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27 de Janeiro de 2010, 22:00 , por Alan Freihof Tygel - | Ninguém está seguindo este artigo ainda.

Blog do Alan, contém pensamentos saídos diretamente da minha cabeça.


A reinvenção do mundo já começou

24 de Junho de 2012, 21:00, por Alan Freihof Tygel - 0sem comentários ainda

Segue um texto da queridíssima companheira Raquel Júnia. Sintetiza esse sentimento de alegria e esperança que conseguimos trazer nesta Cúpula dos Povos. Ela me perguntou se ficou bom. Ah, Raquelzita, vindo do coração, assim, e de um coração tão especial, não tem como não estar ótimo. Boa leitura. 

A reinvenção do mundo já começou

por Raquel Júnia

Durante uma semana a cidade do Rio de Janeiro pareceu ser de quem a ela pertence, a quem deveriam pertencer todas as cidades do mundo.  E o aterro do Flamengo uma pequena amostra do que os povos são capazes de construir, com audácia, coragem e amor. Hoje, o dia amanheceu saudoso da Cúpula dos Povos, que balançou a cidade do Rio e fez pulsar na veia a certeza de que é possível construir algo diferente do que querem impor guela abaixo os poderosos do mundo. 

Eles acham que sabem tudo. Mas o que não sabem ou fingem não acreditar é que não é possível comprar a força de vontade e o sonho de transformação. Nem todo o dinheiro do mundo comprará a força dos povos, a brava resistência que encabeçam contra os belos montes de desgraças; não comprará o desejo de uma agricultura saudável, sem agrotóxicos, com igualdade entre os seres humanos e comunhão com a natureza; ou a certeza de que o agronegócio mata; não comprarão a criatividade e urgência de um trabalho sem patrão, a justeza da causa das mulheres, que se levantam em uníssono contra as piores barbáries do sistema; a inventividade e a alegria da juventude que compreende o seu lugar no processo histórico.

Milhares de pessoas nas ruas, milhares no metrô, de graça, como deve ser em nosso novo mundo, tomando o que é seu por direito. Milhares organizados, em fileiras, batucando, cantando para dizer um sonoro não aos que pretendem acabar com o planeta, com bandeiras, faixas e cartazes, pegando os grandes latifundiários de surpresa, se opondo frontalmente às remoções dos pobres para dar lugar às moradias dos ricos. E daí que o trânsito parou? Quem foi que disse que os carros são mais importantes que as pessoas? Abelhas midiáticas zunindo, repetitivas, cansativas, antidemocráticas, chatas, apostando num sistema falido e que cava a sua própria cova.

No ultimo dia, o cansaço era visível nos lutadores e lutadoras do povo, que junto as suas organizações emprestaram esforços homéricos para a construção da Cúpula dos Povos. Mas apesar das olheiras, da falta de voz, do bocejo, na coletiva de imprensa final mostravam a dignidade e a alegria do dever cumprido, do sentimento grandioso de ter apostado que era possível propor alternativas, lutar por elas, gritá-las a todos os cantos do mundo, construir diálogos e convergências que apenas se iniciam, mesmo com tantas diferenças.

Durante esses dias se sentiu a construção da história tijolo a tijolo, numa convergência de lutas que se completam e existem porque ainda existe um sistema a derrotar. “Não mais os quilombolas estarão sozinhos protestando em Brasília, estarão com eles os índios, as mulheres, os campesinos, as organizações sócio-ambientais  e vários outros”, afirmou Paulino Montejo, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, no último dia da Cúpula. E é preciso dizer agora: não mais os quilombolas, índios, mulheres, comunidades ameaçadas, sem-terra e sem-teto, organizações sócio-ambientais sérias, estudantes, professores estarão sozinhos, jornalistas e comunicadores estarão com eles, entrevistando com brilho nos olhos, se emocionando, captando em imagens a singeleza dos momentos, contendo lágrimas com os relatos de resistência, e sonhando com o dia após a revolução no qual será noticiado em todas as páginas o novo mundo que se inicia.

A reinvenção do mundo já começou...