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12 de Janeiro de 2009, 22:00 , por Desconhecido - | Ninguém está seguindo este artigo ainda.

A Beleza dos Sentimentos (Rubem Alves)

7 de Janeiro de 2014, 17:51, por Marco Aurélio Maia Barbosa de Oliveira Filho - 0sem comentários ainda

Se te perguntarem quem era essa que às areias e gelos quis ensinar a primavera...": é assim que Cecília Meireles inicia um dos seus poemas. Ensinar primavera às areias e gelos é coisa difícil. Gelos e areias nada sabem sobre primaveras... Pois eu desejaria saber ensinar a solidariedade a quem nada sabe sobre ela. O mundo seria melhor. Mas como ensiná-la? Será possível ensinar a beleza de uma sonata de Mozart a um surdo? Como? - se ele não ouve. E poderei ensinar a beleza das telas de Monet a um cego? De que pedagogia irei me valer para comunicar cores e formas a quem não vê? Há coisas que não podem ser ensinadas. Há coisas que estão além das palavras. Os cientistas, filósofos e professores são aqueles que se dedicam a ensinar as coisas que podem ser ensinadas. Coisas que podem ser ensinadas são aquelas que podem ser ditas. Sobre a solidariedade muitas coisas podem ser ditas. Por exemplo: acho possível desenvolver uma psicologia da solidariedade. Acho também possível desenvolver uma sociologia da solidariedade. E, filosoficamente, uma ética da solidariedade... Mas os saberes científicos e filosóficos da solidariedade não ensinam a solidariedade, da mesma forma como a crítica da música e da pintura não ensina às pessoas a beleza da música e da pintura. A beleza é inefável; está além das palavras. Palavras que ensinam são gaiolas para pássaros engaioláveis. Os saberes, todos eles, são pássaros engaiolados. Mas a solidariedade é um pássaro que não pode ser engaiolado. Ela não pode ser dita. A solidariedade pertence a uma classe de pássaros que só existem em vôo. Engaiolados, esses pássaros morrem. A beleza é um desses pássaros. A beleza está além das palavras. Walt Whitman tinha consciência disso quando disse: "Sermões e lógicas jamais convencem. O peso da noite cala bem mais fundo em minha alma..." Ele conhecia os limites das suas próprias palavras. E Fernando Pessoa sabia que aquilo que o poeta quer comunicar não se encontra nas palavras que ele diz: ela aparece nos espaços vazios que se abrem entre elas, as palavras. Nesse espaço vazio se ouve uma música. Mas essa música - de onde vem ela se não foi o poeta que a tocou? Não é possível fazer uma prova colegial sobre a beleza porque ela não é um conhecimento. E nem é possível comandar a emoção diante da beleza. Somente atos podem ser comandados. Ordinário! Marche!", o sargento ordena. Os recrutas obedecem. Marcham. À ordem segue-se o ato. Mas sentimentos não podem ser comandados. Não posso ordenar que alguém sinta a beleza que estou sentindo. O que pode ser ensinado são as coisas que moram no mundo de fora: astronomia, física, química, gramática, anatomia, números, letras, palavras. Mas há coisas que não estão do lado de fora. Coisas que moram dentro do corpo. Enterradas na carne, como se fossem SEMENTES À ESPERA... Sim, sim! Imagine isso: o corpo como um grande canteiro! Nele se encontram, adormecidas, em estado de latência, as mais variadas sementes - lembre-se da estória da Bela Adormecida! Elas poderão acordar, brotar. Mas poderão também não brotar. Tudo depende... As sementes não brotarão se sobre elas houver uma pedra. E também pode acontecer que, depois de brotar, elas sejam arrancadas... De fato, muitas plantas precisam ser arrancadas, antes que cresçam. Nos jardins há pragas: tiriricas, picões... Uma dessas sementes tem o nome de "solidariedade". A solidariedade não é uma entidade do mundo de fora, ao lado de estrelas, pedras, mercadorias, dinheiro, contratos. Se ela fosse uma entidade do mundo de fora ela poderia ser ensinada. A solidariedade é uma entidade do mundo interior. Solidariedade nem se ensina, nem se ordena, nem se produz. A solidariedade, semente, tem de nascer. Veja o ipê florido! Nasceu de uma semente. Depois de crescer não será necessária nenhuma técnica, nenhum estímulo, nenhum truque para que ele floresça. Angelus Silésius, místico antigo, tem um verso que diz: " A rosa não tem por quês. Ela floresce porque floresce." O ipê floresce porque floresce. Seu florescer é um simples transbordar natural da sua verdade. A solidariedade é como o ipê: nasce e floresce. Mas não em decorrência de mandamentos éticos ou religiosos. Não se pode ordenar: "Seja solidário!" Ela acontece como simples transbordamento. Da mesma forma como o poema é um transbordamento da alma do poeta e a canção um transbordamento da alma do compositor... Disse que solidariedade é um sentimento. É esse o sentimento que nos torna humanos. É um sentimento estranho - que perturba nossos próprios sentimentos. A solidariedade me faz sentir sentimentos que não são meus, que são de um outro. Acontece assim: eu vejo uma criança vendendo balas num semáforo. Ela me pede que eu compre um pacotinho das suas balas. Eu e a criança - dois corpos separados e distintos. Mas, ao olhar para ela, estremeço: algo em mim me faz imaginar aquilo que ela está sentindo. E então, por uma magia inexplicável, esse sentimento imaginado se aloja junto aos meus próprios sentimentos. Na verdade, desaloja meus sentimentos, pois eu vinha vindo, no meu carro, com sentimentos leves e alegres, e agora esse novo sentimento se coloca no lugar deles. O que sinto não são meus sentimentos. Foi-se a leveza e a alegria que me faziam cantar. Agora, são os sentimentos daquele menino que estão dentro de mim. Meu corpo sofre uma transformação: ele não é mais limitado pela pele que o cobre. Expande-se. Ele está agora ligado a um outro corpo que passa a ser parte dele mesmo. Isso não acontece nem por decisão racional, nem por convicção religiosa e nem por um mandamento ético. É o jeito natural de ser do meu próprio corpo, movido pela solidariedade. Acho que esse é o sentido do dito de Jesus que temos de amar o próximo como amamos a nós mesmos. Pela magia do sentimento de solidariedade o meu corpo passa a ser morada do outro. É assim que acontece a bondade. Mas fica pendente a pergunta inicial: como ensinar primaveras a gelos e areias? Para isso as palavras do conhecimento são inúteis. Seria necessário fazer nascer ipês no meio dos gelos e das areias! E eu só conheço uma palavra que tem esse poder: a palavra dos poetas. Ensinar solidariedade? Que se façam ouvir as palavras dos poetas nas igrejas, nas escolas, nas empresas, nas casas, na televisão, nos bares, nas reuniões políticas, e, principalmente, na solidão... O menino me olhou com olhos suplicantes. E, de repente, eu era um menino que olhava com olhos suplicantes...



PLANEJAMENTO DE ATIVIDADE PRESENCIAL COM EMPREENDIMENTOS ECONÔMICOS SOLIDÁRIOS DE SÃO CARLOS-SP SOBRE O CIRANDAS

6 de Dezembro de 2013, 19:31, por Marco Aurélio Maia Barbosa de Oliveira Filho - 33 comentários

Objetivo Geral

Fomentar a interação em rede e troca de informações entre atores do movimento da Economia Solidária em São Carlos, bem como possibilitar que empreendimentos econômicos solidários da cidade divulguem e comercializem seus produtos e serviços por meio da rede social Cirandas.

 

Objetivos específicos

- Divulgar o Cirandas;

- Fortalecer a rede social Cirandas enquanto espaço de articulação, trocas de experiências, de informações, e de divulgação e comercialização de produtos e serviços oferecidos por empreendimentos econômicos solidários;

- Fomentar a articulação em rede entre as pessoas ligadas ao movimento da Economia Solidária;

- Divulgar oportunidade de divulgação e comercialização de produtos e serviços de empreendimentos econômicos solidários do município de São Carlos-SP.

 

Público alvo

Membros de empreendimentos econômicos solidários e demais pessoas envolvidas com o movimento da Economia Solidária em São Carlos-SP.

 

Local e infraestrutura

Núcleo Multidisciplinar e Integrado de Estudos, Formação e Intervenção em Economia Solidária da Universidade Federal de São Carlos (NuMI-EcoSol/UFSCar) ou Centro Publico de Economia Solidária de São Carlos “Herbert de Souza – Betinho”. Ambos os locais possuem computadores com acesso à internet. Enquanto que a vantagem da utilização do espaço do NuMI-EcoSol para realização da atividades é a maior oferta de materiais, como quadro, cartolinas etc., a localização do Centro Publico de Economia Solidária, na região central da cidade, pode ser um aspecto facilitador para a participação das pessoas.

 

Materiais Necessários

Computadores com acesso à internet; Datashow; Materiais didáticos (sobre Economia Solidária e sobre o Cirandas); Quadro, ou lousa, ou cartolina, e canetas esferográficas.

 

Parcerias

NuMI-EcoSol, Fórum Municipal de Economia Solidária (FMES São Carlos), Conselho Municipal de Economia Solidária (COMESOL) e Departamento de Apoio à Economia Solidária (DAES).

 

Conteúdos

- Breve apresentação da Economia Solidária e de alguns conceitos principais (Autogestão, Redes, Controle Social etc.);

- Redes Sociais (papel das redes, oportunidades etc.);

- Cirandas: apresentação da plataforma e de todas suas funcionalidades (acesso à informações diversas, tais como eventos, cursos e formações, articulações, amizades, divulgação dos empreendimentso e produtos, comercialização etc.) e utilização dos recursos na prática (gerenciamento de perfil pessoal e do empreendimento, busca de informações, comercialização e aquisição de produtos e serviços etc.).

 

Plano

A divulgação da atividade e inscrição dos participantes acontecerá nas reuniões do FMES, do COMESOL e mediante visita aos empreendimentos, no caso daqueles que não estiveram presentes nas reuniões citadas.

As atividades serão desenvolvidas em dois módulos, sendo que cada um terá de duas a três horas de duração.

No primeiro módulo acontecerá breve apresentação da Economia Solidária e de alguns conceitos principais, e o Cirandas será apresentado aos participantes. Ao fim desta apresentação os participantes criarão um perfil individual, e ficarão com a tarefa de navegar no Cirandas, de explorar suas funcionalidades, até o dia de realização do segundo módulo. O ideal é que entre o primeiro e o segundo módulo tenhamos um intervalo de no mínimo dois dias e no máximo uma semana. No início do segundo módulo os participantes poderão tirar possíveis dúvidas que tenham surgido, e será feita uma conversa sobre a impressão que tiveram do Cirandas. Em seguida focaremos na questão dos empreendimentos, como criar página, divulgar os produtos/serviços, comercializar, manter a página atualizada etc.

 

Avaliação

 

A avaliação acontecerá de forma contínua, com o intuito de tentar sanar todas as dúvidas que forem surgindo. Após o término do curso, será criado um canal de diálogo, trocas de experiências e informações entre os participantes e o facilitador, de modo a sanar dúvidas futuras e a propiciar um ambiente de cooperação e autoajuda. Este espaço pode estar dentro do Cirandas ou acontecer em determinado momento das reuniões do Fórum Municipal, por exemplo. 



É possível fazer um comércio eletrônico justo e solidário?

25 de Novembro de 2013, 17:24, por Marco Aurélio Maia Barbosa de Oliveira Filho - 0sem comentários ainda

Sobre a pergunta do título, minha resposta é: por que não?

De acordo com Paul Singer, secretário da SENAES (Secretaria Nacional de Economia Solidária) desde sua criação, em 2003, e um dos principais teóricos da Economia Solidária no Brasil, todas as atividades economicas podem, a priori, ser organizadas de forma solidária. Deste modo o comércio, compreendido enquanto atividade econômica vinculada ao campo da distribuição, também pode ser organizado de forma solidária. A modalidade de comércio eletrônico é uma forma que surge para facilitar a aquisição de produtos por parte de consumidores, que podem acessar produtos de diferentes locais sem a necessidade de deslocamento. Para o capitalismo o comércio eletrônico significa, tão somente, uma grande oportunidade de ampliar as vendas, oferecendo aos consumidores maiores facilidades para comprar. Para não ser unicamente uma ferramenta que visa ampliar as vendas, o comércio eletrônico desenvolvido por empreendimentos econômicos solidários não podem deixar de lado os princípios da Economia Solidária; aliás, os princípios balizadores destra outra economia devem estar presentes no dia a dia dos empreendimentos, nas formas de relacionamento entre seus membros, com outros empreendimentos, com os consumidores, com o poder público, com a natureza etc. O comércio eletrônico, utilizado como meio de potencializar a aproximação entre empreendedores e consumidores mediante a divulgação e distribuição de produtos, quando realizado levando em consideraçõe os princípios da Economia Solidária pode sim ser feito de forma justa e solidária. Quando digo sobre levar em consideração dos princípios, quero dizer que a transparência nas informações e na relação entre as pessoas deve estar sempre presente; a obtenção de ganhos econômicos não deve ser a única motivação quando da prática do comércio eletrônico; a confiança e a compreensão devem estar presentes; o valor do produto ou do serviço deve ser formulado a partir do preço justo, e asism por diante. Maior aproximação entre as pessoas, relações sociais mais fortes, de confiança, podem ser mais dificilmente estabelecidas no comércio eletrônico, uma vez que o contato face a face não existe, no entanto, esta dificuldade pode ser contornada quando o princípio da transparência é fielmente assumido pelo empreendimento, fornecendo informações completas e fidedignas aos consumidores, por isso a grande importância de os empreendimentos completarem e manterem atualizadas todas as informações relacionadas ao empreendimento, aos produtos e às formas de compra, para que uma relação de confiança possa ser estabelecida entre as partes.



As possibilidades do Cirandas

7 de Novembro de 2013, 18:47, por Marco Aurélio Maia Barbosa de Oliveira Filho - 22 comentários

Nos últimos anos temos presenciado, tanto aqui no Brasil quanto em outras partes do mundo, o poder das redes sociais na circulação de informações e em mobilizar pessoas para atividades as mais diversas. Hoje em dia as pessoas marcam encontros, amigos combinam atividades, grupos reuniões, cidadãos protestos, e por aí vai. A vantagem da comunicação instantânea, de longo alcance e a facilidade de acesso, tendo em vista a larga difusão da internet, fazem das redes sociais ferramentas fundamentais para qualquer grupo de pessoas que luta para transformar a sociedade. A primavera árabe e as manifestações de junho no Brasil são bons exemplos da capacidade de mobilização das redes sociais. Quanto mais contato vou tendo com o Cirandas, mais vou me conscientizando das possibilidades presentes nesta ferramenta para fortalecer o movimento da Economia Solidária. Já há algum tempo venho utilizando o facebook, que é provavelmente a rede social mais ampla e conhecida do mundo hoje em dia, e, além de amigos e familiares, sempre procuro adicionar pessoas ou grupos ligados ao movimento da Economia Solidária e demais movimentos contra-hegemônicos, de contestação capitalista, pois, desta forma, meu feed de notícias sempre apresentará algo interessante. O mais legal no Cirandas é que todos meus amigos e todas as notícias que circulam na rede tem associação direta com a Economia Solidária e, assim, sempre trazem algo interessante. Espero que um dia eu abra mão do facebook, como já aconteceu com o orkut, e tenha o Cirandas como rede social principal.