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blogdoalan

Gennaio 27, 2010 22:00 , by Alan Freihof Tygel - | No one following this article yet.

Blog do Alan, contém pensamentos saídos diretamente da minha cabeça.


Manda descer, que hoje tem chucrute com dendê!

Gennaio 31, 2015 16:13, by Alan Freihof Tygel - 0no comments yet

Chucrute não teve não, mas hoje a Doro48 - versão alemão da TK22 - cheirou a dendê! Teve muito coentro, farinha, pimenta e peixe - dorrrrrado, chama-se. Depois duas semanas em Bonn, pude fazer uma moqueca pras meus Mitbewohner, amigos de casa, aqui na Dorotheenstraße 48. Foi preparada ao som de Roque Ferreira e Gil, e comida com tempero de Mariene.

Christian, Simon, Arne, Doro (sim, o mesmo nome da rua!), Stephi e Georg

Na república - WG (Wohnsgemeinschaft, ao pé da letra Comunidade de Moradia, sim, eles adoram juntar palavras, mas essa ficou tão grande que precisou de sigla - WG - vêguê) moram 7 pessoas, numa casa antiga, de 3 andares. No primeiro, um quarto, sala da foto acima, a cozinha (o melhor lugar da casa, pelo menos no inverno), e um jardim, que deve ser o melhor lugar da casa no verão.

A cozinha é grande o suficiente pra cozinhar o que quiser, e pequena o suficiente pra ficar aconchegantemente cheia com 7 pessoas dentro

O jardim! Até agora nevou só um dia aqui...

O armário de guardar comida. Adivinha qual meu lugar?

Pois então, aqui é tudo divididinho, cada um tem seu lugar no armário e na geladeira (são duas). Algumas coisas são comuns como cebola, alho, azeita, vinagre, e tal. A princípio estranho um pouco isso, pois nunca fiz assim em casa. Mas é razoável, porque é muita gente, cada um com hábitos diferentes. E também não é tão estrito assim, dá pra dar uma roubadinha do amiguinho, e também, se calhar de trombar com alguém na cozinha, sempre rola umas trocas. E sempre rola de trombar, sempre tem alguém na cozinha, e sempre comemos meio juntos, meio separados.

No segundo andar tem 3 quartos e um banheiro. Moro no sótão, onde tem mais um quarto além do meu, e um banheiro. Meu quarto na verdade são dois - visitas bem vindas! - mas só um tem aquecedor. Então talvez melhor esperar esquentar um pouco, mas também dá pra dormir na sala. Tenho um espelho ondulado, uma cama-sofá, uma estante, uma cadeira, uma mesa e uma cadeira de balanço (!). O melhor de tudo é que não precisei comprar nada, aqui na casa tem um porão cheio de coisas legais.

Meu antequarto. Bonitinho, mas sem aquecimento, então não dá pra trabalhar nele agora. Felipe, duvido você não ficar com inveja dos pacotes que tão no alto estante!

Levanta a mão aí quem tem uma pia no quarto! :) Aqui é assim, dividimos o banheiro (privada e chuveiro - klo), mas cada quarto tem sua pia. Se alguém reparou no detalhe rasta da toalha da mesa, ela me foi emprestada pelo Georg, que trouxe da Etiópia, da comunidade Awra Amba - para saber mais, google. Na cabeceira, Vito Gianotti! Alías, tava falando desse livro com o povo aqui, e perguntaram: nossa, como você sabe tanto sobre a história da Europa? Pois é, para pensar em casa...

 

Enfim, tudo isso pra dizer: estou muito bem instalado, aluguei uma casa e ganhei um bocado de amigos muito legais, atenciosos e cuidadosos, que estão me fazendo sentir em casa, com todo o peso que essa palavra tem. Com eles eu também estou aprendendo alemão, já que na universidade é tudo em inglês. O alemão é uma língua incrível, tem uns significados muito profundos, um dia vou escrever melhor sobre isso.

Duas palavras que estou amando: Schleim (xláim) - catarro, sim fiquei resfriado, era de se esperar, até que demorou muito, e ungebügelt, algo que não foi passado a ferro, ou seja amassado, ou seja todas as minhas roupas. O caso dessa palavra hoje foi que, para a moqueca (aliás, coisa mais engraçada do mundo é eles tentando falar moqueca e cachaça - catchaca, sim, também teve cachaça), eles montaram uma mesa grande na sala. Aí rolou um debate porque a toalha de mesa estava ungebügelt, mas na verdade ninguém passa nada aqui.

Na universidade também estou bem instalado. Se em casa são todos alemães, trabalhadores, alguns inclusive desempregados, o que não é raro aqui por ora, na universidade são todos estrangeiros. Tenho uma sala, dividida com um taiwanês, duas paquistanesas, uma iraniana, e um líbio. Na sala ao lado, mais colegas: Etiópia, Algéria, e Kosovo - alguém aí já sonhou em conhecer um Kosovar? Incrível. Com eles não rola muito diálogo, ainda. A língua é uma barreira grande, pois todos falam um inglês mais ou menos. Acho que o único que fala alemão sou eu. E as diferenças culturais são tão grandes que é difícil até começar. Mas uma hora rola.

Minha salinha na universidade

Sabemos todo os problemas do imperialismo, mas... estar no "centro do mundo" é fantástico! Pra nós no Brasil (pra mim, pelo menos) a África, é um lugar tão distante, mesmo que falemos, estudemos, nunca me imagino lá, é sempre algo do imaginário. Aqui não, a África está logo alí. E os africanos também. Não os africanos que eu fico imaginando quando vou num quilombo, mas os africanos que vieram, fugidos ou não, enfim, que existem e eu posso tocar. O mesmo com a Ásia.

E tanto um quanto outro se materializam nas lojas de comida. Tem duas aqui perto realmente especiais. Numa delas, asiática-africana, comprei coentro fresco, lula (congelada), leite de coco, e ví que tem mandioca congelada, e tapioca (em bolinhas). Troquei uma ideia com o dono, vietnamita, que me deixou profundamente ofendido quando, após eu anunciar minha nacionalidade, disse que eu não tinha cara de brasileiro. Não reconheceu minha bainidade nagô. Mas tudo foi compensado pelo sorriso que ele deu quando contei que no Brasil usamos muito coentro e leite de coco. A Ásia é logo alí, nós é que não sabemos.

No mercado turco eu encontro frutas e legumes, e .... feijão!!!! Esse vai ser o prato do próximo Brasilianisches Mittagessen, o almoção verde-amarelo.

UPDATE: Cartas para Dorotheenstr. 48, Bonn - 53111 - Alemanha ;)

Mais um pouco de conversa com as paredes:

Propaganda nazista, com adesivo dos Antifas (anti-fascistas) por cima.

Precisando de móveis? Veja o dia de botá-los pra fora (sim, tem uma dia específico, assim como cada tipo de lixo) no seu bairro e vá à caça! Não é so bagaceira não, tem até privada!

Na placa, se lê: desobediência civil, e na árvore, um pano de oncinha

 Brincadeira com a propaganda da cidade. As duas da esquerda são propaganda oficial, com as palavras alegria e cidade em alemão, inglês e francês, e tudo isso resultando em Bonn. A ideia é retratar a cidade como global, cool, interessante (alguma semelhança com outra cidade que tentam vender como global?). Na esquerda: Burguês. Mente estreita. Pequeno burguês. Bonn.

 

 



Cícero

Gennaio 26, 2015 8:32, by Alan Freihof Tygel - 0no comments yet

Faz dois anos que perdemos ele. Literalmente, saiu da vida pra ficar de vez em nossos corações, sempre que tivermos alguma dúvida sobre quando sai a reforma agrária.



Começando a pensar numa rotina

Gennaio 19, 2015 19:50, by Alan Freihof Tygel - 0no comments yet
  • A boa notícia: consegui uma casa! Fica numa linda república, com mais 4 pessoas. Uma casa antiga, de madeira, bem aconchegante e a 15 min andando do prédio que trabalho. Fiquei no sótão, com dois quartos pequenos. Não tem móveis (bonitos), mas tem uma cama antiga, uma mesa, e segundo dizem, aqui tem bons lugares para garimpar móveis usados. Me mudo na quarta, e mando fotos da casa e da cachaça ;)
  • A notícia ruim: meu amigo Mohamed, minha amiga Farah, meu amigo Lavdim ainda não conseguiram. Os preços não são convidativos, e no caso do Mohamed, que também procura uma república, é bem provável que o nome atrapalhe. O mais trágico é que é o só o nome mesmo, porque ele nem tem traços árabes muito marcantes. Lembro que em 2004, quando estive em Berlin, fiquei num albergue, e conheci um iraniano, também Mohamed: era engenheiro eletrônico, como eu, já havia sido aceito numa universidade estadunidense mas não conseguia o visto, e aguardava na Alemanha. Ele disse que a dificuldade era por conta do nome também, já que nem árabe ele era (persa, no caso).
  • No Brasil, a distinção entre classes é vísivel pela cor da pele, pela conta bancária, pela "boa aparência", enfim, diversos critérios. Isso já é ruim o suficiente. Aqui, além disso tudo, cidadãos de primeira e segunda classe são objetivamente distinguíveis através dos documentos, ou mais especificamente, passaporte. O idioma também é outro elemento. Mas aqui, quem não tem passaporte pode falar o que quiser, parecer o que quiser, mas é cidadão de segunda classe. E quem tem, como eu, pode até falar um alemão de padaria, ter uma pinta de baiano (hehe), que tá tudo bem.
  • Isso cria um ambiente propício para o surgimento, e um amplo e assustador apoio da sociedade, a coisas como o Pegida, os patriotas europeus contra a "islamização" do ocidente. Em Bonn, como se isso não bastasse, temos o Bogida, a versão local desta corja. Enquanto isso, um grupo de judeus cola adesivos dizendo que "toda crítica a Israel é anti-semita". Assim, usam porcamente o sofrimento de milhões de pessoas, inclusive meu avô, para justificar as atrocidades praticadas em Gaza e na Cisjordânia.
  • Os jornais que tenho lido aqui usam terrorista e muçulmano como sinônimos. Desacaradamente. A entrevistada da capa de domingo do Die Welt am Sontag, tipo o Globo daqui, era uma espécie de Beltrame versão feminina-alemã. Imagine. A partir do pressuposto da guerra ao terror, disseram estar monitorando mais de 100 grupos islâmicos (=terroristas, no caso). Ela também disse não ver problema nenhum no Pegida ("é até bom que cada um mostre sua bandeira"). E espera que caiam as leis de privacidade na internet para eles poderem vigiar melhor os islâmicos...
  • Capa do jornal de hoje dava conta da proibição de aglomeração de pessoas em Dresden, e por consequência, proibia uma manifestação do Pegida já marcada. Dizia que o líder do Pegida estava ameaçado de morte (pelos islâmicos?terroristas?tanto faz?). A outra matéria era sobre um deputado alemão verde (progressistas, por aqui) que apareceu num vídeo a seis meses atrás com uma planta de maconha. Ia ser processado. A outra matéria era sobre as execuções de estrageiros na Indonésia, incluindo o Brasileiro.
  • Hoje, finalmente fui tentar comer comida alemã. No restaurante em frente ao meu prédio de trabalho, tem dois restaurantes: um persa, que serve comida "Halal" (própria para muçulmanos) e outro alemão. Aproveitei que estava sozinho e fui no alemão, já que meus colegas só comem no outro. O prato do dia já tinha acabado (salsicha com salada de batata, que mais poderia ser?). Pedi um trem chamado Flammenkuche (tipo Bolo flamejante). Daí veio uma.... pizza! E não poderia ter sido mais clichê, com chucrute em cima (e outros coisas mais, estava bem gostoso). Aliás, atenção: chucrute em alemão não é "chucrrrute" (não é, mas poderia ser). É Sauerkraut. Meus vizinhos que se cuidem ;)
  • Fingindo que sou rico, pedi uma água (pensando que era da torneira) e veio uma com gás, de E2,2. Fingindo que sou rico, pedi um café - expresso? não, preto mesmo (achando que seria mais barato). Resultado: mais E2,00  (o expresso era 1,20). Daí que a conta deu 10,60. Daí que dei uma nota de 50 e disse, peraí, tenho 0,60. Contei as moedinhas e tinha 0,57. Daí pensei, vou me dar bem pelo menos uma vez! Daí ela disse, Nein, e preferiu me dar o troco em moedinhas...

 Jantar de sexta ;)

Esses vegans daqui são ótimos!

Ao lado do cartaz: Patriotismo não, obrigado.

Na página indicada (http://www.keinbockaufnazis.de/), um aviso: "Por favor, não escreva nenhum comentário começando com 'Eu não tenho nada contra estrangeiros, mas ... '. Nossa experiência é de que o risco é alto que venha um racismo daí."

Me sentindo em Santa Teresa...

Vista da minha sala. Tão vendo o Reno? Nem eu, mas juro que ele tá logo ali.

Podia chamar essa foto de "quem mexeu no meu queijo", mas jamais faria isso.

A janta de hoje - vai gordinho!



Sábadão em Bonn, tudo de Bão!

Gennaio 17, 2015 13:53, by Alan Freihof Tygel - 0no comments yet
  • Sábadão de inverno em Bonn, os Alemão tudo na rua botando as luvinhas de fora. Dois erros nesta frase: (i) só quem usa gorro e luva sou eu, o povo parece que não tá nem aí pro frio. (ii) Tem muito mais do que alemão aqui, muito mesmo. Em muitos lugares, ouve-se todos os idiomas, menos alemão: árabes, sobretudo turcos, espanhol, um bocado de coisa.
  • Daí virou lugar comum falar de xenofobia na Europa. Mas vamos com calma, é mais complexo que isso:
    • É claro que os imigrantes sofrem um bocado aqui. Noto isso desde os imigrantes classe A, que são meus colegas da universidade. Todos muçulmanos (Kosovo, Etiópia, Argélia - alguém um dia sonhou em conhecer um Kosovense?). Eles têm muito mais dificuldades que eu para arumar casa, visto, conta no banco, etc. Alías, conta no banco é fácil, basta ter uma residência ;). Imagina para os refugiados...
    • Mas: todos os meus colegas vieram com bolsa da Uni-Bonn ou DAAD, ao contrário do bacanão aqui que veio bancado pelo povo brasileiro;
    • Mas: todos os 5 moradores de rua que ví até agora eram bem alemães;
    • Mas: quer comer bem e barato? Procure um chinês, um turco, um indiano, mongol... Os restaurantes são maravilhosos, o povo é simpático, pergunta se gostou da comida, e, principalmente, alerta se o prato que você escolheu for "scharf", apimentado. Aliás palavra útil essa.
    • E o Alemães adoram! Ví uma cena bem bonita hoje enquanto comia meu Kebab. A alemã entrou na loja com seu filhinho no carrinho de bebê. O turco, muito simpático, cumprimentou, e só olhar o neném viu que ele estava doente. Enquanta moça era atendida por um funcionário, o turco simpático saiu de trás do balcão, e foi lidar com o bebê doente, segurou as mãozinhas, brincou, e a mãe numa alegria que só. Sai a mãe, entram duas sul-coreanas. Mais uma vez, o turco simpático recebe com um enorme sorriso, e os três têm uma animada conversa em alemão (daí que soube que era sul-coreanas) quando ele começou a falar da integração Turquia-Coréia. Daí ele ofereceu, de graça, dois docinhos, e elas quase caíram pra trás. Pense num alemão fazendo isso? nê...
  • Em suma, minha conclusão depois de dois dias (tudo pode e deve mudar) é que: (i) no Brasil não existe um nível de imigração de estrageiros pobres que nos permita comparar como seria a reação do nosso povo; (ii) existe um nível grande de integração, e um esforço da parcelas das sociedade pra isso acontecer, seja por simpatia, seja por necessidade de mão de obra barata; (iii) o fantasma do fascismo ronda forte por aqui, vide a conversa com os muros do post anterior. Prometo me aprofundar melhor e ir conhecer as organizações aqui.
  • Sábadão de inverno em Bonn, o povo vai pra praça. Havia duas manifestações, em barracas montadas: uma promovendo boicote aos produtos israelenses enquanto israel mantiver as invasões em Gaza e Cisjordania. Eles fizeram um enorme trabalho de mapeamento e distribuiam isso. Dooei 2 Euros.

  • A outra eram muçulmanos dando Alcorão de graça e incentivando a leitura e conversão para o Islã. Em alemão. Achei bem corajosos, fazer isso no momento atual. Mas parecia tudo bem.

Mais um pouco de conversa com as paredes:

Tá frio, moça!

Certas coisas nunca envelhecem!

Alguém entendeu?

Burguês. Mente estreita. Pequeno burguês. Bonn. (tinha outro que não tirou foto, mas era tipo esse, dizendo: Schhhh. Silêncio. Sem bagunça. Bonn.

... para que ninguém seja invisível, ajude ao invés de virar o olhar.

A capa da 1a edição do Charlie após o atentado, colada na porta do meu departamento (onde, diga-se de passagem, há muitos muçulmanos). A charge mostra Maomé segurando a placa, e dizendo que tudo é perdoado.

Pra fechar, minha feira hoje. Claro que segurei a mão porque ainda estou no albergue, mas esperem só quando eu tiver uma cozinha pra mim!



Hoje eu falei com as paredes, em Bonn

Gennaio 16, 2015 18:33, by Alan Freihof Tygel - 0no comments yet

Algo como "Nazis no papo"

As paredes murmuram um passado não muito distante...

O adesivo vermelho diz: "aqui havia propagando nazista"

"Firmes contra o pensamento de direita." Apagado, um cartaz do 1. de maio.

"Os racistas do Bogida (Bonn contra Islamização do mundo ocidental) resolveram fazer frente. Venha junto contra a islamofobia, homofobia, sexismo, antissemitismo e racismo."

Energia nuclear? Não, obrigado (simpáticos!)

Autoexplicado

Qual a semelhança entre luta contra o fascismo, anarquismo, autogestão (ninguém precisa de chefes!), veganismo e uma caixa de vender cigarros?

"O sistema não tem uma crise. Ele é a crise!"

Os de cima, e os de baixo

Na cidade onde tudo é "certinho", achei uma coisa errada!