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27 de Janeiro de 2010, 22:00 , por Alan Freihof Tygel - | Ninguém está seguindo este artigo ainda.

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Avaliação de GPS

20 de Fevereiro de 2011, 21:00, por Alan Freihof Tygel - 1Um comentário

Depois de um tempão de folga, volto a publicar por aqui. Esse post é uma avaliação do curso de Gestão de Projetos Solidários, oferecido pelo Departamento de Engenharia Industrial (DEI/UFRJ) e ministrado por professores e pesquisadores do SOLTEC/UFRJ durante o mês de janeiro de 2011. Pela primeira vez, uma parceria com a UNIRIO e o Cefet/NI permitiu que os alunos destas instituições também cursassem a disciplina como parte de seu currículo oficial. Quem não era aluno destas três instituições, receberá um certificado de curso de extensão.

O curso passou por temas como gestão de projetos, projetos solidários e comunitários, metodologia de pesquisa-ação e economia solidária, e terminou com um trabalho de campo. O texto a seguir dialoga com a avaliação do curso feita pelos alunos.

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Em primeiro lugar, gostaria de dizer que foi um enorme prazer participar da disciplina de gestão de projetos solidários neste verão de 2011. Dar aula para uma turma tão diversa, ao lado de Sidão (professor da UFRJ), Helô (professora da UNIRIO), Vini (professor do Cefet/NI) e Celso (pesquisador do Soltec, assim como eu) foi uma grande honra para mim.

A experiência de um curso de verão, com metodologia participava, falando de economia solidária, e além de tudo dentro da engenharia, por si só já valeria a pena. Some-se a isso uma turma de cerca de 60 educandos, das mais diversas áreas (além da engenharia de produção), tanto formados quanto graduandos, representando 3 instituições de ensino superior. Mas mesmo com todos estes aspectos fabulosos, o que mais me chamou a atenção foram as aulas conduzidas ao mesmo tempo por 5 educadores.

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E talvez isso mesmo tenha sido a causa de alguns pontos negativos ressaltados na avaliação do curso feita pelos alunos. Por exemplo, a falta de coerência entre os professores foi mencionada. Concordo plenamente que isso tenha acontecido, mas... ora! Se estamos em cinco, é justamente para podermos discordar, dar orientações diferentes, esperando com isso que o resultado final seja melhor do que se tivéssemos apenas um professor. Se fossemos totalmente coerentes, não era necessários que estivéssemos todos lá.

Nós que estamos dando aula fizemos uma graduação, um mestrado, em alguns casos doutorado, sempre no estilo do ensino bancário tradicional. Estamos experimentando um modelo diferente, mas que também exige uma postura diferente por parte dos educandos. Se a todo momento se espera por comandos, e se pergunta a três professores: “o que devo fazer agora?”, naturalmente vai ouvir 3 respostas diferentes e continuará sem saber o que fazer.

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Ao mesmo tempo, na ânsia de fazermos um curso participativo, ouvimos críticas de que não nos posicionamos o suficiente, falamos pouco, e não comentamos os textos antes do debates em grupo. De fato, esse equilíbrio é tênue e difícil de ser alcançado: colocar para o grupo a experiência dos professores, e ao mesmo dar espaço para que os educandos possam se colocar, questionar e debater. Vamos tentar melhorar!

Quase que paradoxalmente, surgiram questionamentos quanto a efetividade da nossa tão falada participação. O número de resenhas foi imposto, os critérios de correção foram impostos, alguns temas de trabalho não foram aceitos, não houve flexibilidade na data de entrega, a temida lista de presença... Quanto a isso, meu sonho seria um curso totalmente autogestionado: o grupo decide tudo, inclusive a metodologia de avaliação. Entretanto, na estrutura universitária na qual estamos inseridos, vejo um fator limitante desta democracia radical em sala de aula. Esse método só poderia de fato ocorrer caso estivéssemos num contexto onde houvesse certeza de que os alunos estariam em sala apenas por interesse no tema, e não por outros motivos (créditos, notas). Mesmo dando esse curso “diferente”, tivemos que nos deparar com coisas desagradáveis em relação à lista de presença e às resenhas.

Portanto, acho que a democracia radical dentro de sala é possível, mas não acho que nós, e nem os alunos, temos ainda condições de lidar com isso. Abrimos a ementa para sugestões, incentivamos comissões de alunos (inclusive de avaliação), demos voz para os estudantes durante a maior parte do tempo, mas creio que algum tipo de rigor tradicional ainda seja necessário. Tomara que algum dia não seja mais.

Sobre a suposta falta de critério na correção das resenhas: no meu caso, todas as resenhas receberam um bilhete explicando o motivo das notas, e dando sugestões de melhoria. Não recebi nenhum aluno para debater a resenha; caso tivesse, poderia ter explicado o critério de correção acordado entre os professores. É claro, como disse acima, que haverá variações entre os professores; mas houve pelo menos uma tentativa de normatização. No caso das primeiras resenhas, sentamos juntos para discutir antes de dar as notas, e em muitos casos mudamos a nota depois da conversa.

De qualquer maneira, pelo que entendi da avaliação o curso foi muito proveitoso. Fico felize que os alunos tenham aproveitado, porque eu aproveitei bastante. Infelizmente, estava dividido entre o curso e o projeto RioEcoSol, e por isso não pude estar em sala em todos os momentos e nem pude orientar outros trabalhos como gostaria. Mas mesmo assim foi sensacional.

Por fim, desejo que todos possam levar um pouquinho do que aprenderam e desaprenderam para suas instituições de ensino, seus projetos e suas vidas. Desejo que esse ano, que começou tão bem, siga cheio de transformações rumo à sociedade que desejamos para todos.

Beijos solidários,

Alan

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