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As mulheres não querem o poder?

8 de Março de 2015, 13:18 , por Débora Nunes - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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Talvez não queiram ESSE poder que está disponível.

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É verdade que há muitos países no mundo nos quais a política é quase interditada às mulheres. Em outros há dificuldades históricas para uma dedicação das mulheres à política tradicional. O propósito desse post, porém, é refletir sobre porque, mesmo depois de décadas de políticas de cotas para que as mulheres sejam candidatas, tanto na Europa quanto no Brasil, o número de parlamentares, presidentas, prefeitas e governadoras ainda é tão pequeno.

A hipótese que coloco em discussão é a de que o poder político disponível, à imagem da sociedade patriarcal, que é concentrado, personalista e baseado na superexposição pública (ou no dinheiro), não atrai a maioria das mulheres. Nem mesmo as que atuam politicamente em outras esferas. Será que processos políticos mais participativos, menos egocentrados, com poder mais distribuído localmente e com responsabilidades coletivas, seriam mais atraentes à alma feminina?

Se olharmos o engajamento delas em associações de bairro, em movimentos de base vinculados ao cuidado ou em dinâmicas sociais mais contemporâneas, com liderança compartilhada, veremos que ali há uma maioria absoluta de mulheres. Ali onde elas podem fazer a diferença na construção do bem-viver ou na manutenção de boas condições de vida, ou onde elas podem partilhar desafios coletivos em uma trama de governança inovadora, ali elas estão.

Mas o que me fez pensar na hipótese desse post não foi a política, mas a ausência quase absoluta de gurus femininos na India.   Fiquei me perguntando porque não há pôsteres imensos de suas excelências iluminadas – com muito respeito por alguns – vestidos de saris femininos... E aí uma potencial guru fêmea, no alto de sua grande maturidade e refinada espiritualidade, respondeu: o verdadeiro poder transformador é interior, está em cada uma e em cada um. O culto à personalidade, só faz esconder essa verdade e não quero servir a esse propósito.

Talvez o que sirva para no mundo espiritual sirva também para a política parlamentar ou para os governos. As mudanças que permanecem são construídas no dia à dia, de baixo pra cima e com responsabilidades horizontais, compartilhadas. As mulheres querem sim fazer política e ajudar o mundo a se tornar mais solidário, mais democrático, mais sustentável, melhor de se viver. Mas a maioria delas – e as estatísticas mostram isso – preferem fazer isso em esferas menos espetaculares e de forma mais coletiva.

 

 


Categorias

Cultura, Política, Mulheres

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