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Na casa da Claudininha

19 de Dezembro de 2013, 20:20 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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Existiu, nesta terra de Mané Coco, uma pessoa muito querida por todos, a Claudininha. Morava ao lado da casa do Dr. Reinaldo, em frente ao Posto Ipanema, antes chamado de Posto do Tide. Lembrei-me dela ao falar do Belline que a protegeu no final de sua vida. Ela morava com sua irmã e, como eram somente as duas na casa, tinha receio de que algo lhes pudesse acontecer. As noites eram longas para as duas, o medo, por estarem sozinhas, sempre as acompanhava. Certa vez, durante a visita de um vendedor, externaram seus temores, mas demonstraram grande presença de espírito, tornando um fato comum em um acontecimento pitoresco.
Quando faziam crochê,alguém bateu à porta.
- Quem é? Perguntaram quase juntas.
- Sou um vendedor de livros e estou visitando as pessoas desta cidade.
Claudininha levantou-se, dirigiu-se à porta e a abriu.
- Bom dia, senhor vendedor. Desculpe, mas não estamos interessadas em livros no momento.
- Minha senhora,- falou o vendedor- estou andando desde cedo, não consegui vender nada e estou com muita sede. A senhora não poderia, ao menos, me dar um copo d´água?
- É claro, meu filho. Entre por favor.
A Claudininha foi buscar água. Trouxe uma moringa com uma caneca de alumínio. O visitante bebeu e repetiu. Realmente estava com sede.
- Muito obrigado. – disse. A gentileza das senhoras me comoveu bastante. Ainda existe gente boa neste mundo.
- Que é isso, meu filho. Jesus mandou “ Dai água a quem tem sede” ... e nós obedecemos. Aliás, o que fazemos na vida: obedecer sempre a Deus. Como moramos sozinhas nesta casa, temos boa vontade em servir e receber bem.
- Bem, eu vou embora, qualquer dia volto e venho vê-las.
Quando o vendedor saiu, a Claudininha caiu em si, levantou-se e disse para a irmã: 
- Minha Nossa Senhora, você falou para ele que nós moramos sozinha aqui. Isso é um perigo danado. Ele pode ficar por aí e à noite voltar aqui para roubar e até matar a gente. Invente alguma coisa.
A irmã, demonstrando rapidez de raciocínio, correu até o portão, viu o vendedor e gritou:
-Ei, vendedor, olhe aqui.
O pobre coitado, pensando que ela resolvera comprar alguns livros, virou-se todo animado.:
-Sim, minha senhora, pode falar.
- Eu falei para o senhor que eu e minha irmã ficamos sozinhas aqui em casa, mas é só durante o dia, viu? À noite, nossa casa fica cheia de homens.
Quem estava por perto deve ter morrido de rir. A saída para a situação foi inteligente, mas a interpretação foi funesta.

Por Geraldo Magella de Carvalho 
Contos & Pontos, página 41.

Fonte: http://caldasminibibliotecas.blogspot.com/2013/12/na-casa-da-claudininha.html

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