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Rumo à Rio+20: Educação para a Sustentabilidade e por uma Democracia Ambiental e Econômica

27 de Novembro de 2011, 22:00 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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Apesar de só se falarem Copa do Mundo em 2014 e Olmpíadas em 2016, bem antes, em junho de 2012, oBrasil sediará a Rio+20. Trata-se da mais importante conferência da ONU quereunirá governantes de mais de 200 nações para avançar as reflexões enegociações em torno de como efetivarmos no mundo o desenvolvimento sustentável,aquele que deve manter o equilíbrio entre parâmetros econômicos, ambientais esociais para poder “garantir às futuras gerações as condições de atenderem suasdemandas”.

O evento serárealizado no Rio de Janeiro, mesmo local onde há 20 anos, foi realizada aConferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio92.Assim, a Rio+20 é mais um momento chave na sequência de inéditos diálogos mundiaispós II Guerra onde também estão as Conferências de Estocolmo em 1972 e deJoanesburgo em 2002 e que desde lá pauta, por consenso, a revisão das bases domodelo industrial-financeiro capitalista hegemônico no planeta mas que jádemonstra em diversas frentes seu esgotamento e o impagável custo para mantê-locom a degradação ambiental e a miséria humana. Ambos fatores que colocam aprópria vida do planeta em risco.

Vem ocorrendouma série de eventos preparatórios em todo o mundo, envolvendo governos, ong’s,empresas e muitos outros setores. Oficialmente, a diplomacia dos governos têmpautado a questão da “economia verde“, como pontocentral. Mas há muito mais em jogo que pode ser ofuscado pela fabricação préviade resultados.

Um dos elementos que podem serofuscado é a questão da "educaçãopara a sustentabilidade". Focar em soluções paliativas e imediatistasé fugir de um dos fundamentos metodológicos do pensamento estratégicosustentável, a formação de novas consciências e culturas capazes de tornar asgerações vindouras mais aptas a tomarem as atitudes cotidianas que nossageração tem tanta dificuldade de adotar como a reciclagem, por exemplo.

Esta idéia conta com um defensor depeso, o físico Fritjof Capra autor de OTao da Física, que fundamenta sua defesa condenando duramente os pilares da"nova economia" e o capitalismo globalizado, como o livre fluxofinanceiro, que, segundo ele, adquiriu precedência sobre os direitos humanos, aproteção do meio ambiente e até sobre a própria democracia. Segundo Capra, sem ofortalecimento de um novo tipo de sociedade civil, que tenha como desafioreconstruir as regras da globalização, para priorizar a dignidade humana e asustentabilidade ecológica, promovendo novos processos industriais,ambientalmente amigáveis, não haverá solução viável e prática. Por isso defendea multiplicação de núcleos de ecoalfabetização em escolas e universidades o queinclui a alfabetização ecológica, que é um dos seus projetos mais bem-sucedidos.

Só 46% dos cereais plantados alimentampessoas  
Ao alcançarmoso sétimo bilhão de terráqueos em 2011, constata-se que a humanidade – através deseus governos - pouco colaboraram para encontrar solução para problemasmedievais como a fome. Problema que, em pleno século XXI, faz parte docotidiano de mais de 1 bilhões de seres humanos, segundo a FAO, órgão da ONUpara agricultura e alimentação.

Mais uma vez, a educação é um pontocentral por aperfeiçoar não só a produção mas sobretudo o consumo. A crescenteriqueza em alguns países em desenvolvimento elevou a quantidade de carne consumidapor pessoa na Terra em quatro vezes desde 1961.

Países antes pobres, como a China, aumentaram enormemente ademanda, e muito do gado é alimentado com grãos, cultivados em terraagricultável que podia ser usada para plantar comida. Os ricos conseguirammelhorar sua dieta, o que é bom, mas às custas dos pobres, que não têm comobancar a competição com os animais. Em 2009-2010, o mundo cultivou 2,3 bilhõesde toneladas métricas de cereais. Do total, 46% foi para a boca de pessoas, 34%foi para animais e 18% foi para máquinas para produzir biocombustível,plásticos entre outros produtos.

"Capitalismo está quebrado! Instalar novo sistema?"

O capitalismo, nosso sistema econômico, não precifica gente que passa fome. Afome é economicamente invisível. A produção de alimentos de hoje poderíaalimentar de 9 a 11 bilhões. O problema é a desigualdade, a concentração derenda que cria os pobres que sem renda não possam se alimentar.


Para que as crianças tenham cérebrosque funcionam, é preciso assegurar que tenham acesso a boa comida. Não estamosfazendo isso. Estamos desperdiçando nossas crianças sem ver o custo econômico. Háum conceito em economia chamado “custo de oportunidade”, que é o que você perdeao não explorá-la. Nosso péssimo tratamento das crianças é um custo deoportunidade enorme que não é incluído nos sistemas econômicos nacionais.

Sem uma educação para asustentabilidade a questão do controle populacional não sairá do autoritarismopara se estabelecer como ato de livre consciência, assim como os investimentosem desenvolvimento e o uso da comida que o mundo produz hoje restringe-se àdecisão de poucos. Para agravar a situação, cada vez fica mais evidente que amudança climática, seqüela do tal modelo industrial-financeiro capitalista, éuma ameaça à produção de comida, à vida das espécies, incluindo a humana.

Outra questão correlata que tambémcorre o risco de passar ao largo do debate na Rio+20 é exatamente aconcentração da riqueza, pela primeira vez questionado frontalmente no centropolítico do modelo econômico através do movimento Occupy Wall Street ou Ocupe Wall Street(rua de NovaIorque onde ficam as sedes dos principais conglomerados financeiros do planeta).

Parte da própria população dos EUAcomeçou a questionar os lucros dos banqueiros, que a exemplo dos bancos nomundo todo, com os brasileiros, mesmo com a crise, bateram recordes impensáveise insustentáveis.
Um grupo renitente de americanos, então enfrentando o frio e a polícia paraocupar as ruas e denunciar que 1%(um por cento) da população mundial possui quase 40% dasriquezas do planeta, segundo o Credit Suisse.

O GlobalWealth Report(Relatório da Riqueza Mundial) dainstituição financeira suíça que fez a afirmação acima, acrescentou que os bensdestes 1% cresceram 29% em apenas um ano duas vezes mais que o crescimento dariqueza total do planeta. E como no topo, o vale tudo da disputa é muitoacirrado, estar entre os 1% é um risco alto. Por isso, em 2008 ano do estouro dacrise, foi aprovado um “socorro” aos banqueiros de Wall Street de 600 bilhões. Diantede tal iniciativa “previdenciária” junto aos banqueiros é engraçado ver as campanhas para a diminuição dosgastos com a saúde pública feita pelo governo americano. Exemplo que temseguidores em todo o mundo.

A desigualdade e a concentração derenda, riqueza e poder portanto, não são efeitos colaterais do sistemacapitalista. Na verdade, são condições necessárias para sua reprodução. São, aomesmo tempo, causa e efeito da crise. O neoliberalismo adotado com entusiasmodesde a década de 80 nos trouxe a este quadro.

Um quadro cujo dano mais grave, maisgrave que a própria miséria, é o desgaste e a descrença na democracia, porqueaniquila a possibilidade de um futuro com liberdade humana verdadeira.

Mas a liberdade, ao mesmo tempo, é umafaculdade humana que não se pode arrancar para sempre. Na primeira fissura, nomenor espaço possível, as raízes dos nossos sonhos vicejam na proporção denossa determinação e vontade consciente, para se fazer fato.


Fonte: http://professorarroyo.blogspot.com/2011/11/rumo-rio20-educacao-para.html

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