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Livro: O que é Feminismo - Introdução

24 de Setembro de 2012, 21:00 , por Shirlei Aparecida Almeida Silva - 2727 comentários | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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Queridas todas,

 

Segue abaixo uma apresentaçãod e um livro, ja velhinho (85), mas que traz uma introdução ao feminismo. Eu gosto dele e acho uma boa leitura para iniciar a conversa com grupos pequenos.

Segue abaixo a apresentação do mesmo...

 

Shirlei

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O QUE É FEMINISMO - Introdução

 
 
Branca Moreira Alves
Jacqueline Pitanguy
Editora brasiliense, 1985
                   È difícil estabelecer uma definição precisa do que seja feminismo, pois este termo traduz todo um processo que tem raízes no passado, que se constrói no cotidiano, e que não tem um ponto predeterminado de chegada. Como todo processo de transformação, contém contradições, avanços, recuos, medos e alegrias.

                   O feminismo ressurge num momento histórico em que outros movimentos de libertação denunciam a existência de formas de opressão que não se limitam ao econômico. Saindo de seu isolamento, rompendo seu silêncio, movimentos negros, de minorias étnicas, ecologistas, homossexuais, se organizam em torno de sua especificidade e se completam na busca da superação das desigualdades sociais. Esta complementação não implica em uma fusão de tais movimentos, que mantêm a sua autonomia e suas formas próprias de organização. Entretanto, não são movimentos desvinculados entre si, pois as fontes da discriminação não são isoladas. Existem, nesse sentido, conexões significativas entre tais movimentos, que se somam na busca de uma nova sociedade.
                   Ao afirmar que o sexo é político, pois contém também ele relações de poder, o feminismo rompe com os modelos políticos tradicionais, que atribuem uma neutralidade ao espaço individual e que definem como política unicamente a esfera pública, “objetiva”. Desta forma, o discurso feminista, ao apontar para o caráter também subjetivo da opressão, e para os aspectos emocionais da consciência, revela os laços existentes entre as relações interpessoais e a organização política pública.
                   Conscientizando do fato de que as relações interpessoais contêm também um componente de poder e de hierarquia (homens versus mulheres, pais versus filhos, brancos versus negros, patrões versus operários, hetero versus homossexuais, etc.), o feminismo procurou, em sua prática enquanto movimento, superar as formas de organização tradicionais, permeadas pela assimetria e pelo autoritarismo. Assim, o movimento feminista não se organiza de uma forma centralizada, e recusa uma disciplina única, imposta a todas as militantes. Caracteriza-se pela auto-organização das mulheres em suas múltiplas frentes, assim como em grupos pequenos, onde se expressam as vivências próprias de cada mulher e onde se fortalece a solidariedade. Os pontos de vista e as iniciativas são válidos não porque se originem de uma ordenação central, detentora de um “monopólio da verdade”, mas porque são fruto da prática, do conhecimento e da experiência específica e comum das mulheres.
                   Isto não significa que o feminismo não tenha uma organização. Esta se manifesta nos grupos feministas que se mobilizam em torno da promoção de cursos, debates, pesquisas, campanhas, na formação de centros, editoras, clínicas de saúde, SOS, Casas da Mulher, manifestações culturais e as múltiplas outras formas de expressão e prática do movimento. Entretanto, o feminismo não é apenas o movimento organizado, publicamente visível. Revela-se também na esfera doméstica, no trabalho, em todas as esferas em que mulheres buscam recriar as relações interpessoais sob um prisma onde o feminino não seja o menos, o desvalorizado.
                   O feminismo busca repensar e recriar a identidade de sexo sob uma ótica em que o indivíduo, seja ele homem ou mulher, não tenha que adaptar-se a modelos hierarquizados, e onde as qualidades “femininas” ou “masculinas” sejam atributos do ser humano em sua globalidade. Que a afetividade, a emoção, a ternura possam aflorar sem constrangimentos nos homens e serem vivenciadas, nas mulheres, como atributos não desvalorizados. Que as diferenças entre os sexos não se traduzam em relações de poder que permeiam a vida de homens e mulheres em todas as suas dimensões: no trabalho, na participação política, na esfera familiar, etc...
                   Para a realização desta proposta não existem respostas prontas, acabadas. Estas se constroem na reflexão e na prática deste movimento recente e vivo, cujos rumos se orientam a partir da experiência coletiva que se acumula a cada momento.
                   Neste trabalho procurou-se, em simples pinceladas, recuperar a presença da mulher na história, traçando-se um esboço de sua condição e de suas lutas, pouco estudadas pelas ciências sociais. De fato, a mulher tem sido uma parte silenciosa da memória social, ausente dos manuais escolares e dos registros históricos. Neste esboço, à procura de um passado silenciado, abordou-se a condição da mulher na Grécia e em Roma, na Gália e na Germânia, na Idade Média e no Renascimento.
                   Buscou-se também registrar as primeiras vozes femininas de insurreição, assim como o sufragismo e as formas contemporâneas de organização do feminismo, suas reivindicações e seus objetivos.

Categorias

Mulheres, Organização do movimento
Tags deste artigo: feminismo movimentos sociais

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