Por Gabriella Pieroni Fotos Sandra Alves
No último dia 21/04 o grupo de agroecologia Terra Viva, articulado pelo CEPAGRO e composto por agricultoras e artesãs, participou da 19a Festa do Queijo e do Mel de Angelina. A festividade foi recuperada pela atual gestão da prefeitura do município após três anos de extinção. As associações e conselhos comunitários das localidades rurais foram então convocadas para montarem seus estandes com produtos e desfilarem na praça central mostrando suas produções culturais.
A iniciativa, batizada de 1ª Festa das Comunidades, teve a intenção oferecer “atrativos gastronômicos e culturais diferenciados, buscando surpreender os participantes com atrações e produtos únicos, que não lhe são oportunizados diariamente”, como consta da proposta elaborada pela prefeitura.
Apesar disto,a festa deste ano mostrou que muito pode ser feito em Angelina neste sentido. O grande público presente surpreendeu os produtores locais que não conseguiram suprir a procura por produtos coloniais. Isto porque, além das comunidades, um grande número de pessoas de outros municípios como Blumenau, Balneário Camboriú e Florianópolis compareceram à festa, desfrutando de um ensolarado domingo de outono. Os alimentos ofertados nas barracas se esgotaram na metade da programação do dia deixando muita gente com água na boca. O queijo foi o primeiro a desaparecer das barracas, revelando a necessidade de viabilização da venda da produção de diversas famílias que necessitam de certificação. Os visitantes também enfrentaram muitas filas e foi necessário fazer reservas para levar para casa o queijo, o mel entre outros produtos coloniais e de estação de Angelina.
O grupo Terra Viva expôs o artesanato com matérias-primas locais, resultado de um processo de capacitação com a formadora em economia solidária Mirian Abe, que também estava presente e juntamente com o agrônomo Javier Bartaburu (CEPAGRO) aproveitaram a oportunidade do evento para levantarem oportunidades de fortalecimento do grupo e da agroecologia na região.
Atuais exemplos únicos da agricultura familiar orgânica de Angelina, Celso e Catarina Gelsleuchter, levaram à festa, mel, frutas e processados de engenho de sua propriedade que é certificada pela Rede Ecovida de Agroecologia. O mel e a farinha artesanal de mandioca, produtos de longa tradição na família, foram os mais desputados. Foi apresentada também a rota de agroturismo da Rede dos Engenhos Artesanais de Farinha da grande Florianópolis, a qual faz parte o engenho da família Gelslechter, situado na localidade do Garcia e movido à roda d’água.
Também estavam presentes Angelita Hames e Elza Hames, atuais representantes dos grupos de artesanato Nosso Espaço e Mães e Amigas de Garcia e Coqueiros. O grupo de agroecologia Terra Viva, junto com a equipe do CEPAGRO foram responsáveis pelo estande da comunidade do Garcia. Durante a festa, o secretário de agricultura do município agendou uma reunião com estas equipes para viabilizar possibilidades de avanço da agroecologia e agricultura familiar no município.
Texto por Gabriella Pieroni;fotos por Mariana Rotili
Na quarta-feira (18/04) aconteceu a primeira oficina de fibras naturais com matérias primas locais em Angelina A atividade envolveu o Grupo Nosso Espaço e Grupo de Mães e Amigas de Garcia e Coqueiros. A artesã Mirian Abe fez uma apresentação sobre os circuitos de comercialização deste tipo de artesanato mostrando tendências e propondo discussões que valorizam estes trabalhos. Após a apresentação os participantes colocaram a mão na massa com práticas que trabalharam a fibra da bananeira no tear, a taboa na produção de esteiras e a taquara na confecção de balaios.
Mirian Abe foi a facilitadora das atividades que contaram com a coordenação de de Celso Gelsleuchter na transmissão de técnicas de balaio e tipitim e das artesãs dos grupos envolvidos que contribuiram com suas experiências na arte da tecelagem.
O momento se revelou uma grande troca de saberes e memórias relacionadas ao passado de subsistência da comunidade, onde esteve muito presente marcas do processo histórico vivenciado por várias gerações desde a colonização.
Esta etapa de oficinas pretende culminar com a exposição dos trabalhos na Feira de Saberes e Sabores do Encontro Ampliado da Rede Ecovida, que deve reunir cerca de 900 agricultores, pesquisadores e técnicos no Centro de Eventos da UFSC entre os dias 28 e 30 de Maio para discutir e vivenciar temas ligados à agroecologia. A participação inédita neste importante evento trouxe novos desafios aos grupos que estão renovando a produção para ganhar o selo da Rede Ecovida nos artesanatos com fibras naturais locais.
As oficinas continuam semanalmente nas sedes dos grupos em Angelina durante todo o mês de Maio.
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