Ir para o conteúdo
Mostrar cesto Esconder cesto
Voltar a Blog
Tela cheia

De Frente com a Escola

2 de Maio de 2012, 8:59 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
Visualizado 26 vezes
Seja bem-vindo nosso amigo ouvinte!
Em nosso quadro de entrevistas de hoje receberemos uma convidada especial. Ela tem muitos títulos, é aclamada internacionalmente pela sua função, e segundo muitos críticos é um dos espaço mais multifacetados da contemporaneidade, sem no entanto perder suas características tradicionais. Olá, Escola!


- Hi! I'm fine... Sorry, mas escolhi começar saudando assim porque, como você sabe, eu também falo diversas línguas e por isso acho importante cumprimentar os ouvintes dos mais diversos cantos do globo que nos ouvem pela web.


- Ok, ok... entendi! It's nice... Mas acho que você poderia começar nos contando o porque, mesmo depois de tantos anos de sua idealização original, continua sendo uma instituição tão relevante para sociedade.


- Acredito que este é um bom começo. Eu faço análise! Na verdade, me analisam e é por isso que eu acho que ainda estou viva. Gente do mundo todo me estuda tenta me entender, compreender as minhas dinâmicas e com isso muitos dos meus problemas são repensados e transformados em meu interior. Pensando na sua pergunta, eu posso dizer que ainda sou relevante, e digo isto de maneira muito modesta, porque instituo para as pessoas o que elas demandam. 


- Mas como assim? Eu não entendi bem.


- Normal, nem todos acompanham rapidamente meu raciocínio, mas vou explicar! Eu faço questão de estar nas mais diferentes partes do mundo, nas mais diferentes organizações sociais. Em cada um destes lugares para os quais sou designada, minhas funções em geral são fundamentalmente parecidas. No entanto, o propósito para o qual me estabelecem em determinado local e em determinado momento é sempre exclusivo e eu, tão esperta como dizem que sou, me permito adaptar a tais finalidades. Vou dizer novamente, para facilitar a fixação disto que já a pouco esclareci: Sou o que as pessoas precisam que eu me torne! 


- Interessante a sua colocação, mas há aqueles que dirão que este perfil tão diverso e adaptável poderia tê-la descaracterizado ao longo do tempo, mas sabemos que não foi bem isso que aconteceu.


- Sim, concordo, mas em parte. Existem experiências do meu estabelecimento que, sinceramente, não tem nada a ver comigo. Não na minha essência. Eu não vou ficar aqui citando nomes, até porque seria muito inadequado tendo em vista que eu prezo pela ética. Eu a pratico. É bem verdade, que algumas destas experiências até que tiveram êxito mas eu imagino que se pensadas em larga escala jamais dariam conta da imensa  diversidade de contextos que eu, na forma geral na qual me encontro e estou organizada, dou. Diga-se de passagem, encontro-me bem inteirinha para minha idade, não acha?!


(Risos!)


- Mas, continuando, acho que o que você quer saber é qual é a receita para não ter me desintegrado e perdido a posição social importante que ocupo, ao longo dos séculos.


- Sim, sim. É isto mesmo.


- Então, eu não posso negar que a resposta para tal questão seja complexa demais para que eu pudesse colocar aqui nesta entrevista com brevidade. Na verdade, seriam múltiplas as respostas considerando os diversos pontos de vista. Mas minha crença fundamental para ter subsistido é que eu mantenho um bom relacionamento com todas as esferas. Diferente de outras instituições amigas, eu me rebelo pouco. Aliás, eu mesma, euzinha, quase não me rebelo. Não digo isso com orgulho, pode até parecer, mas não é. Estou apenas atestando um fato. 
Sempre deixei por conta das partes que me compõem a questão da rebelião. Eu sei que sou um organismo vivo, complexo, um aglutinado de interesses que convergem e divergem e que nessa dança me atribuem sentido. Agora imagine: todo este complexo sistema que me compõe revoltando-se por mudanças. Mudanças em mim, não em seus contra-cheques apenas, ou por melhores uniformes e livros. Não por cargos eletivos ou pela gestão. Tudo isto traria muita instabilidade, eu ficaria vulnerável. Mais uma vez eu preciso ressaltar que eu não sou contrária às mudanças... Eu apenas estou lhe contando a minha história e devo lhe dizer que eu, complexa como sou e ao contrário do que apregoo por ai como sendo possível, não tive como fazer minhas próprias escolhas. Apesar de toda robustez aparente, sou muito suscetível ao que fazem de mim. Já ouviu aquela canção "Eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também..."?


- Nossa quanta responsabilidade a sua! 


- É verdade, ao menos você, notou. 


- Compartilhar essas responsabilidades, é possível fazer isso?!


- Não posso dizer que não tentei. Uma das instituições amigas por exemplo volta e meia bate à minha porta querendo devolver as responsabilidades que lhe poderiam ser cabidas. E vou lhe ser sincera - algumas dessas responsabilidades eram mesmo dela, e vou falar usando assim um, pronome, para novamente não ser antiética....


- Bom, pode recompor-se. Ainda queremos ouví-la.


- Desculpe, mas é que este aspecto realmente me incomoda. Todas... Eu acho que posso assegurar essa informação - todas as instituições próximas querem que lhes apoie em suas iniciativas. O estado, a religião, as culturas. Eu entendo que não posso me constituir sem elas, sem compreendê-las, mas me parece que boa parte delas não consegue entender que eu preciso estar no cerne de sua elaboração e estabelecimento. Mesmo que não eu, em específico, mas o que eu faço - Educar, precisa estar ali como elemento constitutivo, ora!


- Como você se vê no futuro?! Aliás, você se vê no futuro?! Desculpe, eu acho até que é uma ousadia e pode soar como um insulto lhe fazer esta pergunta considerando que você já chegou até aqui...


- Não, não acho. Mesmo porque eu já me acostumei a ouvir perguntas das mais desmedidas possíveis! "O que será que a Escola fará frente as novas configurações familiares?"; "A escola não está preparada para receber alunos com deficiências?"; "Eis o fim da escola: professores virtuais e tecnologias digitais?" enfim, foram também tantas outras. O que posso lhe dizer, na verdade, lhe confessar, é que não penso muito sobre o futuro. Faço até muitos discursos sobre ele, faço crer que ele não existirá sem mim ou sem o que faço, eu sou politicamente correta - você sabe! Mas a verdade é que eu, como instituição que sou, prefiro ater-me ao presente. O que esperamos que reverbere mais à frente deve ser feito aqui e agora, mesmo porque, o que lhe disse a pouco antes de escapulir pelos meus lábios era futuro e agora que lhe disse e terminei, se constituiu em passado.


- Obrigado. Thanks!!! Nós agradecemos a sua entrevista.


- Welcome. Disponha, sempre que for preciso eu estarei aqui para ensinar. 




(Esta estória foi elaborada oportunamente a partir dos questionamentos levantados na disciplina Educação, Sociedade e Práxis pedagógica - PPGE/Faced/Ufba)
Acompanhe esta e outras postagens também em: www.olharddodan.blogspot.com

Fonte: http://olhardodan.blogspot.com/2012/05/de-frente-com-escola.html

0sem comentários ainda

    Enviar um comentário

    Os campos são obrigatórios.

    Se você é um usuário registrado, pode se identificar e ser reconhecido automaticamente.

    Cancelar