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Vive dentro de mim a mulher.....

12 de Janeiro de 2009, 22:00 , por Desconhecido - | 1 pessoa seguindo este artigo.

Livro: O que é Feminismo - Introdução

24 de Setembro de 2012, 21:00, por Shirlei Aparecida Almeida Silva - 2727 comentários

Queridas todas,

 

Segue abaixo uma apresentaçãod e um livro, ja velhinho (85), mas que traz uma introdução ao feminismo. Eu gosto dele e acho uma boa leitura para iniciar a conversa com grupos pequenos.

Segue abaixo a apresentação do mesmo...

 

Shirlei

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O QUE É FEMINISMO - Introdução

 
 
Branca Moreira Alves
Jacqueline Pitanguy
Editora brasiliense, 1985
                   È difícil estabelecer uma definição precisa do que seja feminismo, pois este termo traduz todo um processo que tem raízes no passado, que se constrói no cotidiano, e que não tem um ponto predeterminado de chegada. Como todo processo de transformação, contém contradições, avanços, recuos, medos e alegrias.

                   O feminismo ressurge num momento histórico em que outros movimentos de libertação denunciam a existência de formas de opressão que não se limitam ao econômico. Saindo de seu isolamento, rompendo seu silêncio, movimentos negros, de minorias étnicas, ecologistas, homossexuais, se organizam em torno de sua especificidade e se completam na busca da superação das desigualdades sociais. Esta complementação não implica em uma fusão de tais movimentos, que mantêm a sua autonomia e suas formas próprias de organização. Entretanto, não são movimentos desvinculados entre si, pois as fontes da discriminação não são isoladas. Existem, nesse sentido, conexões significativas entre tais movimentos, que se somam na busca de uma nova sociedade.
                   Ao afirmar que o sexo é político, pois contém também ele relações de poder, o feminismo rompe com os modelos políticos tradicionais, que atribuem uma neutralidade ao espaço individual e que definem como política unicamente a esfera pública, “objetiva”. Desta forma, o discurso feminista, ao apontar para o caráter também subjetivo da opressão, e para os aspectos emocionais da consciência, revela os laços existentes entre as relações interpessoais e a organização política pública.
                   Conscientizando do fato de que as relações interpessoais contêm também um componente de poder e de hierarquia (homens versus mulheres, pais versus filhos, brancos versus negros, patrões versus operários, hetero versus homossexuais, etc.), o feminismo procurou, em sua prática enquanto movimento, superar as formas de organização tradicionais, permeadas pela assimetria e pelo autoritarismo. Assim, o movimento feminista não se organiza de uma forma centralizada, e recusa uma disciplina única, imposta a todas as militantes. Caracteriza-se pela auto-organização das mulheres em suas múltiplas frentes, assim como em grupos pequenos, onde se expressam as vivências próprias de cada mulher e onde se fortalece a solidariedade. Os pontos de vista e as iniciativas são válidos não porque se originem de uma ordenação central, detentora de um “monopólio da verdade”, mas porque são fruto da prática, do conhecimento e da experiência específica e comum das mulheres.
                   Isto não significa que o feminismo não tenha uma organização. Esta se manifesta nos grupos feministas que se mobilizam em torno da promoção de cursos, debates, pesquisas, campanhas, na formação de centros, editoras, clínicas de saúde, SOS, Casas da Mulher, manifestações culturais e as múltiplas outras formas de expressão e prática do movimento. Entretanto, o feminismo não é apenas o movimento organizado, publicamente visível. Revela-se também na esfera doméstica, no trabalho, em todas as esferas em que mulheres buscam recriar as relações interpessoais sob um prisma onde o feminino não seja o menos, o desvalorizado.
                   O feminismo busca repensar e recriar a identidade de sexo sob uma ótica em que o indivíduo, seja ele homem ou mulher, não tenha que adaptar-se a modelos hierarquizados, e onde as qualidades “femininas” ou “masculinas” sejam atributos do ser humano em sua globalidade. Que a afetividade, a emoção, a ternura possam aflorar sem constrangimentos nos homens e serem vivenciadas, nas mulheres, como atributos não desvalorizados. Que as diferenças entre os sexos não se traduzam em relações de poder que permeiam a vida de homens e mulheres em todas as suas dimensões: no trabalho, na participação política, na esfera familiar, etc...
                   Para a realização desta proposta não existem respostas prontas, acabadas. Estas se constroem na reflexão e na prática deste movimento recente e vivo, cujos rumos se orientam a partir da experiência coletiva que se acumula a cada momento.
                   Neste trabalho procurou-se, em simples pinceladas, recuperar a presença da mulher na história, traçando-se um esboço de sua condição e de suas lutas, pouco estudadas pelas ciências sociais. De fato, a mulher tem sido uma parte silenciosa da memória social, ausente dos manuais escolares e dos registros históricos. Neste esboço, à procura de um passado silenciado, abordou-se a condição da mulher na Grécia e em Roma, na Gália e na Germânia, na Idade Média e no Renascimento.
                   Buscou-se também registrar as primeiras vozes femininas de insurreição, assim como o sufragismo e as formas contemporâneas de organização do feminismo, suas reivindicações e seus objetivos.


CONVERGÊNCIAS PARA UM MUNDO SEM VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES

24 de Setembro de 2012, 21:00, por Shirlei Aparecida Almeida Silva - 0sem comentários ainda

 

Queridas este texto foi disponibilizado pela Graciete. É um bom documento e podemos dialogar sobre ele.

Shirlei

 

CONVERGÊNCIAS PARA UM MUNDO SEM VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES

Há milhares de anos vivemos em uma sociedade em que os homens exercem poder sobre as mulheres, o que define relações de desigualdade e opressão. Esse poder masculino, que chamamos de patriarcal, não é algo natural, ou que sempre foi assim, mas foi construído e tem como base uma forma específica de divisão do trabalho articulada a uma construção de valores, de símbolos e representações do masculino como superior ao feminino.

Uma das expressões mais duras dessas relações de poder é a violência que as mulheres sofrem pelo fato de serem mulheres, exercida pelos homens. Esta violência é um instrumento de dominação dos homens sobre as mulheres e parte do princípio de que as mulheres são consideradas coisas e objetos de posse dos homens. Sendo instrumento de dominação, todas as mulheres são possíveis vítimas e têm a violência presente em suas vidas, como realidade, ameaça ou como possibilidade constante. Seja na sexualidade marcada pela violência (real ou possibilidade de estupro), como nas humilhações, xingamentos, piadas agressivas, enfim. É um domínio exercido através do medo, do constrangimento, da agressão verbal e da agressão física, individualmente ou como grupo.

Uma das grandes mudanças trazidas pela luta das mulheres e pelo feminismo foi a denúncia dessa violência e a construção de uma visão de que isso não é algo do mundo privado e que deve ser discutida. O feminismo mostrou que ela é fruto de uma injustiça, fere a dignidade das mulheres e que deve ser denunciada e punida como um crime. Dessa forma, deixou de ser considerada natural e parte do destino das mulheres e passou a ser compreendida como resultado das relações de poder dos homens sobre as mulheres.

Embora ainda nem todas as formas de violência tenham o mesmo reconhecimento, muitas expressões da violência continuam sendo consideradas algo natural e parte do destino das mulheres, em particular as formas de violência psicológica e um processo cotidiano de controle e cerceamento da liberdade das mulheres. 

Em geral se reconhece o espancamento, algumas modalidades de estupro, assassinatos, mas não ocorre o mesmo com a desqualificação cotidiana, o assédio, etc. É comum também uma forte crítica às mulheres que sofrem violência doméstica e não conseguem romper com a relação, com exceção de quando a mulher é extremamente vulnerável. Há ainda pouca compreensão de que as mulheres que sofrem violência estão em uma relação de opressão e que em geral a destruição da sua autoestima foi parte desse processo que justamente as deixam mais frágeis, vulneráveis e sem capacidade de reagir. Uma das modalidades utilizadas pelos homens violentos é justamente isolar a mulher, impedi-la de manter suas relações de amizade e com a família e, portanto deixando-a muito dependente do marido ou namorado.

Embora seja em casa e com pessoas próximas que ocorra o maior número de casos de violência contra a mulher é importante ressaltar que ela também ocorre nas ruas, nas escolas, nos locais de trabalho, etc.

No Brasil, a partir da ação do movimento de mulheres, a questão da violência se tornou um tema público e houve o crescimento das denúncias de violência o que muitas vezes pareceu que ela estava aumentando. A ação do movimento de mulheres mostrou que a certeza do silêncio das mulheres e impunidade eram dois dos principais mecanismos de manutenção da violência. Por isso o incentivo à auto-organização das mulheres e várias ações de solidariedade foram fundamentais para romper o silêncio e para se travar uma longa luta contra a impunidade.

As políticas públicas propostas pelo movimento de mulheres iniciaram com as delegacias de mulheres para incentivar a denúncia. Nesse mesmo processo houve a luta pela construção de casas abrigos e centros de referência para que fossem espaços de acolhimento para as mulheres vítimas de violência.

Como fruto dessa luta, em 2006 foi instituída a Lei Maria da Penha, que propõe um conjunto de ações para assistir as mulheres e punir ou coibir os agressores. No entanto, sua implantação ainda é muito inicial, bem como existem vários desafios para que o conjunto das mulheres, em particular as que vivem no campo, possam realmente ser assistidas.

Outro desafio é avançar na prevenção à violência, ou seja, impedindo que ela aconteça. Isso exige que a sociedade considere a violência sexista como algo inaceitável e também que as mulheres possam ter autonomia pessoal e econômica para superar as atuais relações baseadas no poder masculino.

As mulheres agricultoras, em sua maioria, não têm autonomia para decidir o que plantar, como plantar e em que local da propriedade plantar.  Muitas ainda são excluídas das suas heranças, pois a terra herdada pela mulher, mesmo que a lei defina outra coisa, muitas vezes é registrada em nome do marido. Muitas não têm autonomia para acessar crédito e outras políticas públicas. Existem denúncias de mulheres que começam a fazer plantios agroecológicos na propriedade e os maridos pulverizam agrotóxicos nas suas plantações para impedir o avanço da atividade geradora de renda.

A assistência técnica às famílias também contribui para a manutenção desta relação de opressão das mulheres, quando desconsidera o trabalho desenvolvido por elas na propriedade, para além da casa e do seu arredor. São comuns os casos em que os/as técnicos/as só conversam com os homens, considerados chefes de família, para a definição dos projetos, mesmo agroecológicos. Ou os casos em que, para as mulheres, são realizadas apenas capacitações para a produção de doces, conservas, compotas, produtos de limpeza etc. Estas capacitações apenas reforçam o papel de subordinação das mulheres no âmbito doméstico, porque normalmente são desarticuladas de estratégias para a organização produtiva das mulheres e de construção da sua autonomia.

A violência contra as mulheres não é agroecológica, não é solidária, não é sustentável, não é justa.  Por isso é fundamental que as redes que estão organizando o Encontro Nacional de Diálogos e Convergências assumam a erradicação da violência contra as mulheres como parte do projeto de construção de um novo modelo de produção e consumo, que deve ter como um eixo fundamental a construção de novas relações humanas baseadas na igualdade.

 

Texto elaborado por Nalu Faria com as contribuições de Sílvia Camurça, Liliam Telles e Beth Cardoso.



Historico: I encontro do GT de gênero do fbes

24 de Setembro de 2012, 21:00, por Shirlei Aparecida Almeida Silva - 0sem comentários ainda

 

 

Queridas, este documento é parte da nossa história. Vamos seguindo e fazendo a nossa diferença.

 

Shirlei

I_Encontro_do_GT_Gênero_do_FBES.pptx



I Encontro do GT de gênero do FBES

24 de Setembro de 2012, 21:00, por Shirlei Aparecida Almeida Silva - 0sem comentários ainda



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por: Cora Coralina Vive dentro de mim uma cabocla velha de mau-olhado, acocorada ao pé do borralho, olhando para o fogo. Benze quebranto. Bota feitiço... Ogum. Orixá. Macumba, terreiro. Ogã, pai-de-santo... Vive dentro de mim a lavadeira do Rio Vermelho. Seu cheiro gostoso d'água e sabão. Rodilha de pano. Trouxa de roupa, pedra de anil. ...