Ir para o conteúdo
Mostrar cesto Esconder cesto
Voltar a Blog
Tela cheia

Me chame pelos meus nomes verdadeiros - Thich Nhat Hanh

8 de Agosto de 2013, 7:58 , por Tiago Eduardo Genehr - 1Um comentário | 2 pessoas seguindo este artigo.
Visualizado 278 vezes

Por favor, me chame pelos meus verdadeiros nomes,

Não diga que amanhã partirei
porque ainda hoje estou chegando.

Olhe profundamente; eu chego a cada segundo
para ser o botão no ramo de primavera,
para ser o pequeno pássaro, de frágeis asas,
aprendendo a cantar em seu novo ninho,
para ser a lagarta no coração da flor,
para ser a jóia escondendo-se numa pedra.

Eu sempre chego para rir e chorar,
para ter medo e esperança,
o ritmo de meu coração é o nascimento e
morte de tudo o que está vivo.

Eu sou a libélula se metamorfoseando
na superfície do rio,
e sou o pássaro, que, chegada a primavera,
surge em tempo para engolir a libélula.

Eu sou o sapo nadando alegremente
na água clara do poço,
e sou também a cobra cascavel que,
aproximando-se em silêncio,
engole o sapo.

Eu sou a criança de Uganda, toda pele e osso,
minhas pernas finas como varas de bambu,
e sou o negociante, vendendo armas mortíferas,
instrumentos de fogo a Uganda.

Eu sou a menina de 12 anos,
refugiada no pequeno barco,
que se atira no oceano depois de
ser violentada pelo pirata do mar,
e eu sou o pirata, meu coração ainda incapaz
de enxergar e amar.

Eu sou um membro do politburo
com muito poder nas mãos,
e sou o homem que tem que pagar sua
“dívida de sangue” a seu povo,
morrendo lentamente num campo de trabalho forçado.

Minha alegria é como primavera, que tão calorosa faz
flores desabrocharem em todos os campos da vida.
Minha dor é como um rio de lágrimas, tão cheio que
inunda até à borda os quatro oceanos.

Por favor, me chame pelos meus verdadeiros nomes,
de tal forma que eu possa ouvir todos os meus prantos e risos de uma só vez,
de tal forma que eu veja minha alegria e minha dor
como sendo uma só.

Por favor, me chame pelos meus verdadeiros nomes,
de tal forma que eu possa acordar,
e assim a porta de meu coração seja aberta,
a porta da compaixão.

- Thich Nhat Hanh


1Um comentário

  • Eu minorrosana kirsch
    9 de Agosto de 2013, 8:20

    Tantos nomes

    Há que sentir que somos tantos, que somos parte de tudo que há.
    Que vemos pouco diante do muito que acontece em cada segundo.
    E, que não precisamos enxergar para ser parte e amar.


Enviar um comentário

Os campos são obrigatórios.

Se você é um usuário registrado, pode se identificar e ser reconhecido automaticamente.

Cancelar