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transitiva e direta

January 12, 2009 22:00 , by Unknown - | No one following this article yet.

gavetas

May 20, 2013 21:00, by Unknown - 0no comments yet

a gaveta
abre e fecha,
guarda, exala, esconde,
mostra, induz.

a gaveta
é o poleiro do xereta,
o paraíso da bagunça,
o ganha-pão da dona traça,
o apagão da conta de luz.

a gaveta,
gavetinha, também abriga
coisas de amor: versos
inacabados, confissões
jamais endereçadas,
frestinhas de dor.

as gavetas
são as casas
das lembranças
e dos esquecimentos.

o refúgio dos badulaques,
das coisas por fazer.
das surpresas presas
sei lá o porquê.

talvez por falta de tempo.
talvez, excesso de pressa...

misteriosas, ninguém sabe
se sentem saudade,
ecoam, morrem ou mudam de cor...

longe de quem quer
que for,

as gavetas
voam



você é muito exigente!

May 11, 2013 21:00, by Unknown - 0no comments yet


a primeira vez que ouvi isso foi assim: "mas, fernanda, você já se deu conta de que é uma pessoa muito exigente, né?". não, eu nunca havia me dado conta. a pergunta foi proferida faz anos, durante uma sessão de terapia, pelo adriano facioli. de pronto, parecia até piada, mas como ele é um cara muito importante no meu desenvolvimento humano, resolvi dar-lhe ouvidos e levar o questionamento a sério. 

a primeira atitude foi fazer enquetes com os amigos. "hei, você acha que eu sou muito exigente?" umas mais delicadas que as outras, todas as pessoas disseram que sim. isso foi uma surpresa para mim! pudera, uma característica básica das pessoas exigentes, descobri depois, é que elas acreditam cegamente que estão fazendo e cobrando de menos - de si e dos outros. eu sempre pensei que eu era uma pessoa de boníssima, megaflexível, de fácil aceitação. 

não sou. quero sempre ser o melhor que eu puder. tenho raiva das minhas limitações e quero transcendê-las com toda minha energia. esse meu desejo se espraia especialmente no âmbito das minhas relações mais próximas e íntimas. com o público em geral costumo ser bem mais benevolente, o que acaba fazendo com que a maior parte das pessoas não note esta minha característica. mas já entendi que não é fácil conviver comigo. 

o bom é inimigo do ótimo, acreditamos, os exigentes. e, claro, isso tem implicações graves na vida - tanto boas quanto ruins. no entanto, descobrir-me exigente não me fez uma pessoa menos exigente. no fundo, não acho que isso seja um defeito irremediável. só é preciso dosar melhor. realmente não aceito que as coisas sejam pela metade. eu quero inteiro. quero a vida inteira, plena. 

mas o insight trazido pelo adriano à minha história me levou a ter uma relação um pouco mais amigável com as barreiras pessoais e alheias. busco ser uma exigente cada vez mais consciente e menos inconsequente. afinal, como posso saber o que me basta se eu não for além? quem poderia traçar as linhas da suficiência? quem testa os limites por mim? 

no meu jeito de levar a vida, é preciso ir longe demais para descobrir até onde se deve ir. quero salvar todas as minhas dúvidas de cada uma das minhas certezas e ir adiante. quero saber-me pequena, ínfima e acreditar que posso posso mais. podemos, todos. 

sinceramente, eu não vim ao mundo a passeio. vim aprender, compartilhar, amar e ser feliz. e essa é uma equação que não se resolve na teoria, é na prática do dia-a-dia, errando e acertando, correndo riscos. no final das minhas contas, o saldo é positivo, mas tem sempre um aviso no vermelho, me apontando que apenas os sonhos e a insatisfação me fazem caminhar.


imagem: rose wong



incendiária

May 10, 2013 21:00, by Unknown - 0no comments yet




pra ti, meu amor,

trago a mesa sempre posta.
flores, taças, toalhas,
talheres bem dispostos
e velas incendiárias
(pra quando me deres as costas).
pois tão certo quanto a fome
é teu desgosto ao meu tempero
- insaciável desespero
de um apetite sem resposta.

com a memória retida
em tanta coisa não dita,
vou da sala a cozinha,
dando facadas no tempo,
cuspindo álcool no chão.
medito enquanto fito
as labaredas em ascensão,
o cheiro acre pela casa,
o colorido dos teus trapos,
teu corpo queimando inteiro
e eu jogando guardanapos.


imagem: boligán



indo

May 3, 2013 21:00, by Unknown - 0no comments yet




vou voar
pela mata
dentro d'água
pedalar


vou correndo
devagar

noite afora
pendular

sem ter tempo

nem ter hora
caminho
pra chegar

vou morando

sem demora
pelos becos
do ficar







bárbaro

April 29, 2013 21:00, by Unknown - 0no comments yet


Lamento algum eventual mal jeito, 
mas não guardo em mim qualquer despeito. 
A poesia só é grande pra quem a lê; 
Avaliar meu caráter, competeria a você? 

À minha prosa nunca faltou lastro, 
de minha superação, vc não viu sequer o rastro. 
Minha filosofia é, sim, a dos que não prestam.
Sou da falange dos seres imperfeitos, 
minhas ocas sementes que o atestam, 
minhas qualidades se alicerçam em defeitos. 

Mas, sim, pra ti viveria barbaramente, 
reeditando qualquer suposta baixaria, 
ainda sinto em minha mão teu peito quente, 
quando me morde a solidão da noite fria. 

E não me aflige que possa haver outro sujeito: 
talvez mais limpo, talvez mais novo, talvez perfeito.
Se são meus braços que te envolvem enquanto sonhas
e os meus beijos que te percorrem enquanto deitas.

poesia da grâ, em resposta à minha poesia bárbara.
adorei!

imagem: rallito-x



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