CFES - Metodologias para Assessoria - Software Livre e Inclusão Digital

As orientações metodológicas definidas na oficina de Software Livre e Inclusão Digital estão divididas em 4 eixos:

1. Por que fazer inclusão digital com software na Economia Solidária;
2. Orientações metodológicas gerais;
3. Orientações metodológicas específicas;
4. Educador@s e infraestrutura para formação;

1 - Por que fazer Inclusão Digital e Software Livre nos EES

Inclusão digital

• A tecnologia na perspectiva da economia solidaria deve ser vista como um meio de transformação social para um novo modelo de sociedade e não como um processo de simples inserção no sistema capitalista atual;

• Deve ser um meio de promoção da autonomia dos empreendimentos e dos trabalhador@s, negando uma relação de passividade;

• Deve ser um processo de empoderamento d@s trabalhador@s e que estímule a busca do conhecimento numa perspectiva libertadora;

• O acesso ao conhecimento tecnológico possibilita qualificação profissional, gerando maiores oportunidades de trabalho;

• O dominio das ferramentas e tecnologias digitais permite maior interação com outros empreendimentos (redes e cadeias) e dá maior visibilidade à economia solidária para a população em geral e grupos de consumidores;

• Possibilita a promoção da cidadania e a elevação da qualidade de vida das famílias;

• Permite a inserção crítica dos trabalhador@s nas formas modernas de comunicação;

• Deve incorporar discussão de gênero, de orientação sexual, de raça, de etnia, de geracão e de liberdade religiosa.

Software Livre

• O campo do Software Livre carrega os princípios de liberdade de informação e de cooperação, aspectos fundamentais para a democratização do conhecimento;

• Tais princípios se adequam as praticas e princípios da ES, promovendo o acesso amplo e democrático à tecnologia por tod@s;

• Pode ser um instrumento de barateamento do uso de ferramentas de informática, oferecendo maior acesso à informação e à formação crítica;

• É uma tecnologia social, podendo ser livremente replicada, reaplicada e adaptada a realidade local;

• Tem possibilidade de ser mais adequado a autogestão, devido a forma como é desenvolvido.

2 - Orientações metodológicas gerais

• A inclusão digital pedagógica deve ser centrada nos princípios da educação popular, diferente da perspectiva da educação formal tradicional;

• @s educand@s devem ocupar a centralidade do processo;

• Tecnologia a serviço da vida e não o contrário, não sendo um fim em si, mas um meio;

• A tecnologia deve ser moldada à necessidade dos empreendimentos e não o contrário;

• Tecnologia deve ser vista como uma questão de poder, e portanto deve ser socializada/apropriada entre tod@s @s trabalhador@s de um empreendimento;

• O tempo/ritmo/velocidade deve ser adequado às necessidades d@s educand@s;

• A inclusão digital deve estimular uma maior busca pelo conhecimento;

• O processo de formação deve partir da prática, facilitando que @ educand@ realize tarefas simples e depois reflita sobre esta prática e sua adequação à realidade;

• Os conteúdos trabalhados devem estar adequados às necessidades, à troca e ao diálogo constantes, levando em conta as diversidades de gênero, etnia, raça, orientação sexual e liberdade religiosa;

• Deve ser feito de forma participativa, a partir da realidade dos educandos e educandas;

• O processo de construção e descontrução dos conhecimentos deve se sempre feito de forma coletiva, pensando a partir do que se já tem, e se colocando no lugar do outro, considernado o contexto e o local;

• @s educador@s devem respeitar a diversidade de opiniões, procurando ser imparcial na solução de conflitos;

• A educação em informática deve ser vista como uma questão ampla, considerando seu aspecto social e tecnológico;

• Deve-se utilizar o Cirandas como plataforma digital, de modo a fortalecer o espaço virtual da Economia Solidária.

3 - Orientações Metodológicas específicas

• Estimular a curiosidade, deixando @s educand@s livres para que errem e acertem;

• Começar pela prática d@s educand@s, respeitando os tempos de aprendizagens;

• Evitar colocar a mão no mouse e no teclado e evitar dar respostas prontas;

• Não se prender à ordem normal das atividades. Algumas vezes, podemos começar "pelo meio", com tarefas práticas simples, para que @s educand@s se sintam capazes logo de início. Exemplo: @ educand@ pode ter como atividade apenas a digitação, ao invés de ter que ligar, salvar e desligar o computador.

• Não ensinar questões estruturais no início. Estimular que desde o primeiro contato, os educand@s sintam que estão avançando e se empoderando. Assim fica mais fácil se tornar amig@ do computador;

• As atividades não devem ser nem tão simples que @s educand@s se sintam desestimulad@s, nem tão complexas que se sintam incapazes;

• @s educador@s devem estar preparados para eventuais momentos de tensão e instabilidades emocionais. Muitas vezes @s educand@s têm problemas financeiros, familiares, etc, que afloram nos espaços de debate;

• @s educador@s devem ter noção das práticas de educação/pedagogia popular, ainda mais do que de informática;

• @s educador@s devem estimular que um educando e/ou educanda mais experiente apoie/ensine um menos experiente. Isso é benéfico para ambos;

• As aulas podem ser, se possível, executadas e planejadas em equipe, com mais de um@ educador@.

4 - Educadores e infra-estrutura para formação

• Educadores

  • É desejável que possuam experiência em Educação Popular e Economia Solidária

  • Não é estritamente necessário formação técnica em informática – muitas vezes, o educador com conhecimentos básicos diáloga melhor com indivíduos sem conhecimento algum em informática.

  • O ideal é que haja mais de um educador por turma, e que as turmas não excedam 20 educandos/as.

  • É desejável que os educador possuam formações e experiências complementares, de modo a enriquecer o processo de ensino-aprendizagem

  • O educador deve ter uma visão clara da tecnologia como ferramenta de transformação, e não como um fim em si mesma. Deve encarar a informática como elemento emancipador para as-os trabalhoras-es e empreendimentos de economia solidária.

     

     

• Hardware

  • Os computadores devem ser capazes de, no mínimo, operar programas de escritório e acessar a internet

  • O uso de computadores e peças reciclados deve ser incentivado, inclusive como auxílio à formação em montagem e manutenção de computadores. No entanto, a primeira condição deve ser sempre respeitada

• Software

  • O sistema operacional deve preferencialmente ser software livre. Uma opção que possibilita boa facilidade de uso é o Ubuntu, cuja versão em português pode ser obtida gratuitamente em http://www.ubuntu-br.org/

  • Os programas a serem utilizados devem preferencialmente ser software livre, mesmo que o sistema operacional não seja. As ferramentas de escritório em software livre – editor de texto, planilha, apresentação e desenho – podem ser obtidas em http://www.broffice.org/

  • O navegador de internet a ser usado deve ser preferencialmente software livre. Um navegador de internet em software livre pode ser obtido em http://br.mozdev.org/download/

  • Deve ser tomado o cuidado para que o idioma dos programas a serem utilizados seja sempre o português

  • Sempre que possível, o Cirandas - http://cirandas.net/ - deve ser usado como plataforma de apoio à formação, no compartilhamento de conteúdos, arquivos, socialização das informações para todo o movimento de economia solidária

     

• Internet

  • A formação deve, sempre que possível, contar com acesso à Internet para enriquecer a experiência e compartilhar os resultados

  • A falta de internet não é um impeditivo à formação.