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participação e pesquisa . sobre um trecho de carlos rodrigues brandão

28 de Setembro de 2011, 21:00 , por Denizart - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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estava folheando o livro "repensando a pesquisa participante", organizado pelo carlos rodrigues brandão, e achei um trecho muito interessante. ele me chamou a atenção porque é lugar comum em muitas discussões sobre os trabalhos de educação na economia solidária um mal estar da impossibilidade de nivelar os conhecimentos dos diferentes sujeitos do processo. 

a resposta comum a essa pergunta são as metodologias. o quão mais novas, melhores. assim, imagina-se que a metodologia será capaz de resolver todos os problemas de uma educação que se pretende como prática da liberdade. esvaziamos o conteúdo e deixamos apenas a forma. as metodologias então se prestam a esse papel enganador na educação contemporânea. então surgem os novos procedimentos. mas ainda estamos na mesma relação social, ainda estamos sob o capitalismo, ainda estamos em opressão. não, as metodologias não vão nos salvar.

segue o trecho magistral do brandão:

"este é o momento (...) de pensarmos sobre a possibilidade da redução imediata ou da extinção da desigualdade de saberes entre tipos diferentes de agentes como funcionamento da pesquisa participante. esta é uma ilusão que atrapalha porque mente. supor que a participação está baseada em uma relação de troca constituída sobre uma suposta igualdade de poder e saber oculta o fato real de que, entre o agente de mediação (um intelectual não raro de "nível superior") e a "comunidade" (lavradores, subempregados, operários), há uma desigualdade antecende. tal desigualdade não se resolve metodologicamente, nem na relação de compromisso entre os dois lados, nem, de modo específico, no interior de uma pesquisa participante. constituída por relações desiguais da estrutura social de saber e de poder, tal desigualdade é constitutiva da própria ação mediadora do agente a quem, não raro, gostamos de dar o nome de intelectual orgânico a serviço das classes populares. o seu trabalho de agente é útil ao povo porque é conjunturalmente desigual, ainda que no seu horizonte exista, na bruma da manhã, a aurora de um mundo onde a diferença que faz a liberdade não se estabeleça sobre a desigualdade que gera e preserva a opressão. a questão fundamental é a de saber colocar a desigualdade a serviço"

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A participação da pesquisa no trabalho popular. In: BRANDÃO, Carlos Rodrigues (Org). Repensando a pesquisa participante. São Paulo: Brasiliense, 1999.


Categorias

Educação e formação, Formação
Tags deste artigo: educação economia solidária metodologias participação

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