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27 de Janeiro de 2010, 22:00 , por Alan Freihof Tygel - | Ninguém está seguindo este artigo ainda.

Blog do Alan, contém pensamentos saídos diretamente da minha cabeça.


Transformação versus Manutenção

20 de Março de 2010, 21:00, por Alan Freihof Tygel - 33 comentários

Escrevo este texto motivado por uma amiga que me pergunta se talvez a Economia Solidária não seria uma forma de amansar o ânimo revolucionário do povo. Vamos lá.

Dentre as diversas iniciativas "sociais" que vemos hoje em dia, é fácil perceber que há dois grupos bem distintos: aqueles que pretendem manter a sociedade do jeito que está, e aqueles que pretendem transformar a sociedade.

Os primeiros são claramente os que mais abundam. Uns chamam de assistencialismo, outros de "dar o peixe", outros ainda de Responsabilidade Sócio-Ambiental. São empresas capitalistas que doam mísera parte de seus lucros para calar comunidades atingidas por suas ações, são ONGs que promovem o empreendedorismo para que os pobres possam explorar outros mais pobres ainda, etc, etc. Seguindo Josué de Castro - "Dois terços da humanidade não comem; e um terço não dorme, com medo da revolta dos que não comem." - , trata-se do um terço tentando evitar a revolta dos outros dois, mas com o cuidado de manter sempre a mesma proporção.

Já as iniciativas transformadoras, essas são mais difíceis de se encontrar, sofrem com a falta de apoio financeiro, mas são aquelas realmente gratificantes para quem não concorda com o modelo de sociedade em que vivemos hoje.

Seja através da uma revolução, seja dando pequenos passos, a grande diferença reside na tentativa de se mudar as bases do comportamento social que nos levaram ao modelo de hoje. Quando se investe na comunicação comunitária, por exemplo, é a chance de se reduzir a influência da grande mídia, uma das maiores responsáveis pela manutenção do modelo capitalista. Quando se trabalha a agroecologia, trata-se de uma transformação da relação entre o homem e a terra, relação que hoje é fundamentada na extração de lucro.

Outro alicerce do modelo capitalista é modo de produção. O detentor dos meios de produção explora a mão-de-obra do trabalhador, e com isso consegue mais valor para a sua mercadoria. Dessa roda mágica brota o capital, e todas a suas consequências sociais.

Mas será esse o único modelo de produção possível? Com a Economia Solidária, tentamos provar que não. O conjunto formado por cooperativas de produção, cooperativas de consumos e moedas solidárias modela um jeito diferente de produzir e de consumir, onde o trabalhador de fato se apropria do produto do seu trabalho, onde a voz do trabalhador é ouvida e com isso ele se torna finalmente sujeito da sua própria transformação.

Em suma, a Economia Solidária é transfomadora porque inverte a lógica do capital para a lógica da vida; o que importa são as pessoas e o seu bem-estar, e não o dinheiro. A Economia Solidária é revolucionária porque não existem mais patrão e empregados; todos são trabalhadores, e ao mesmo tempo responsáveis pelo trabalho.

O caminho não é fácil, mas as condições existem e estão cada vez mais aparentes. É necessário transformar. E seguimos lutando para isso.