Que tal pensar a vida com a visão de Manoel de Barros? Ou melhor, com a visão das borboletas?
Para isso, é preciso conhecer o poeta; conhecer sua poesia, acostumar-se com o sentido invertido das palavras; alterar as idades, ou seja, estar sempre mais para menino; amar desvairadamente a natureza; enxergar o pequeno, a folha, o pó e encantar-se com as garças, os insetos, as lagartixas e, sobretudo com as borboletas...ah...sim, com as borboletas que podem nos ensinar novas maneiras de apreciar o mundo e os homens.
Borboletas
Manoel de Barros
Borboletas me convidaram a elas.
O privilégio insetal de ser uma borboleta
me atraiu.
Por certo eu iria ter uma visão diferente
do mundo e das coisas.
Eu imaginava que o mundo
visto de uma borboleta seria,
com certeza, um mundo livre aos poemas.
Vi que as árvores são mais competentes em auroras
Vi que as tardes são mais aproveitadas pelas garças
Vi que as águas têm mais qualidade para a paz
do que os homens.
Vi que as andorinhas sabem mais das chuvas
do que os cientistas.
Poderia narrar muitas coisas ainda
que pude ver do ponto de vista de uma borboleta.
Ali até meu fascínio era azul...
E perguntamos ainda: que tal conhecer melhor Manoel de Barros? Se você aprecia a natureza em seus mínimos detalhes, temos certeza de que vai gostar! E, só para dar mais um gostinho, encerramos com o que ele diz no poema: Tratado Geral das Grandezas do Ínfimo:"Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro. Para mim poderoso é aquele que descobre insignificâncias ( do mundo e as nossas)". Aí está Manoel de Barros.
Postado por Amora.doce
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