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12 de Janeiro de 2009, 22:00 , por Desconhecido - | Ninguém está seguindo este artigo ainda.

Muito além do real: Brasil conta com outras 104 moedas

16 de Junho de 2014, 2:08, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Fonte: http://www.em.com.br

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Às vésperas do 20o. aniversário do real, implantado em 1o. de julho de 1994 com missão de pôr fim à galopante inflação da época, boa parte dos brasileiros não sabe que o país conta com outras 104 moedas reconhecidas pelo Banco Central. Trata-se das chamadas moedas sociais, que circulam em regiões limitadas com objetivo de fomentar a economia de áreas carentes. Em Minas Gerais, há três delas: vereda, que ajuda a movimentar o comércio na pacata cidade de Chapada Gaúcha, no Norte do estado; lisa, implantada em 25 bairros carentes de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri; e esmeralda, que impulsiona o varejo de Melo Viana, o maior distrito de Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte.

A economia gerada pelas moedas sociais é o tema da série de reportagens "Muito além do real", que o Em.com publica a partir de hoje. A primeira moeda social do Brasil surgiu no Conjunto Palmeiras, uma área carente em Fortaleza (CE), em 1998, e foi batizada com o nome de Palmas. Dez anos depois, o dinheiro alternativo ao Real já somavam 51 espécies. Atualmente são 104 - aumento de mais de 100% nos últimos seis anos. As moedas sociais, na prática, são implantadas em áreas em que a ausência de agências bancárias prejudica a economia local, pois as pessoas precisam se deslocar a outras regiões para sacar dinheiro e, geralmente, gastam por lá boa parte do Real.

O papel das cédulas sociais é justamente estimular os consumidores a gastarem o dinheiro perto de casa, fomentando a economia local. Para que o dinheiro alternativo seja criado, porém, a comunidade precisa se organizar e montar um banco comunitário, o qual irá abastecer a população com cédulas emprestadas por meio de linhas de crédito sem juro ou com percentual bem abaixo do praticado no mercado.

Já os comerciantes, como estratégia de estimular os moradores a comprarem na vizinhança, concedem descontos - geralmente de até 10% - a quem consumir produtos com a moeda social. De posse do dinheiro alternativo, os lojistas trocam as cédulas no banco comunitário pelo valor correspondente em reais. É esse ciclo que ajuda a movimentar o comércio em regiões carentes: a compra de produtos e serviços por meio das moedas sociais evita que o dinheiro seja gasto em outras localidades, abrindo vagas de trabalho e melhorando o poder aquisitivo das famílias nas áreas menos abastadas.

O sucesso das moedas inspirou o governo federal a criar, em 2005, a Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), e levou os vários defensores da economia solidária a criarem, naquele mesmo ano, a Rede Brasileira de Bancos Comunitários. Um dos responsáveis pela entidade é o cearense João Joaquim de Melo Neto Segundo, o criador da Palmas. "Devemos chegar ao fim de 2014 com 150 moedas sociais", informou.

Ele ajudou na implantação das três moedas sociais em Minas. "Em 2013, (o dinheiro alternativo) movimentou o correspondente a R$ 600 mil", comemora João Joaquim. A cifra pode até parecer pequena, mas serviu como mola para impulsionar a economia de muitos bairros, aglomerados, distritos, quilombos e cidades de pequeno porte. É o que ocorreu com o açougue dos irmãos Marcos Antônio e Marcos Roberto Costa, em Melo Viana, distrito de Esmeraldas que conta com 23 bairros, onde circula a esmeralda, implantada no fim de 2012 e com cédulas de 0,50, 1, 2, 5 e 10.

"Nossas vendas subiram cerca de 20%", calculou Marcos Antônio. "Dependendo do valor da compra, concedemos descontos de até 5%", complementou Marcos Roberto. O responsável pelo banco comunitário de lá, João Lopes do Nascimento, explica que a instituição oferece linha de crédito de até 50 esmeraldas às pessoas físicas: "O valor pode ser pago, sem juros, em até duas vezes". Dona Janielle Carina dos Santos, por exemplo, pegou 20 veredas emprestadas para comprar a merenda que a filha levou para a escola. "Eu estava sem dinheiro e como aqui não há agência bancária, não precisei ir a outro lugar para sacar dinheiro", explica.

Dona Cleonice Ferreira, de 46, também é outra moradora do Melo Viana que sempre recorre às notas de esmeraldas. "Compro botijão de gás com as cédulas, pois o comerciante concede um desconto de 10%. É um percentual bom, né. O botijão, que custa R$ 52, é vendido a R$ 47 esmeraldas. E ainda ganho um prazo para pagar ao banco comunitário". A instituição a que ela se refere foi fundada depois de muitos encontros entre moradores e comerciantes. "Começamos o processo de mobilização em 2010. Em 2011, fizemos vários encontros. Em novembro de 2012, inauguramos o banco comunitário e lançamos a moeda", recorda João Lopes, acrescentando que o nome esmeralda é uma homenagem à cidade.

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Aliás, o que não faltou foi inspiração para os nomes das 104 moedas sociais que circulam no Brasil, como a arco-íris, que circula em bairros de Rio Branco (AC); a tinharé, em Cairu (BA), a sabiá, em Choró (CE); a lisa, em Teófilo Otoni (MG); e a vereda, em Chapada Gaúcha (MG). Essas últimas duas são o tema da reportagem de amanhã. Quem tiver curiosidade em conhecer o nome de outras moedas sociais no país pode acessar o http://www.institutobancopalmas.org/rede-brasileira-de-bancos-comunitarios/.

PALAVRA DE ESPECIALISTA

Virene Roxo Matesco, professora de MBA em Economia da FGV/Faculdade IBS

"A moeda plena, como o real e o dólar, precisa exercer três funções: meio de troca, padrão de referência e reserva de valor. Já as moedas sociais têm finalidade apenas como meio de troca. Elas circulam numa área limitada, sendo uma espécie de convenção entre os moradores. Elas também sofrem com a inflação, pois a âncora delas, no caso do Brasil, é o real. O aumento (de 104%) no número de moedas sociais pode ser entendido, de forma geral, porque a política do Banco Central, no primeiro mandato do ex-presidente Lula, foi estimular o consumo. Depois dessa primeira 'onda', que requer aumento de renda real acima da inflação e crédito farto, a economia desacelerou. O crédito farto reduziu e a inadimplência cresceu. As pessoas se endividaram e passaram a recorrer às moedas sociais, porque o crédito delas não têm juros ou tem juros baixo. Essas pessoas pagam o crédito (nos bancos comunitários) porque sabem que a própria comunidade (moeda social) é a última instância delas. Se elas não forem leais com a comunidade, as portas se fecham.



Ponto Fixo de Economia Solidária é instrumento de geração de trabalho e renda

4 de Junho de 2014, 10:51, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Fonte: http://portalpbh.pbh.gov.br

Já está em atividade o primeiro Ponto Fixo de Economia Solidária de Belo Horizonte, o 'Arte Mostra Solidária', mantido pela Prefeitura, com o apoio de instituições como o Instituto Marista de Solidariedade, a Associação de Amigos do Instituto São Rafael e a ONG Moradia e Cidadania. Instalado no Centro Público de Economia Popular Solidária (Avenida dos Andradas, 367, 2o. andar, Centro), o Ponto Fixo constitui-se em uma inovadora alternativa de geração de trabalho e renda.

Com o objetivo de promover a inclusão social, o modo de produzir, vender, comprar e trocar produtos é cooperativo e aponta para uma nova lógica de desenvolvimento sustentável com geração de trabalho e distribuição de renda. O Ponto Fixo agrega um conjunto de atividades de apoio aos grupos produtivos solidários da capital e da região metropolitana.

Segundo Ivanildo Leite, técnico em Artes e Artesanato da Gerência de Economia Popular Solidária da Secretaria Municipal Adjunta de Trabalho e Emprego, os artesãos que participam do projeto têm assessoramento técnico, exposição e divulgação permanente de produtos e serviços, além da formação em Economia Popular Solidária e Autogestão. "O Ponto Fixo BH prevê a formação em comercialização e gestão coletiva e propõe ao artesão formatos de controle de qualidade, de melhoria do produto e desenvolvimento de design", explica.

Gerente de Economia Popular Solidária, Maria Lucia Silva destacou que o Ponto Fixo é uma demanda antiga. "Esse espaço vai integrar a proposta nacional do projeto de socialização", informa. Segundo ela, o Ponto Fixo agregará o desenvolvimento e a execução de novas estratégias de divulgação, comercialização e marketing, como, por exemplo, a criação de um ambiente virtual e de um sistema de logística para a comercialização eletrônica.

Funcionando das 9h às 17h, o projeto atende hoje 30 empreendimentos, beneficiando diretamente 120 pessoas.