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transitiva e direta

12 de Janeiro de 2009, 22:00 , por Desconhecido - | Ninguém está seguindo este artigo ainda.

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16 de Fevereiro de 2011, 22:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

ela acordou bem cedinho e me beijou com saudade. me contou que havia perdido em algum lugar a nascente da própria vontade. tenho que ir, preciso partir - ela me disse mesmo sem dizer bom dia. mas vai para onde, eu perguntei meio atônito. ao que ela respondeu não sei, não sei, não sei.

então pensei, pensei, pensei e concluí que seria impossível que ela fosse de verdade. que ela não havia mais como sair dali, de onde estava, daquele emaranhado de nós. de nós dois. e estava tudo tão bom entre a gente. eu me sentia tão feliz e havíamos feito tantos planos juntos.


mesmo assim, disse a ela que fosse. que se buscasse em todos os lugares. em cada canto deste mundo. que vasculhasse os ventos, revirasse as águas calmas, contemplasse as chamas turvas e vislumbrasse milímetro a milímetro os segredos da vida.

e assim foi. ela acordou bem cedinho, me deu aquele beijo com gosto de saudade antecipada e arrancou-se das minhas pernas em busca do primeiro raio de luz da manhã. deixando meu peito vazio e meu corpo desamparado, ela partiu sem olhar para trás.

eu sei que ela sabia que a vida não vem pra quem não vai. e eu também já sabia que nem mesmo o amor consegue acalmar essa vontade de ir ao encontro de si.



quixotismos

15 de Fevereiro de 2011, 22:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

bueno, hoje chega ao fim mais um capítulo da minha aventura mochileira. encerra logo mais o curso de comunicação e gênero que eu e mais 40 companheir@s de 13 países compartilhamos nestes últimos dias aqui em havana. mais do que adquirir conhecimento acadêmico, aprendi muito com cada uma e cada um dos meus colegas: trocamos experiências de trabalho e, sobretudo, de vida.

para mim, que procuro construir novas maneiras de me relacionar com cada pessoa, estes dias foram bem intensos.
reservamos boa parte das classes para debater sobre os padrões socioculturais que determinan como devem se comportar homens e mulheres nas dimensões pública e privada de suas vidas. a gente quase nunca pensa nisso, mas estamos tod@s submetidos a um montão de regrinhas do que é ou não permitido fazer-ser-e-sentir.

tratam-se de atitudes concretas permeadas por milhares de subjetividades que por certo não absorvem a complexidade que cada ser humano carrega em si. o resultado a gente vai vendo no dia a dia: relações de dependência emocional e/ou econômica, casamentos infelizes, reproduções em série de um mesmo modelo de família. enfim, enfim...


depois destes dias metidas na sala de aula, vou respirar um pouco mais de ares cubanos. fico mais uns dias aqui no país, tratando de absorver o que aprendi e compartilhei nas classes e, principalmente, me dedicando a observar e interagir com @s cuban@s.
abaixo deixo algumas fotos do lugar onde estudamos estes dias e da residência estudantil onde estamos hospedados, além de alguns cliques que fiz durante nossos passeios.

com o sugestivo nome de "costillar de rocinante", a casa de estudantes traz à tona o espírito desbravador de che, quando renunciou ao seu cargo político em cuba e resolveu colocar o pé na estrada mais uma vez para apoiar movimentos revolucionários em outros países. o ano era 1965 e che escreveu a seus pais contando sobre a nova empreitada:


"queridos viejos: otra vez siento bajo mis talones el costillar de rocinante, vuelvo al camino con mi adarga al brazo".


para quem ainda não leu o livro mais famoso de miguel de cervantes, rocinante é o nome do cavalo de dom quixote de la mancha.










galeano

14 de Fevereiro de 2011, 22:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

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no consigo dormir.
tengo una mujer atravesada entre los párpados.
si pudiera, le diría que se vaya;
pero tengo una mujer atravesada en la garganta.
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macho, barão, masculino

13 de Fevereiro de 2011, 22:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

ainda sobre a red iberoamericana de masculinidades, tive a oportunidade de participar do lançamento da obra "macho, varón, masculino - estudios de masculinidades en cuba", durante a feira do livro, aqui em havana. a publicação é assinada pelo professor julio cézar gonzález pagés e resulta de 15 anos de experiência de trabalho com homens latinoamericanos.

maikel colon pichardo (abaixo, à direita) é um dos fundadores da rede. "posso dizer que minha vida deu um giro de 360 graus quando entrei em contato com este tema e mudei muito como homem, na relação com minha família e com as mulheres. somos educados para ser um produto da sociedade machista e sequer nos damos conta disso, o que dificulta muito mudar esta mirada", acredita.

maikel mora com sua mãe e sua avó na cidade de havana e conta que elas receberam com estranheza a sua mudança de comportamento acerca da sua masculinidade. "custou um pouco até que elas compreendessem, mas logo perceberam que a minha mudança estava sendo para melhor. tudo o que não se encaixa no modelo de como deve se comportar um homem é visto com certo preconceito".

na opinião de yonner angulo rodríguez, (na foto à esquerda) que também é pesquisador da rede, é fundamental aportar uma visão desde ambos os sexos no debate sobre a construção sociocultural das atribuições de homens e mulheres. "não se trata de vitimizar os homens e sim de criar uma nova identidade de gênero", sintetiza.

para yonner, o mais complicado nisso tudo é desmoronar a cultura machista. "o que propomos é algo que supostamente quitaria alguns 'privilégios' dos homens, que acreditam que os papeis que tantos eles quantos as mulheres assumem têm a ver com a 'natureza' de cada um".

na avaliação dos pesquisadores, essa redefinição de masculinidades é uma tarefa diária. "aos poucos vamos encontrando os melhores espaços e descobrindo as melhores formas de comunicar esse novo entendimento. meu desejo enquanto membro do grupo é lograr que as pessoas que estão no meu entorno possam mudar um pouco a sua compreensão sobre essas questões", destaca yonner.



missão evolucionária

11 de Fevereiro de 2011, 22:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

é uma questão de natureza feminina: as mulheres são mais emocionais do que os homens e pronto! somos graciosas, delicadas, choronas. os meninos, por sua vez, são mais racionais: não devem admitir fraquezas e tampouco é permitido que expressem seus sentimentos.

que atire a primeira pedra quem nunca ouviu ou reproduziu este tipo de comentário por aí. na realidade, o modelo de como as mulheres e os homens devem se comportar é tratado com tanta naturalidade que nos parece uma verdade universal incontestável. ou seja: é óbvio que os meninos já nascem gostando de azul enquanto nós, mais meigas e amenas, preferimos cor de rosa.

na infância, eles saem para brincar na rua. já as meninas devem se contentar com o pátio de casa. se tropeçamos e caímos, logo alguém nos acode com ternura e um bocado de mimo. em contrapartida, quando são eles que se machucam, o que ouvem é uma represália acompanhada de uma frase ilustre e que possivelmente lhes custará caro por toda a vida: homem não chora.

refletir sobre este padrão hegemônico de masculinidade é um dos objetivos da red iberoamericana de masculinidades, que busca também propor alternativas para mudar o conjunto de ideias, crenças e representações socioculturais que pretendem definir o que um homem deve ser e como deve se portar.

aqui em cuba tive contato com o coordenador geral dessa rede, o historiador julio cézar gonzález pagés, que tem nos brindado com aulas e conversas superinteressantes acerca deste tema durante o curso de comunicação e gênero.

tratam-se de assuntos que não estamos acostumados a questionar mas que afetam, e muito, as nossas relações interpessoais. são regrinhas sociais que muitas vezes acabam oprimindo o que temos de mais genuíno em cada indivíduo e que se transformam num entrave para o nosso desenvolvimento humano.

despachadas até certo ponto
posso estar absolutamente errada mas, baseada na minha experiência pessoal, tenho a impressão de que nós, mulheres, estamos mais acostumadas a questionar as imposições sociais a que somos submetidas. bueno, esta aí o movimento feminista que obteve tantas conquistas e não me deixa mentir.

claro, temos um montão no que avançar, mas estamos inegavelmente mais independentes do que foram nossas avós.
paradoxalmente, reparo que ao mesmo tempo em que lutamos pela nossa autonomia, ainda esperamos que os homens cumpram com suas "funções".

despachadas que somos, até topamos rachar a conta, mas no fundo ainda esperamos que os verdadeiros mantenedores econômicos da casa sejam eles. de alguma maneira, exigimos que sejam nossos provedores de segurança, que estejam sempre dispostos ao sexo e que nos tratem como as princesas que fomos educadas para ser.

enfim, ainda falta muito tijolo e cimento na construção de uma nova visão de feminilidades e masculinidades
. e para mim parece cada vez mais improvável que homens e mulheres consigam fazer isso separadamente. e não estou falando de feitos grandiosos com impactos globais e sim de pequenas revisões nas nossas atitudes mais ordinárias.

talvez o que nos falte seja firmar um verdadeiro pacto entre os gêneros - um mutirão cotidiano de machos e fêmeas comprometid@s com a evolução da humanidade.





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