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Ciao, Bello!

25 de Julho de 2015, 11:50 , por Alan Freihof Tygel - | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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Na semana passada, durante um festival de Direitos Humanos em Colônia, aqui pertinho, assistimos a um show de um rapper turco. Cantando em alemão, pelos direitos dos refugiados, imigrantes - 'somos todos imigrantes' - emocionou a todos, até a quem só entendeu 10%. Para terminar com chave de ouro, cantou ao final uma versão de "Bella Ciao", em turco. Lindo demais.

Lindo, mais ainda quando esta música te leva imediamente para o Brasil com escala na Itália. Te leva para dentro de um ônibus, com toda a turma do NPC reunida, rumo a São Paulo. E todos cantando, aos berros - o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!

Partiu com a certeza de ter deixado uma semente de revolução em cada um de nós. Muitos e muitas "nós", que cruzaram o caminho dele, se emocionaram, se apaixonaram e puderam ao menos uma vez na vida ouvir, depois de virar duas noites diagramando um jornal: "TÁ UMA BOSTA!!! ISSO É MERDA LÍQUIDA!!!"

Havia um bocado de coisa para se impressionar. Eu me impressionava com as histórias da luta sindical dos anos 70/80. Como assim, alguém resolve vir da Itália para ser operário no Brasil, logo após o golpe, e no auge da ebulição social se torna uma líderança como ele! E me emocionei alguma vezes, sempre que ele falava da migração nordestina, botava uma mesma música do Luiz Gonzaga (alguém sabe qual é? A triste partida), e chorava no meio da aula, lembrando do amigo assassinado.

Minha dor agora é de não poder estar fisicamente junto com todo mundo que ama ele, poder abraçar, lembrar das histórias. Meu coração está aí. Na sala do NPC, na livraria, no auditório do SENGE, no galeto do centro, na mesa do bar. Com você, Vitão!

Ciao Bello!