O marco inicial foi nos tempos da antiga Figueira do Rio Doce (nome do Distrito que hoje é a cidade de Governador Valadares, que pertencia à cidade de Peçanha), onde o comercio era feito a céu aberto e em locais de recepção e revenda de produtos. Os agricultores/as se deslocavam em lombo de animais durante vários dias ate chegar a Governador Valadares onde efetuavam a venda dos seus produtos e em seguida compravam mercadorias que era usada em suas casas como querosene, tecidos, sal, etc.

Na década de 40 e 50 a cidade de Governador Valadares teve um surto de crescimento acompanhado de uma diminuição da produção local. O mercado Valadarense era e continua sendo abastecido na sua maioria por produtos oriundos de regiões de produção de hortifrutigranjeiros, já que a região se especializou na criação de gado de corte e de leite.

Mesmo assim os produtores/as da agricultura familiar conseguiam vender suas mercadorias para estabelecimentos e ainda diretamente ao consumidor em locais públicos geralmente em ruas.

Um fato ocorrido nos idos da década de 90 que dificultou ainda mais a comercialização dos produtos dos pequenos agricultores que foi a criação do CEASA (Central de Abastecimento de Governador Valadares). Que culminou na proibição por parte do poder público a venda de produtos livremente nas ruas. Todos os produtos deveriam então passar pelo CEASA que faria o abastecimento dos pontos de comercialização com esta mercadoria. Esse fato fez com que a pouca comercialização dos/as agricultores/as familiar diretamente aos estabelecimentos e consumidores diminuísse mais ainda.

Hoje se tem feiras ocorrendo todos os dias da semana em locais estratégicos gerenciados por uma Associação que engloba feirantes que atravessam mercadorias compradas no CEASA. Para os pequenos Agricultores tradicionais que fazem a venda direta de seus produtos, restou a feira de domingo de manhã que ocorre na rua na altura do Mercado Municipal na Rua Bárbara Heliodora, mas esta feira também não agrada os produtores ,pois não trabalha com princípios agroecologico, não tem a preocupação com a  sustentabilidade e geração de renda .

A preocupação de ter um espaço direcionado para o agricultor/a familiar que trabalha sua produção sem uso de produtos químicos ganhou ênfase no inicio do ano de 2003 através da elaboração do Plano Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável - PMDRS em parceria com o Centro agroecologico Tamanduá-CAT e a Universidade Vale do Rio Doce-UNIVALE. Para elaboração deste Plano, todas as Comunidades rurais do município foram ouvidas em um processo de Diagnostico Rápido Participativo - DRP. Após as Comunidades pensarem sobre suas condições coletivamente e levantarem propostas de desenvolvimento para si, representantes das mesmas foram debater propostas em nível do Distrito a qual pertencem e em seguida propostas para o Município como um todo.

Alguns outros fatos antecederam a concretização da FAF. Tais como a efetivação da lei 4.999 de 21 de junho de 2002 que cria o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável - CMDRS e a criação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Agricultura e Abastecimento - SEMA. Dentro do CMDRS foi criada uma comissão de comercialização que discutiu a criação da FAF respaldada nas informações do PMDRS.

Apos discussões da Comissão de Comercialização do CMDRS, os técnicos, da SEMA especificamente do Departamento de Abastecimento foram a campo para fazer o levantamento de produção e iniciar o  processo de cadastramento dos futuros feirantes. Nesta fase surgiu também a preocupação em estar apoiando os empreendimentos solidários urbanos, que não tinham um espaço para comercialização. Entidades como Pastoral da Criança, pastoral da Saúde, Padarias Comunitárias, Hortas Comunitárias urbanas.

Finalmente em 06 de junho de 2003 inaugura-se efetivamente a FAF, com a participação de vinte e uma barracas. Por se tratar de uma entidade composta por pessoas físicas e empreendimentos surgiu então a necessidade de criar espaço comum a todos. A partir daí em 26/09/2004 cria–se então a Associação de Cooperativa Mista da Feira da Agricultura Familiar Agroecologica-ACOMFAFA. Esta associação composta por pessoas rurais e urbanas eleitas conforme normas do estatuto formam a coordenação da feira que cuida da gestão da FAF, da parte burocrática.

A feira da agricultura familiar surgiu da necessidade de garantir um espaço para que os agricultores/as familiar (pessoas que não detenham mais de 120 hectares de terra, tenha mão de obra própria) e os demais participantes pudessem comercializar sua produção sem intermédio dos atravessadores garantindo  preço justo, tanto para os produtores, quanto para os consumidores.Outro quesito importante é  a preocupação existente em estar melhorado a qualidade de vida local através de uma produção “limpa” de produtos químicos.

Atualmente a feira funciona uma vez por semana, com vinte barracas sendo a maioria produtores/as rurais, seguido por assentados/as da reforma agrária e por ultimo os empreendimentos urbanos.