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EcoSol e Economia Feminista por Miriam Nobre
18 de Março de 2015, 16:56"(...) Tal como nossa sociedade se organiza hoje grande parte das relações de
reciprocidade é mantida graças ao tempo e à dedicação das mulheres. Elas
mantêm a coesão na família, as relações de vizinhança e nos locais de
trabalho. Este é um recurso fundamental também para o funcionamento da
economia capitalista que já estaria destruída se na vida real só houvesse a
competição como matriz de relação entre as pessoas. Uma pesquisa do
SEADE/DIEESE sobre a forma como as pessoas encontram emprego mostrou
que 70% dos que conseguem emprego o fazem por meio de indicação de
amigos e familiares. O capital não se dispõe a arcar com os custos de um
sistema de informações ou os riscos de contratar alguém sem referências e
repassa estes custos às relações de reciprocidade. Mas me refiro aqui à
reciprocidade não só como um valor, mas como um recurso que se materializa
em horas de trabalho e gasto de energia, em geral das mulheres.
Se a economia solidária desvela sua importância tanto quanto os demais
recursos de produção contribui para que seja reconhecida no conjunto da
sociedade e partilhada igualmente por homens e mulheres.
As práticas de economia solidária não têm como objetivo à acumulação de
capital, mas a resposta às necessidades cotidianas. Coloca assim em debate o
que são estas necessidades e valoriza as atividades de cuidado do outro. A
economia dominante, e sua ideologia expressa na economia neoclássica, tem
um pressuposto de que os homens são como fungos. Eles nascem prontos e
desconsidera-se que em grande parte da nossa vida (na infância, na velhice e
quando adoecemos) dependemos de alguém, geralmente uma mulher. (...)"
Documentos de reuniões históricas do GT
18 de Novembro de 2014, 14:21 - sem comentários ainda2008 - I_Encontro_do_GT_Gênero_do_FBES.ppt
2012 - Relato_Reunioes_POA.doc
Relatório Anual Socioeconômico da Mulher
29 de Janeiro de 2014, 12:48 - sem comentários aindaAcesse em: http://spm.gov.br/publicacoes-teste/publicacoes/2013/raseam-interativo
Mulheres_rumo_a_V_plenaria_nacional_de_Economia_Solidaria.pdf
21 de Outubro de 2012, 22:00 - sem comentários aindaCarta das mulheres da economia solidária: mulheres transformando a América Latina
25 de Setembro de 2012, 21:00 - sem comentários aindaCarta construída durante o 2o Encontro Latino Americano e Caribe das mulheres da economia social e solidária
Nós, mulheres, que somos a grande maioria na Economia Solidária.
Somos negras, indígenas, brancas, jovens, idosas, de todas as crenças e de todos os territórios, reunidas no 2o Encontro das mulheres da América Latina e Caribe da Economia Solidária: Mulheres Transformando a América Latina, para aprofundar o debate sobre temas comuns da nossa realidade. Estamos todas produzindo ou comercializando coletivamente como catadoras, agricultoras, costureiras, artesãs, cozinheiras, doceiras, pescadoras, sociólogas, educadoras, dentistas, metalúrgicas, tecelãs, outras e até mesmo como Gestoras Públicas.
O atual modelo de desenvolvimento é estruturado na exploração do trabalho, nos valores capitalistas, pela apropriação privada de recursos naturais, pela concentração de riquezas e da terra e pela mercantilização da vida. Isto produz discriminação e desigualdades estruturais nas relações sociais entre homens e mulheres e, sobretudo, para as populações negras, indígenas, quilombolas e de comunidades tradicionais, sendo as mulheres e crianças, oriundas desses grupos, as maiores vitimas. Diante disto, reafirmamos a necessidade de políticas públicas estruturantes para um novo modelo de desenvolvimento que possibilite o reconhecimento das mulheres como sujeito político, a importância da sua auto-organização e o fim da divisão sexual do trabalho, que desvaloriza e separa o trabalho das mulheres em relação ao dos homens.
Por isso nosso 2o Encontro - Economia Solidária: Mulheres transformando a América Latina apontam para a necessidade de:
- Garantir mecanismos de mudança do modelo econômico de desenvolvimento, centrado no mercado e no mercantil;
- Garantir a visibilizar e a valorização das experiências, dos conhecimentos e das práticas das mulheres na construção da Economia Solidária, da agroecologia, da justiça ambiental para garantindo a sua autonomia econômica.
- Garantir o reconhecimento da esfera produtiva ( criação dos filhos, os cuidados do trabalho doméstico) para a sustentação da sociedade, pondo fim a sua invisibilidade e afirmando a necessidade de investimentos e políticas publicas nesta área.
- Garantir que o poder sobre a economia e sobre o que produzimos esteja nas mãos do povo, com igual participação das mulheres.
- Garantir equipamentos públicos como creches, coletivas, padarias e restaurantes comunitários; lavanderias
- Garantir a efetividade das políticas de enfrentamento a Violência contra a Mulher.
- Garantir assessoria técnica na área da agro ecologia, gestão de resíduos sólidos, autogestão, produção e comercialização;
- Garantir políticas de incentivo à produção, comercialização, e consumo consciente, favorecendo uma relação direta e transparente entre quem produz e quem consome, aproximando produtor (a) e consumidor (a).
- Garantir investimento direto nos empreendimentos com políticas públicas de crédito e financiamento desburocratizado para as mulheres, e criação do fundo nacional de Economia solidaria.
- Garantir a implantação da Lei das Compras Coletivas onde o Estado adquire os produtos da Economia Solidária e da Agricultura Familiar, estendendo-as em todas as esferas de Governo.
- Garantir a integração da Economia solidaria em toda a America Latina, intensificando o processo de autogestão, cooperação e bem viver para um desenvolvimento Justo e Sustentável.
Porto Alegre, RS, 14 de Setembro de 2012.
Baixe a carta em: http://www.fbes.org.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=1626&Itemid=99999999