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“- Doutora…agora eu sei o que é um parto normal…obrigada…”

8 de Janeiro de 2016, 11:05 , por Economia Solidária e Feminista - FBES - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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Carine Santos compartilhou a publicação de Cláudia Bianka Manhães.

1 h ·

Cláudia Bianka Manhães com Jânio Do Nascimento Alves e outras 2 pessoas.12 h · Campina Grande, PB ·

Ainda sobre o plantão de ontem…

Gestante, 20 anos, segundo filho, chegou à sala de parto com 9 cm…fui falar com ela e perguntei…

– Seu outro parto faz quantos anos?

– 2 anos…

– Foi parto normal?

– Não, meu filho foi "puxado a ferro"…empurraram a minha barriga para ele poder nascer também…

– Mas ele nasceu bem?

– Nasceu molinho e foi para a UTI…ficou lá 1 semana…

– Mas hoje ele está bem?

– A médica do posto disse que ele está sim…

Falei que ela ficasse tranquila que o bebê dessa vez não seria "puxado a ferro" não…ela estava com contrações eficazes, a ausculta estava boa…deixei a doula com ela para ajudá-la nesse momento…

Com menos de 1 hora começou a ter puxos…perguntei se queria ir para a cadeira de parto que seria mais fácil para ela…ela aceitou…

Foi colocada na cadeira, a acompanhante atrás servindo de apoio…luz apagada…música ao fundo…sentamos na frente dela e aguardamos…

Teve uma hora que a acompanhante fez menção de empurrar a barriga dela, falei que não precisava…perguntou se não teria "soro para ajudar"…falei que não, que as contrações dela estavam boas…

Dali a pouco os puxos ficaram mais fortes…ela empurrava na hora da dor e respirava no intervalo entre uma dor e outra…

Quando a cabeça do bebê começou a aparecer perguntei se ela queria tocar…ela quis e ficou encantada por sentir a cabeça do filho saindo de dentro dela…

Devagarinho o bebê foi nascendo…no tempo dele e da mãe…a gente não fez nada, apenas aguardou para segurar o bebê…

Quando nasceu foi para o colo da mãe…ela, maravilhada com o momento chorava e sorria ao mesmo tempo…colocou no peito para ver se ele mamava (o primeiro conseguiu amamentar menos de 1 mês)…

Menos de 15 minutos depois a placenta também nascia…clampeamos o cordão e ela, a mãe, cortou o cordão…

Enquanto fomos avaliar se tinha laceração, o bebê foi ser avaliado pela pediatra…

Ela teve uma laceração no local da cicatriz da episiotomia, talvez se aquela cicatriz não existisse aquela laceração também não teria acontecido…vai saber?

Quando terminamos a sutura, perguntei se ela estava bem e ela me respondeu…

– Doutora…agora eu sei o que é um parto normal…obrigada…

E aí a gente entende rapidamente a diferença entre um parto "vaginal" e um parto "normal"…

E aí a gente entende porque tantas têm medo de parir…

Na realidade o medo nem é tanto da dor em si…mas da forma como podem ser tratadas ou de como seus filhos podem ser recebidos neste mundo…

É contra essa forma de nascimento violenta que lutamos…

É contra o pacote de violência que a maioria das gestantes recebe que lutamos…

E tem muita gente fechando os olhos e fingindo que nada disso existe…

Mas existe sim…

Infelizmente ainda é muito

mais comum do que a gente pensa…


Fonte: https://ecosolfeministafbes.wordpress.com/2016/01/08/doutora-agora-eu-sei-o-que-e-um-parto-normal-obrigada/

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