Foi em 2014 que a professora da Universidade de Brasília – UnB, Janaína Diniz, descobriu a cartilha Logística Solidária de autoria do Instituto Marista de Solidariedade – IMS. Após dois anos, os estudantes do curso de graduação em Gestão do Agronegócio continuam a explorar os conteúdos na disciplina Canais de Distribuição de Alimentos, que reúne de 15 a 20 alunos por semestre. “Nas aulas e cursos ministrados preciso abranger contextos que demandem conhecimentos de logística, não apenas para as grandes empresas, mas também para pequenos produtores e organizações coletivas”, explica a docente.

A cartilha Logística Solidária integra a séria Trocando Ideias, que trata da comercialização solidária. A publicação é o resultado de oficinas realizadas com empreendimentos do Brasil durante a execução do Projeto Nacional de Comercialização Solidária (PNCS), coordenado pelo IMS, em parceria com a Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego (SENAES/MTE), com o Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES) e Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (PAC’s). “Nas mais de 100 feiras de economia solidária realizadas no país, observamos que uma das grandes deficiências apontadas pelos empreendimentos era a logística. A cartilha foi construída a partir de pesquisas bibliográficas e escrita, a várias mãos, pela equipe do IMS”, relembra o analista do IMS, Anderson Santos.

Na bibliografia do plano de aula de Janaína, ela indica, para além da cartilha de Logística Solidária (caderno 5 da coleção), os outros exemplares da série trocando ideias, intitulados Comércio Justo e Solidário (caderno 1), Estratégias para Comercialização Solidária: pontos fixos e marcas (caderno 2), Consumo e Economia Solidária (caderno 3), Desenvolvimento Sustentável e Economia Solidária (caderno 4), Pontos Fixos de Comercialização Solidária (caderno 6). Todos os exemplares estão disponíveis no site marista.edu.br/ims. “A cartilha, apesar de ter linguagem bastante simples, mais direcionada para profissionais de organizações sociais, tem servido de material complementar para os estudantes entenderem e se familiarizarem com temas que ainda estão pouco presente nos livros didáticos”, esclarece. Sobre o uso da cartilha, a professora destaca. “Indicaria para outros cursos que também tenham turmas de graduação e estudantes de iniciação científica e extensão, envolvidos em projetos com organizações da economia solidária e/ou pequenos produtores.”

Desde 2009, Janaína é professora no campus da UnB em Planaltina – DF. Engenheira de alimentos, é mestre em Logística e Organizações e doutora em Logística e Estratégia pela Université de la Méditerranée Aix-Marseille, França. Tem, também, doutorado em Desenvolvimento Sustentável pela UnB. A professora atua, principalmente, nos temas: logística, desenvolvimento sustentável, organizações da agricultura familiar, cadeias produtivas do extrativismo vegetal não-madeireiro e das energias renováveis.

A logística na economia solidária

Os conteúdos produzidos pelos IMS, além de se tornarem referência acadêmica pela qualidade das publicações, alertam para os desafios dos empreendimentos solidários relacionais à logística dos produtos. “Logística não é só transporte, mas envolve toda uma cadeia de suprimentos, desde a matéria prima; muitas vezes sem opção são entregues nas mãos dos atravessadores por preço abaixo do mercado, sem agregar valor aos produtos”, alerta Anderson Santos, ao exemplificar. “O ato de processar alimentos, conservar e armazenar os produtos também integra a logística”.

Professora Janaína também compreende, na economia solidária, a logística como grande desafio. De acordo com ela, nesse modelo de organização o desafio é ainda maior. “Os grupos devem buscar objetivos comuns, em sintonia com ações e limitações individuais, geralmente em um contexto também limitado de recursos financeiros e humanos, com as habilidades para as operações logísticas ao longo das cadeias de valor e dos canais de distribuição”, enfatiza. Além da UnB, outras universidades do Brasil têm adotado as publicações do IMS nos trabalhos de pesquisa, dentre elas, as Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares – ITCP.

A cartilha explica, a partir do conceito de Ballou, que a logística visa planejar, organizar e controlar o fornecimento e o armazenamento de matérias primas e produtos diversos durante o processo de produção, comercialização e consumo. Ela é composta por três elementos: transporte, estoque e localização, que conjuntamente, têm por objetivo o atendimento ao cliente em determinado serviço.

Fonte: Ascom/PMBCN