Existe uma região ao sul do estado de São Paulo considerada a mais pobre do estado por aquele que costuma olhar o IDH e medir os índices de desenvolvimento com os olhos de um capitalismo selvagem que não leva em conta riquezas naturais, culturais, valores históricos e humanos. Esse lugar chama-se Vale do Ribeira e compreende 23 municípios entre os estados de São Paulo com a Paraná. Pois bem esta região concentra uma quantidade incrível de Comunidades Remanescentes de Quilombos, Caboclos, Índios, Caiçaras e Ribeirinhos todos com suas riquezas culturais, costumes e saberes tradicionais. Gente que não tem medo da luta e do trabalho. Gente de mão calejada do cabo da enxada disposta a trabalhar em mutirão e em comunidade. É neste cenário que trabalho minhas musicas com o Grupo Cultural Batucaje e faço do meu oficio de cantador a voz dessa comunidade forte e valente, muitas vezes perseguida pelos órgãos públicos e que pouco ou quase nada recebem dos governos que nos representa. Há muito tempo atrás eram os grileiros armados querendo nos expulsar da terra, hoje é o governo com suas leis restritivas de preservação ambiental querendo nos expulsar de onde nascemos, além do grande empresário querer alagar tudo e fazer barragem para gerar energia para a Industria de alumínio da Votorantim. Enfim vivemos em constante luta e nossa união tem que ser forte e corajosa para resistirmos a tantas agressões. Mas somos também um povo alegre com nossos fandangos, caiçara, dança de São Gonçalo, Terço Cantando, e tantas outras festas de padroeiros, bandeiras do Divino e Reiada. Portanto o Vale do Ribeira é rico com sua mata exuberante que este povo preservou, com suas belas praias, cachoeiras, manguezais e restingas e centenas de cavernas. Pois então amigos, o Vale do Ribeira é rico. Viva este povo que preservou e guardou este patrimônio. Viva nossas comunidades tradicionais. Viva nossa gente, Rabeca e Viola. Viva o Vale do Ribeira.