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Blog "vida quer viver!"

12 de Janeiro de 2009, 22:00 , por Daniel Tygel - | 1 pessoa seguindo este artigo.

Lagartas sempre são lagartas
Mas não serão lagartas para sempre...


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30 de Outubro de 2012, 22:00, por Daniel Tygel - 0sem comentários ainda



Lançamento da campanha "Quem são os Proprietários do Brasil?" reúne 2 mil pessoas no Circo Voador

26 de Outubro de 2012, 22:00, por Daniel Tygel - 0sem comentários ainda

Fonte: http://www.virusplanetario.net/lancamento-da-campanha-quem-sao-proprietarios-do-brasil-reune-2-mil-pessoas-no-circo-voador/

Na última quinta-feira (25/10), os shows das bandas El Efecto e Mundo Livre S.A. abriram o lançamento da campanha “Quem são os Proprietários do Brasil?”, evento que reuniu 2 mil pessoas no Circo Voador, no Centro do Rio de Janeiro. A campanha tem como objetivo  promover o debate público sobre os grandes grupos econômicos do Brasil e seus controladores, além de evidenciar como estes se relacionam com o poder público através de orgãos como o Banco do Desenvolvimento Nacional (BNDES). O Instituto Mais Democracia, que está mobilizando a campanha, desenvolveu em parceria com a organização Eita (Educação, Informação e Tecnologia para a Autogestão) um sistema de informação que cruza dados oficiais de grandes empresas e pretende lançar ainda em dezembro deste ano um ranking baseado no Índice de Poder Acumulado (IPA) dos grandes proprietários do país.

Os organizadores da campanha argumentam que a diferença entre o trabalho que estão desenvolvendo para os rankings tradicionais veiculados pelo Jornal Valor Econômico e a Revista Exame é que não pretendem listar as grandes empresas, mas sim as pessoas e as empresas de participação que as controlam. A proposta é dar transparência a essas informações, geralmente difusas e de acesso difícil. Durante breve apresentação da campanha no Circo Voador, o Coordenador do Instituto Mais Democracia, João Roberto Pinto, defendeu a importância de se conhecer os grupos econômicos por trás do capitalismo brasileiro.

- O maior desafio democrático é conectar o movimento político ao universo econômico, ou seja, a participação e ação pública sobre a propriedade privada, sobre o controle da acumulação”, aponta João Roberto.

Ainda de acordo com ele, a luta por direitos se mantém restrita ao “andar de baixo”, limitada aos direitos políticos, mas pouco se debate sobre a economia e o poder que as empresas exercem nesse setor, influenciando a política de forma desigual.

O integrante da Eita, Daniel Tygel, apresentou a metodologia desenhada para cruzar as informações sobre as empresas e montar o ranking dos proprietários do Brasil. Para se determinar o Índice de Poder Acumulado de uma determinada empresa ou pessoa soma-se sua receita própria (no caso de ser uma empresa) com o percentual de ações com direito a voto que ela possui. Quando ela tem mais do que 50%, esta pessoa ou empresa controla a outra.

Através de exemplos como o do Grupo Pão de Açúcar (a maior rede varejista brasileira) ou da empresa Braskem (grande empresa do setor petroquímico), Daniel apresentou uma cascata de grupos de participações acionárias que se sucedem até chegar às famílias e empresários que de fato controlam política e economicamente essas grandes empresas. Ele questionou ainda o fato de como esses grupos por trás de empresas conhecidas “não possuem logo, telefone ou mesmo sede”.

- Ao seguir o rastro do controle proprietário, chegamos a indivíduos e famílias que acumulam bilhões de dólares e ainda são privilegiados com financiamento público através do BNDES. Essas pessoas se escondem por trás de uma verdadeira cascata de grupos de participações. Se escondem porque a indignidade não está na pobreza, é a extrema riqueza que é indigna, pontua Daniel.

Para construir a metodologia que vai desenvolver o ranking dos proprietários do Brasil a Eita e o Instituto Mais Democracia se respaldaram em estudos existentes sobre quantificação de poder econômico em grupos empresariais, entre os quais se destaca o artigo “The network of global corporate control”, da Universidade ETH de Zurique, na Suíça, publicado em 2011.

Para saber mais sobre a campanha visite o site do Instituto Mais Democracia



O referendum islandês e os silêncios da mídia

21 de Outubro de 2012, 22:00, por Daniel Tygel - 0sem comentários ainda

Por Mauro Santayana*

Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=5821

Os cidadãos da Islândia referendaram, ontem, com cerca de 70% dos votos, o texto básico de sua nova Constituição, redigido por 25 delegados, quase todos homens comuns, escolhidos pelo voto direto da população, incluindo a estatização de seus recursos naturais.



Os cidadãos da Islândia referendaram, ontem, com cerca de 70% dos votos, o texto básico de sua nova Constituição, redigido por 25 delegados, quase todos homens comuns, escolhidos pelo voto direto da população, incluindo a estatização de seus recursos naturais. A Islândia é um desses enigmas da História. Situada em uma área aquecida pela Corrente do Golfo, que serpenteia no Atlântico Norte, a ilha, de 103.000 qm2, só é ocupada em seu litoral. O interior, de montes elevados, com 200 vulcões em atividade, é inteiramente hostil – mas se trata de uma das mais antigas democracias do mundo, com seu parlamento (Althingi) funcionando há mais de mil anos. Mesmo sob a soberania da Noruega e da Dinamarca, até o fim do século 19, os islandeses sempre mantiveram confortável autonomia em seus assuntos internos.

Em 2003, sob a pressão neoliberal, a Islândia privatizou o seu sistema bancário, até então estatal. Como lhes conviesse, os grandes bancos norte-americanos e ingleses, que já operavam no mercado derivativo, na espiral das subprimes, transformaram Reykjavik em um grande centro financeiro internacional e uma das maiores vítimas do neoliberalismo. Com apenas 320.000 habitantes, a ilha se tornou um cômodo paraíso fiscal para os grandes bancos.

Instituições como o Lehman Brothers usavam o crédito internacional do país a fim de atrair investimentos europeus, sobretudo britânicos. Esse dinheiro era aplicado na ciranda financeira, comandada pelos bancos norte-americanos. A quebra do Lehman Brothers expôs a Islândia que assumiu, assim, dívida superior a dez vezes o seu produto interno bruto. O governo foi obrigado a reestatizar os seus três bancos, cujos executivos foram processados e alguns condenados à prisão.

A fim de fazer frente ao imenso débito, o governo decidiu que cada um dos islandeses – de todas as idades - pagaria 130 euros mensais durante 15 anos. O povo exigiu um referendum e, com 93% dos votos, decidiu não pagar dívida que era responsabilidade do sistema financeiro internacional, a partir de Wall Street e da City de Londres.

A dívida externa do país, construída pela irresponsabilidade dos bancos associados às maiores instituições financeiras mundiais, levou a nação à insolvência e os islandeses ao desespero. A crise se tornou política, com a decisão de seu povo de mudar tudo. Uma assembléia popular, reunida espontaneamente, decidiu eleger corpo constituinte de 25 cidadãos, que não tivessem qualquer atividade partidária, a fim de redigir a Carta Constitucional do país. Para candidatar-se ao corpo legislativo bastava a indicação de 30 pessoas. Houve 500 candidatos. Os escolhidos ouviram a população adulta, que se manifestou via internet, com sugestões para o texto. O governo encampou a iniciativa e oficializou a comissão, ao submeter o documento ao referendum realizado ontem.

Ao ser aprovado ontem, por mais de dois terços da população, o texto constitucional deverá ser ratificado pelo Parlamento.

Embora a Islândia seja uma nação pequena, distante da Europa e da América, e com a economia dependente dos mercados externos (exporta peixes, principalmente o bacalhau), seu exemplo pode servir aos outros povos, sufocados pela irracionalidade da ditadura financeira.

Durante estes poucos anos, nos quais os islandeses resistiram contra o acosso dos grandes bancos internacionais, os meios de comunicação internacional fizeram conveniente silêncio sobre o que vem ocorrendo em Reykjavik. É eloqüente sinal de que os islandeses podem estar abrindo caminho a uma pacífica revolução mundial dos povos.


 
Mauro Santayana é colunista político do Jornal do Brasil, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da Ultima Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a Folha de S. Paulo (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte.