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ARTUR MELO

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O Ébrio ( Vicente Celestino )

11 de Janeiro de 2010, 22:00 , por Artur Melo - 22 comentários | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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O Ébrio

Vicente_celestino

Vicente Celestino

Composição: Vicente Celestino

Recitativo - Falado : Nasci artista. Fui cantor. Ainda pequeno levaram-me para uma escola de canto. O meu nome, pouco a pouco, foi crescendo, crescendo, até chegar aos píncaros da glória. Durante a minha trajetória artística tive vários amores. Todas elas juravam-me amor

eterno, mas acabavam fugindo com outros, deixando-me a saudade e a dor. Uma noite, quando eu cantava a Tosca, uma jovem da primeira fila atirou-me uma flor. Essa jovem veio a ser mais tarde a minha legítima esposa. Um dia, quando eu cantava A Força do Destino, ela fugiu com outro, deixando-me uma carta, e na carta um adeus. Não pude mais cantar. Mais tarde, lembrei-me que ela, contudo, me havia deixado um pedacinho de seu eu: a minha filha. Uma pequenina boneca de carne que eu tinha o dever de educar. Voltei novamente a cantar mas só por amor à minha filha. Eduquei-a, fez-se moça, bonita... E uma noite, quando eu cantava ainda mais uma vez A Força do Destino, Deus levou a minha filha para nunca mais voltar. Daí pra cá eu fui caindo, caindo, passando dos teatros de alta categoria para os de mais baixa. Até que acabei por levar uma vaia cantando em pleno picadeiro de um circo. Nunca mais fui nada. Nada, não! Hoje, porque bebo a fim de esquecer a minha desventura, chamam-me ébrio. Ébrio...

 

Tornei-me um ébrio e na bebida busco esquecerVicente_celestino
Aquela ingrata que eu amava e que me abandonou
Apedrejado pelas ruas vivo a sofrer
Não tenho lar e nem parentes, tudo terminou
Só nas tabernas é que encontro meu abrigo
cada colega de infortúnio é um grande amigo
Que embora tenham como eu seus sofrimentos
Me aconselham e aliviam o meu tormento
Já fui feliz e recebido com nobreza até
Nadava em ouro e tinha alcova de cetim
E a cada passo um grande amigo que depunha fé
E nos parentes... confiava, sim!
E hoje ao ver-me na miséria tudo vejo então
O falso lar que amava e que a chorar deixei
Cada parente, cada amigo, era um ladrão
Me abandonaram e roubaram o que amei
Falsos amigos, eu vos peço, imploro a chorar
Quando eu morrer, à minha campa nenhuma inscrição
Deixai que os vermes pouco a pouco venham terminar
Este ébrio triste e este triste coração
Quero somente que na campa em que eu repousar
Os ébrios loucos como eu venham depositar
Os seus segredos ao meu derradeiro abrigo
E suas lágrimas de dor ao peito amigo


22 comentários

  • Foto artur minorArtur Melo
    25 de Janeiro de 2010, 23:43

    Um classico.

    Escuto até hoje meu pai cantando esta música lá no terraço da casa dele, comparando a letra e a historia desta música que foi composta entre os anos 30 ou 40, não sei ao certo, vejo o quanto nossa música empobreçeu de criação e enterpretes.


  • E50d98e969d5886131e6d1785053f5a4?only path=false&size=50&d=404raimundo pereira(usuário não autenticado)
    4 de Outubro de 2012, 14:30

    o ébrio de vicente celestino

    infelizmente o seu comentário é a mais pura verdade. vejo que muitos mediocres hoje se travestem de cantores só pra ganhar dinheiro fácil e só dizem baboseira sem sentido algum. enquanto isto se esconde a cara dos verdadeiros cantores de nossa riquissima musica brasileira


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