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Reflexões

14 de Junho de 2015, 16:59 , por Economia Solidária e Feminista - FBES - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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Kalu Brum

As mulheres não conhecem o prazer. Não gozam. Não parem. Não menstruam. Toda sociedade é organizada para servir ao prazer do masculino. E somos como somos por fruto de dores na alma, múltiplas violações.

Fluido de vida é manipulado: o gozo na cara só nos filmes pornôs, as secreções femininas escondidas.

Mulher tem que lavar a vagina com sabonete íntimo e passar perfume. Pq cheiro de vagina é sujo. Aliás mulheres tem pepeca, piriquita sei lá. Não tem vagina. Tem que fingir o gozo para homem gozar mais.

Logo como parir? Estamos tão longe de nós mesmos, do nosso ciclo, dos nossos desejos. Não conhecemos o que nos dá prazer. Estamos desunidas. Não cantamos se não for para seduzir. Não dançamos se não for para ser olhada pelos homens. Estamos afastadas das mulheres. Não comemos para não engordar e nosso corpo é massacrado: depilado, cortado em cirurgias, pés amassado em salto, peitos esmagados em bojo.

Não nos tocamos, não conhecemos nosso corpo. Já dissemos sim com medo de ser rejeitadas. Tiramos o batom vermelho, vestimos a saia curta mas compramos a longa com medo do julgamento.

E por mais que façamos nos sentimos em falta. Sentimos feias.

Bonito é desmamar o bebe para não arruinar casamento. Ou como disse um amigo do meu marido: pra que amamentar se vc pode ter uma babá?

Mulher tem que servir ao homem. Ser mãe é feio. Vagina parindo é feio. Seio amamentando é feio. Bonito é dar prazer mesmo que não sinta. É peito durinho. É bebê chorando para dormir para voltar a ter vida conjugal.

Bonito é silicone, vida sem menstruar, pepeca com cheiro de sabão. Cumprir o padrão social sendo mãe mas agendando a cesárea com escova e unha feita. Mamadeira.

Assim como dizem os tibetanos: vivem como se não fossem morrer e morrem como se não tivessem vivido.

Mas o que vejo é que dê a faminta mulher selvagem apenas uma oportunidade que ela sai e come a carne toda… E quando elas tem chance no parto se empanturram.

Parto é um portal poderoso de guinada pq une vida, morte e sexualidade.

Gritam, xingam, rebolam, beijam. Sentem dor sim até aceitarem o prazer. Pode não ser no parto em si, mas o prazer vem com a realização. O parto despe, desperta. Basta uma pequenina chance.

Mas a mulher selvagem pode despertar de muitas formas: em um projeto que sai da gaveta, diante da morte ou doença. Ou num dia sem motivo que se sai para comprar pão na esquina e com a faca e o queijo na mão se descobre a fome.

E um segredo: estamos tão presas pq uma mulher que acorda desperta uma comunidade.

Mais outro: enquanto procurarmos a metade que nos completa deixaremos de descobrir a nossa inteireza!


Fonte: https://ecosolfeministafbes.wordpress.com/2015/06/14/reflexoes/

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