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transitiva e direta

Gennaio 12, 2009 22:00 , by Unknown - | No one following this article yet.

bárbara resposta

Aprile 29, 2013 21:00, by Unknown - 0no comments yet


Lamento algum eventual mal jeito, 
mas não guardo em mim qualquer despeito. 
A poesia só é grande pra quem a lê; 
Avaliar meu caráter, competeria a você? 

À minha prosa nunca faltou lastro, 
de minha superação, vc não viu sequer o rastro. 
Minha filosofia é, sim, a dos que não prestam.
Sou da falange dos seres imperfeitos, 
minhas ocas sementes que o atestam, 
minhas qualidades se alicerçam em defeitos. 

Mas, sim, pra ti viveria barbaramente, 
reeditando qualquer suposta baixaria, 
ainda sinto em minha mão teu peito quente, 
quando me morde a solidão da noite fria. 

E não me aflige que possa haver outro sujeito: 
talvez mais limpo, talvez mais novo, talvez perfeito.
Se são meus braços que te envolvem enquanto sonhas
e os meus beijos que te percorrem enquanto deitas.

poesia da grâ, em resposta à minha poesia bárbara.
adorei!

imagem: rallito-x



bárbara

Aprile 28, 2013 21:00, by Unknown - 0no comments yet


eu diria as piores baixarias a teu respeito:
tua poesia é minúscula. 
teu caráter, rarefeito. 
tua prosa não dá pro gasto, 
tua superação é um fracasso, 
a tua filosofia não presta. 
tua semente não vinga. 
todas as tuas qualidades são um grande defeito. 

sim, eu diria barbaramente 
as mais sinceras baixarias 
a teu respeito. 
mas ando muito ocupada 
sendo bem melhor amada 
por um outro sujeito.




planalto

Aprile 13, 2013 21:00, by Unknown - 0no comments yet



desacostumado 
à imensidão 
dos detalhes, 
as paisagens 
soam 
todas iguais 
ao tato 
do principiante.



som de marina

Aprile 4, 2013 21:00, by Unknown - 0no comments yet




e se eu perder o fio da meada?
e se eu mudar o começo?
se eu romper madrugada
atando noite no dia?
e se eu me perder pelos becos
das tantas vãs romarias?

e se ao chegar na enseada
dobrasse eu outra esquina...
e se depois de um tropeço
viesse o som de marina?

e se ao calar batucada
viesse o olho que mira
e se, depois de uma olhada,
viesse o verso que inspira?
e se não fosse o começo
mas o correr de uma gira?

e, se bem mais que tropeço
fosse o andar de quem anda
levando o som de marina
para o dançar de fernanda?


esta poesia foi feita em parceria com a multitalentosa marina tavares.
imagem: kate hindley 



defenestrar os demônios

Aprile 1, 2013 21:00, by Unknown - 0no comments yet


a gente vê as pessoas por aí e nem imagina quantos demônios carregam consigo. quanta angústia cabe num ser humano? por que sempre respondemos que sim, está tudo bem? há um tratado social latente de que todos devemos ser felizes, radiantes, saltitantes. temos que parecer alegres, bem-sucedidos, acordados com padrões estéticos e sintéticos. pessoas em série e devidamente catalogadas, que é pra caber em alguma prateleira deste infinito lugar-comum.

não há espaço para a tristeza. ninguém quer saber de gente triste. eu, que respeito minhas tristezas e nasci uma manteiga derretida, nunca entendi direito este pudor com as lágrimas. chorar sempre me fez bem. alguns mililitros e pronto! recomeço tudo de novo, desoprimida, leve, satisfeita. e não tenho vergonha nenhuma. verto meus sentimentos em qualquer lugar, é só sentir vontade. assistindo a um filme ou mirando a lua cheia. conversando com o namorado, lendo um romance, abraçando a mãe...

tem gente que acha muito estranho, mas pensa comigo: a vida é tão desproposita, por que eu não estaria em desordem? entre certezas e dúvidas, sempre fico com as segundas. claro que disponho de meia dúzia de convicções. são elas que me fazem levantar da cama todos os dias e seguir adiante. acredito na capacidade que temos de transformar o meio, de aprender e compartilhar conhecimentos e sensações. acredito no amor, na solidariedade.

mas fico me perguntando: será que este nosso recato execessivo acerca da sensibilidade não está no fato de que somos todos uns carentes? talvez nos envergonhemos tanto disso que acabamos por inventar escapes e criar inúmeras defesas. temos medo e, por isso, ficamos acuados. logo, é mais seguro que o outro não saiba das nossas fraquezas.

então, investimos em atividades que trazem algum prazer imediato ou simplemesmente satisfazem nosso vácuo pessoal. esoterismo, cerveja, ocultismo, uísque, academia, alimentação inadequada, relacionamentos nocivos, trabalho, trabalho, trabalho. aliás, acho que ser insuportavelmente eficiente é umas das fugas mais procuradas. é bem vista e facilmente aceita pela sociedade - principalmente pelo dono da empresa, claro.

afinal, temos mesmo que ocupar os dias, fazer planos, cumprir metas. investir na profissão é só mais uma delas. a gente precisa se cuidar. não deixar o almoço passar por sanduíche, o sono por televisão, o coração por músculo. em vez de lágrimas, cedemos lugar ao "silencioso desespero", de thoreau. a gente se deixa pra depois.

sei que o "aqui e agora" é a fina flor dos clichês, mas não tem outro jeito. talvez o que a gente precise seja prestar mais atenção. aprender a dizer não e fazer o sim sair mais sincero. se concentrar neste momento. olhar no olho. atentar para o íntimo. saber-nos ínfimos. respeitar os ritmos. defenestrar emoções. e (por quê não?) deixar a lágrima cair.




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