Não foi flor, nem foi beijo.

Não foi livro, nem poema revolucionário.

Não foi bombom, tampouco vinho.

O melhor presente que ganhei neste dia internacional da mulher foi o compartilhamento de um link com o novo clipe da cantora e compositora colombiana Marta Gómez. A música chama-se “Tierra, tan sólo” e foi composta por ela, inspirada em um poema de Frederico García Lorca. Lindíssima. Me encantou a simplicidade do clipe, da música, e da interpretação. Me encantou a simplicidade do todo.

Sem muitos instrumentos, somente o violão e a voz divina da cantora, a música consegue ser marcante, e o clipe, sem muitos recursos materiais nem muitas pessoas, consegue tocar a alma também: “apenas” um pôr do sol esplendoroso, um campo extenso de mato e de terra nua, um bailarino e coreógrafo (Daniel Fetecua) que dança de forma fluida e espontânea, e uma menina, uma mulher e uma  idosa que, sem afetação nenhuma nas interpretações, somam suas belezas simples e femininas ao visual do ambiente, usando também roupas simples e monocromáticas – vestidos comuns, branco ou preto, apenas.

Não há mais muito o que falar. O gostoso mesmo do presente é vê-lo e sentí-lo completamente, com sua música, dança e poesia tão simples e ao mesmo tempo profundas, tão desanuviantes.

Nota: Por causa das três mulheres simples, da dança, da poesia, da natureza e da terra, nada poderia calhar mais perfeitamente para um presente de 8 de março, pelo menos para mim. E também porque me foi inevitável a comparação da terra (tão citada na música) com a mulher. A terra, quando fértil, gera e alimenta. A mulher também. A terra nos acolhe: firma nossa morada, nossos pés, nossos passos… A mulher (o feminino) faz isso conosco. A terra é mãe. E a mulher, tão somente a mulher, pode sê-lo também. Por isso a terra, tão somente a terra, é o que é. E se a tratamos de fato como mãe, defendendo-a, preservando-a, não violentando-a, continuará a nos alimentar, nos acolher, será o que é para sempre. Mas quanto a isso, infelizmente, há dúvidas.