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27 de Janeiro de 2010, 22:00 , por Alan Freihof Tygel - | Ninguém está seguindo este artigo ainda.

Blog do Alan, contém pensamentos saídos diretamente da minha cabeça.


Botando die Manguinhen de fora

24 de Março de 2015, 17:53, por Alan Freihof Tygel - 0sem comentários ainda

Chegou a primavera. Talvez ninguém tenha dado muita bola para isso no Brasil, já que a conjuntura política tem sido certamente mais interessante do que um mísero início de outono. Imagino que, não fosse o eclipse e o equinócio da última sexta, teria passado desapercebido.

Mas a primavera, aqui, de forma alguma. É até um pouco emocionante ver as árvores retomando a vida, a quantidade de casacos diminuindo, o tempo de luz do dia aumentando (quando cheguei anoitecia 16:30; agora já chegamos às 19h com luz ainda!), alguma flores sapecas nascendo nos gramados, os brotinhos verdes explodindo nas pontas dos galhos secos, a temperatura subindo devagarzinho, uma pausa do café de manguinhas de fora no jardim (confesso, a foto foi meio fake, logo depois botei o casaco). Até as pessoas, dizem, vão ficando mais simpáticas. Mas isso acho uma bobagem, tão idiota quanto ficar papagaiando que os alemães são "fechados", "antipáticos", "grossos", usw. A julgar pelas fotos que me chegaram do último dia 15, por esse raciocínio, todos os brasileiros são estúpidos, estão fartos de Paulo Freire, e inclusive pedem "Militärische intervention schon", que se em português já um impropério, num alemão-google-translator (sim, eu testei e deu bem isso), é uma idiotice sem tamanho.

Agora, o mais legal mesmo dessa tal de primavera, são as portas que se abrem. (Falando assim fica com cara de oportunidades, portais para o além, alguma metáfora esotérico-marketeira). Mas, não, falo das portas mesmo, essas que separam os ambientes e as pessoas. Uma coisa que me incomoda bastante é a quantidade de portas fechadas que se tem que abrir e fechar cada vez que se entra ou sai de um lugar. Sobretudo dentro de casa, a casa mais acolhedora e aconchegante de toda a Alemanha, a minha, as portas dos quartos ficam fechadas. É o danado do frio, meu quarto então, que tem pouco aquecedor pro tamanho, e a casa é antiga, de porta aberta eu congelo.

Mas, eis que alguns grauszinhos a mais, e as portas, como num passe de mágica, se abrem. A nossa porta que dá pro jardim fica aberta, a porta do quarto dos amigos fica aberta, a porta que separa a entrada da piscina pública (!) do jardim interno fica aberta. E isso deixa tudo tão contente!

* * *

Esse fim de semana foi o fim de semana da mandioca. Poderia até dizer que estava sofrendo tremeliques e taquicardias por falta desse nosso símbolo da agricultura camponesa, mas estaria mentindo, porque nos dois meses aqui já denotei quase os dois kg de farinha que trouxe, fora o reforço que a Winnie contrabandeou do Pará via Hong Kong. Vejam como o esquema foi pesado.

Mas farinha não é tudo, e já tava um pouco chateado com a falta do aipim, e da tapioca. Fui à luta, e não é que... achei! A loja africana já dava um capítulo só dela. Na porta, imponentes mandiocas enceradas, junto a algo que parecia cará, grande e disforme, limão taiti, e outros. Dentro, uma geladeira com quiabo (vai ter carurú, aguardem!). No fundo, uma plaquinha: Brasilianisches Essen! Pronto. Caminhei até lá, o coração palpitando, e quando olho... Volta que deu merda!

Ninguém nesse mundo vai conseguir, nunca jamais, me explicar porque algum/a brasileiro/a miseráaaave vai sentir saudades de tempero Kitano Alho e Sal!!!! Isso é veneno, veneno mata!!! Ivi, vem aqui jogar isso no lixo!!!!

Bom, passsado o susto, ouço uma voz ao longe: "Ix vil secs Guaraná! Secs flaxe!" Olhei pra ela e disse: "6 garrafas de Guaraná, tu é Brasileira que eu sei!". "Sou mineira!" Ah, bem... só observo.

Ali debaixo achei a segunda coisa que tava procurando além da mandioca: polvilho! Achei, Yoki, claro, mas tá valendo. Difícil foi explicar pros compas da casa, que farinha de mandioca, aipim e polvilho vem tudo do mesmo lugar. Andrézinho, imagina quando experimentar tiquira?

Agora, só digo uma coisa: a famosa tapioca da Barroquinha, que já foi a mais conhecida do Bairro de Fátima, hoje atende na Cidade Velha (em que cidade...) Altstadt, bem alí na Doro48.

Mentira. Tapioca com polvilho Yoki é barril dobrado. Mas é o que tem pra hoje, e pelos próximos 7 meses, a não ser que alguma alma caridosa...

No sábado de manhã, uma das amigas aqui acordou num bode danado, porque foi pra night e tinha que trabalhar na noite de sábado pra domingo. Prometi que faria uma comida gostosa quando ela voltasse, mas tava morendo de medo do aipim estar ruim, duro e tal. Pra minha surpresa, a tal da cera funciona bem, e cozinhou mais rápido que muito aipim daí. O resultado ficou meio gourmetizado, uma cozinha fusion nipo-tupiniquim no meio da Alemanha, mas juro que tava Bonn. E vivo!!!!

Ah, só pra avisar, ao invés de perguntar se eu estou bem, me pergunta o que estou comendo. ;) Mãe, to passando mal não, vú? Clicando na foto ela aumenta. O saquinho fechado é carne moída turca de cordeiro, que virou o escondidinho de cima. Aliás, escondidinho ficou sendo chamado de Versteckchen. Fofo né?

* * *

Estou sentindo que o melhor lugar da casa é o jardim. To doido pra fazer um churrasco e incomodar o vizinho, Herr Bart (Sr. Barba), esse sim, um alemão caricato, dizem. Já iniciei a compostagem, e com a produção alta de lixo orgânico de casa, vamos ter terra boa, espero.

Durante o inverno, o sol nunca fica em cima. Sempre numa altura tipo 16h. Mas agora que está subindo, já bate um solzinho no jardim, e da pra lagartichar com os amigos. Delícia total.

A trupe quase toda, faltando só um que está viajando

Minha composteira. Essa ninguém joga no lixo!

* * *

Pra terminar, uma historinha de hoje. Meu pneu furou, e eu, sem farol, voltei pra cara empurrando a bike. Já pertinho de casa, cruzei com duas pessoas, e um me chamou: Álan (sim, em alemão o acento é no primeiro A, mas Alan não é um nome nada comum aqui). Era o Áli, amigo da natação, que sempre trocamos uma palavras, mas rapidinho,na borda. Ele acompanhava um homem, meia idade, cego - ou pelo menos assim supus, de óculos escuros e bengala. Ficamos naquele papo - a você mora por aqui, eu também, expliquei que voltava à pé da Universidade, que eu fazia doutorado, ah que legal, volta e meia ele se virava para o senhor cego e explicava o contexto - ele é meu amigo da natação, o prédio onde ele estuda é onde estivemos tal dia, etc, etc, etc. De repente, o moço interrompe nosso papo e pergunta: Bist du Brasilianer?

Nossa, fiquei feliz como o que! Em primeiro lugar, é muito raro alguém perguntar de onde eu sou. O próprio amigo Ali não tinha perguntado, nem feito nenhuma menção ao fato de eu ser estrangeiro. Pelo meu alemão macarrônico de botequim, é óbvio que não sou daqui. Não só pelo sotaque, mas pela falta de vocabulário e tal. Mas ainda assim, o cuidado que expressam em não discriminar nem diferenciar os estrangeiros, impõe um certa ética de só perguntar de onde a pessoa vem quando tem certeza absoluta que isso será interpretado como uma curiosidade carinhosa, e não como um insulto xenófobo.

Em segundo lugar, reconhecer pelo sotaque que eu sou brasileiro, me deixou contente demais. Ele falou alguma palavras em português, depois disse que tinha amigos na Colômbia, conheceu um portugueses e tal. Fiquei pensando que dizem que os cegos ficam com os outros sentidos mais aguçados. Não que meu alemão seja tão límpido e fluido que somente alguém com sentido super apurado perceba que não sou daqui, longe disso, mas sacar que eu sou do Brasil pelo sotaque foi bom demais.

"E digo mais," completou ele. "Com certeza deve ser baiano!",

Mentira. hehehe

* * *

Ah, antes que eu me esqueça, tem o doutorado. Este foi o motivo de eu ficar tanto tempo sem escrever. Torçam aí pra ser aceito no WebScience15, mas sem grande expectativas, o congresso é mega-concorrido.

Tchü-üs! (mi - si)
 


Bobó de Lula

7 de Março de 2015, 8:07, por Alan Freihof Tygel - 0sem comentários ainda

Nessa minha curta vida de comunicador popular, posso dizer que já fiz matérias bem legais. Entrevistas com gente fantástica (essa, essa, essa, mas principalmente essa), relatei vitórias (essa) e derrotas na luta do povo, pude viver momentos incríveis (como esse) com a "desculpa" de que estava fazendo uma matéria.

Mas, certamente uma das matérias que mais me empolgou foi essa aqui:

Aqui vai o texto, fica mais fácil de entender/copiar. As fotos do Pablo Vergara fizeram parecer melhor do estava de fato. Mais fotos no final!

Bobó de Lula com Farofa de Banana

Aipim, mandioca, macaxeira. Seja qual for o nome, se tem algum alimento que podemos dizer brasileiro, é este. De norte a sul do Brasil, a mandioca é consumida de muitas formas diferentes.

Desde o aipim de mesa cozido, passando pela tradicional farinha de mandioca torrada, o polvilho, a tapioca, o bolo, até a maniçoba (folhas de mandioca cozidas com carne), o tucupi dos paraenses e a tiquira, cachaça de mandioca feita no Maranhão, tudo se aproveita.

Segundo o IBGE, a maior parte da mandioca plantada no Brasil (83%) vem da agricultura familiar. Portanto, compre um bom aipim na feira mais próxima da sua casa e prove essa delícia da culinária baiana!

Ingredientes:
1kg de aipim da feira
1kg de lula limpa
4 limões
2 cebolas picadas em cubinhos pequenos
½ molho de coentro
4 colheres de azeite de dendê
1 xícara de leite de coco
1 pimentão verde
2 colheres de manteiga com sal

Modo de Fazer:

Deixe a lula marinando no suco de 4 limões por 1:30h, e depois corte seu corpo em anéis e a coroa ao meio. Vire os anéis ao contrário para que ela fique mais bonita. Cozinhe o aipim com duas colheres de manteiga até que amoleça bem. Bata no liquidificador com a água do cozimento, leite de coco, quatro colheres de dendê, e o coentro. Numa panela grande, refogue a cebola com o pimentão e depois jogue o creme de aipim. Deixe esquentando até começar a borbulhar.

Nesse momento, jogue a lula, e acrescente o sumo do limão até que a consistência fique cremosa. Em 10 minutos, a lula estará cozida e macia. Não passe do ponto, pois ela pode endurecer. Sirva com arroz sem tempero e farofa de banana, que pode ser colorida com uma colher de dendê após desligar o fogo.

Você sabia?

No período da guerra fria, o Estados Unidas fizeram doações de alimentos para que os países mantivessem o sistema capitalista. Com isso, mudaram hábitos alimentares e incluíram o trigo na dieta do brasileiro. O Brasil importa a maior parte do trigo que consome, e por isso o preço do pãozinho aumenta se o dólar subir. A mandioca, por sua vez, é produzida em abundância no país, recebe menos veneno, não tem glúten e favorece a agricultura familiar!

Saiba mais: http://www.virusplanetario.net/manifestodamandioca/



Receita de Pão

6 de Março de 2015, 10:15, por Alan Freihof Tygel - 0sem comentários ainda

 

Quem me conhece sabe que umas das coisas que mais gosto de fazer é... comer. Disso decorre que eu gosto de comida boa, e disso decorre que eu gosto, também, de cozinhar, que é a única forma garantida de comer comida boa sem precisar de muito dinheiro. As vezes, bem pouco, como é o caso a seguir.

A receita deste pão veio do melhor presente de aniversário que já ganhei, da minha mãe: uma aula de pão, no Ateliê Culinário, uma das mecas da gourmetização-zona-sul-pequena/média/grande burguesa carioca. A aula consistia numa primeira parte, onde preparamos a massa, e a segunda parte, um jantar gourmetizado com vários pratos de pão, e um vinho.

O público era assim: 60% dondocas/os, 30% empregadas domésticas das dondocas, um estudante de culinária que trabalhava na Cadeg de madrugada e eu. Quem é bom de matemática pode achar que tinham 20 pessoas, mas é mentira.

Na abertura, a moça explicou um bocado de coisas interessante sobre o pão. Por exemplo:

  • o pão é um ser vivo. Ele só existe por conta do fermento (biológico!), que são seres vivos e precisam ser tratados como tal. Portanto, direitos funguísticos: não bata no pão.
  • os fungos comem ar e peidam gás carbônico. E assim o pão cresce. Por isso, o movimento de amassar a massa é o de colocar ar pra dentro dela. Eles também precisam de açúcar, mas minha mãe garante que dá pra fazer sem.
  • não pode ter vento na cozinha.

Essa receita é bastante simples, e leva apenas farinha, água, fermento, sal e açúcar.

Ingredientes (1kg massa):

  • 700g de farinha de trigo branca
  • 300g de farinha de trigo integral
  • 600 ml de água
  • 15g de fermento biológico seco, de preferência, ou 45g do congelado
  • 20g de sal
  • 40g de açúcar

Reparem que temos 1kg de farinha. A proporção pode ir mudando, lembrando quanto mais farinha branca, mais mole fica o pão. A integral pode ser substituída por outras farinhas como aveia, centeio, farelo, ...

  1. Aquecer a água (só um pouco) e dissolver o fermento
  2. Misturar a farinha com a água+fermento, e misturar até ficar com cara de massa.
  3. Só então adicionar o sal. O sal em contato direto com o fermento mata ele.
  4. Amassar, até deixar de grudar na mão, ou puxar e arrebentar pelo meio, ou botar uma bolinha dentro d'água e flutuar, ou perguntar à avó outro método, certamente sabe mais que eu. É o calor da mão que ativa o fermento, então seja caloroso/a, e sem violência contra o ser-fungo pão.
  5. Descansar, tampada com um pano, em local sem vento, não muito frio nem muito quento, por 2h
  6. Amassar de novo, botando ar pra dentro, e deixar descansar mais duas horas.
  7. Formatar o pão (não o disco!): pode colocar recheios dentro (azeitona, alecrim, tomate seco, ...), mas cuidado, se o recheio tiver líquido, vai alterar a dinâmica. Uma forma ajuda muito, mas não esqueça de untar com óleo, senão seu pão está perdido.
  8. Pré aquecer o forno (alto)
  9. Botar o pão no forno. Nos primeiro cinco minutos, o fermento explode sua atividade e morre. Jamais abra o forno nesse tempo. Para a casca ficar crocante, borrife vapor no seu forno industrial, mas como obviamente vc não tem um, coloque um pote com gelo no forno junto com o pão
  10. Depois dos cinco minutos, abaixe um pouquinho a temperatura. O tempo total de forno é em torno de 40 minutos. Para saber se está bom, cutuque ele com uma faca e ouça o som. Se estiver com som de oco (compare com o som da sua cabeça! :p), está pronto!
  11. Caso o/a vizinho/a não tenha vindo automaticamente pelo cheiro, convide, pois ele/a certamente está aguando.

Bom petite, me conta depois.

 

 

 

 



Caveirinha se expressando sobre os transgênicos

5 de Março de 2015, 6:22, por Alan Freihof Tygel - 0sem comentários ainda

Artigos, relatórios, fotos, evidências, clamores, marchas, hashtags, já tentamos de tudo um pouco. E por sorte, ainda hoje, nos chegou um lindo cordel, porque nossa luta sem poesia já estaria perdida. Ivi Tavares, sua linda!

 

Caveirinha, sobrevivente de uma Chuva de Veneno veio dar sua opinião:

Venho aqui pra gritar algo sério para população
Se depender das empresas nem ligam pra sua opinião
Querem a liberação de novas sementes transgênicas
de eucalipto e milho, foco para exportação

Ciência sem consciência é o que tentam nos empurrar!
Discurso de alimento melhorado, de que não faz mal a ninguém
Só que essa transgenia não é pra melhor nutrição
Mas pra ficar mais resistente a alguns venenos, podendo usar mais de montão.

Mas que temos a ver com isso?
É uma grande questão.
Digo pra voçês, o caso é grave e de grande proporção.
Essas sementes são resistentes aos venenos 2,4-D e haloxifope.
Esse aí um palavrão.
São agrotóxicos super tóxicos, isso quer dizer fazem muito mal a saúde.

E já se sabe, com essas sementes tá liberado veneno de montão
Contaminando rios, água, chuva e alimentação.
Na cidade ou no campo, atinge sem distinção
Mexem com a biodiversidade, algo tão caro para evolução

Já provaram que na soja transgênica mais veneno foi usado,
então esse discurso que não faz mal já está ultrapassado.
Acreditem e não se iludam com cientista de empresa que se diz decente.
Ganham muito pra mentir e enganar todos na frente!

Todo produto da ciência tinha que ser pensado no principio da precaução.
Se não sabe se faz mal, não vai pro mercado então!

Mas como ocorre essa aprovação?
Aqui no Brasil, diferente de outros países é feita na tal da CTNBio
Que é uma Comissão
Nos outros países não, tem que passar por ministérios, estudar melhor a questão.
Mas aqui se não se grita em coro
a população vai parecer que tá tudo certo,
que nem nos importamos com o futuro de nossas vidas em toda sua dimensão.

Até o mel e as abelhas ficam em ameaça
Pois vai mexer com a polinização
Aonde vamos parar? Que indignação!

E vão dizer com pesquisas das empresas que querem vender a qualquer preço
que não tem problema nenhum que é intriga da oposição
que não enxergamos o progresso atrasados na modernização

Mas não venham nos enganar
o progresso está é em seus cofres
Progresso do Agronegócio é a continuidade da exploração
Violência e degradação do ambiente,
doenças de pele, câncer e intoxicação,
concentração das terras, latifúndio só aumenta de proporção
venda de nossos solos para estrangeiros
Esse modelo que casa transgenia e agrotóxicos

Não resolve a fome no mundo
Pensa só, se fosse para alimentação
Produziria mandioca, arroz e feijão
E ainda usam agua de montão
Isso é modernização?

Isso não serve para a população
Traz é destruição.
Muitos já se manifestaram e continuarão
Temos o potencial de modificar essa situação
Escreva para os ministros, e esse pessoal da tal Comissão
Diga sua opinião
Só com Soberania Alimentar e Agroecologia
Teremos uma verdadeira saúde da população!

Se nos calarmos definharemos!
Por isso gritaremos: #NãoQueremosMaisTransgênicos!



Oswaldo Sevá se foi: "ninguém é obrigado a vender a cabeça"

2 de Março de 2015, 5:53, por Alan Freihof Tygel - 0sem comentários ainda

Oswaldo Sevá - Foto: Verena Glass

Uma grande perda... Mas, taí alguém que podemos dizer cumpriu um papel grandioso nesse mundo.

Sevá dava suas aulas apenas com fotos. Usinas, indústrias, pedreiras, minas, estradas de ferro, garimpo... E a cada foto, a gente entrava naquele mundo particular, compreendendo os estragos que a Engenharia pode fazer no mundo.

Certa vez ele deu uma entrevista para a revista do Soltec - EITCHA!!! - e eu fui o responsável pela diagramação. Obviamente a entrevista toda não cabia, e tive que cortar alguns trechos. Logo após a publicação, cheguei um e-mail trovejante do Sevá, dizendo que havíamos cortado o principal, que era por conta das críticas à Universidade, por que fulano ia achar isso, isso, e aquilo, e nem deu tempo de dizer que eu só tentei extrair o mais bonito. Rapidamente publicamos a entrevista inteira.

Mas o que importa é que esse trabalho, difícil, me fez ler e reler a entrevista várias vezes. Daí pesquei uma frase, singela, mas muito forte, que passei a usar no final de todas as minhas apresentações, quando tento convencer engenheiros de que outros caminhos são possíveis:

"..., mesmo dentro do sistema, devíamos todos ser pelo menos reformistas, humanistas, afinal temos que procurar emprego e salário mas ninguém é obrigado a vender a cabeça e apenas reproduzir a máquina de moer gente e utopias em que isso se transformou."

Numa dessas palestras, no ENEDS de Natal, em 2012, estava super nervoso, pois era uma plateia grande, um auditório imponente. Havia preparado os slides com a citação, mas não havia atentado para o que podia acontecer e aconteceu: ele estava na plateia! Dai, obviamente fiquei mais nervoso ainda.

Ao final, como sempre, ele levantou. Me preparei para raios e trovões, e ouvi uma linda demonstração de humildade: "Quero saber o que os palestrantes não puderam dizer por conta do curto tempo?" Não poderia ter recebido elogio maior.

Professor Oswaldo Sevá, sempre presente!

Veja o site do Sevá, e uma entrevista (que, essa sim, tentaram censurar!) no Combate ao Racismo Ambiental.