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Extratos de leitura: Terminologias e afins

2 de Maio de 2012, 11:42 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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Como de costume, com mais este post eu compartilho com vocês minhas leituras. A forma também é recorrente, extratos do que tenho lido e das questões que tem contribuído para novos direcionamentos em meu projeto de mestrado.
Não sei se já comentei anteriormente mas estou lendo Santaella, LÚCIA. A Ecologia pluralista da comunicação: conectividade, mobilidade, ubiquidade. Não tenho como ler todo o livro, é bem extenso e uma parte de seu conteúdo, ainda que me interesse, não é pra já. Daí que as reflexões que faço a seguir baseiam-se especialmente nos ricos capítulos até aqui percorridos - 3, 5 e 14. 


Atualmente tenho ouvido bastante a utilização do termo ecologia, muito próprio nas ciências da natureza, nas falas de meus professores da área de humanas. Já ouvi do meu orientador, e nos últimos dias me deparei com a Lúcia Santaella utilizando esta metáfora e adjetivando a palavra com pluralista. Ela mesma explica que acha suficiente o emprego desta pois considera que "o comportamento das línguas e de todos os demais tipos de signo e as dinâmicas comunicacionais que ensejam apresentam fortes similaridades com organismos vivos." Desde que preocupemo-nos para não ser excessivamente rígidos no uso da metáfora o que poderia nos levar a um nível de determinismo tecnológico, eu concordo com sua aplicação. 
Fiz questão de destacar este tópico, que funciona meio como um parênteses, para saciar uma possível curiosidade do meu leitor, assim como foi minha quando li o título do livro. É claro que com o avanço na compreensão do texto se percebem outras aplicações e referências para o emprego da metáfora citada, mas acho que por ora as explicações que trago bastam.


O capítulo que mais me instigou até agora foi o que discorre a respeito das Redes Sociais e com o qual tenho tido bons diálogos - prova disto são as margens marcadas à lápis no livro, os comentários de rodapé...  Tem sido realmente interessante. Santaella começa este capítulo justamente colocando dois termos que temos discutido e julgado diferentes em nossas aulas de EDCA 33 - Cultura de digital e Cibercultura, os quais ela indica que são um novo paradigma de formação sociocultural. O tom usado não me permite compreender que ela julgue necessária a distinção que até então temos procurado fazer. 
O capítulo avança nas discussões e traz à baia outra divergência de terminologia, que eu inclusive utilizo comumente de forma equivocada - Comunidades virtuais e Redes sociais. 
As Comunidades virtuais, na verdade, constituíram-se anteriormente às redes sociais (na web, porque estas como fenômeno de articulação entre indivíduos no mundo físico sempre existiram). É o avanço e desenvolvimento do ciberespaço, as perspectivas de conectividade ampla, mobilidade e ubiquidade que passam a impregnar as tecnologias especialmente em tempos de web 2.0, que tornam as relações e trocas existentes dentro das comunidades virtuais mais dinâmicas, efêmeras e diferenciadas fazendo emergir uma designação mais cabível - redes sociais. Desta forma, as relações que se estabelecem com maior frequência diferenciam-se das existentes anteriormente nas comunidades: co-localização geográfica e engajamento em relações de obrigação mútua = atribuição de estabilidade.  
Vale ressaltar aqui, que não há uma morte das comunidades virtuais, como de forma recorrente tem-se visto nas reflexões feitas aqui no blog, nestes tempos mais do que sobreposições, a característica marcante é de coexistência. As comunidades virtuais persistem mas agora precisam ser percebidas na dimensão da cultura digital que se ressignifica e que "não pode ser vista como um subcultura online, única e monolítica, mas como um 'ecosistema de subculturas', uma mistura de micro, macro e megacomunidades, abrigando milhares de microcomputadores, que vivem em seus interiores." (pág266)


As redes que se estabelecem na contemporaneidade "além de evoluírem internamente nos territórios da virtualidade, evoluem nos hibridismos que estabelecem entre os espaços virtuais e os espaços físicos, indiciando que a comunicação humana caminha cada vez mais para a abertura de caminhos plurais (olha aqui a tal pluralidade, do 'ecologia pluralista'!) que dão a cada indivíduo a possibilidade de trocar, nos seus grupos de eleição, opniões, questionamentos, pontos de vista, visões de mundo." (pág 268)


É diante deste contexto que o emprego do termo redes sociais na internet tem se estabelecido em detrimento do termo comunidades virtuais. Porém, como Santaella mesmo marca, os mesmo podem ser associados quando pensamos em comunidades virtuais nas redes sociais. Ela inclusive identifica que o próprio Castells quando em 96 não compreendia as relações estabelecidas entre os componentes de uma "comunidade virtual" como sendo suficientes para dar sentido a aplicação deste termo, já estava, na verdade, prevendo que seria necessária uma designação mais apropriada, suficiente - redes sociais.


Achei interessante pensar um pouco no fato de que na atualidade temos associado bastante os termos redes ao termo social. Eles não nasceram juntos e tem sentidos específicos se dissociados. Como afirma Santaella na página 269 "redes em si não são necessariamente sociais." As redes tem como característica a agilidade e a flexibilidade para ligar (e também desligar) pontos e ações distantes, o que lhes dá uma inconstância latente; agora some a isto o fenômeno social que também não se constitui de forma estável e então temos um fenômeno ainda mais diverso e generalista, fluido e controverso. 


É tomando estas perspectivas que chegamos a uma distinção, agora sim extremamente necessária entre três terminologias que por vezes são empregadas despreocupadamente como se tivessem a mesma origem e significado:


REDES SOCIAIS (1) 
REDES SOCIAIS na WEB (2) 
SITES de RELACIONAMENTO social (3) 
(Organizado por ordem de amplitude)


(1) Associações humanas mediante interesses comuns que precederam o desenvolvimento das tecnologias digitais.
(2) Associações humanas com as características que apresentamos anteriormente e que foram viabilizadas amplamente pelas tecnologias digitais.
(3) Plataformas, ferramentas ou programas que se constituem numa espécie de Softwares sociais e não necessariamente Redes sociais como se tem confundido. Aqui precisamos lembrar que: "as redes sociais são constituídas pelos participantes que delas se utilizam pois sem eles, as redes não poderiam existir." (pág 273)


Tomando como base o apresentado, eu ousaria dizer que uma REDE não é uma plataforma, um software, ou qualquer tipo de aplicação desenvolvida para. É, na verdade, o entrelaçamento de conexões que se estabelece entre os usuários/participantes que se organizam em torno desta plataforma, software ou aplicação.


É isto. Vou continuar lendo e trarei mais extratos e reflexões em breve.
Alguém sugere alguma outra leitura para dialogar especificamente comigo e Santaella nestes temas?!
Acompanhe esta e outras postagens também em: www.olharddodan.blogspot.com

Fonte: http://olhardodan.blogspot.com/2012/05/extratos-de-leitura-terminologias-e.html

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