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Ao mês das mulheres

March 16, 2011 21:00 , par Alan Freihof Tygel - 0Pas de commentaire | No one following this article yet.
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Eu não sou nem um pouco de poesia. Raramente leio, raramente me toca. Mas essa, não sei bem porque, me emocionou quando lí hoje de manhã no ônibus, sem querer, num anúncio da revista.

às mulheres, em seu mês, que são todos.

Com licença poética

Adélia Prado

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade da alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.


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