Experimentações involuntárias
November 19, 2012 22:00 - Pas de commentaireCoisa imprevisível e sempre cíclica é a vida… coisa previsível e sempre surpreendente é a morte…
ORAÇÃO DO SILÊNCIO
June 4, 2012 21:00 - Un commentaire
"Eu cresço e amadureço pelo silêncio
Por este silêncio pleno, interno,
No qual eu não mais me permito
Encobrir algo com o corre-corre da minha vida.
Ali se me torna claro
Quem eu sou,
De onde eu venho,
Quem eu posso ser e quem eu não
Quero ser mais.
Nesse silêncio
Cai toda a artificialidade;
Eu me torno mais real –
Eu me torno aquele que eu sou.
Talvez temamos o silêncio por ser mais difícil esconder-nos nele
E por ele tornar
Nossa insuficiência visível.
Mas, justamente aí, é a encruzilhada para o crescer.
Aí sucede, muitas vezes, o romper para uma nova evidência".
eu, minha filha e todas as mulheres do mundo...
May 27, 2012 21:00 - Pas de commentaire(carta enviada a comissão organizadora da Marcha das Vadias, em DF)
Prezadas companheiras,
Sou mãe da Bruna, menininha que aparece em destaque nas fotos do facebook da Marcha, no sábado.
Uma foto linda em que aparece tranqüila e bela, com o Espelho de Vênus pintado no rosto.
Símbolo da luta feminina, feminista.
Mais que isso: símbolo da trajetória de algumas das nossas sábias antecessoras.
Símbolo que nos une as nossas ancestrais.
Símbolo de suas vidas-mortes marcadas pela violência moral, psicológica, física, sexual... mas, também marcada por sua força, resistência, pioneirismo, humanidade, cumplicidade com Gaia, a Grande Mãe.
Foi com essa consciência que levei minha filha Bruna à Marcha.
Como momento de conexão dela com suas ancestrais e com suas contemporâneas... todas mulheres... E, em especial naquele dia, mulheres cercadas por homens que não têm medo de expressar sua metade feminina, feminista, não-machista.
Pois bem, uma amiga muito querida me mostrou a pouco a foto da Bruna no face.
Me emocionei com tudo.
A foto.
O “tema” alusivo a educação como processo libertário.
Os comentários carinhosos.
Infelizmente, no meio deles, uma moça (não vou chamá-la companheira porque esta AINDA não é) colocou como comentário apenas a palavra “ridículo”.
Vejam, não tenho facebook por opção.
Então, escrevo este email pra dizer de alguma forma a esta moça que eu entendo sinceramente sua atitude.
Parece-me que ela é, como infelizmente muitos e muitas ainda são, um ser alienado e alienante, que não conseguiu passar pelos processos que resignificam nossa visão e nossa forma de ser e estar no mundo.
Se tivesse conseguido isso, saberia que ridícula é a fome.
Ridícula é a guerra.
Ridícula é a quantidade de crianças que sofrem violência doméstica sob o consentimento silencioso de uma sociedade que teima em fechar os olhos para as atrocidades cometidas no ambiente familiar (não vou chamar “seio familiar” porque “seio” é alusivo a peito, colo. E peito é sagrado, é lugar de aconchego, amor, cuidado e não de violência).
Ridículo, moça, é ficar em casa parada enquanto mulheres em todo o mundo morrem mutiladas, estupradas, violadas. Violência que, na grande maioria das vezes, lhes causa estrago mais no espírito que no corpo.
Ridícula é essa sociedade de classes que nos torna muitas vezes sectários/as, egoístas, desumanos/as.
Ridículo é não perceber o significado daquela Marcha...
Ridículo é não perceber que o Brasil mudou e está mudando.
E precisamos acompanhar e fazer juntas essa mudança.
E mudou tanto que é hoje governado por uma MULHER.
Mulher que sofreu muito, por ser cidadã consciente de direitos.
Mulher que foi torturada em tempos de ditadura pra que você usufruisse hoje exatamente disso que está fazendo: o direito da livre expressão.
Mulher que também foi, um dia, tachada de ridícula, terrorista, anarquista e, talvez, até vadia.
Ridículo seria eu, como mãe da Bruna, ficar calada diante do seu comentário infeliz, moça.
E não lhe dizer essas coisas como uma oportunidade de lhe trazer pra lucidez de ser Mulher e de ser COLETIVA!
Ridículo seria eu não acreditar que uma hora dessas essa sua cegueira vai passar e você vai conseguir, assim como eu, rir e indignar-se na medida certa que a vida espera de nós.