Blog do Alan, contém pensamentos saídos diretamente da minha cabeça.
Carta das Mães Sem-Terra
мая 14, 2012 21:00 - no comments yetFalamos aos filhos e filhas da terra, de todas as nações. Aos que não foram convidados para o banquete. Aos que por séculos esperam na fila da história. Não seremos espectadoras de um filme esperando a luz se apagar. É tempo de acreditar na possibilidade de vencer a dor.
Levantamos-nos com as mães que perdem seus filhos e filhas nas guerras, nas chacinas urbanas, no cano de fuzil, nos campos de concentração, nos atos de femicídios e genocídios, na violência doméstica, nas perseguições políticas, nas cercas aramadas. Nos levantamos com as mães que perdem seus filhos e filhas por não ter o leite, o pão, a terra e o acesso aos conhecimentos acumulados pela humanidade. Nos levantamos com as mães que perambulam com seus filhos e filhas em busca de um mundo novo. Nos levantamos para clamar por justiça social e dignidade!
Erguemos nossas mãos, nossas enxadas, nossas foices e nossas consciências para convocar todas as mulheres trabalhadoras do mundo para nos unirmos contra os exploradores da terra, da vida, da nossa força de trabalho e do nosso corpo.
Dirigimos-nos aos que se dizem senhores do mundo. Não queremos e nem pedimos sua permissão para cortar cercas e semear flores e sonhos. Não lhes falaremos palavras dúbias. Estamos em luta pela terra, água, em defesa das sementes e da biodiversidade, pelo direito de decidir sobre nossa vida, nossos alimentos, pelo direito ao trabalho, por nosso futuro e pela solidariedade entre os povos.
O “desenvolvimento e a modernidade” avançam sobre o mundo e abrem feridas. Em seu nome outorgam-se leis que colocam em risco a humanidade. Contra o deserto verde e a desesperança rompemos o silêncio e denunciamos o pó sobre o sonho e o cárcere das flores. A sua modernidade é da escuridão e da fome, por isso, não nos serve. Não ousem senhores, dar um passo a frente com seu projeto de morte.
A manipulação criminosa da biogenética, os monocultivos, o agrocombustível e o agronegócio vêm atentar contra a soberania alimentar e a possibilidade de um mundo ecologicamente correto e socialmente justo. Não permitiremos a destruição da humanidade. Saibam senhores, não aceitaremos que assassinem nossos filhos e filhas seja por violência ou por falta de comida.
Neste dia das mães reafirmamos nossa determinação em transformar o campo em espaço de esperança, de alegria e acima de tudo, de luta. No nosso projeto, todos e todas têm direito a uma vida digna, a melhores condições de vida, ao aroma e perfume das flores. Queremos transformar o mundo para que seja mais justo e igualitário. E que sejam respeitados todos os sujeitos que dele fazem parte.
Seguiremos semeando a inquietude revolucionária por reforma agrária, por justiça social e por soberania popular e alimentar. Essa é a nossa missão, e assim deverá ser para todas as mães camponesas perseguidas pela violência do agronegócio e hidronegócio.
A todas as mães do mundo inteiro só resta a organização e a luta. Lutemos incansavelmente contra o sistema neoliberal que transforma os alimentos, a água, a terra, os conhecimentos dos povos e o corpo das mulheres em mercadorias.
É chegado o tempo de exigir justiça e punição aos responsáveis pela exploração, pela violência, pelo genocídio, pelos massacres.
É chegado o tempo de erguer novas paisagens, novos homens e novas mulheres.
É chegado o tempo de vislumbrar o novo horizonte. Estamos de pé vigilantes e esculpindo noite e dia a fertilidade e a rebeldia que nascem das entranhas da mãe-terra.
Viva a mãe terra. Para que vivam as mães da terra.
Maio de 2007
MST - Reforma Agrária: Por Justiça Social e Soberania Popular
Campanha Somos Quilombo Rio dos Macacos divulga nota de imprensa
февраля 29, 2012 21:00 - no comments yetA campanha em defesa do Quilombo Rio dos Macacos, na Bahia, divulga nesta quinta (1) uma nota de imprensa sobre a reunião ocorrida no dia 27 de fevereiro com a Secretaria Geral da Presidência da República.
"Foi afirmado, na referida reunião, pelo Governo Federal que o Quilombo do Rio dos Macacos não seria expulso do seu território. No entanto, na prática a União Federal, através da Advocacia Geral da União, contrariando o que se comprometeu com o Quilombo Rio dos Macacos, se limitou a fazer um pedido nas ações judiciais que move contra a comunidade de adiamento da expulsão do Quilombo por mais 5 meses. Segundo a União esse seria o prazo necessário para garantir uma retirada pacífica dos quilombolas. Por isso, reafirmamos que o Quilombo Rios do Macacos e seus apoiadores continuam lutando para garantir o direito de permanência da mesma em suas terras, pois querem continuar em seu território tradicional e não vão sair pacificamente. É necessário nos manter em estado de alerta, articulad@s para que o caso não caia no esquecimento e os poderes instituídos se sintam a vontade para tomar as terras do quilombo sem resistência organizada. Afirmamos aqui que não aceitaremos as tais “condições para uma saída pacífica da comunidade" através de crédito fundiário para aquisição de outra área ou qualquer que seja a alternativa. Nenhum direito à menos!!! O Quilombo é nosso antes da Marinha do Brasil chegar a aquelas terras."
Pau-de-arara, tortura e capitães-do-mato: as práticas modernas da Marinha no Quilombo Rio dos Macacos
февраля 22, 2012 22:00 - no comments yetO sol já vai se pondo, e os escravos aproveitam o fim de tarde na senzala para descansar da jornada extenuante. O trabalho no engenho de cana é duro. Açoitados, acorrentados, longe da terra natal, separados de suas famílias, os negros ainda assim jogam capoeira e cultuam seus orixás. Nesse mesmo dia, houve duas fugas na fazenda: Zé Preto tentou sair por trás das amendoeiras de baixo. Almeida, o capitão-do-mato, não teve muita dificuldade: o negro não tinha mais forças, fugiu por desespero. As chibatadas que levou ali mesmo, no mato, foram suficientes para encerrar seu sofrimento e levá-lo para a outra vida. Gangá não teve a mesma sorte: foi para o tronco, e deve ficar lá por dias. Para todo mundo saber o que acontece com escravo fujão.
Num lugar não muito distante dali, cerca de 300 anos depois, a situação não mudou muito. Para os moradores do Quilombo Rio dos Macacos, foi como se a escravidão tivesse acabado e depois voltado. Alguns ainda possuem fotos de seus bisavós vestidos com trapos trabalhando na fazenda. Os mais idosos se lembram do jongo, da capoeira e do samba-de-roda na comunidade. Da época em que eram felizes, na sua roça, com seu pescado, sua dança e sua religião. Há cerca de 30 anos, voltaram a ser cativos.
Nos anos 60, a Marinha de Guerra do Brasil começou a construção da base naval de Aratu, nas terras das antigas fazendas Ponta da Areia, Pombal e Boca do Rio, nas proximidades de Simões Filho, subúrbio de Salvador (BA). Chegando ao local, encontraram algumas comunidades remanescentes de quilombos, dentre elas, o Rio dos Macacos. No início, lembram os moradores, a convivência era tranquila: “Trabalhamos na construção das casas da vila, fazíamos os partos aqui mesmo”.
Aos poucos, a cerca começou a apertar. A comunidade foi sendo pouco a pouco espremida pela vila, proibida de plantar, até que o direito fundamental de ir e vir lhes foi negado: o quilombo foi cercado com arame, e a única entrada hoje é pela portaria da vila. Lá, guardas possuem fotos dos moradores, e decidem ao bel-prazer quem pode e quem não pode passar.
A lista de violações é enorme. As mais chocantes dão conta das ameaças a crianças e idosos. “Quando eu tinha 8 anos, fui buscar água no riacho com minha irmã mais nova, de 2 anos. Quando olhamos para o lado, tinham 5 soldados armados dizendo que não podíamos pegar água ali. E descarregaram a metralhadora no balde”, lembra Rosimeire. E ainda misturando escravidão e ditadura, ameaçaram: “Vamos te colocar no pau de arara!”
A situação na comunidade, hoje, é caótica. Proibidos de plantar e pescar, moradores passam fome e relatam ainda a invasão de suas casas e roubo de comida. “Eles entram nas nossas casas e furam os sacos de comida”. Casas, aliás, que hoje chegam a abrigar cinco famílias sob o mesmo teto. Várias moradias foram destruídas, e a Marinha não permite novas construções.
A tentativa de despejar o Quilombo Rio dos Macacos já vem se arrastando há anos. Quando receberam a primeira ordem de despejo, quatro idosos faleceram. “Nós vivemos estressados. Ninguém dorme, nós só cochilamos, com medo de acontecer alguma coisa.”
Diferente da maioria dos casos de disputa de terras no Brasil, o conflito neste caso se trata de terras da União. A comunidade foi reconhecida como quilombola pela Fundação Cultural Palmares e o território ocupado já foi demarcado e identificado pelo Incra. No entanto, a Advocacia Geral da União, em atendimento aos interesses da Marinha de Guerra do Brasil, ingressou com uma ação de reintegração de posse, que implica no despejo da comunidade. Uma das alegações é de que o laudo antropológico que fundamenta o reconhecimento da comunidade como quilombola seria apenas uma “farra antropológica”. A esperança agora é de que o Incra e a Fundação Cultural Palmares, duas autarquias federais, se manifestem em defesa da comunidade, mas ambos os órgãos se negam a seguir em frente. Uma ordem da presidenta Dilma já bastaria para a suspensão do processo. Dilma, aliás, passou o ano novo na base, separada apenas por um muro do Rio dos Macacos.
Agora, mais do que nunca, somos todos mãe África, somos todos negros, somos todos Quilombo Rio dos Macacos.
O Quilombo vive porque resiste!
февраля 20, 2012 22:00 - no comments yetPor Alan Tygel, publicado originalmente na revista Vírus Planetário.net
A luta pela terra segue no Brasil. Das favelas cariocas aos índios de Brasília, chegamos aos quilombolas da Bahia. O grande confronto que vem atraindo a mídia alternativa baiana é a luta da comunidade quilombola do Rio do Macaco por um espaço que é seu por direito, mas que vem sofrendo tentativas de saque pela Marinha do Brasil.
Instalada há mais de 200 anos na localidade de Simões Filho, região metropolitana de Salvador, a comunidade já foi reconhecida como quilombola pela Fundação Palmares. Entretanto, há 50 anos, a Marinha do Brasil se instalou no local e vem fazendo de tudo para expulsar os moradores do local. A força armada vem se utilizando tanto de procedimentos judiciais quanto de ameaças e cerceamento de direitos. Hoje, os moradores precisam dar uma longa volta para entrar na comunidade, pois a Marinha fechou a entrada principal. A pesca também está proibida, e são frequentes os relatos de intimidações com armas contra crianças, jovens e idosos, alguns com mais de 100 anos.
A história completa pode ser vista aqui: http://www.youtube.com/watch?v=bwUXjUzqU6w. E, por incrível que pareça, a presidenta Dilma passou o ano novo na base da Marinha, com apenas um muro dividindo ela da comunidade: http://www.youtube.com/watch?v=ASbf4vMRja8.

Comunidade do Rio do Macaco sofre violações aos direitos humanos e ameaça de remoção pela Marinha, enquanto Dilma, do outro lado do muro, curtia férias na praia paradisíaca na Base Naval de Aratú, em Simões Filho, BA
O assunto é de extrema importância, e merece toda atenção. Mas eu gostaria de, na primeira coluna do ano, mostrar um aspecto positivo da luta pela terra. Também na Bahia, o NEPPA – Núcleo de Estudos e Práticas em Políticas Agrárias vem construindo uma prática exemplar no apoio à reforma agrária por grupos oriundos da universidade.
Formado por estudantes de várias Universidades de Salvador, e também por trabalhadores, o NEPPA tem como atividade principal a realização do Estágio de Vivência em Áreas de Reforma Agrária, este ano em sua sexta edição. O estágio consiste em fazer com que cerca de 80 pessoas por ano, a maioria estudantes, tenham a oportunidade de “pisar os pés no chão” para fazer a “cabeça pensar”.
O Estágio, entretanto, não é a única a atividade do grupo. Ao longo do ano, o NEPPA realiza atividades permanentes nas 7 áreas que participam do EIVI. Aliás, o nome EIVI – Estágio Interdisciplinar de Vivência e Intervenção é outra inovação em relação aos demais estágios de vivência praticados no Brasil.
Justamente por conta das atividades permanentes nos assentamentos, o Estágio tem um caráter explícito de intervenção, pois os estagiários dão continuidade aos trabalhos que o grupo já realiza. Esses trabalhos incluem intervenções nas áreas de saúde, rádio, educação popular, agroecologia e juventude.
No último ano, o grande projeto do NEPPA foram as hortas e viveiros comunitários construídos nas 4 comunidades de São Sebastião do Passé: Santa Maria, Recanto da Paz, Nova Panema e Bento. A metodologia inclui um curso de agroecologia, com foco na abordagem política das diferenças entre agricultura familiar e o agronegócio. Até porque, na hora de botar as mãos na terra, quem ensina são os assentados.
Com a produção estabilizada em São Sebastião do Passé, os desafios agora se dão em torno do escoamento da produção, um problema histórico do campesinato brasileiro, que sempre acaba deixando os ganhos nas mãos dos atravessadores. A meta é levantar fundos para a compra de um caminhão que possa levar os produtos às feiras das cidades vizinhas.
Neste ano, o planejamento tem o foco na construção das hortas e viveiros de mudas comunitários nas áreas de Sano Amaro da Purificação. Os assentamentos Nova Suíça, Pitinga e Bela Vista já possuem uma boa produção, mas a maior parte é individual. Através do incentivo ao trabalho coletivo, o NEPPA pretende resgatar o espírito do mutirão, indispensável quando falamos em luta da classe trabalhadora do campo e da cidade.
Os produtos das hortas ainda contam com um valor adicional por não utilizarem agrotóxicos. O NEPPA também participa da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, e já realizou oficinas nas áreas utilizando o filme O Veneno está na mesa, de Sílvio Tendler. “É impressionante a identificação dos agricultores com o filme. O povo que costuma dormir às 9 da noite, ficou até às 11 debatendo o filme”.
Cerca de 40% dos participantes da edição deste ano do EIVI são de fora de Salvador, alguns inclusive de fora do Brasil. Com isso, o NEPPA espera incentivar a formação de novos grupos de apoio à reforma agrária, num momento em que a pauta continua estagnada no Brasil.
E que surjam vários Neppas pelo Brasil, espalhando agroecologia e revolução pelo campo de nosso país!
Veja mais:
http://cirandas.net/neppa/estagios/vi-eivi
http://cirandas.net/alantygel/blogdoalan/eivi-mst-ba
O Santuário Não se Move, e a História não pode se repetir para sempre
декабря 15, 2011 22:00 - One commentpublicado originalmente na revista virusplanetario.net
No lugar da Mata Atlântica, o Cerrado. No lugar de barracos, tendas. Saem os favelados, entram os índios.
O cenário muda, mas a voracidade do capital é a mesma. A história é a mesma, com os mesmos ingredientes: Copa do Mundo, especulação imobiliária, relações íntimas entre construtoras, estado e meios de comunicação, violência, remoção, desrespeito. Capitalismo.
Assim é a história do Santuário Sagrado dos Pajés, do ponto de vista de quem já conhece o contexto das remoções no Rio de Janeiro. A mesa peça, encenada por outros atores. Mas o diretor é o mesmo.
Nos anos 60, vieram para Brasília candangos de todo país para construir a capital federal. Entre eles, inúmeros integrantes de várias tribos indígenas também vieram em busca de trabalho. Para exercer sua religiosidade, ocuparam uma área no cerrado onde pudessem estar no meio da mata, fazer seus rituais, danças e festas, conservando assim sua tradição.
A área ocupada é o que se chamou setor Noroeste no plano diretor de Lúcio Costa. Inicialmente prevista para ser uma área de preservação, a partir do documento “Brasília Revisitada”[1], de autoria do arquiteto acima mencionado, foi cogitada a possibilidade de se construir no local moradias para as classes C, D e E, dada a expansão da população de brasiliense, além do esperado.
Passemos agora aos dias atuais. O Correio Braziliense, maior jornal de Brasília, noticia desde 2008 a construção do setor Noroeste. Condomínio Verde, Sustentável, e até – pasmem – Ecovila são os termos usados para descrever as construções que vão destruir os últimos pedaços do Cerrado na capital do país. O preço do metro quadrado já passa dos R$10 mil, o que significa que uma habitação de 100m2 não sai por menos de 1 milhão. Não parece que isso resolverá a demanda de moradias populares.
O processo, obviamente, está repleto de ilegalidades e abusos. Entre todas as idas e vindas, uma coisa não muda: o Capital está sempre acima do Estado.
Dois exemplos mostram isso de forma bem didática. O primeiro é a ilustre figura de Paulo Octávio. Segunda a Wikipedia, “é um empresário e ex-político brasileiro”, ou seja, uma espécie de síntese da sacanagem. Ninguém é ex-político, sobretudo um empresário dos ramos imobiliário e de comunicações.
Paulo Octávio, ou PO, como é conhecido, foi vice-governador do DF na gestão de José Roberto Arruda, preso na operação Caixa de Pandora. A Polícia Federal apontou Paulo Octávio como principal beneficiário do esquema de corrupção. Mesmo assim, sua construtora reina em Brasília, e pode-se ver a marca PO por toda a cidade. E ele é um dos principais interessados na construção deste empreendimento.
O outro exemplo pode ser visto na foto abaixo. Nela, combinam-se alguns elementos: arame farpado, polícia, escavadeira, índio. E as perguntas de sempre que ficam: Quem cerca o quê? Quem protege quem? O que é público e o que é privado? O Estado fica de qual lado da cerca?
As fotos foram tiradas no dia em que 800 policiais militares entraram no Santuário para garantir que os tratores pudessem destruir o cerrado. A truculência é tanta, que o comandante se recusou a ler a ordem judicial que proibia o funcionamento das máquinas. Os cerca de 100 índios e apoiadores tentaram argumentar, em vão.
A brava resistência do Santuário Sagrado dos Pajés resultou na produção de alguns materiais que merecem destaque. Um deles é o estudo “A construção do bairro Setor Noroeste feita pelo Correio Braziliense: Uma análise do discurso do jornal a respeito do projeto, enquanto empreendimento imobiliário, projeto urbanístico, sócio-político e ambiental para a capital”, de Alan Schvarsberg [2].
A obra é um exemplo de como provar cabalmente o envolvimento direto dos meios de comunicação no avanço do capital contra a população pobre. O autor fez um estudo das matérias, que desde 2008 dão como certa a construção de um empreendimento que até hoje está barrado pela justiça.
Outro material de destaque é o filme “Sagrada Terra Especulada”[3]. Nele, a história de desrespeitos, abusos, mas sobretudo de resistência, é contada de forma primorosa. Uma das cenas mais belas mostra o ex-governador Arruda fazendo um discurso, enaltecendo a “sustentabilidade” do empreendimento. Alguém pergunta sobre o que será feito dos índios, e faz-se um silêncio. Paulo Octávio, ao lado, cochicha algo no ouvido de Arruda. E ele então responde: “Construiremos uma oca para eles!”.
A situação, hoje, é bem delicada. A briga se arrasta por meio de liminares na justiça. Nelas, os índios sempre saem perdendo, pois a cada liminar favorável às empreiteiras, as máquinas destroem um pedaço da área. Quando a liminar cai, o cerrado também já tombou. E assim vão se perdendo a marcas que provariam o uso indígena da área, para uma futura demarcação.
A história se repete. Empreiteiras, mídia, governo, uma aliança perversa que não enxerga nada à sua frente, senão o lucro. A resistência é brava, e promete não arredar pé. O Santuário não se move, e a história não pode se repetir para sempre.
Acompanhe em: http://santuarionaosemove.net.
[1] http://brasiliaemescalas.wordpress.com/2009/12/07/brasilia-revisitada-1987/
[2] http://brasil.indymedia.org/media/2009/08//452273.pdf
[3] http://sagradaterraespeculada.blogspot.com/