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Notícias

January 12, 2009 22:00 , by Unknown - | No one following this article yet.

Soberania, segurança alimentar e economia solidária

September 28, 2011 21:00, by Alan Freihof Tygel - 0no comments yet

por Ana Lúcia Oliveira

São diversas as práticas e experiências que têm alternativas para a comercialização de sua produção, inovando no desenvolvimento de estratégias de aproximação entre agricultores e consumidores, promovendo o acesso amplo a alimentação saudável e adequada de base agroecológica e com organização coletiva e autogestionária.

No terceiro dia do Encontro Nacional de Diálogos e Convergências, aconteceram sessões simultâneas  nas quais os grupos  puderam debater sobre os temas do evento.  No diálogo temático sobre Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional e Economia Solidária o grupo de participantes das redes assistiu apresentações de experiências da Rede Xique-Xique de Comercialização Solidária, do Rio Grande do Norte, Rede Sementes da Paz, de São Paulo,  Associação Agroflor, de Pernambuco  e a Associação Ecoterra, do Rio Grande do Sul.

As experiências  mostraram  como é desenvolvido o trabalho de produção e comercialização de alimentos. Cada uma ,com suas peculiaridades , trabalha para para fortalecer circuitos de produção local. No entanto, tais experiências  demostram que há muitos desafios  a serem enfrentados nesse processo,  como é o caso da vigilância sanitária, que fechou o  ponto de comercialização da Ecoterra .

Após as exposições foi feito um debate que sobre os  temas levantados na primeira parte da atividade e foi elaborada uma síntese onde apareceram temas comuns que precisam ser aprofundados para o diálogo e convergência entre redes como, auto organização, visibilidade, emancipação econômica das mulheres, legislação e inspeção sanitária, compras institucionais, canais, redes e circuitos de produção e comercialização, consumo consciente.



Populações denunciam que agrotóxicos e transgênicos adoecem pessoas e prejudicam cultivos tradicionais

September 27, 2011 21:00, by Raquel Júnia de Magalhães - 0no comments yet

por Raquel Júnia, da EPSJV/Fiocruz

Relatos revelam conivência do poder público com a contaminação do meio ambiente e dos seres humanos pela utilização de venenos na agricultura.  Pesquisas em Mato Grosso mostram animais com diversas anomalias em locais com altos índices de utilização de agrotóxicos.

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Em Lucas do Rio Verde, um trabalhador rural foi até o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado do Mato Grosso (Indea-MT) reclamar que um avião sempre passava em cima de sua propriedade e os agrotóxicos que lançava sobre os extensos plantios de monoculturas da região também atingiam seus cultivos. O Indea, que é o órgão que deveria ter o controle sobre a utilização dos agrotóxicos na região, não tinha sequer um cadastro dos aviões que realizam a pulverização aérea. “Fotografe o número do avião quando ele passar”, recomendou umas dos funcionários do Instituto ao trabalhador rural. “Mas a minha ferramenta é a enxada e não a máquina fotográfica”, respondeu o agricultor. O episódio foi relatado pela bióloga Lindonésia Andrade, membro da Organização Rioverdense de Meio Ambiente (Oluma), que, junto com pesquisadores da região, denuncia constantemente os graves problemas de saúde decorrentes do uso de agrotóxicos. O relato de Lindonésia foi feito no Diálogo Temático Agrotóxicos, Transgênicos, Saúde Ambiental, Justiça Ambiental e Agroecologia, no terceiro dia de atividades do Encontro Nacional de Diálogos e Convergências. A bióloga apresentou fotos de animais com diversas anomalias, como um leitão com oito patas, que nasceu em propriedades vizinhas a cultivos que utilizam agrotóxicos, além de deformações diversas em anfíbios coletados em lagoas e rios do município.

“Lucas do Rio Verde tem o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), mas moramos num município doente, é um IDH para poucos”, declarou Lindonésia. A engenheira agrônoma Franciléia de Castro, da Fase, que também apresentou a situação do Mato Grosso destacou que até o final de 2011, serão utilizados 132 milhões de litros de agrotóxicos no estado.

Recentemente a imprensa nacional noticiou uma pesquisa que comprovava a contaminação do leite materno por agrotóxicos em Lucas do Rio Verde. De acordo com Lindonésia, após a grande repercussão dos resultados da pesquisa, o acesso aos dados de contaminação no município ficou mais difícil.

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Além da realidade do Mato Grosso, outras três experiências foram apresentadas durante o diálogo temático – a da Chapada do Apodi, no Ceará, a da região do Contestado, no Paraná e Santa Catarina, e a do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), que tem atuação em diversas regiões do país. Márcia Xavier falou sobre o assassinato de seu pai, o trabalhador rural José Maria, uma das mais importantes lideranças da região na crítica ao uso de agrotóxicos pelas empresas de fruticultura que se instalaram no local.  José Maria do Tomé foi assassinado em 21 de abril de 2010 e o crime permanece impune. Márcia relatou como as investigações tem sido dificultadas por supostas debilidades técnicas, como a falta de equipamentos para realizar a perícia nas balas coletadas pela própria família na ocasião do assassinato, apesar de vários indícios de que o crime teve motivações políticas.

De acordo com Márcia e com outros militantes e pesquisadores que também participaram da oficina, o único objeto de José que sumiu no momento do crime foi uma pasta na qual ele carregava inúmeros documentos e processos relativos ao combate à pulverização aérea na região. Um mês após a morte do agricultor, uma lei que impedia essa prática no município de Limoeiro do Norte foi revogada e novamente a população voltou a receber os agrotóxicos também vindos dos aviões. “Há uns cinco anos o pai tinha percebido que havia uma epidemia de coceira, aí um médico disse a ele que poderia ser algo que as pessoas tivessem acesso diariamente, então, depois, descobriram que a água que as pessoas consumiam estava contaminada”, descreveu Márcia.

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Da mesma região, o agricultor Eduardo Souza, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), contou como a Chapada do Apodi virou objeto de ganância das empresas fruticultoras, após o incentivo do governo e a construção de um projeto de irrigação na região. “A Chapada do Apodi era ocupada por pequenos produtores, irrigantes, agricultores familiares. As empresas se apropriaram da região com a criação do perímetro irrigado do Apodi, com a política de irrigação dos anos 90, quando a chapada passou a ser um foco do olhar do capital para expandir o agronegócio”, destacou. Eduardo falou também sobre como a parceria entre a comunidade e pesquisadores possibilitou uma denúncia bem fundamentada dos problemas causados pelo uso de agrotóxicos na Chapada. “Conseguimos ver com mais clareza, subsídio e fundamentação cientifica, graças a intervenção do grupo Tramas, que nós temos grandes impactos. São seis grandes empresas que comprometem diretamente o meio ambiente e a biodiversidade, com o uso intensivo de agrotóxicos. Na chapada está o aqüífero Jandaíra, o terceiro maior do Nordeste, e essas empresas fazem um uso abusivo da água desse aqüífero e o contaminam. As empresas não pagam nada por isso e não compensam em nada as comunidades locais”, afirmou.

Mobilizações

Os movimentos sociais da Chapada do Apodi criaram o Movimento 21 para cobrar do poder público e alertar a população sobre os prejuízos causados pelas indústrias. O nome do movimento é uma lembrança ao dia do assassinato de José Maria. No ano passado os trabalhadores de uma das empresas de fruticultura realizaram uma greve para reivindicarem direitos básicos, como o de realizar as refeições em um refeitório e não mais ao relento, ao lado das frutas que tinham acabado de pulverizar com os agrotóxicos. “Houve um verdadeiro extermínio e expulsão dos pequenos produtores, que se tornaram assalariados rurais do agronegócio. As empresas produzem milhões de reais, mas essas riquezas não são divididas com os trabalhadores. As empresas estão com as terras, com um incentivo do estado, comprometem a biodiversidade, exploram os trabalhadores, acumulam muitas riquezas, e para os pequenos produtores e trabalhadores rurais só resta um mísero salário e condições sub-humanas de vida e trabalho”, critica Eduardo.

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Na região do Contestado, nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul, os agricultores têm se organizado para evitar que seus cultivos sejam contaminados por sementes transgênicas. O técnico André Jantara, da ASPTA- Agricultura Familiar e Agroecologia, relatou as experiências da região no resgate, avaliação e multiplicação de sementes crioulas, com a realização de feiras de sementes e encontros regionais de biodiversidade. Um grave problema, segundo André, é a quantidade de agrotóxicos utilizada na monocultura do fumo, bastante comum na região. Os movimentos da região criaram o coletivo Triunfo, para promover ações de conscientização e questionamento público dos impactos dos agrotóxicos e transgênicos para a biodiversidade regional.

Eliane Mendes, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Palmeira, também na região do Contestado, contou que plantou fumo durante 20 anos, mas decidiu fazer uma reconversão agroecológica em sua propriedade. “No início tínhamos mata nativa, sempre plantávamos feijão, milho, mas com o passar do tempo, fomos perdendo a diversidade e aumentando o cultivo do fumo. O solo era fértil, não precisava de adubo nem de nada, não tínhamos muita despesa, mas depois, fomos ficando dependentes de adubo, o solo foi ficando mais fraco e  o cultivo de fumo tinha mais custo. E o que acontece é que para plantar o fumo, os consultores trazem o pacote completo, levam tudo em casa. Aí era mais fácil e mais cômodo, então fomos aumentando sempre mais o número de pés plantados e com o passar dos anos o investimento necessário passou a ser maior”, detalhou. De acordo com Eliane, foi participando de um seminário que ela percebeu a necessidade de modificar a forma de produzir. “Eu estava produzindo morte, pois o fumo está acabando com a vida das pessoas através do cigarro e do uso do agrotóxicos. Então, tomei uma atitude, pensei que ao invés de produzir morte, eu iria produzir vida”, fala.

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Foi também pensando na vida que as mulheres do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) decidiram colocar em prática a Campanha por alimentos saudáveis. As agricultoras Maria Mendes dos Santos e Izaquiani Feitosa apresentaram a campanha durante o diálogo temático. De acordo com as agriculturas, o MMC está tentando mapear os costumes de alimentação em cada região. “Assim, poderemos estar cada vez mais unidos, para mostrarmos essa potencialidade e diversidade de alimentação que temos em todos o país”, destacou Izaquiani.

O MMC quer chamar a atenção, por meio da campanha, para a grande potencialidade que a agricultura camponesa possui na produção de alimentos. Entre as metas da campanha está  a garantia de recursos públicos e subsidiados para a produção ecológica dos alimentos, a pontencialização das redes solidárias de trabalho e consumo e a resignificação da cultura, dos valores e hábitos alimentares. “Cada vez mais o movimento vem afirmando que a luta política não existe sem a luta cotidiana e a luta cotidiana não existe sem a política”, concluem as mulheres do MMC. 



Resistência ao impacto de grandes empresas é comum a territórios do país

September 27, 2011 21:00, by Alan Freihof Tygel - 0no comments yet

Nomes de empresas como Souza Cruz, Suzano Papel Celulose, Aracruz-Fibria, Vale e Monsanto foram repetidos por povos que resistem ao atual modelo de desenvolvimento. Relatos foram feitos no Encontro Nacional de Diálogos e Convergências, em Salvador.

por Pulsar

 

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A programação do segundo dia foi dedicada ao debate sobre territórios de resistência. Paulo Petersen, da Assessoria e Serviços a Projetos para Agricultura Alternativa (ASPTA), diz que estas experiências estão invisíveis para a maioria da sociedade. Para ele, reverter essa situação é um dos desafios de redes, organizações e movimentos sociais.

Petersen salientou que é nos territórios que se dá a luta. Nestes locais, a busca por agroecologia, soberania alimentar e saúde são uma só. Exemplo disso é o caso do norte de Minas Gerais. Por lá, 27 comunidades tradicionais, depois de anos de luta, recuperaram áreas arrendadas pelo estado à grandes empresas monocultoras de eucalipto.

Agora, a água e a vida do cerrado rebrotam a partir da agroecologia. As famílias têm recuperado as áreas degradadas e garantido a produção de alimentos saudáveis. Rita Conegundes, uma das agricultoras familiares, representa as comunidades do Norte de Minas Gerais no Encontro. A Ritinha, como é mais conhecida, contou que o processo tem motivado a auto-demarcação de áreas por outros povos e comunidades. No momento, além do monocultivo do eucalipto, a mineração é outra ameaça na região.

O Planalto Serrano de Santa Catarina também apresentou sua experiência de resistência. Emília de Fátima Velho, uma das lideranças entre as agricultoras familiares, calcula que mais de 80% da área é de eucaliptos. A devastação provocada pelo monocultivo afetou o ciclo de alimentação de animais. Com isso, eles comem boa parte da produção agroecológica desenvolvida, o que prejudica os agricultores.

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Já os representantes do Polo da Borborema, na Paraíba, explicaram que os princípios de resistência pela agroecologia são os mesmos que o agronegócio nega aos povos. Ou seja: valorizar os recursos naturais e resgatar o conhecimento das famílias agricultoras, postas como sujeitos de todos os processos de resistência.

Roselita Vito, diretora do Polo Sindical da Borborema, contou que entre os grandes desafios enfrentados hoje estão a questão da terra e o crescimento da produção de fumo. A fumicultura gera enorme dependência econômica dos agricultores em relação à empresa Souza Cruz, presente na região. Outro problema é o uso de agrotóxicos, que contamina a saúde e o meio ambiente dos trabalhadores.

Mais de 20 depoimentos apontaram os impactos causados por grandes empresas em diversos territórios brasileiros. Raquel Rigotto, da Rede Brasileira de Justiça Ambiental, comentou sobre as injustiças cometidas e os processos de resistência. Escute os áudios a seguir.

Saiba mais por meio da Cobertura Especial da Pulsar Brasil. (pulsar)



Populações lutam para preservar cultivos agroecológicos diante da expansão dos agrotóxicos e dos transgênicos

September 27, 2011 21:00, by Raquel Júnia de Magalhães - 0no comments yet

Participantes do Diálogo Temático Agrotóxicos, Transgênicos, Saúde Ambiental, Justiça Ambiental e Agroecologia denunciam impactos da utilização de venenos na agricultura. Reclamam ainda apuração do assassinato do militante José Maria, da Chapada do Apodi, no Ceará, morto enquanto realizava campanha contra os agrotóxicos e maior controle do estado sobre a utilização desses produtos.  Fotos mostradas revelam animais deformados no Mato Grosso em propriedades vizinhas às monoculturas. Participantes destacam ainda as iniciativas para manter os cultivos agroecológicos imunes ao veneno e aos transgênicos.


Confira as apresentações.

 



Exposição dos grupos temáticos

September 27, 2011 21:00, by Eduardo Sá - 0no comments yet

Por Eduardo Sá, do jornal Fazendo Media

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Após a plenária na tarde de ontem (27) os grupos temáticos se reuniram para sistematizar pontos de convergências nas falas do evento. Cada representante, em seguida, apresentou ao público as avaliações coletivas sobre os relatos. O primeiro deles foi Daniel Tygel, do Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), que elogiou a riqueza da plenária e atentou para o desafio de tirar essas experiências da invisibilidade. O principal, na sua opinião, é a luta pela autonomia no sentido de estimular mecanismos de auto gestão.

Uma luta pela autonomia de sermos o que somos, a história, como a auto demarcação em Minas Gerais. A economia solidária trabalha com condições materiais de obter avanços nesse sentido. Defendemos a auto gestão como radicalização da democracia”, afirmou.

Mais atenção com o consumo alienante, fortalecimento dos circuitos solidários e horizontes comuns claros, além da necessidade de trabalhar as divergências internas nos grupos para enriquecer o processo, são outras observações levantas por Tygel.

Invisibilidade midiática

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Apontada por diversos participantes, ficou clara a necessidade de ampliar formas de divulgar as iniciativas locais e disseminar outros pensamentos por causa do bloqueio da mídia hegemônica. Para enfrentar esse desafio foi articulado um grupo de comunicadores populares para a cobertura do evento. Eles têm experiências locais de comunicação alternativa e vão multiplicar esse conteúdo em outros meios.

Quem explicou esse cenário foi Raquel Júnia, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio de Saúde (EPSJV-Fiocruz) e do jornal Fazendo Media, do Rio de Janeiro.  Segundo ela, a comunicação é entendida por duas perspectivas: do direito e da necessidade, que convergem em vários pontos. Para ela, a democratização dos meios dos meios de comunicação é fundamental nesse sentido.

“Mesmo estando na declaração universal dos Direitos Humanos e na constituição brasileira a comunicação não é tratada como tal. A necessidade fica mais clara com essas falas e oficinas sobre a questão da visibilidade das lutas, dos conceitos de desenvolvimento, identidades culturais. Como nos mostramos para a sociedade se não temos os meios de comunicação?”, deixou a pergunta no ar.

Para ela, as redes e movimentos ainda caminham muito devagar nessa área, apesar de termos muitas histórias para contar. Ela observou ainda que as filas das intervenções eram de denúncias que precisam ser expostas para a sociedade. No último dia será realizada um oficina para aprofundar esse debate e pensar formas de potencializar as alternativas nessa área. Ela concluiu com uma citação de Paulo Freire, educador brasileiro que via a educação como parte fundamental no processo pedagógico: “Dizer a palavra não é privilégio de poucos homens, mas direitos de todos os homens”.

Justiça Ambiental e Agroecologia

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São dois temas que estão relacionados e têm uma complementaridade mais direta. A agroecologia depende do acesso a terra, que é uma justiça ambiental. São vários os conceitos que ambos segmentos abordam, todos eles ajudando a lidar com conflitos de diferentes naturezas.

Raquel Rigotto, da Rede Brasileira de Justiça Ambiental, destaca que esses princípios e práticas buscam um acesso mais justo e equitativo direto e indireto aos recursos naturais do país. Em sua opinião, nenhum grupo social deve pagar o preço do desenvolvimento, que geralmente não afeta os geradores desses impactos.

 

“Os impactos sobrecarregam segmentos. Não há decisão prévia para os projetos nessas localidades, gerando resistências e insurreições. As comunidades devem afirmar sua diferença, seu modo de vida e maneira de construir. Constituir direitos para serem protagonistas de modelos alternativos, e divulgá-los para disputar o campo simbólico”, afirmou.

Segundo Eugenio Ferrari, da Associação Nacional de Agroecologia (ANA), as limitações impostas pelo agronegócio precisam ser melhor compreendidas, valorizadas e é necessário também estabelecer um compromisso maior com essas identidades de resistência.

Além do acesso, é preciso botar ela para produzir, fazer seu funcionamento ecológico permitir a recuperação do agro sistema de maneira mais equilibrada. Nesse sentido, são necessárias soluções específicas para cada território: conhecimento e autonomia para o protagonismo dessas lideranças locais. Conciliar o conhecimento empírico com o acadêmico é fundamental, e realizar uma releitura da agricultura nativa”, conclui Ferrari.

Saúde Coletiva e Soberania Alimentar

O geógrafo Josué de Castro, que lutou contra a fome em vida, teve seus estudos apontados como referência para introduzir esses dois temas. Ana Elise, da Saúde Coletiva, lembrou do primeiro mapa da fome a partir dos territórios feito pelo intelectual e ressaltou sua tese de que a fome não é fruto da natureza e sim do desenvolvimento social.

Precisamos pensar na saúde em si e a alimentação nesse contexto. Se quisermos boa saúde é preciso entender a boa alimentação com seu processo adequado e saudável. A reforma sanitária pode incorporar essa agenda para o Brasil, precisamos ampliar esse debate”, defendeu Elise.

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Maria Emília, do Fórum de Soberania Alimentar, por sua vez, sugeriu como princípio metodológico a valorização das experiências de modo a problematizá-las para propor alternativas. Ela ressaltou que não existe soberania alimentar sem a reforma agrária.

“Terra e alimentos estão muito associados. Além do encurralamento das empresas há também a proibição de gente dentro das áreas de preservação. Nesse contexto, a auto demarcação relatada em Minas Gerais é elemento importante. Afirmação da importância da diversidade do cultivo também é fundamental na soberania alimentar”, disse Emília.

Dados sistematizados como instrumento de trabalho, como a volta do beriberi no Maranhão devido à monotonia alimentar, também são importantes para ela. Uma leitura das agriculturas nativas, da sócio diversidade e identidades culturais mostrando como é complexo o campesinato brasileiro é outro ponto relevante. A visibilidade dessas identidades se torna elementar nesse cenário, tendo o mapeamento dos alimentos regionais e suas representações territoriais uma solução. Emília concluiu defendendo a reinvenção da tradição com o regate da cultura alimentar e seus valores nutritivos, numa relação com o manejo da biodiversidade.



Organização se manifesta contra a ampliação do cultivo de eucalipto

September 27, 2011 21:00, by Alan Freihof Tygel - 0no comments yet

Na abertura do Encontro Nacional de Diálogos e Convergências ontem (26), a Rede Alerta Contra o Deserto Verde, entregou um abaixo assinado pedindo que o estado baiano suspenda a ampliação das plantações de eucalipto da empresa Veracel.

Katarine Flor, Agência Pulsar


NOTA COM AUDIOS

Na ocasião, Ivanete Gonçalves, da Rede Alerta, se dirigiu ao representante do governo. Ela lembrou que o próprio estado admite a falta de governança em relação à monocultura de eucalipto. Junto ao abaixo-assinado foi entregue um estudo da Fiocruz comprovando os problemas da utilização de agrotóxicos nesses terrenos.

Atualmente a área de eucalipto no sul da Bahia chega a 700 mil hectares. Esses monocultivos deixam um rastro de devastação ambiental e acabam expulsando as populações de seus territórios.

Na abertura foi destacada a necessidade de interação de todas as regiões para impedir o avanço do agronegócio e promover alternativas sustentáveis.

Marcelo Firpo, da Rede Brasileira de Justiça Ambiental, destaca o fortalecimento entre as redes e o diálogo com a sociedade. Firpo lembra que durante o evento será lançada uma plataforma de integração de mapas de iniciativas agroecológicas, de empreendimentos de economia solidária, situações de injustiça ambiental e dos impactos das obras financiadas pelo BNDES. O Inter-mapas é uma ferramenta que permite a visualização das lutas e alternativas em curso.

Ainda de acordo com Firpo, quebrar a barreira imposta pela concentração da mídia, de modo a apresentar as experiências de resistência, é um dos desafios desses grupos.

Cerca de 300 pessoas participaram da cerimônia de abertura, cuja mesa foi composta pelas entidades organizadoras e representantes de setores do governo da Bahia e federal que apoiaram a realização do encontro. As atividades seguem até a próxima quinta-feira (29). (pulsar/fazendomedia)



Encontro de Diálogos e Convergências reúne organizações e movimentos sociais para debater a Agroecologia

September 26, 2011 21:00, by Riquieli - 0no comments yet

por Riquieli Capitani, MST

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Seja bem vindo minha gente, com alegria e consciência esse é o encontro nacional de diálogos e convergências”

(Luiz Paixão)

A cidade de Salvador- Bahia está recebendo desde ontem (26/09) o Encontro Nacional de Diálogos e Convergências- Agroecologia, Saúde e Justiça Ambiental, Soberania Alimentar, Economia Solidária e Feminismo, que reúne aproximadamente 300 pessoas para debater as experiências que já vem sendo desenvolvidas, denunciar os impactos causados pelas grandes empresas multinacionais, e apresentar alternativas para fortalecer a agricultura familiar.

Na noite dessa segunda-feira as 20 horas houve a abertura oficial do encontro com uma mística, e após isso o ato politico, onde as entidades organizadoras e também representantes do governo estadual da Bahia e federal compuseram a mesa, como Eduardo Soares, da Diretoria de Política Agrícola e Informações da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), Ministério do Ambiente, o Secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável, Roberto Vicentini, e César Lisboa, Secretário de Relações Institucionais do governador Jaques Wagner (PT-BA).

A Assessora do Programa de Soberania Alimentar, Agroecologia e Economia solidária da Ong Fase que também faz parte da organização do evento, Maria Emilia, ressaltou a importância do encontro para debater a Agroecologia como novo modelo de produção e mostrar através dele as experiências concretas. “Precisamos reinventar a tradição, resgatar os valores, isso faz parte do modelo agroecológico que tanto queremos, a partir disso vamos garantir a Soberania Alimentar, a Reforma Agrária e acima de tudo a valorização dos Seres Humanos e dos Ecossistemas.”

O representante do Governador, César Lisboa, destacou que é preciso expandir na luta diária e prática essas ações que vem sendo desenvolvidas em cada comunidade, porque o governo tem divergências que não deixa a pauta da agricultura familiar avançar. “As políticas públicas só serão de fato implementadas se a sociedade, movimentos sociais e as redes da agricultura familiar, forem forjando lutas com muita persistência.”

Os agricultores do campo e da cidade, estudantes, pesquisadores, movimentos sociais entre outras redes e organizações envolvidas no debate da Agricultura Familiar, vão realizar até quinta (29) círculos de depoimentos com trocas de experiências, a feira de saberes e sabores, além de realizarem as plenárias onde estão se dando grandes discussões em torno das propostas e alternativas para fortalecer a Agroecologia contrapondo o Agronegócio que vem explorando e tirando muitos trabalhadores e trabalhadoras do meio rural.

O encontro foi pensado e organizado pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), o Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), a Rede Brasileira de Justiça Ambiental (RBJA), a Rede Alerta contra o Deserto Verde (RADV), a Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), a Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), o Fórum Brasileiro de Soberania e de Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN), a Marcha Mundial de Mulheres (MMM) e a Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB).

O papel das Mulheres na Agroecologia

Antes da abertura oficial do encontro, ocorreu durante a tarde (26), o debate com aproximadamente 100 mulheres da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Associação das Quebradeiras de Coco (AQC), Movimento de Organização Comunitária, Movimento das Mulheres Camponesa (MMC), Marcha Mundial das Mulheres (MMM), entre outras.

A oficina foi restrita as mulheres, e teve como um dos objetivos dialogar sobre a importância de fortalecer a organização feminina através da Agroecologia e as estratégias para que isso aconteça em cada organização/ movimento social e suas respectivas regiões.

Maria Emília Pacheco, comenta que o agronegócio cria bloqueio para o desenvolvimento da Reforma Agrária e a Agroecologia. “Temos que nos aprofundar no debate da Agroecologia, pois o agronegócio tirou de nós mulheres a liberdade de compartilharmos nosso conhecimento entre outras pessoas, colocando nós sempre como a segunda opção de opinião.”

Apesar da invisibilidade, na grande maioria das vezes são elas que fortalecem a agricultura familiar e a auto organização, tendo como principio trazer o conhecimento como forma de inovação e organização dos sistemas produtivos.

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Teatro: A Vida da Margarida

Nesse segundo dia do encontro o Grupo de Teatro Amador do Polo da Borborema- Paraíba, fez a apresentação da peça teatral A Vida da Margarida, que traz a reflexão sobre a desigualdade de Gênero no âmbito da família agricultora, onde a mulher se torna refém das “necessidades” do marido e do filho.

O Grupo é composto por agricultoras, agricultores, lideranças e técnicos de Polo e da AS- PTA.



O território de resistência em construção

September 26, 2011 21:00, by mayron regis brito borges - 0no comments yet

 por Mayron Regis, assessor Fórum Carajás

O espaço geográfico antes de qualquer coisa, está lá. O território seria então o espaço geográfico objetivado pela ação economico-social do homem. Sim, o homem veio após a constituição do espaço fisico e do espaço ambiental. Parece uma coisa meio óbvia e no entanto a discussão sobre território muitas vezes suprime o que antecede. O que veio antes liga a coletividade a um começo hipotético. Hipotético porque como comprovar que o espaço geográfico e o espaço ambiental vieram antes se nem um e nem outro discursam sobre si.

O discurso é uma primazia da humanidade e como tal possibilita que ela molde o espaço ao seu bel prazer. Quem detem a primazia do discurso na sociedade humana são os detentores do meio de comunicação de massa como qualquer indivíduo sabe de cor e salteado. Quer dizer, nem todos sabem porque a linguagem não se resume a uma cor, a uma etnia e a um discurso. Alguns querem que seja assim. Alguns esperam que o mundo seja sempre assim.

A sociedade capitalista moderna sacou que esse mundo que arrodeia a todos transforma-se pela intervenção humana na natureza sem que exatamente essa intervenção reproduza a natureza. A grande utopia humana não é que as mazelas sociais sejam dizimadas e sim que a natureza se renda aos propósitos desumanos de quem rege a economia e a politica mundiais.

Na manhã do dia 27 de setembro de 2011, na cidade de Salvador, as experiências territoriais de resistência aos monocultivos, a mineração e as grandes obras de infra-estrutura no biomas brasileiros se despojaram em três grandes exemplos: chapada do apodi, norte de minas e serra catarinense. O despojamento das experiẽncias em curso reelabora a caminhada que as comunidades tradicionais travaram por séculos na sua convivẽncia com o espaço geográfico e espaço ambiental antes dele virar território devassado pela economia e pelo social.

O capital promove uma grande investida sobre as comunidades tradicionais e seus espaços geográficos e ambientais e nessa investida o capital logra ẽxito como nunca porque como está escrito acima esses espaços pouco dialogam por si e entre si. Poderia se escrever que dialogar é preciso, contudo sem um recomeço e sem uma reentrada de diálogos devolvidos e desperdiçados pelo economês e pelo socialês nesses espaços tudo ficará como antes no quartel de abrantes. Alguns querem que o mundo continue assim: em um intenso diálogo de técnicos e sobre técnicos que minutos mais tarde ninguém se recordará e que no dia seguinte alguém tocará no assunto para logo depois se esquecer novamente.



“O que essas lutas e histórias fazem na região de vocês?”

September 26, 2011 21:00, by Eduardo Sá - 0no comments yet

Por Eduardo Sá, do Jornal Fazendo Media

Essa foi a pergunta formulada pela comissão organizativa, que convocou uma plenária para colher os relatos locais de denúncias e exposições de experiências que buscam outro modelo de desenvolvimento. A mesa observou que estamos vivendo um processo de encurralamento da agricultura familiar nos últimos 20 anos, no qual grandes corporações chegam e acabam com a história e o futuro dessas comunidades.

“Esses grupos não caíram do céu, essa trajetória foi planejada por políticas públicas do Estado. Não é contradição, é coerência com determinado modelo. Usam o artifício da criminalização dos movimentos que o contrapõem. É preciso romper com a ideologia do progresso, que é reforçado pela mídia. Lutar pelo território é lutar contra a invisibilidade imposta”, afirmou um dos organizadores que mediou a mesa.

Abaixo seguem os relatos da Plenária:

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Everaldo (agricultor ecológico de Sergipe) – O agronegócio está chegando a nossas ervas, e não estamos conseguindo mais plantar. Queremos expor mais nossos produtos à venda, mas a burocracia é grande no mercado. O sertão sergipano está sendo atingido em nossa cultura orgânica.

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Ermelinda (quilombolas Maranhão) – Há um mês e meio as comunidades quilombolas no Maranhão ocuparam o INCRA e o Palácio do governo. Estamos num processo de luta. Tem quilombos há mais de 100 anos, de terra doada pelo imperador, que não recebeu titularidade. A maioria está em terras devolutas do Estado, enquanto isso a iniciativa privada age ferozmente nessas terras e nos expulsa. Continua a resistência desde a balaiada.

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Noemi (Mulheres Camponesas oeste Santa Catarina) – Santa Catarina foi o 4º lugar no monocultivo ano passado, em termos de proporção. Segundo lugar em índice de suicídio, relacionado ao agrotóxico, crianças com leucemia desde pequenas, etc. Lutamos contra a fumicultura [tabaco], fazem de nós cobaias para as grandes empresas implantarem seus projetos. Nossa preocupação é com o alimento nas mesas de casa, avanço da conscientização da família na produção e consumo.

Lourdes (MST- Ceará) - Primeiro existia a indústria da seca e cultura de negação da região nordestina, agora é um momento inverso: governo e empresas dizendo que é o paraíso, a modernização do atraso. Na Chapada do Apodi, onde tem o segundo maior lençol freático do nordeste, o governo decidiu ser o maior pólo econômico com a exportação de frutas. Multinacionais, sobretudo dos EUA, equipamentos modernos e fertilizantes e agronegócio, tudo com muito recurso do Estado para sua infraestrutura. Desapropriação, incentivo fiscal, construções para acesso, etc. O governo é extremamente eficiente para fazer as empresas chegarem, mas ineficiente para fiscalizar. Com a morte de um morador foi criado o Movimento 21, de vigilância ambiental e na saúde. Consciência e lutas de enfrentamento para mudar esse cenário. A academia pesquisou durante 5 anos, comprovando os impactos.

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Django (Movimento Luta Pela Terra - Minas Gerais) - Grandes empresas instaladas no triângulo mineiro, milícias reprimem a resistência, mas não perdemos a esperança. Chamamos isso de ofensiva destrutiva dos meios naturais. Essa formulação é contra nossa sobrevivência, o foco econômico passa por cima de quem for contrário. Já me ameaçaram várias vezes, isso me dá força para perceber que não devemos nos calar. Levarei esse aprendizado daqui para minha região, não estamos sós. São pessoas com objetivos e acreditam num mundo melhor.

Bernadete (Rede Agricultura Urbana – Rio de Janeiro) –Sou invisível, pois segundo os governantes não existe  agricultura no Rio. Mas tem vários agricultores enchendo as feiras. Além da invisibilidade tem a proximidade com as unidades de conservação, e a pressão dos megaeventos na cidade. São 3 trans [vias expressas] que vão cruzar a cidade, e ai de quem estiver na frente. Questão grave, junto com a especulação imobiliária. E a TKCSA ocupou Santa Cruz, , região de agricultura, e pressiona 19 agricultores de aipim tradicionais. O narcotráfico e a milícia também atrapalham a agricultura urbana na zona oeste do Rio. Em Vargem Grande uma milícia ocupou a associação e retirou os agricultores. Na Serra da Misericórdia, no Complexo do Alemão, por sua vez, tem uma bela experiência de agricultura com a Verdejar.

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Derci (extrativista do Acre) – os desafios são maiores que nos anos 60 na cultura do extrativismo do látex, borracha. Nessa época os seringais foram desapropriados e ocupados por agropecuaristas do sul e sudeste. Pensamos em reservas extrativistas  como modelo fundiário, mas o extrativismo faliu e acabaram estimulando a agropecuária aos extrativistas. Temos florestas ameaçadas, expansão da exploração madeireira nativa pelo Projeto de Desenvolvimento Florestal Comunitário pelo governo. Só que em termos de exploração é a mais predatória, diferente da castanha e seringueira porque continuam disponíveis anos depois.

José Martinho (agricultor Manaus) - Nossa comunidade Novo Paraíso hoje é um inferno. A comunidade vive de agricultura familiar e sofre com os grileiros. Uma construtora chamada Eletroferro forjou seu título e ocupou diversos territórios. 5 famílias dominam o Estado, e nós que moramos há 60 anos estamos sendo expulsos. Projetos não levam a população em consideração. Há muita pressão imobiliária na região. Percebemos aqui que estamos ainda mal articulados, só existe a Cáritas e a CPT de movimentos sociais em nossa região.

Regina (Paraíba) – Participamos na zona da mata, assentamentos estão pressionados por uma fábrica de cerâmica porque o minério é vasto nessa região. Estão desapropriando 2 mil famílias. Hoje (27) haverá uma audiência pública para debater a situação. Essas famílias produzem alimentos de merenda escolar.

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David (CPT – Rio de Janeiro) – Em Campos, no norte fluminense, o empreendimento do Porto do Açu, do empresário Eike Batista, está devastando a cultura local. Vários agricultores estão sendo expulsos e o assentamento Zumbi dos Palmares, maior do Estado, vai ser atropelado por um trajeto facilitado pela prefeita Rosinha Garotinho.

 



Sejam Bem-vindos!

September 26, 2011 21:00, by Alan Freihof Tygel - 0no comments yet

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Ouça o refrão da música composta para o evento, por Luís Paixão, com ajuda de Igor (Zabumba) e Denis (triângulo):



Diálogos e Convergências: por outro desenvolvimento em todo o Brasil

September 26, 2011 21:00, by Raquel Júnia de Magalhães - 0no comments yet

Por Eduardo Sá, jornal Fazendo Media

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“Ergue a bandeira de luta, deixa a bandeira passar. Essa é a nossa luta, vamos unir para mudar!”. Esse foi o canto que abriu na noite de ontem (26) o Encontro Nacional de Diálogos e Convergências, realizado em Salvador, na Bahia. Cerca de 300 pessoas participaram da cerimônia de abertura, cuja mesa foi composta pelas entidades organizadoras do evento e representantes de setores do governo da Bahia e do governo federal que apoiaram a realização do encontro. As atividades seguem até a próxima quinta-feira (29).

 No ato místico da abertura os movimentos sociais presentes falaram o que os motiva a lutar: igualdade racial, justiça ambiental, a vida acima do lucro, democratização da mídia, etc. A Comissão Organizadora do encontro é formada por nove entidades, todas relacionadas às mesas temáticas: agroecologia, saúde e justiça ambiental, soberania alimentar, economia solidária e feminismo. A proposta é aproximar diversas experiências em todo o Brasil em busca de outro modelo de desenvolvimento.

 Segundo Maria Emília Pacheco, representante da Fase - Solidariedade e Educação, as organizações vêm desde 2002 pensando nessa atividade e a partir de 2010, quando foi feito um balanço, começaram a aprofundar as relações já existentes entre as redes. Três oficinas territoriais ocorreram no ano passado a fim de aproximar os projetos: no norte de Minas Gerais, no planalto serrano de Santa Catarina e no agreste da Paraíba. Maria Emília explicou que o encontro é regido por um princípio político pedagógico partindo das experiências concretas desses territórios.

“O avanço do agronegócio vem criando com sua expansão bloqueios para a reforma agrária, a promoção da agroecologia. É necessária a interação de todas as regiões. Pactuamos um conjunto de redes para explicitar claramente que as experiências desenvolvidas precisam ser visibilizadas para o governo perceber seu acúmulo”, destacou.

Marcelo Firpo, da Rede Brasileira de Justiça Ambiental, observou que é preciso ampliar a capacidade na leitura do contexto sócio político frente aos conflitos, observando as resistências e propondo formas de construção alternativas nesses locais. Ele lembrou que durante o evento uma plataforma de Inter-mapas, que localiza e aglutina essas iniciativas no Brasil via internet, será inaugurada.O Inter-mapas reunirá dados de iniciativas agroecológicas, de empreendimentos de economia solidária, situações de injustiça ambiental e os impactos das obras financiadas pelo BNDES. Quebrar a barreira da mídia, de modo a apresentar as experiências, é um dos desafios desses grupos, de acordo com Firpo.   

 “Precisamos perceber e ampliar as lutas, nos fortalecer nos posicionamentos e propostas. É fundamental o fortalecimento entre as redes e o diálogo com a sociedade. Essa atividade é fruto de um contínuo, profundo e frutífero diálogo. Ao final do evento será lançada uma carta, que servirá de marco para que possamos aprofundar essas ações concretas”, disse.

Apresentação das Entidades

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 Todas as nove entidades que se articularam para viabilizar o Encontro se apresentaram na mesa. São organizações da sociedade civil articuladas por todo o Brasil, com iniciativas locais alternativas ao modelo hegemônico de desenvolvimento. Alguma destacaram a necessidade de analisar as contradições do atual momento histórico, com seus avanços e retrocessos. O avanço da agroecologia nos últimos anos em paralelo à expansão do agronegócio é um exemplo.

 Os acadêmicos que participam desses movimentos destacaram o desafio de se pensar numa “ciência ética”, que responda às demandas sociais e seja mais cidadã. “Precisamos romper com essa falácia de que o mundo acadêmico está aparte das lutas sociais e populares”, propôs Flavia Marques, da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA).

 Outro exemplo é a Associação Brasileira de Pós Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), de pesquisadores que há 30 anos se articulam em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS). Fernando Carneiro, representando a entidade, observou que foi entregue pelo Movimento da Reforma Sanitária à presidenta Dilma um documento com cinco pontos, cujo primeiro deles reforça a necessidade de mudar o modelo de desenvolvimento do país. Ele destacou também as ameaças sofridas por alguns cientistas, que são processados por grandes empresas ao apontarem problemas no modelo de desenvolvimento que busca o lucro acima da saúde humana.

 Ivanete Gonçalves, da Rede Alerta Conta o Deserto Verde, que luta contra o monocultivo de eucaliptos, explicou que sua organização nasceu nas aldeias tupiniquins no Espírito Santo em resistência a empresa Aracruz, hoje chamada Fibria, que ocupou as terras indígenas. A luta agora, segundo ela, é impedir o avanço das plantações de eucalipto no sul da Bahia, que já tem 700 mil hectares ocupados. Durante a cerimônia de abertura, Ivanete entregou ao governo um abaixo assinado pedindo a suspensão da ampliação das plantações de eucalipto da empresa Veracel, que atua no estado. De acordo com a Rede Alerta Contra o Deserto Verde, o próprio governo admite a falta de governança do estado em relação a monocultura de eucalipto.  Ao abaixo-assinado foram anexados estudos da Fiocruz comprovando o malefício da utilização de agrotóxicos nesses terrenos.  

 Posicionamento do governo

Representando alguns órgãos do governo estadual da Bahia e do governo federal, que apoiaram a realização do evento, a mesa de abertura encerrou pedindo a pressão popular para estimular essas iniciativas dentro do aparato estatal. O principal ponto destacado por eles é a própria contradição dentro do governo, porque suas alianças impedem o avanço de muitas pautas demandadas pela sociedade. Foi um consenso entre os representantes dos governos que  a organização dos movimentos sociais é fundamental para o governo observar as necessidades da sociedade.

 “A democracia não é o regime da maioria e sim dos que estão mais organizados. São eles que têm mais condições para propor políticas públicas. A maior expectativa é que vocês consigam não nos deixar, esperamos que vocês sigam além da retórica. Sejam capazes de fazer uma tradução prática desse encontro”, afirmou Eduardo Soares, da Diretoria de Política Agrícola e Informações da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).

 Falando em nome do Ministério do Ambiente, o Secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável, Roberto Vicentini, destacou que, apesar das mudanças significativas que vêm ocorrendo na sociedade brasileira na última década com a diminuição das desigualdades sociais, os elementos que compõem um bloco econômico hegemônico não se modificaram. Com a “mídia absolutamente concentrada e a expansão do agronegócio”, esse encontro se faz necessário para articular as experiências. “Desafio e tarefa não apenas de fazer contestação, mas, sobretudo, colocar um novo modelo econômico”, concluiu.

 Mesmo com os problemas e contradições inerentes no Estado, César Lisboa, Secretário de Relações Institucionais do governador Jaques Wagner (PT-BA), disse que a governo baiano tem feito uma atualização histórica, pois a participação popular vinha sendo bastante reprimida nos últimos anos. Apesar da aliança ampla do governo, defendeu, que o Estado tem contribuído para a democracia na participação social e popular com a criação da Secretaria da Mulher, da Igualdade Racial, a luta pelo trabalho decente, dentre outras iniciativas. Segundo Lisboa, membros do governo vão acompanhar todos os debates do Encontro. Ele ressaltou também a necessidade de inovar os mecanismos da reforma agrário do Estado, pois os atuais estão se esgotando. 

 Organização do Encontro Nacional de Diálogos e Convergências

 As nove entidades que convocam o encontro são a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), Rede Brasileira de Justiça Ambiental (RBJA), Fórum Braisleiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN), Associação Braileira de Pós Graduaçãoem Saúde Coletiva(Abrasco), Rede Alerta Contra o Deserto Verde (RDAV), Marcha Mundial das Mulheres (MMM) e Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB). 

Acompanhe as atividades ao vivo em http://radiowebsaude.com/.

 



Novidades: Fotos e Transmissão ao vivo

September 26, 2011 21:00, by Alan Freihof Tygel - 0no comments yet

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Já estão no ar as fotos do evento. Clique no menu Imagens do Evento e escolha a galeria que deseja ver.

Além disso, vamos transmitir o evento ao vivo. Para assistir, bastar acessar o site http://radiowebsaude.com/.



Auto-organização das mulheres é o primeiro tema em debate

September 25, 2011 21:00, by Alan Freihof Tygel - 0no comments yet

por Katarine Flor, da Pulsar

Começa hoje (26) o Encontro Nacional de Diálogos e Convergências, em Salvador, Bahia. A participação e autonomia das mulheres, na perspectiva do feminismo, ganha destaque com a oficina “Participação e auto-organização das mulheres”.


Ouça os áudios da matéria

Maria Emilia Pacheco, é assessora do Programa de Soberania Alimentar, Agroecologia e Economia solidária da Ong Fase. Ela é uma das responsáveis pela oficina. E explica que é um espaço onde as mulheres poderão dialogar sobre a importância de fortalecer a organização feminina e as estratégias para que isso aconteça em cada região e nos movimentos sociais.

A oficina será restrita às mulheres. Maria Emília explicou que essa decisão se explica porque assim elas se sentem mais livres para se expressarem.

A feminista lembra que existe uma grande desigualdade na divisão sexual do trabalho. Um exemplo é que um terço das mulheres do campo afirmam trabalhar apenas 6 horas por dia. Maria Emilia afirma que esta carga horária se justifica porque elas não consideram o tempo dedicado aos cuidados com o lar, com a família e os animais e atividades na agricultura familiar, que muitas vezes são tidas como “ajuda”.

Maria Emilia acredita ser necessário buscar o reconhecimento do trabalho das mulheres nas instituições públicas, na sociedade e também nas famílias. E ressalta a importância da participação dos homens nas atividades da casa. Estes e outros pontos serão destaque na oficina. Entre eles a violência como instrumento de dominação dos homens sobre as mulheres e direitos sexuais e reprodutivos.

A abertura do encontro está prevista para às sete e meia da noite. O Encontro Nacional de Diálogos e Convergências vai até o dia 29 de setembro. Durante os quatro dias serão discutidos temas como Agroecologia, Saúde, Justiça Ambiental, Soberania Alimentar, Economia Solidária e Feminismo. A ideia é identificar como todos estes temas estão relacionados e criar estratégias que promovam a preservação do meio ambiente, a igualdade de gêneros e o acesso a direitos.

Participam do encontro cerca de 300 pessoas entre agricultores, integrantes de movimentos sociais, comunicadores, pesquisadores e estudantes.

Saiba mais por meio da Cobertura Especial da Pulsar Brasil.



Plataforma BNDES participa do Encontro de Diálogos com cara nova

September 25, 2011 21:00, by Alan Freihof Tygel - 0no comments yet

A Plataforma BNDES acaba de lançar seu novo site, mas mantém o mesmo endereço: 
www.plataformabndes.org.br . E é de cara nova que participa do Encontro Nacional de Diálogos e Convergências que começou nesta segunda-feira, 26. 

O Mapa dos Projetos Apoiados pelo BNDES, produzido pela Plataforma, é um dos quatro mapas que compõe o intermapas. Esta ferramenta integra, além daquele mapa, o Agroecologia em Rede, o Farejador da Economia Solidária e o Mapa da Injustiça Ambiental. Para conhecer o intermapas, ainda em versão beta, e ter uma primeira experiência prática sobre interligações existentes nos territórios entre as redes que promovem o Encontro Nacional de Diálogos e Convergências acesse: http://www.fbes.org.br/intermapas/



Caderno sobre Agrocombustíveis

September 25, 2011 21:00, by Alan Freihof Tygel - 0no comments yet

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Veja em primeira mão o caderno Agricultura Familiar, Agroecologia e Agrocombustíveis, feito pela Comissão de Agroenergia da Articulação Nacional de Agroecologia - ANA.

 



Leia a Carta Política do Encontro Nacional de Diálogos e Convergências

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