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blogdoalan

Gennaio 27, 2010 22:00 , by Alan Freihof Tygel - | No one following this article yet.

Blog do Alan, contém pensamentos saídos diretamente da minha cabeça.


Aumenta a quantidade de agrotóxicos consumido por cada brasileiro: 7,3 litros

Aprile 28, 2015 3:31, by Alan Freihof Tygel - 0no comments yet

Brasil de Fato, 28/04/2015

Em artigo, coordenador da Campanha contra os Agrotóxicos aponta que, de 2007 até hoje, mais de 34 mil casos de intoxicação por agrotóxico foram notificados no SUS

por Alan Tygel*

No início de 2011, a Campanha Contra os Agrotóxicos causou estardalhaço ao afirmar que cada brasileiro consumia 5,2 litros de agrotóxicos por ano. À época, o cálculo foi simples: a indústria dos venenos, orgulhosa do sucesso de seu mortífero negócio, alardeou aos quatro ventos que havia vendido 1 bilhão de litros de agrotóxicos. Divididos pelos então 192 milhões de habitantes, nos davam os 5,2 litros por pessoa. Ainda que este volume todo não chegue diretamente à nossa mesa, vai nos encontrar algum dia pela terra, pela água ou pelo ar. O veneno não desaparece, como querem fazer crer aqueles que enriquecem com ele.

 
  Foto: Reprodução

Pois bem, depois do baque, as associações patronais agrotóxicas deixaram de divulgar a quantidade de litros vendidos por ano. E, dada a escassez de dados oficiais sobre a venda destes produtos no Brasil, ficamos quase sem alternativas para medir o nível geral de intoxicação no país.

Quase. Talvez para atrair mais “acionistas-vampiros”, a indústria continuou divulgando sua receita anual, que, em 2014, representou US$ 12,2 bilhões. Multiplicado por 3, chegamos aos exorbitantes R$ 36,6 bilhões.

Quanto custa um litro de agrotóxico?

Agrotóxico é um nome genérico para diversas substâncias utilizadas na agricultura e no controle de vetores urbanos. Em comum, uma característica: matam a vida. Poderiam, portanto, ser chamados de biocidas.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) publicou, em 2012, a quantidade de princípios ativos de agrotóxicos vendidos naquele ano. Os três entes reguladores – Ibama, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Ministério da Agricultura (MAPA) – deveriam receber estes dados das empresas e publicar. Contudo, apenas o primeiro o faz, e já com atraso de dois anos.

Por esta lista, vemos que os principais produtos são: glifosato, 2,4-D, atrazina, acefato, diurom, carbendazim, mancozebe, metomil e clorpirifós. Retirando-se os aditivos, eles representam 80% do total de agrotóxicos vendidos.

Uma busca pelos preços de agrotóxicos na internet revela um cenário assustador. Encontra-se, por exemplo, a atrazina (disruptor endócrino) a R$ 0,34 o litro, enquanto o mais caro, glifosato (cancerígeno), na promoção sai por R$ 35. Com uma média dos preços, ponderada pela participação no mercado, chegamos ao valor de R$ 24,68 por litro de agrotóxico.

A partir da população estimada pelo IBGE em 2013, de 201 milhões pessoas, temos R$ 36,6 bilhões / R$24,68 por litro de agrotóxico / 201 milhões de pessoas. O que resulta, então, em 7,36 litros de agrotóxico por pessoa.

E o povo com isso?

Os preços dos produtos variam, o dólar ora sobe, ora desce. Poderíamos ter alguns mililitros a mais ou a menos, mas o certo é que, de 2007 até hoje, 34.282 casos de intoxicação por agrotóxico foram notificados no Sistema Único de Saúde (SUS). Mesmo assim, qualquer um que viva no campo sabe o quão improvável é que uma pessoa reconheça os sintomas de intoxicação, consiga chegar ao atendimento e que o serviço notifique corretamente. Seja por desconhecimento ou por pressão de quem mandou aplicar os venenos.

Certo também é que, além de caros e perigosos, os venenos, assim como os transgênicos, são desnecessários. De Sul a Norte do país, a produção agroecológica ganha força na terra, nas feiras e na mesa da população. A não ser que algum fazendeiro ganancioso inviabilize a produção limpa jogando veneno na lavoura alheia. Infelizmente, acontece, e muito.

O povo precisa de informação

Anvisa, publique os dados sobre vendas de agrotóxicos. Ministério da Agricultura, faça o mesmo. Ibama, atualize seus dados. Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia, responsáveis pela emissão de receitas agronômicas, implantem sistemas informatizados em todos os estados, e divulguem quanto, como e onde se aplica veneno neste país. Que tipo de engenharia vocês fazem, que não se compromete socialmente e não fornece informação vital para a saúde do povo?

No entanto, mais do que contar os mortos, queremos plantar a vida. Governo Federal, implemente o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo). E, sobretudo, inicie o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos, que permitirá a criação de zonas livres de agrotóxicos e transgênicos, além de banir, também no Brasil, agrotóxicos que já foram banidos lá fora.

Entidades de pesquisa renomadas como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Instituto Nacional do Câncer (Inca) e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) já se juntaram a camponeses e camponesas, que são quem realmente nos alimentam.

E ainda precisamos de mais apoio da sociedade. Nossa luta diária contra o agronegócio, os agrotóxicos e os transgênicos só estará completa quando o alimento orgânico não for mais um privilégio e a agroecologia estiver ao alcance de toda a população.

*Alan Tygel é Engenheiro, e participa da coordenação nacional da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida



O dia mundial da saúde e a pobreza científica

Aprile 7, 2015 7:41, by Alan Freihof Tygel - 1One comment

Comentário sobre o infeliz artigo Qual é o problema de ser transgênico? , escrito pela "cientista" Lygia da Veiga Pereira. Vai mal, nossa ciência, e sua "neutralidade". Justo hoje. Mas acho importante responder.

Feliz dia mundial da saúde!

atualização: dias depois, a "ciência" e "lei" mais argumentos contra os transgênicos.

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Prezada Ligia,

Hoje, no Dia Mundial da Saúde, tive a infelicidade de ler seu artigo. Com sua suposta superioridade e neutralidade científica, você apenas destilou preconceito e desconhecimento completo sobre o tema. E o principal: revelou a estrondosa incapacidade de um olhar integrado e contextualizado sobre o problema.

Se você realmente quiser uma resposta embasada para a sua pergunta, ofereço três publicações recentes: [1, 2, 3].

Vamos por partes.

1) Certamente você não sabe o que é soberania alimentar. Também não deve saber que as sementes transgênicas são patenteadas, e que agricultores tem que pagar royalties para usá-la. Não deve nem imaginar que, se amanhã a Monsanto quiser acabar com a agricultura brasileira, ela corta o fornecimento de sementes e o agronegócio quebra, pois nossa dependência está perto dos 90%. Soberania alimentar é ter controle sobre o que plantamos e colhemos. Transgênicos, por definição, vão no sentido oposto [4].

2) Segundo dados da CPT [5], 7490 casos de violência no campo foram registrado de 2002 a 2013, sendo 456 assassinatos de sem terras, indígenas e quilombolas. Nenhum fazendeiro foi morto. O agronegócio é violento, expulsa as famílias do campo e envenena e mata moradores que resistem na área rural, pulverizando agrotóxicos nas escolas [6] e aldeias indígenas.

3) Estes/as trabalhadores/as, sem condições de ficar no campo, migram para a cidade. Talvez você saiba que o Brasil teve o maior movimento migratório do mundo. Em 100 anos, invertemos a relação campo cidade de 15% de moradores nas cidades para 85%. Muitos deles, quando conseguem emprego, viram motoboy, que podem te atropelar na rua. Porque o filho do Eike Batista, este jamais vai te atropelar, não é?

4) Sobre os transgênicos diretamente: você sabia que a maioria dos OGM liberados no Brasil foi feita para ser resistente aos agrotóxicos? E que, após a liberação criminosa em 2005 (procure no google sobre soja maradona), o consumo de agrotóxicos no Brasil explodiu, e com isso alcançamos a liderança mundial no consumo de venenos, com 1 bilhão de litros vendidos em 2008. De lá pra cá, só subiu. Não é a toa que a Europa está enxotando os transgênicos [7], a adivinha onde eles vão parar?

5) Deves saber que estamos passando uma crise hídrica sem precentes, certo? Uma planta de eucalipto consome 30 litros de água por dia, a expectativa com os transgênicos é que isso aumento, já que o crescimento é acelerado. Sugiro uma visita a cidades que ficam à margem das plantações de eucalipto (desertos verdes [8]) para saber se sobra água para a pessoas.

6) Não deves acompanhar a CTNBio. Se acompanhasse, saberia que os pareceres contrários não foram respondidos, e que a "lei" não foi cumprida. Não foram feitos todos os estudos necessários, e se o Brasil liberar os eucaliptos, quebrará outra lei, o Protocolo de Cartagena sobre Biodiversidade, do qual é signatário. Seu colega Paulo Andrade (sócio de empresa BioGene, de biotecnologia, ou seja, tem conflito de interesses assim como vários dos membros da CTNBio) citou o CNBS. "Esqueceu" de mencionar que o CNBS se reuniu duas vezes, e nunca assumiu sua função de fato. Isso também é contra a "lei". A CTNBio faz as regras, vota, aprova e se autorregula. Nunca rejeitou nenhuma semente transgênica e nem deu ouvidos aos pareceres contrários [9].

7) Do alto do seu preconceito, deve imaginar que camponeses não estudam e não tem a sua inteligência científica para debater um tema complexo como esse. Os movimentos sociais que se posicionam contra os transgênicos possuem embasamento científico, e trabalham em conjunto com a Abrasco, Fiocruz e o INCA [10], só para citar os exemplos maiores, e frequentam cursos na maioria das grandes universidades federais. Um dos resultados deste trabalho foi o Dossiê sobre Impacto dos Agrotóxicos na Saúde [11].

8) Ligia, peço que entenda: a ciência não está acima dos problemas sociais, nem da sanha pelo lucro das empresas. Existem cientistas que optam estar do lado justiça social, do meio ambiente e da saúde. Tenho sorte de conhecer muitos deles. Mas existem outros que escolhem o lado do lucro, e pra isso, se escondem atrás do discurso da neutralidade científica. Quem se diz neutro, escolhe o lado do mais forte. Esses dois documentários [12, 13] não deixam dúvidas sobre o lado que escolheram os cientistas que trabalham para Monsanto, Bayer, Basf, Dow, Syngenta e DuPont, e aqueles que suportam seus discursos.

9) Desejo que, neste 7 de abril, possa refletir sobre o lado que deseja estar. Torço pela saúde! E para não dizer que não falei de flores, dois ótimos vídeos [14, 15] mostrando que não precisamos de agrotóxicos nem transgênicos para alimentar a população.

[1] http://aspta.org.br/wp-content/uploads/2011/08/Transgenicos_para_quem.pdf
[2] http://antroposofica.lojavirtualfc.com.br/prod,IDLoja,472,Amp,True,IDProduto,1925395,livros-alimentacao---culinaria-roleta-genetica---jeffrey-m--smith
[3] http://www.enveurope.com/content/26/1/14
[4] http://www4.planalto.gov.br/consea/comunicacao/artigos/2014/direito-humano-a-alimentacao-adequada-e-soberania-alimentar
[5] http://www.cptnacional.org.br/index.php/component/jdownloads/viewcategory/43-conflitos-no-campo-brasil-publicacao?Itemid=23
[6] https://www.youtube.com/watch?v=qHQdWwZcGlg
[7] http://gmo-free-regions.org/
[8] https://www.youtube.com/watch?v=rz_DzIAecOc
[9] http://pratoslimpos.org.br/?p=7607
[10] https://inscricaoonline.inca.gov.br/ie_eventos/eventos_hotsite.asp?id=2443&ID_IDIOMA=1
[11] http://www.abrasco.org.br/site/2015/03/dossie-abrasco-um-alerta-sobre-os-impactos-dos-agrotoxicos-na-saude/ (em menos de 1 mês será lançada a nova versão do Dossie, que vc poderá acessar direto pelo site da abrasco)
[12] https://www.youtube.com/watch?v=y6leaqoN6Ys
[13] https://www.youtube.com/watch?v=iKaxZ8LKrAA
[14] https://www.youtube.com/watch?v=CZ0O8pmWzwc
[15] https://www.youtube.com/watch?v=fyvoKljtvG4