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Fórum Brasileiro de Economia Solidária

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O que devemos discutir na V Plenária? Algumas reflexões a partir do massacre de grevistas na África

19 de Agosto de 2012, 21:00 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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<p style="text-indent: 0; margin-bottom: 7px; font-style: italic; text-align: left;">Fonte: EITA (<a href="http://e.eita.org.br/1j">http://e.eita.org.br/1j</a>)</p> <p style="text-indent: 25px; margin: 0 15px 7px 5px; padding: 0; text-align: justify;">Por Daniel Tygel</p> <p style="text-indent: 25px; margin: 0 15px 7px 5px; padding: 0; text-align: justify;">Vejam a lógica das notícias: como os miseráveis trabalhadores(favelados) das minas, que depois do Apartheid continuaram miseráveis, estavam prejudicando os lucros de uma empresa multinacional de Platina,que também eram lucros para o governo, então valia a pena matá-los (mais de 30, assassinados).</p> <p style="text-indent: 25px; margin: 0 15px 7px 5px; padding: 0; text-align: justify;"><a href="http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/08/confronto-de-policia-e-mineiros-na-afr">http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/08/confronto-de-policia-e-mineiros-na-afr</a> ica-do-sul-mata-36-diz-sindicato.html</p> <p style="text-indent: 25px; margin: 0 15px 7px 5px; padding: 0; text-align: justify;">Vejam que é dito, na notícia, que os "policiais foram forçados a atirar, pois estavam sendo atacados e o único jeito de dispersar era matando". Vejam que em nenhum momento se comenta o absurdo que é a polícia continuar lá presente se 3 mil trabalhadores com ódio gigantesco estavam lá. O correto era a polícia ter se retirado, e a presidência entrar em negociação direta. Vejam a naturalidade com que os meios de comunicação "justificam" a presença da polícia pelo fato daquelas minas serem responsáveis pela produção de 96% da platina do país, e a terceira maior produção do mundo.</p> <p style="text-indent: 25px; margin: 0 15px 7px 5px; padding: 0; text-align: justify;">Vejam como as reivindicações dos trabalhadores não são citadas. Vejam como nenhum mineiro é ouvido. Isso é o mundo em que vivemos. É raro que a polícia abra tiros desse jeito, mas isso aconteceu aqui em Pinheirinho, com apoio do governo estadual de São Paulo. O que não é raro é que a propriedade privada dos ricos, grandes empresas transnacionais, seja protegida com todos os mecanismos do Estado à disposição: regulamentos legais, financiamentos, policiamento, todo tipo de seguranças e garantia. Se uma pessoa pobre se levanta contra o lucro, é um criminoso.</p> <p style="text-indent: 25px; margin: 0 15px 7px 5px; padding: 0; text-align: justify;">Esta defesa intransigente dos lucros e da propriedade privada dos enriquecidos está por trás de boa parte das obras de infra-estrutura no Brasil e demais países, como a TKSA, Belo Monte, Transposição do São Francisco e tantas outras hidrelétricas, portos, estradas. Está por trás > também do agronegócio e da violência no campo. Do uso abusivo de venenos > e sementes de grandes empresas e dos vários mecanismos de coerção, > assistência técnica e proteção das empresas. Está por trás da > criminalização dos movimentos sociais. > > Isso é, na minha opinião, umas das coisas que precisam ser > discutidas na V Plenária Nacional de Economia Solidária: quais os > significados e impactos da autogestão, do trabalho associado e da > cooperação ao invés de competição na organização da economia? O que > significa uma economia para a vida e não para o lucro? Que estratégias > devemos usar para conseguir lutar por um reconhecimento da economia > solidária como motor de um outro desenvolvimento? > > Aliás, por que a economia solidária não recebe apoio quando se > baseia na cooperação e na autogestão, mas só recebe apoio se ganha uma > carinha de "empreendedorismo social" e microempreendedores ou ação > social contra a pobreza? Por que? Será que é por que não damos > resultados econômicos em termos de PIB? É isso? Ou será que a economia > solidária não interessa a um Estado totalmente ligado a interesses do > grande capital, dos ricos, das multinacionais? > > Na minha opinião, este debate mais amplo é necessário. Tivemos > coragem e ousadia em negar a fusão da economia solidária com o > microempreendedorismo "sebraeano", com a ideia de "capital > social" (ganhar dinheiro fazendo o "bem"), em 2011 na discussão do > PL865. Conseguimos lograr uma importante aliança com alguns movimentos > durante o encontro de Diálogos e Convergências em setembro de 2011 (vale > ler a carta final do encontro! ela se encontra em > <a href="http://www.dialogoseconvergencias.org">www.dialogoseconvergencias.org</a>). Conseguimos agora nos colocar durante a > Cúpula dos Povos claramente contra a economia verde e sua > mercantilização da vida. > > Mas é bom entendermos o que isso significa: ter posicionamento > pela vida e contra o lucro implica em ser criminalizado, ser isolado, e > ter setores torcendo para que os empreendimentos solidários não vão para > frente. Os empreendimentos solidários têm dificuldades por não terem > nenhum tipo de apoio, enquanto as empresas convencionais têm todo tipo > de apoio, desde o cultural, financeiro, de logística, de financiamento, > de isenções tributárias e até mesmo de vigilância sanitária, por seu > modo industrial de produção, contrário ao modo mais artesanal e > comunitário da economia solidária. > > Ao tomarmos posição, temos também que ter clareza de que nos > colocamos "contra a corrente", até mesmo de setores chamados de > progressistas, como grupos de algumas centrais sindicais ou de partidos > "progressistas". E ao nos colocarmos contra a corrente, temos que lutar > para ganhar um reconhecimento como motores de outro desenvolvimento. E > nos alinhar com outros movimentos sociais à luta pela mudança do modelo > de desenvolvimento. > > Acredito que este tema enriquece o debate da V Plenária Nacional. > Pois às vezes sinto um excesso de disputas internas em alguns dos fóruns > estaduais, muitas vezes por migalhas e restos de programinhas e ações, > enquanto deveríamos estar olhando para o conjunto da sociedade neste > contexto atual. É por isso que a V Plenária é diferente da IV Plenária. > A IV Plenária, em 2008, era de reestruturação e debates internos sobre o > FBES. A V Plenária, por sua vez, necessita ter como foco uma análise da > situação contextual e das lutas que são necessárias travar por parte do > movimento de economia solidária. > > E isso é difícil, pois o simples fato de sobreviver como um > empreendimento solidário hoje é um ato de luta. Por isso o movimento de > economia solidária, assim como o de agroecologia, são diferentes de > muitos outros movimentos. > > Não é uma luta só de reivindicação e crítica ao sistema, mas > principalmente uma luta em fazer a ação econômica no dia a dia, > produzir, consumir, vender, com outra lógica. É uma política do > cotidiano (daí a importância enorme do movimento de mulheres e da > educação popular influenciando o movimento de economia solidária), que > não se manifesta em massivas demonstrações populares, mas sim em lindos > e diversificados produtos e serviços produzidos e comercializados a > partir de princípios e valores não capitalistas (não-capitalista > significa aqui: "não centrado no acúmulo de capital", ou seja, "não > centrado no lucro, mas sim no cuidado e na reprodução da vida"). > > Como fazermos um movimento social diferente, com a cara da > Economia Solidária? Esta é outra questão que julgo importante para a V > Plenária. A partir das práticas existentes, de cooperação, organização > em rede, realização de feiras, construção de bancos comunitários e > fundos rotativos, de centrais de comercialização solidária, de > incubadoras universitárias... são tantas manifestações diferentes da > Economia Solidária. Como dar mais visibilidade a isso? E como impedir > que isso seja confundido com as palhaçadas da "responsabilidade social > empresarial", da "economia social", da visão-sebrae de > microempreendedorismo, e da visão dos governos federal, estadual e > municipal de que economia solidária é apenas uma ação social? > > Vamos discutir isso? É para isso que servem os Fóruns de Economia > Solidária: para servirem de referência e de base às pessoas que fazem o > movimento de economia solidária. Disputas ou alianças confusas com > setores da economia social e empresarial só fragilizam esta "casa". Que > tal cuidarmos de nossas casas? Fazer dos Fóruns de Economia Solidária a > casa em que as/os trabalhadores de empreendimentos solidários e de > entidades possam se encontrar, celebrar, se reconhecer, partilhar suas > dúvidas, dores, lutas, experiências, conquistas e outras práticas do dia > a dia? > > A Plenária não pode também se resumir a ficar olhando somente > para pequenos programinhas que existem ou somente para políticas > públicas. A Plenária é diferente de uma Conferência. A Plenária é do > movimento de economia solidária. Uma conferência é uma ação > governamental de discussão de políticas públicas. Temos que ir muito > além disso. > > Que tal se a Plenária for um momento lúdico, de encontro, de > festa popular, em que possamos nos reconhecer, olhar nossas práticas e > experiências, e perceber as tantas coisas legais que estão acontecendo > neste país na economia solidária? São milhares de exemplos bonitos e > fortes, em todo o canto deste belo país. Que seja momento de encontro e > cooperação, e não de "disputa" aos moldes sindicais ou partidários. Que > consigamos lidar com as diferenças internamente, mas sem perder a > identidade! > > Reproduzo abaixo o resultado das audiências públicas do PL 865, > no ano passado. Acho que são inspiradoras para vermos o que é e o que > não é a economia solidária. Seguem abaixo. > > Deixo, com estas bobas reflexões, um abraço carinhoso a cada um e > cada uma que, ao viver da economia solidária, está dando um passo de > transformar nossa sociedade. Esta é a verdadeira luta, que precisa de > trincheiras, que são os fóruns de economia solidária. > > Vamos que vamos, rumo a V Plenária Nacional de Economia > Solidária! > > Carinho, > > daniel - lua nova de agosto de 2012</p>
Fonte: http://www.fbes.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=7101&Itemid=62

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