Data: 19 de setembro de 2014
Ontem dia 18 de setembro de 2014, a pedido do Ministério Público da Comarca de Caldas a equipe técnica da Fundação Jardim Botânico de Poços de Caldas juntamente com a Polícia de Meio Ambiente, esteve na Serra da Pedra Branca, Caldas, MG, visitando uma possível futura frente de lavra de granito.
A visita se deu devido a denuncias de supressão irregular de vegetal nativa, em especial vegetação rupestre. Ao chegarmos ao local logo constatamos as irregularidades; muitas bromélias e orquídeas entre outras que foram criminosamente suprimidas das aflorações rochosas e covardemente escondidas em valas, debaixo dos fragmentos florestais ao redor e atrás de pedras. É imensurável o tamanho do prejuízo, calculamos que o volume encheria mais de um caminhão basculante.
Mas os absurdos não param por aí, também foram suprimidas grande parte da vegetação arbórea, coincidentemente espécies raras e ameaçadas de extinção como o Handroanthus albus (ipê-da-serra) e o Cedrela fissilis (cedro rosa), aliás a lista de vegetação ameaçada de extinção analisando a Lista Vermelha de 2013 e a lista ameaçada de Minas Gerais é grande, destaque para Sinningia striata, Mandevilla venulosae, a endêmica Alstroemeiria variegata e a Phlegmariurus regnellii, sendo esta última criticamente ameaçada de extinção.
O mais vergonhoso é que inocentemente houve a tentativa ridícula e frustrada de esconder os exemplares arbóreos suprimidos em baixo de pedras, folhas secas e por soterramento, talvez não tão ridículo, pode ser que o que vemos seja apenas a ponta do iceberg.
Diante do que vi e o pouco que entendo me pergunto: o quanto é importante economicamente o granito para o município? Será que o granito é um bem tão essencial assim, para aceitarmos tamanho desrespeito com a flora e a fauna, incluindo a fauna humana? Se sim, será que é tão difícil assim seguir o que pede a legislação brasileira e fazer os tramites da maneira correta?
O laudo será enviado. Esperamos por justiça.
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Área de possível frente de lavra |
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A área é topo de morro . |
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ipê-da-serra, está entre as espécies ameaçadas de extinção, havia no local uma grande população. |
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Mandevilla venulosa, outra espécie na lista de espécies ameaçadas de extinção. |
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Algumas da plantas removidas do local |
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bromélias removidas das aflorações rochosas dentro da frente de lavra. |
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Mais vegetação nativa suprimida. |
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Tronco de ipê-da-serra |
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Somente ipê-da-serra foram 45 indivíduos, lembrando que a árvore encontra-se ameaçada de extinção. |
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Bulbo de Mandevilla sp. |
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Grande parte dos troncos da vegetação estava escondido em baixo de gramíneas e rochas. |
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Árvore de grande porte que foi suprida da local. |
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Todas essas aflorações eram recobertas por bromélias, orquídeas e outras plantas rupestres. |
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Esta cerca divide a frente de lavra, veja a diferença da vegetação na área externa, tudo o que havia dentro foi criminosamente suprimido. |
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É imensurável o tamanho do prejuízo ambiental. |
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tentativa ridícula de esconder um tronco de árvore em baixo de uma pedra. |
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Outra tentativa frustada. |
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Encontramos no local uma cascavel de grande porte, a pergunta é o que acontecerá com ela? (essa é sua pele que havia acabado de trocar, não deu tempo de fotografa-la) |
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Alstroemeria variegata, planta endêmica da região. |
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Balaio usado para transportar a vegetação suprimida, veja as bromélias e orquídeas suprimidas, infelizmente a fotografia não mostra a dimensão do estrago, já que uma valeta inteira foi preenchida com as plantas removidas. |
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Remoção de terra |
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Vegetação nativa suprimida |
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