Desde que voltei do EIVI tenho tido muitas conversas e discussões sobre o MST com amigos. Uma grande parcela dos argumentos que ouço são bem repetitivos, então vou fazer uma coletânea deles e colocar minha opinião sobre o assunto.

• Fizeram lavagem cerebral em você!

Na minha humilde opinião, lavagem cerebral é quando enfiam algo que você não quer, ou não solicitou, pela sua cabeça adentro. Quando, por exemplo, você senta à noite cansado na frente da televisão e assiste porcarias contendo mensagens implícitas lá dentro. "Chefe do MST", "Invasão de terra", "A coisa tá preta"... Expressões que são usadas para criminalizar movimentos sociais, ou ressaltar preconceitos, e você achando que está só vendo televisão para se distrair.

Durante o EIVI, eu aprendi muito sobre o MST e sobre a questão agrária. Mas eu fui sabendo que encontraria pessoas com a mesma visão política, e que certos posicionamentos comuns seriam ressaltados e melhor embasados. Não disse em momento algum que o estágio foi "neutro" no sentido de apenas mostrar a "realidade"; de forma alguma. A realidade foi mostrada segundo o direcionamento político de pessoas que acreditam que a Reforma Agrária é necessária e que a forma como o MST luta para conseguí-la é legítima e válida. Até porque os conceitos de "realidade" e "neutralidade", ou "realidade neutra" são bem discutíveis.

Resumido: as minhas crenças que me levaram até lá foram apenas reforçadas e embasadas. Não foi nenhum "doutor padre ou policial" que me convenceu que o MST era bonzinho...

• O MST tinha objetivos bonitos, mas hoje se perdeu.

Construi-se uma crença de que o MST um dia foi um movimento de trabalhadores inocentes plantadores de alface bonitinhos que um dia resolveram pegar em "armas" (facão, foice, enxada) e vão tentar tomar o poder. Na ocasião da marcha de 1997, existia uma certa simpatia da sociedade burguesa ao movimento, até por parte da Veja, quem diria.

É claro que existe muita coisa errada no MST: venda irregular de lotes, assentamentos com baixa produtividade, lideranças corruptas e totalitárias, etc, etc, etc, ... Mas num movimento que agrupa mais de 300'000 famílias, era de se esperar que nem tudo funcione idealmente.

A idéia que tenta se passar, no entanto é muito perversa: se um assentamento deu errado,  se um assentado vendeu o lote ilegalmente, então criminalizemos o MST, e usamos isso para provar matematicamente que a reforma agrária não presta.

NÃO! Se algo está errado, lutemos para que que dê certo. Uma lógica parecida é usada com o bolsa família, acham um "gato" e concluem que o bolsa família deu errado e não pode continuar.

A continuar....