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“Escutatória”, ou a arte de escutar

29 de Maio de 2017, 20:05 , por Débora Nunes - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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A arte de escutar escultura

 

(Este texto é parte do livro “Incubação de empreendimentos de economia solidária”, pag 135. Recomendo também o texto de Suzana Moura e Valéria Gianella: A ARTE DE ESCUTAR: NUANCES DE UM CAMPO DE PRÁTICAS E DE CONHECIMENTO)

 

Este tema foi tratado por muitos estudiosos e o título desta seção refere-se a dois deles: um, é Rubem Alves, cronista brasileiro que busca aproximar-se da alma humana em suas reflexões semanais em jornais e em seus livros e cunhou o termo “escutatória”. A outra referência é Marinella Sclavi, autora italiana que escreveu o livro Arte de escutar e mundos possíveis[1].

Rubem Alves começa falando que nunca ouviu falar em cursos de “escutatória”, apenas nos de “oratória”, e revela a dificuldade humana de escutar, pois, segundo ele, enquanto se fala, sente-se que se é mais importante. Diz Alves:

[...] nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade [...] a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. [2]

A reflexão de Rubem Alves é um alerta sobre as dificuldades de escuta que estão dentro de cada um, vinculadas à necessidade constante de reconhecimento: quantas vezes se ouve, mas não se escuta?  Ao mesmo tempo, é preciso estar consciente de que as dificuldades de escutar estão também vinculadas ao mundo externo, ao outro, sobre o que não temos controle. Mal-entendidos, incapacidade do interlocutor de se fazer entender, falas descontroladas e desconexas, silêncios, situações limite... Muitas são as dificuldades de comunicação que não serão tratadas aqui, porém, para aquele que trabalha com incubação, desenvolver sua própria capacidade de escutar já é uma grande contribuição para o estabelecimento de um ambiente comunicacional mais sadio.

A segunda autora que ilumina a possibilidade de desenvolver a habilidade da escuta é Marinella Sclavi que sintetiza, no seu belíssimo livro, as sete regras para a arte de escutar e vincula estas regras à construção do mundo. Este outro mundo que se afirma que é possível – mais justo, mais sustentável – e de cuja construção tantos estão fazendo parte. Para entender essas regras, é preciso compreender o pano de fundo das idéias da autora: ela explica que o modo como se é formado, sobretudo na universidade, mas não apenas, não é suficiente – e às vezes atrapalha – a construção de um mundo plural, onde as pessoas realmente possam se escutar.

Este modo de ver o mundo é o que se chama, no ambiente acadêmico, “paradigma positivista” [3] que implica em considerar o mundo como objeto regido por leis universais e que é tarefa da ciência descobri-las para poder descrevê-lo e explicá-lo. Para tal, a ciência separou as partes do real para torná-lo mais “claro” e criou as especialidades, o saber dos especialistas. O mundo era entendido como homogêneo culturalmente e a diversidade e heterogeneidade de conceitos e culturas que vemos atualmente não faziam sentido na época. Todos eram convidados a ver o mundo a partir de premissas simplificadoras e só quando o positivismo passou a ser questionado é que a complexidade do mundo passou a ser entrevista. Desde então, para se construir uma compreensão de fatos, eventos, personagens históricos, etc., muitos passaram à busca de uma contextualização, de olhar o mundo sob vários pontos de vista... Entretanto, desde o Iluminismo do século XVIII, a ciência se tornou um instrumento poderoso de avanço das condições de vida de uma parte da humanidade, tendo sido base para a Revolução Industrial. O pensamento científico, confundido com o pensamento positivista, tornou-se a forma de pensar e a ideologia dominante ao longo dos séculos XIX e XX.  As enormes conquistas científicas, técnicas e tecnológicas obtidas fizeram com que esta lógica chegasse a penetrar até mesmo o senso comum – forma de pensar do dia-a-dia das pessoas que não são especialistas – e tenha se tornado, por longo tempo, a única visão possível, natural e indiscutível.

O problema é que, neste “paradigma positivista”, nesta forma de conhecimento da ciência tradicional, separam-se, por exemplo, biologia e psicologia, uma sendo ciência “dura”, natural, e a outra, mais próxima da especulação, da subjetividade, pouco “científica”. Nesta lógica, separam-se razão e emoção, mente e corpo, teoria e prática, racionalidade e espiritualidade, sendo que os primeiros são mais valorizados. Esses aspectos, que formam conjuntamente nosso ser humano, tornaram-se não comunicantes, fronteiras, sem possibilidade de mistura. Para a ciência, uma visão exclui as demais e pretende autoridade absoluta. Nesta lógica, as emoções são entendidas como elementos que dificultam a compreensão, que seria isenta, neutra. Face ao sucesso explicativo da ciência e da lógica simplificadora do positivismo, os humanos são formados, tanto na escola, na universidade, como, muitas vezes, na vida, para achar que o que se sabe, o que se pensa, é a verdade. Logicamente, isto coloca dificuldades na possibilidade real de escuta do outro e no questionamento de cada um à suas próprias verdades. Desapegar-se do modo pessoal de ver as coisas, de entendê-las, dar-se a liberdade de colocar-se em outro ponto de vista, de ampliar sua compreensão, sua visão de mundo, pode ser um caminho para um real diálogo com o outro. A seguir serão apresentadas as sete regras da arte de escutar, segundo Sclavi (2000), tentando vinculá-las ao breve quadro teórico acima explicado e à prática de incubação de cooperativas.

A primeira das regras é “não ter pressa de chegar a conclusões. As conclusões são a parte mais efêmera da busca”.  Está implícito nesta primeira regra a ênfase dada à relação de escuta mútua, na qual cada uma das partes se dispõe de fato a entender os motivos, a lógica, as emoções do outro. Como foi visto, esta primeira regra contrasta com a crença corrente de só haver uma verdade, estando a outra visão – logicamente – errada. Dar-se tempo (“vamos retomar a discussão na próxima conversa?”) para se questionar o próprio ponto de vista (“por que penso assim e não de outra forma?” e “quais as circunstâncias que levam o outro a pensar diferente?”) faz toda a diferença.

Face ao que propõe esta primeira regra, é preciso colocar em cheque a visão de mundo individual, com suas premissas implícitas, suas lógicas pessoais. Isto é geralmente incômodo e as pessoas não se dispõem facilmente a questionar-se a si mesmas, pois isto faz com que cada um se sinta “sem chão”, como se os próprios pilares que sustentam o mundo individual fossem abalados. O estar sem pressa implica o saber estar no “espaço ameaçador” do desconhecido, saber gerir a ansiedade que isto comporta. Isto é também um primeiro ponto que pode chamar a atenção para a concepção das emoções da autora, que é bem diferente da tradicional. Aqui, ao invés de estarem atravancando a capacidade de conhecimento, as emoções estão sinalizando que algo importante está acontecendo em termos de novas possibilidades de enxergar o mundo.

Quando se consegue efetivamente não ter pressa de chegar à conclusão em uma disputa de idéias e se dá tempo para a construção mútua da compreensão, esta escuta verdadeira constrói a confiança, que é o bem mais precioso para quem empreende junto um projeto. Tanto para incubadores/as como para empreendedores, em relações entre si ou de uns com os outros, as conclusões sobre um tema em discussão em determinado momento são muitas vezes momentâneas, que podem ser superadas em circunstância posterior. A confiança, entretanto, que é base para todas as ações conjuntas, é permanente e se constrói no processo de diálogo e não no resultado de uma disputa de idéias, identificando quem, num determinado momento, tinha razão ou não. É o processo que conta e o tempo do processo.

A segunda regra, aparentemente simples, mas brilhante, a iluminar a compreensão, diz que “aquilo que se vê depende do ponto de vista. Para conseguir ver o seu próprio ponto de vista você deve mudar de ponto de vista”. O ponto de vista de cada um não apenas incorpora e está condicionado pela sua vivência, educação, cultura familiar, mas está tão profundamente enraizado na visão de mundo do ambiente que o cerca, que se tornam padrões quase invisíveis, dificultando a compreensão interpessoal. Se se pensa, por exemplo, nas formas de ver o mundo “paternas” e “maternas” sobre como cuidar dos filhos, pode-se entender melhor por que, muitas vezes, os pais se acusam mutuamente, de um lado, de serem “neuróticos” e, de outro, de serem “descuidados”.[4]

Na relação de incubação, quando estão em contato pessoas oriundas de experiências sociais e culturais geralmente distintas, este exercício de sair de um ponto de vista e de se colocar no outro pode ser a chave para o verdadeiro diálogo. Isto tanto por parte dos incubadores, como dos incubados. Como os/as incubadores/as estão neste processo por dever profissional (e, claro, também como militantes de uma causa, mas isto não vem ao caso agora) cabe a eles/as colocar-se em constante exercício de mudar de ponto de vista. Com o tempo, e com o exercício continuado desta conduta, seria interessante que esta atitude também fosse aprendida e assumida pelos membros dos empreendimentos incubados, para favorecer o mútuo entendimento.

De acordo com a terceira regra, “se você quer compreender o que o outro está dizendo, deve assumir que há razões para o que ele diz e pedir-lhe para ajudá-lo a ver as coisas e os eventos desde sua perspectiva”. Esta regra complementa a segunda, na medida em que a passagem de um ponto de vista a outro nem sempre é simples e fácil. Precisa-se, muitas vezes, de ajuda para se conseguir olhar uma idéia ou um fato a partir do ponto de vista do outro; pedir-lhe esta ajuda é o caminho mais rápido para a passagem e talvez o método crucial para o estabelecimento da confiança. Nem sempre, entretanto, o outro consegue explicar-se e, nem por isto, deixa de ter razão, pois, na arte de escutar, parte-se do princípio de que o que o outro diz está coerente com a sua própria lógica e, portanto, merece ser escutado. Outros caminhos para a compreensão mútua precisam ser tentados, inclusive os que se estendem para além da fala, aqueles que estimulem a empatia, que é uma forma mais profunda de compreensão, já que aí há uma identificação diferenciada entre as pessoas.

Quando se trata de conflitos dentro do grupo, pode-se usar a técnica de dividi-lo em dois com diferentes pontos de vista e deslocar alguém de um grupo para tentar defender a idéia do outro (com a qual ele não concorda, num primeiro momento) e vice-versa. A empatia entre os que têm a mesma opinião pode ajudar a que a idéia que vêm do outro grupo pela boca de um “parceiro” possa ser melhor escutada. De qualquer modo, fazer coisas juntos, como empreender ações coletivamente, festejar em grupo, fazer atividades físicas juntos, entre outras tantas atividades não necessariamente racionais são formas de estabelecer ambientes mais cooperativos e de escuta.

Na quarta regra, que necessita de um aprofundamento maior, diz-se que “as emoções são instrumentos cognitivos fundamentais, se se sabe compreender sua linguagem. Elas não lhe dão informações sobre o que você vê, mas sobre como você percebe as coisas. Seu código é relacional e analógico”.[5]

 Esta regra faz referência a toda uma argumentação de Marinella Sclavi acerca de como se podem perceber as emoções. Por um lado, elas podem ser vistas como aquilo que informa cada pessoa sobre uma situação vivida e determina sua reação. Elas provocariam assim formas mecânicas de reação, controlando as pessoas, empurrando-as para reações- padrão: tem-se medo, foge-se; tem-se raiva, agride-se. Se as emoções são vistas assim, elas podem ser “inimigas” da relação, pois submetem as pessoas e não as deixam ver o contexto. Por outro lado, as emoções podem ser “amigas” e ajudar as pessoas a superar os conflitos na medida em que elas revelam como cada um percebe as coisas.

Assim, diante de uma emoção de medo pode-se perguntar: por que isto me assusta? O que está por trás deste meu sentimento? Do mesmo modo, pode-se perguntar: por que sinto raiva diante de determinada situação? Quando a autora fala em quadro relacional e analógico, ela quer dizer que na relação não há apenas uma resposta, ou outra, zero e um, como no código digital, do computador. As coisas não são brancas ou pretas, elas são um fluxo, têm nuances, passam por todos os cinzas. Assim, nas relações e nos sentimentos que são suscitados pelas emoções, cada um pode se abrir, guiado por elas, para a cognição – o conhecimento e a compreensão – de como se percebem as coisas, o mundo.

Se as pessoas em relação se abrem para esta perspectiva da emoção como um código analógico (cheio de possibilidades) para o conhecimento, mais facilmente se escutarão, se entenderão. Os psicólogos e psicanalistas teimam em dizer que aquilo que mais incomoda tem sempre muito a dizer sobre cada um. Se a cada vez que alguém repete algo a pessoa sente a mesma raiva, ou a mesma emoção, aí está um sinal que é um campo fértil para se entender melhor e o outro passa a ser não o inimigo que magoa, mas o amigo que coloca o dedo na ferida para mostrar como curá-la. Claro que, na prática, as coisas não são tão simples, cada um resiste, inclusive ao autoconhecimento, e nem sempre se quer enfrentar medos, dúvidas, etc. ... muito menos quando são provocados por alguém com quem não se simpatiza. Mas escutar não é fácil, é mesmo um longo aprendizado...Na quinta regra, é dito que “um bom ouvinte é um explorador de mundos possíveis. Os sinais mais importantes para ele são aqueles que se apresentam à consciência como insignificantes e desconfortáveis, marginais porque incongruentes”. Voltando à argumentação anterior, a autora ressalta que, para haver uma real escuta, é preciso que se “desnaturalize” o que parece óbvio para a cultura pessoal, que se confronte o pré-julgamento de cada um sobre o comportamento e a fala do outro. Nem sempre o outro quer dizer, com seu comportamento e sua fala, aquilo que é interpretado como sendo seu “discurso”. Seria necessário, a cada situação de aparente conflito, dar-se ao incômodo de perguntar por que se interpreta deste modo o que o outro diz ou faz. E prestar atenção a esta resposta. Diz-se que “o diabo se esconde nos detalhes”, é preciso atentar para eles, aceitar que eles não são evidentes, buscá-los.

Aqui se pode colocar um problema muito comum na incubação: ouvir os que não falam (e que nem sempre são também bons “escutantes”). O que eles querem dizer? que aquele assunto não lhes interessa? (por que?), que não entendem o que está sendo dito? (por que?), que não se sentem à vontade para se manifestar (como ajudá-lo/a/s?), que não querem se envolver? A mensagem implícita dos que não falam também precisa ser compreendida. Sabe-se que o ambiente em que há sempre a preponderância da fala de um sobre a fala dos outros – o mais comum – não é o ambiente adequado à proposta da autogestão. Este fato tanto mostra que há os que querem o monopólio da fala, como há os que escolhem o comportamento do silêncio. Dificilmente há um sem o outro e há, nessas escolhas, prazeres e dores, comodidade e incômodo. É o projeto coletivo que interroga a todos e explora os mundos possíveis.

 A sexta regra afirma que “um bom ouvinte aceita prazerosamente o paradoxo do pensamento e da comunicação. Enfrenta o dissenso como ocasião para exercitar-se em um campo que o apaixona: a gestão criativa do conflito”.[6]  Quando bem atentos à arte da “escutatória”, o exercício de sair das próprias referências para realmente escutar o/a outro/a nas referências que o/a cercam torna-se um campo apaixonante. Deixa-se de estar em campo seguro de interpretação dos fatos – aquele que parece natural a cada um – e busca-se desvendar o que está implícito, entender a lógica da posição do outro. Quando a intenção de gerir bem o conflito passa a ser mais importante do que “ter razão”, tenta-se valorizar os aspectos positivos da compreensão que o outro tem dos fatos e que o leva a falar ou agir do seu modo.

Por fim, a sétima regra expressa a idéia de que “para tornar-se especialista na arte de escutar, deve-se adotar uma metodologia humorística. Mas quando se aprende a escutar, o humor apresenta-se naturalmente”. O humor geralmente parte de situações que não são ordinárias, chamando atenção para o estranho, o ridículo. Assim é uma forma de ver as coisas de outro modo, uma técnica para sair do que é rotineiro, da forma “normal” de ver as coisas. A utilização do humor na arte de escutar implica em olhar as circunstâncias buscando o que elas têm de leveza, de estranho, de passageiro, e isto pode ajudar na superação de conflitos. Nas situações de humor as pessoas são mais soltas e aceitam melhor algo que é dito de brincadeira, com suavidade, do que quando se diz a mesma coisa de modo sério. Assim, quando de fato se escuta o outro, dentro do seu contexto e de sua compreensão, o contraste deste com o próprio contexto e compreensão pode revelar-se pitoresco, insólito e mesmo absurdo. Ou seja, cômico, engraçado. Várias técnicas podem ser desenvolvidas usando o humor para ajudar na estruturação ou na consolidação do grupo: teatro, imitação, piadas... Rir é sempre um bom remédio, até para ajudar a escutar.

Por fim, ,retomando o que foi dito até aqui, a definição da escutatória não é apenas a atitude de escutar, de ouvir o outro realmente. A escutatória implica na atitude de tentar entender o outro e a situação vivida por cada um e pelo grupo de forma ampla, buscando realmente compreender os contextos. Isto é muito mais difícil do que a mera civilidade de prestar atenção no que o outro diz, que deveria ser corriqueira. Escutar, no sentido que foi abordado aqui, exige mais reflexão, que ultrapassa o momento da conversa ou da discussão grupal. Há que se pensar, após este momento, e retomar novamente a discussão depois que ambos (ou todos) os participantes  tenham-se perguntado: “onde está a razão do que ele/a me diz, ou eles/elas me dizem?”. Para tanto, recomenda-se que, no processo de incubação, as discussões importantes possam ser retomadas várias vezes, dando-se tempo para se amadureça o verdadeiro diálogo.

Quando aprender a escutar se torna uma real busca pessoal e grupal e quando a capacidade de escuta que cada um e o grupo alcançam é realmente valorizada, tem-se uma real mudança cultural, tão buscada na Economia Solidária. Não é quem fala mais, melhor ou mais alto que é mais respeitado. Ao contrário, é quem equilibra a fala e a escuta, quem, na sua fala, mostra haver buscado escutar/compreender diferentes pontos de vista, é quem de fato merece atenção do grupo. O interessante é que esta é a atitude dos sábios, no mais das vezes a dos mais experientes e isto pode explicar por que, em tantas culturas não “modernas”, as palavras dos mais velhos é tão respeitada.

 

 

[1] SCLAVI, Marianella, Arte di ascoltare e mondi possibili. Milão: Le Vespe, 2000. Aproveito para agradecer aqui o apoio generoso de Valéria Gianella, que ajudou na tradução de partes do livro, que existe, por enquanto, apenas no original italiano.

[2] ALVES, Rubem. Escutatória. Disponível em: <www.caosmose.net/candido/unisinos/textos/escutatoria.htm>. Acesso em: 05 dez. 2007.

[3] Paradigma é uma expressão que indica o conjunto de idéias que baseia uma forma de ver o mundo, de entendê-lo. Paradigma positivista relaciona-se sobretudo com o pensador francês Auguste Comte (1798 – 1857), fundador do positivismo, que afirmava que “positivo” seria o real, o útil, o certo, o preciso, o relativo, o orgânico e o simpático.  Pergunta-se: e aquilo que não é nada disto, não existe? Não importa? Não faz sentido?

[4] Falou-se em pais e mães e não em homens e mulheres porque há homens “maternais” e mulheres “paternais”, uns querendo proteger os filhos dos problemas e outros querendo ensinar-lhes a superá-los pela vivência e o enfrentamento. Quem, do lado de fora, ousaria dizer quem está certo ou errado no comportamento normalmente tão bem intencionado dos pais, sem primeiro situar-se em cada circunstância e respeitando os diferentes pontos de vista, ou seja, “escutando”?

[5] Relacional é o que tem lógica na relação, enquanto analógico é uma palavra que se usa em contraposição àquilo que é digital. Como exemplo bem cotidiano, pode-se lembrar da imagem do antigo relógio mecânico, de ponteiros, no qual antes de marcar a hora certa (em cima do número desenhado no relógio) os ponteiros ficam em “lugares incertos da hora”, enquanto o relógio computadorizado, digital,  dá a hora sempre em números, de modo que a hora em que se está é bem exata e explícita.

[6] Paradoxo é uma contradição, aparente ou real. Dissenso é a falta de compreensão comum de um mesmo fato, a falta de concordância entre pessoas.


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