Go to the content
Show basket Hide basket

NESOL USP

Go back to Destaques
Full screen Suggest an article

Moeda social movimenta economia de cidades e ajuda moradores

February 28, 2011 21:00 , by Diogo Jamra - Digó - 0no comments yet | No one following this article yet.
Viewed 1003 times

Silva Jardim (RJ) virou a cidade do desconto. Na maioria das lojas, paga-se menos se tiver Capivari no bolso. A clientela que gastava nas cidades vizinhas está voltando a comprar e a acreditar no comércio local.

Renata Capucci

Silva Jard
im (RJ) e Vitória (ES)

O Capivari é a primeira moeda social do estado do Rio de Janeiro e começou a circular há apenas três meses em Silva Jardim. Tem muita gente empolgada, mas há também quem ainda espere para ver se a novidade vai mesmo movimentar a economia do município.

Capivari é a nova moeda de Silva Jardim, que tem também um banco comunitário onde o dinheiro é emprestado, a juros bem baixos, ou trocado. Um Capivari vale R$1.

Nós revolvemos fazer como os moradores da cidade. A repórter Renata Capucci trocou R$ 40 por capivaris. Com o dinheiro na mão, ela vai dar uma volta pelo comércio para conferir a adesão dos lojistas.

"Aqui no nosso supermercado, você economiza muito mais pagando em Capivari", anuncia um lojista. Ao ouvir o anúncio do locutor, a aposentada Maria Aparecida Domingues andou o sobrinho ir ao banco rapidinho trocar reais por capivaris. “No mês passado, por exemplo, eu economizei R$ 200”, revela.

Silva Jardim virou a cidade do desconto. Na maioria das lojas, paga-se menos se tiver Capivari no bolso. Na loja de roupa, a redução no preço chega a 15%. A vendedora acha que a moda já pegou: “Eu também estou gostando, porque tem mais vendas, é muito bom”.

Ficou bom para os dois lados. A clientela que gastava nas cidades vizinhas está voltando a comprar e a acreditar no comércio local.

Encontramos a professora Marinez da Silva no banco. Ela foi trocar R$ 10 por capivaris.

A vantagem parece pequena, mas outro tipo de lucro também está fazendo a diferença na cidade. “Há uma prosperidade em outros aspectos, sociais, como a auto-estima das pessoas que melhorou muito”, ressalta o presidente da Associação Comercial, Aulus Macedo.

A artesã Gisele de Oliveira Figueiredo, que vive da venda das bijuterias e do pão de mel que faz, conseguiu um empréstimo de R$ 400 no Banco Capivari para comprar continhas coloridas e doces ingredientes - tudo sem comprovação de renda. “Isso trouxe uma credibilidade que eu achava que eu não tinha mais, que eu não teria um nome”, declara.

Mas Gisa está crescendo. Ela acaba de conquistar um espaço cativo na feirinha de artesanato da cidade. “O futuro da Gisa Biju eu vou saber a partir de hoje”, comenta.

Com o isopor cheio de sacolés, Carlos Leandro, de 10 anos, vai à luta com a mesma disposição. Com o sol rachando, ele vende tudo em poucos minutos e dá aula de economia. Sabe o que ele faz com o dinheiro? “Eu troco em Capivari e compro os ingredientes que é para fazer mais”, revela.

No banco, Carlos é cliente vip. “Todo dia, ele vem e, às vezes, mais de uma vez por dia”, conta a funcionária do banco.

De Capivari em Capivari, o pequeno empreendedor, que já tem até caderneta de poupança no nome dele, já sabe aonde quer chegar. “Eu vou guardar e vou pagar uma faculdade para mim”, diz o menino.

Banco Social empresta R$ 630 mil para moradores de comunidades de pobres de Vitória

A vida mudou em comunidades pobres de Vitória que há quatro anos ganharam uma nova moeda. A 420 quilômetros de Silva Jardim, a perspectiva de um futuro melhor já é realidade para 31 mil moradores.

Em uma comunidade pobre que sofre com a violência e a falta de infraestrutura, não é comum descer pela rua e dar de cara com um banco. Banco tem que ter uma sede segura, com carro forte, cofre. Mas esse não é o caso do Banco Bem.

O banco fica no meio da comunidade e até se confunde com uma casa de morador. Não tem porta giratória. A porta é de madeira e fica sempre aberta. São só quatro funcionários, e o risco de assalto é nenhum, porque o dono desse banco é o povo.

Um banco espalha o Bem - uma moeda social tão forte que mudou até o nome do lugar. A região do Poligonal passou a ser conhecida como território do Bem.

“Eu acho que aumentou a capacidade dessas pessoas de transformar. É isso que aumentou, a crença dessas pessoas nelas mesma, no outro, na comunidade vizinha que elas antes sequer tinham o direito de ir e vir, e que o banco propiciou”, diz a coordenadora do Banco Bem, Leonora Mol.

Chirlys e Jacson vão finalmente sair do aperto. “Era todo mundo nesse cômodo. A minha cama ficava no cantinho. E a cama do meu filho ficava embaixo da minha. A gente à noite tinha que fechar a porta e puxar a cama dele. Tinha muita infiltração, tinha um rachado aqui no meio e não era pintadinho”, conta a promotora de vendas Chirlys Trindade.

A casa cresceu no mesmo ritmo que a família, graças ao crédito habitacional de R$ 5 mil que garantiu a reforma.

O banco social já emprestou cerca de R$ 630 mil, grande parte dessa quantia em bens, gastos dentro da própria comunidade.

A comerciante Rita de Cássia Araújo viu o movimento na padaria crescer 30% desde que passou a aceitar a moeda Bem. Mas o que ela mais queria era deixar de pagar aluguel. “Pesa no seu bolso pagar R$ 350 por mês. Pesa e muito. A gente trabalha com uma margem de lucro muito pequena”, comenta.

O empréstimo no banco bem veio a calhar. Rita está construindo uma nova padaria, caprichada e só dela. “O nome é a Padaria Vitória. É a vitória de uma vida, de um sonho, com certeza”, diz a comerciante.

A empreendedora Zilda Rodrigues de Souza não enxergava essa vitória quatro anos atrás. Ela foi a primeira cliente do banco. Pegou emprestado R$ 95, se uniu a outras quituteiras e hoje vende sete mil salgadinhos por mês. “Mudou a auto-estima. De mulher insegura, triste e infeliz, hoje sou uma pessoa segura, feliz, alegre, empreendedora. Sou mais importante. Hoje, eu me sinto dona do meu nariz”, comenta.

Zilda é uma mulher de visão e a inventora do nome do banco. “Como o projeto fez um bem para mim, eu quis expandir. Banco Bem é bem para comunidade, é bem para todo mundo”, declara. “Eu quero chegar bem longe. Eu ainda pretendo junto com as meninas abrir um belo de um restaurante e não parar”.


Categories

Região Sudeste, Consumo ético e solidário, Finanças Solidárias, Políticas públicas, Crédito e finanças
This article's tags: bancos comunitários finanças solidárias moeda social

0no comments yet

    Post a comment

    The fields are mandatory.

    If you are a registered user, you can login and be automatically recognized.

    Cancel

    Busca

    Feed FBES

    redirection forbidden: http://www.fbes.org.br/index.php?option=com_rss&feed=RSS0.91&no_html=1 -> https://www.fbes.org.br/index.php?option=com_rss&feed=RSS0.91&no_html=1