agronômicas, implantem sistemas informatizados em todos os estados, e divulguem quanto, como e onde se aplica veneno neste país. Que tipo de engenharia vocês fazem, que não se compromete socialmente e não fornece informação vital para a saúde do povo?

No entanto, mais do que contar os mortos, queremos plantar a vida. Governo Federal, implemente o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo). E, sobretudo, inicie o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos, que permitirá a criação de zonas livres de agrotóxicos e transgênicos, além de banir, também no Brasil, agrotóxicos que já foram banidos lá fora.

Entidades de pesquisa renomadas como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Instituto Nacional do Câncer (Inca) e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) já se juntaram a camponeses e camponesas, que são quem realmente nos alimentam.

E ainda precisamos de mais apoio da sociedade. Nossa luta diária contra o agronegócio, os agrotóxicos e os transgênicos só estará completa quando o alimento orgânico não for mais um privilégio e a agroecologia estiver ao alcance de toda a população.

*Alan Tygel é Engenheiro, e participa da coordenação nacional da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida