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12 de Janeiro de 2009, 22:00 , por Desconhecido - | 1 pessoa seguindo este artigo.

Bem Viver

25 de Março de 2025, 16:44, por Débora Nunes - 0sem comentários ainda

Sumak kawsay

A expressão indígena andina Sumak Kawsay, que significa Viver Plenamente, tornou-se mundialmente conhecida como “Bem Viver” e expressa uma alternativa ao catastrófico desenvolvimento atual. Ao invés de aumento do PIB, da riqueza individual, do consumo, do sucesso a qualquer preço e da vida em velocidade estonteante, o Bem Viver busca simplesmente estar bem consigo, com os outros e com a Natureza. Talvez seja fácil de dizer e difícil de realizar, particularmente quando se está inteiramente inserido no sistema vigente, sem ver saídas. Mas isso não é uma invenção teórica, é uma prática milenar de vida comunitária e está sendo vivida hoje por milhões de pessoas.

A simplicidade do Sumak Kawsay vem dos seus princípios, que começam na vida cotidiana e acabam por mudar tudo, pois é o próprio sentido da vida, buscando “estar bem” com quem somos, com os que nos rodeiam e com quem nos nutre, a Natureza.  Os treze princípios da busca de equilíbrio são: 1-saber nutrir-se do que é são, 2-saber beber sentindo o fluxo da vida, 3-saber dançar em conexão com o Universo, 4-saber dormir entre um dia e outro, 5-saber trabalhar alegremente, 6-saber estar em silêncio meditativo, 7-saber pensar com a mente e o coração, 8-saber amar e ser amado, 9-saber escutar a si, aos outros e à Mãe Terra, 10-saber falar construtivamente, 11-saber sonhar pra ter uma melhor realidade, 12-saber caminhar sentindo-se acompanhado pelas boas energias e 13-saber dar e receber.

Como é comum nas lógicas indígenas, a passagem de cada ser pelo mundo é vista à longo prazo e o sentido de comunidade é sempre presente. Honrar os bens comuns – sejam eles materiais ou sutis, como a água ou o ar e também os ritos e a cultura, é parte integrante do sentido da vida. Toda essa busca do essencial, desde as coisas mais simples, como os treze princípios, até o vínculo sagrado com a Natureza, dá a vida um sentido de certo e errado, de importante e desimportante, que nos faz buscar a plenitude, naturalmente. O menos é mais e o simples é o caminho.

O Bem Viver se torna político quando expande sua lógica para o sistema econômico que deve ter bases comunitárias e ser orientado pelos princípios de solidariedade, de reciprocidade e de corresponsabilidade.  Tudo isso só sendo possível em processos políticos de participação plena, de decisões compartilhadas. As constituições do Equador e da Bolívia, ao incorporarem a ideia do Bem Viver como base, inauguraram no mundo algo novo: os direitos da Natureza, onde os humanos não são o mais importante, mas mais um elo da Teia da Vida. Esse fazer parte, ao contrário de limitar nossa existência, a dignifica, por nos fazer ser aquilo que é nossa missão: jardineiros/as da vida, cuidadores/as da Terra.

 

Este texto foi publicado pelo "Outras Palavras" https://outraspalavras.net/pos-capitalismo/bem-viver-elemento-para-o-pos-capitalismo/ e pelo site ADITAL, do Instituto HUmanitas da Unisinos https://www.ihu.unisinos.br/categorias/186-noticias-2017/571729-bem-viver-elemento-para-o-pos-capitalismo

 



Ecologia interna: Questionário para a governança do próprio bem-estar

14 de Janeiro de 2025, 15:51, por Débora Nunes - 0sem comentários ainda

                                                      

                                                           Logo esi pt

(A cada pergunta há uma resposta que busca ser a mais favorável à sua saúde e bem estar. Veja como você se encontra em face à pergunta e à resposta proposta, entendendo seu processo de autotransformação como contínuo, cada estado ensejando novo movimento de autogoverno)

 

Para responder, use a escala a seguir:

 

  • ALFA – Observo em mim certa estabilidade e equilíbrio. Há pouco questionamento sobre meu contexto de vida (Alienação ou harmonia?); 
  • BETA – Sinto inquietudes esporádicas e vivo questionamentos sobre meu contexto de vida (Necessidade de ajustes?); 
  • GAMA – Minha inquietação está gerando desconforto, porém meu entendimento da necessidade de mudança é apenas mental e continuo fazendo tudo igual;
  • DELTA – Sinto que estou em um momento de crise e crise e de salto paradigmático para a ação, pois o entendimento já inclui o coração;

 (NA) NOVO ALFA – Alcancei nova estabilidade após transformação. No aprofundamento desta, provavelmente novos desafios aparecerão.

 

1 - Sobre sua saúde física. Numa visão holística da vida, os desconfortos e as doenças são aliados para indicar onde e como você tem que mudar. Essa observação faz parte de sua vida?  

Resp. Sim, compreendo em profundidade e por isso pratico a auto-observação cotidiana do meu corpo (dores, postura, olhos, unhas, pele, digestão, apetite e comportamento geral) e percebo minhas  fragilidades e forças, respeitando-as.

Seu estado atual:________________

 

2 – Sobre a quantidade, qualidade e tipos de alimentos que você consome diariamente:

Resp.  Busco fazer do meu alimento o meu remédio, priorizando frutas, verduras, chás,

cereais integrais e nozes, evitando carnes e produtos industrializados.

Seu estado atual:________________

 

3 – Sobre o acompanhamento dos resíduos corporais como indicadores de sua saúde:

Resp. Estou atenta.o à quantidade, qualidade, horário e ritmo dos meus resíduos (urina, fezes, menstruação, catarro, etc) e tento entender o que eles revelam.

Seu estado atual:________________

 

4 – A coluna vertebral guarda o eixo físico e sutil do seu corpo. Você busca estar alinhado?

A – (  ) Exercito minha postura cotidianamente para fortalecê-la, observo e entendo minhas tendências de desalinhamento e   e estou sempre atento/a para  voltar a alinhá-la;

Seu estado atual:________________

 

5 – Você acompanha a quantidade e qualidade do sono que você tem a cada dia e busca equilibrá-lo?

Resp. Sim, busco dormir em condições favoráveis para uma  boa noite de sono e dormir cotidianamente as horas que meu corpo precisa.

Seu estado atual:________________

 

6 –  O ritmo de atividade e descanso, seja mental ou físico, é uma das chaves da saúde. Você respeita seus limites?

Resp. Busco diminuir o ritmo de minha vida, resistindo às pressões externas e tento equilibrar atividades intelectuais, criativas e físicas com repouso, para equilibrar o Yin-Yang.

Seu estado atual:________________

 

7 – Seu peso é outro indicador de saúde e adequação do seu modo de vida. Como você se encontra?

Resp. Conheço as medidas de normalidade de peso e uso-as como referência. Respeito entretanto, minhas particularidades genéticas e gosto pessoal.

Seu estado atual:________________

 

8 – Seus hábitos de exercícios físicos são parte da descrição de sua relação com seu corpo. Como está você nisso?

Resp. Exercito-me, de preferência ao ar livre, todos os dias, em atividades aeróbicas e de flexibilidade corporal, atentando para a respiração e meu estado de espírito.

Seu estado atual:________________

 

9 – Sobre sua saúde psíquica. A flutuação das emoções é um processo natural da Vida, entretanto existem processos de desalinhamento pessoal que se manifestam por determinadas constância em algumas emoções. Você frequentemente observa como se sente?

Resp. Observo-as sempre e busco curar-me.

Tento olhar minha vida com alguma distância, entendendo que o mundo real é como uma peça de teatro em que cada um.a exerce seu papel. Minhas adequações e inadequações a esse papel são fontes para minhas emoções.

Seu estado atual:________________

 

10 – Os comportamentos cotidianos indesejáveis são indicativos dos aprendizados que restam a cumprir, pois saber e não fazer ainda não é saber. Como você se encontra de modo geral em relação a isso?

Resp. Busco viver segundo o lema de Gandhi, tentando ser o que quero ver no mundo e sabendo que a coerencia entre o que penso, faço e digo é uma fonte de equilíbrio e alegria.

Seu estado atual:________________

 

11 - Sobre as relações interpessoais, que refletem quem você é e impactam em sua qualidade de vida. Você cuida para que suas relações sejam saudáveis?

Resp. Busco cultivar amizades que me apoiem e me façam crescer e tento fazer com que minhas relações familiares sejam enriquecedoras para mim mesma e para os outros, ativando a empatia honrando a ancestralidade. Em meus ambientes de ação social, busco pratica a complementariedade e a cooperação, para que todos ganhem uns com os outros.

Seu estado atual:________________

 

12 – Para o conhecimento tradicional e para inúmeros estudiosos da mente humana, como Jung, os sonhos são reveladores da alma. Você observa seus sonhos?

Resp. Tento lembrar dos meus sonhos cotidianamente e ver suas qualidades (agradáveis, desagradáveis, pesadelos, inexistencia de sonhos, etc.). Quando possível, tento descrevê-los por escrito, buscando entendê-los no imediato e em seu encadeamento no longo prazo.

Seu estado atual:________________

 

13 – Você percebe a relação entre a aparência e organização do seu entorno íntimo e sua vida interior e busca atuar nesse campo?

Resp. Sim, busco manter meus ambientes de vida organizados. Como entendo que tudo está interligado, busco utilizar a organização externa como ajuda para meu desenvolvimento pessoal e inspirar nesse alinhamento para fazer mudanças no meu entorno.

Seu estado atual:________________

 

14 – Sua saúde mental é resultado de uma higiene constante. Você cuida do que alimenta sua mente ?

Resp. Evito excesso de informações negativas, preocupações e pensamento excessivo, assim como pessoas e situações que me estressam e consomem minha energia mental e espiritual.

Seu estado atual:________________

 

15 - As atividades que voce exerce no dia à dia alimentam ou depauperam seu organismo. Com está seu alinhamento pessoal nesse campo?

Resp. Busco que meu trabalho/estudo e minhas atividades diárias em geral estejam alinhadas ao que é minha missão no mundo (sankalpa). Tenho constantemente um sentimento de utilidade pessoal/profissional, sinto-me livre e com a possibilidade de criar meu destino com alegria.

Seu estado atual:________________

 

16 – Sua relação com seu próprio futuro pode ser uma fonte de bem estar ou tristeza. Como está isso?

A – (  ) Sinto-me tranquilo.a pois tenho clareza acerca do meu processo de evolução pessoal e meus planos futuros incluem a alegria da coerencia cada vez maior entre o que sou e o que quero ser, favorecendo uma velhice em paz. Percebo que sutilizo cada vez mais minha energia pessoal e com isso contribuo para a paz no mundo.

Seu estado atual:________________

 

17 - Sobre sua saúde espiritual. Você incorpora no seu dia à dia tempo para estar em contato com a dimensão sutil de sua existência?

Resp. Tenho pequenos rituais ao longo do dia, relacionados com a dimensão sutil da vida e também tenho uma rotina diária estabelecida de silêncio interior (meditação, contemplação, yoga, etc).

Seu estado atual:________________

 

18 – Os medos obsessivos são o contrário da entrega aos desígnios do Universo, que sabe o que é o melhor pra você no longo prazo e como melhor favorecer seu aprendizado. Você percebe sua relação com seus medos?

Resp. Para mim o medo é ao mesmo tempo o preservador da integridade física e o instrumento da mente para se manter no controle. Observo e busco curar meus medos com mais entrega e confiança, a cada dia.

Seu estado atual:________________

 

19 – Sua relação consigo mesma/o é um dos maiores componentes de seu bem estar. Como está isso ?

Resp. Estou em paz comigo, cultivo minha autoestima com aceitação, perdão e olhar benevolente, ao tempo em que busco ser melhor hoje do que o que era ontem, por mim mesmo e pelo mundo.

Seu estado atual:________________

 

20 – Sobre as marcas que você deixará no mundo quando daqui se for…

Resp. Faço da morte uma aliada, atenta à herança que deixarei e tenho um sentimento de estar no caminho certo, buscando fazer meu melhor e ser parte de grupos que tentam contribuir para um mundo melhor.

Seu estado atual:________________



Ecologia externa: questionário sobre a autotransformação para a sustentabilidade

14 de Janeiro de 2025, 15:30, por Débora Nunes - 0sem comentários ainda

                                                       Logo esi pt

O questionário abaixo é parte da formação da Escola de Sustentabilidade Integral e vai de práticas mais triviais até sua visão de mundo. Ele pode ser útil para qualquer cidadã/o que queira avaliar o estágio em que se encontra rumo à sustentabilidade em sua vida cotidiana. Contabilize seu resultado no final e planeje sua transição para uma vida mais ecológica, com "Coerência e Alegria"

1 – Você costuma separar seu lixo de acordo com os materiais?

A – (  ) Sim, em minha casa separo cada material (vidro, metal, papel e plástico) que levo para reciclagem e faço compostagem do lixo orgânico;

B – (  ) Separo o lixo orgânico do reciclável, tento reciclar uma parte e entrego à maioria à coleta municipal;

C – (  ) Gostaria de fazer, mas ainda não consegui me organizar para isso;

2 – Sobre sua relação com a água, e o nível de consciência com o qual você usa esse bem:

A – (  ) Conheço o meu consumo de água, em Litros por dia, e diminuí o mesmo tanto no banho, quanto na escovação dos dentes, na lavagem de pratos e roupas e nunca desperdiço água;

B – (  ) Evoluí significativamente em relação ao consumo de água para higiene pessoal, uso roupas por mais tempo, mas sei que posso melhorar;

C – (  ) Percebo a importância e o simbolismo da mudança desse aspecto, mas ainda não consegui uma real transformação;

3 - Em relação ao consumo de energia elétrica, em que pé está sua consciência e ação?

A – Avaliei o meu consumo de energia em kWh por mês, evito banhos frequentes, demorados e muito quentes, não deixo lâmpadas e aparelhos ligados sem uso nem em casa nem no trabalho, etc., ou seja, não desperdiço;

B – (  ) Observo que já evoluí na conscientização, mas estou em processo de mudar meus hábitos;

C – (  ) Quando estou em contato com pessoas, textos, etc., que tratam da sustentabilidade, sinto-me envolvido, mas ao voltar ao cotidiano, esqueço.

 4 – Sobre a compra de roupas, sapatos e acessórios:

A – (  ) Compro itens novos para repor os que estão imprestáveis e priorizo o conserto e a reforma dos mesmos;

B – (  ) Compro de vez em quando para repor, para ter mais opções e sentir-me renovado (a);

C – (  ) É importante para mim estar em sintonia com o ambiente em que vivo e renovo meu guarda roupa para manter-me minimamente atualizado/a;

 5 – Sobre como a conexão com o meio natural se manifesta pra você:

A – (  ) Observo sempre a Natureza e geralmente percebo a presença de insetos e pássaros, se as plantas que me cercam estão com sede, a evolução das fases da lua, as pequenas mudanças das estações, o movimento das nuvens e dos ventos, etc.

B – (  ) Quando estou em momentos de lazer e de férias fico muito atento/a ao mundo Natural que me rodeia;

C – (  ) Sou grande admirador/a da Natureza, mas minha relação com o meio natural ainda é pouco explorada;

6 – Sobre como a conexão com seu próprio corpo se manifesta:

A – (  ) Tenho práticas cotidianas de consciência corporal, sejam meditativas ou em movimento, observo o que como e bebo, examino regularmente minha urina e fezes, observo minha relação com o frio e o calor ambiente, percebo as causas de algum mal funcionamento do meu corpo, etc.;

B – (  ) Pratico atividades físicas regularmente, tento ingerir alimentos saudáveis e evitar o que faz mal, mas minha consciência corporal não é contínua;

C – (  ) Minha conexão com meu corpo é, em geral, pouco desenvolvida e tenho pequenos problemas de saúde que não consigo entender os motivos;

7 – Sobre sua pegada ecológica e seu modo de compensar o uso excessivo dos recursos da Natureza:

A – (  ) Faço uma mensuração anual do meu comportamento ecológico, compenso os excessos que cometo plantando árvores e busco educar-me para baixar continuamente minha emissão de CO2;

B – (  ) Já fiz uma mensuração de minha pegada ecológica e implementei medidas para compensá-la, mas essa prática ainda não está inserida em minha vida de forma permanente;

C – (  ) A idéia da mensuração da pegada ecológica e sua compensação ainda não é inteiramente clara para mim;

8 – Em relação à imagem que você tem do seu próprio futuro e da crise climática em andamento:

A – (  ) Estou suficientemente informado/a e consciente sobre a gravidade da situação e me projeto no futuro em uma vida resiliente e ecológica, praticando desde já, na medida do possível, esse estilo de vida;

B – (  ) Embora esteja informado/a e consciente, ainda não consigo ter um projeto pessoal de futuro para conviver com a situação ambiental em degradação;

C – (  ) Evito pensar no assunto, pois ou sinto que as informações disponíveis não são claras ou vejo os problemas como grandes demais e isso me bloqueia;

 9 - Sobre sua relação com a comida e o nível de consciência com o qual você ingere alimentos:

A – (  ) Percebo que alimentar-me é meu gesto mais constante de relação com a Natureza e com o mundo e, por isso, pratico-o conscientemente, ritualmente, fazendo escolhas que respeitem meu corpo e outros seres e honrando quem produziu o alimento;

B – (  ) Diminuí meu consumo de alimentos industrializados, busco comer produtos menos contaminados e evitar carnes, beber mais água e estar atento/a ao meu peso;

C – (  ) Sei da importância daquilo que ingiro tanto para mim quanto para o mundo, mas a força dos hábitos ainda determina largamente minha alimentação;

10 – Sobre a compra e uso de objetos em geral:

A – (  ) Observo o culto social aos objetos e busco comprar apenas o imprescindível, diminuir a quantidade de objetos que já tenho, doando, reciclando ou descartando, e adoto uma vida de mais simplicidade e cuidado e conserto do que tenho e evito desperdícios;

B – (  ) Observo que tenho mais do que preciso e por isso compro cada vez menos, priorizando o conserto e a reforma, uso sacolas reutilizáveis, evito embalagens, etc.;

C – (  ) Percebo o impulso para a compra que revela a formatação que a sociedade impõe e tento lutar contra isso;

11 – Em relação aos meios de transporte que você usa:

A – (  ) Priorizo a caminhada, a bicicleta, a moto ou o transporte público, quando uso carro fico atento ao tipo de combustível utilizado e organizo caronas solidárias e faço compras nas proximidades;

B – ( ) O carro individual ainda é meu principal meio de transporte mas tenho mudado de hábitos para privilegiar percursos mais próximos e assim evitar seu uso;

C – (  ) Observo a insustentabilidade da forma como me desloco, mas ainda não consegui mudar minha rotina;

12 – Sobre a organização e forma de funcionamento de sua casa e os recursos da Natureza utilizados:

A – (  ) Aproveito a iluminação e ventilação naturais, capto energia solar e água de chuva, tenho horta doméstica, faço compostagem, compartilho o uso das instalações da casa e as refeições com outras pessoas para diminuir o impacto ambiental, etc.;

B – (  ) Tenho implantado aos poucos medidas de diminuição do impacto ambiental do meu modo de vida em minha residência, diminuindo o gasto de energia e água, estando atento a diminuir o uso de produtos de limpeza, etc;

C – (  ) Moro em residência convencional e tenho grande dificuldade de implantar um modo de vida mais sustentável;

13 - Sobre seu papel em relação a evolução do nível de consciência das pessoas que o/a cercam e da sociedade em geral:

A – (  ) Tenho engajamento em organizações ou movimentos socioambientais e busco ajudar na conscientização geral através do exemplo; quando posso, tento ajudar pessoas em relação às suas escolhas de vida;

B – (  ) Concentro minha atenção ao meu próprio exemplo e, quando posso, ajudo os próximos em relação às suas escolhas de vida;

C – (  ) Sei da urgência de uma mudança de comportamento da sociedade, em larga escala, mas a força cultural dos hábitos ainda determina largamente minha atuação;

14 - Sobre seu entendimento e práticas em relação à ”ecologia profunda“, ou a sustentabilidade entendida como o respeito ao sagrado da Natureza:

A – (  ) Percebo os elementos (água, terra, fogo e ar) como sagrados e tudo o que me cerca como resultado da generosidade da Natureza. Agradeço em silêncio meditativo o privilégio de partilhar dessa abundância;

B – (  ) Tenho mudado meu comportamento ao estar mais atenta/o à teia da vida em que me insiro, entendendo a interconexão entre tudo e todos, tendo mais respeito e buscando uma maior interiorização;

C – (  ) A vida agitada impede-me de consagrar mais tempo para perceber cotidianamente o milagre da vida;

15 - Sobre o uso do meu tempo e a sustentabilidade:

A – (  ) Percebo meu tempo de vida de forma clara e priorizo seu uso em função de minhas prioridades no curto, médio e longo prazo e de modo a me realizar integralmente como pessoa e ser útil ao mundo;

B – (  ) Tento dividir meu tempo de forma mais equilibrada para permitir maior qualidade de vida, porém o tempo parece me fugir das mãos;

C – (  ) Sinto que o uso do meu tempo é ditado pelo mundo exterior, sem que eu tenha possibilidade de fazer o que realmente queria a cada dia, mês e ano;

  16 - Com relação ao seu tempo de lazer e férias:

A – (  ) Eu geralmente gosto de estar com as pessoas que amo em espaços naturais, de conhecer iniciativas alternativas e conviver com seus animadores e de gastar meu dinheiro na economia local. Se possível, evito usar aviões nas férias, pois são muito poluentes;

B – (  ) Procuro descobrir novas cidades e lugares naturais, onde possa descansar e relaxar. Quando possível, busco apoiar a economia local e participar de ações para proteger o meio ambiente do lugar;

C – (  ) Geralmente eu gosto de ir a lugares onde tudo é bem organizado, onde posso fazer boas compras e depois compartilhar impressões com meus amigos. No entanto, começo a ficar um pouco entediado porque é quase sempre a mesma coisa;

17 - Com relação à forma como você usa seu dinheiro:

A – (  ) Percebo o dinheiro como uma forma de energia que pode reforçar aquilo que quero ver desabrochar no mundo, como a solidariedade e a ecologia. Assim, priorizo gastar no comércio local, em cooperativas, em feiras, com produtos mais sustentáveis e orgânicos e no pagamento de serviços diretamente à pessoas que se nutrem de minha energia. Busco evitar shoppings, produtos estrangeiros e marcas símbolos do consumismo;

B - (  ) Busco gastar meu dinheiro com marcas e prestadores de serviços que são próximos aos meus valores de vida, mas esse gasto ainda não é tão importante no meu orçamento e estou buscando melhorar;

C- (  ) Pra mim ainda é difícil priorizar gastos como uma escolha política. Ainda busco o mais barato, o que é mais prático, ou o que está na moda. A ideia do dinheiro como energia de vida a partilhar ainda está fazendo seu caminho em mim;

18 – Sobre sua vida financeira:

A – (  ) Tenho mais do que preciso, não porque ganhe muito ou pouco, mas porque simplifiquei minha vida a tal ponto que minhas demandas são poucas e posso guardar um pouco de dinheiro para aproveitar as oportunidades. Percebo com clareza que não vale a pena gastar meu tempo principalmente para ganhar dinheiro, pois o tempo é nossa maior riqueza;

B – (  ) Estou no caminho de verificar o custo- benefício de ter um modo de vida que exige mais dinheiro do que o que tenho, ou de focar excessivamente na acumulação de poupança. Minha busca é de simplificar a vida para ser mais feliz;

C – (  ) Minha vida é uma constante preocupação com dinheiro. Por mais que trabalhe, o que tenho nunca é suficiente para pagar as contar ou pra ter uma poupança que me deixe segura/o;

 

Como interpretar o resultado:

Veja quanto vale cada resposta dada por você, some os pontos e veja em que categoria você se encaixa.   A – 1      B – 3     C – 5    

Até 35 pontos: Você demonstrou ser uma pessoa que busca a sustentabilidade e o respeito à Natureza em seus atos cotidianos;

De 31 a 54 pontos: Você demonstrou ser alguém em busca de transformação, que se esforça para ter uma vida sustentável;

Igual ou maior que 55: Você demonstrou que as dificuldades da transformação pessoal ainda estão bloqueando mudanças de hábitos, embora você já se dê conta disso. A sociedade e o planeta precisam que você acelere seu ritmo de engajamento ecológico.

 



Escola de Sustentabilidade Integral: Avançando no caminho da transição

22 de Outubro de 2024, 19:23, por Débora Nunes - 0sem comentários ainda

Débora Nunes


A diferença entre o Módulo I e o Módulo II da Escola de Sustentabilidade Integral é o grau de engajamento do ou da participante na sua transformação pessoal. No Módulo I, as pessoas são convidadas a buscarem maior coerência em sua vida focado na alegria que esta coerência proporciona. Por isto o nome do Módulo é "Coerência e Alegria" e parte de uma relação individual com a coerência, embora os motivos pra esta busca sejam também coletivos, dada a situação do mundo. Assim, são dados às pessoas participantes da ESI as ferramentas da Ecologia Integral: mecanismos de identificação do perfil pessoal em termos das quatro inteligências (Fogo-espírito; Água-emoção; Terra-corpo e Ar-pensamento). São fornecidos formulários de ecologia interior e ecologia exterior que oferecem uma perspectiva de como e em que se transformar, para favorecer a reflexão, e assim entrar no caminho da Transição para uma vida diferente. E o processo de transformação de cada pessoa, segundo suas próprias prioridades, é estimulada na proposta de criação de um Plano de Transição. Tudo isso numa atmosfera amorosa, cúmplice e que favorece as mudanças pessoais, pois cada pessoa sente como se tivesse encontrado uma "tribo" que a escuta e estimula. A ritualização do cotidiano através dos quatro rituais vinculados aos quatro elementos/inteligências favorece uma interiorização quotidiana e um avanço nas percepções e decisões. Estas práticas permitem um contraste entre o que se vive e o que se quer viver de modo amigável consigo mesmo, com firmeza, mas com compaixão com suas dificuldades. As discussões na egrégora do Módulo I ajudam as pessoas a se questionarem e a aceitarem suas dificuldades e a terem a força e a disposição necessárias para as transições em termos de sua vida material, emocional, espiritual e de visão de mundo. Os conteúdos das aulas expositivas estimulam a reflexão e dão inspiração e exemplos práticos para que o Plano de Transição seja construído. O foco na mudança de paradigma e na discussão sobre como o velho paradigma cartesiano vem sendo substituído pelo paradigma integrativo é como um farol para a busca de uma vida coerente e harmônica. E por isto mesmo, alegre.
No Módulo II espera-se que as pessoas estejam em um grau superior de engajamento, até porque elas decidiram continuar na ESI e aprofundar o trabalho de transformar-se para que o mundo possa se transformar. Este visão não é mais apenas um slogan proposto pela ESI; espera-se que seja uma decisão pessoal de quem vem para o Módulo II. O conteúdo priorizado neste Módulo é a História Integral, que busca ser uma chave para ajudar a pessoa a perceber a sua responsabilidade e o seu poder de transformar o mundo. Usando o paradigma quântico para sua formulação, o conceito de História Integral oferece uma base sólida para que cada pessoa seja um território no qual o futuro se constrói. O Módulo II é intitulado Caminhos da Transição pois já não mais opera apenas com um desejo individual de buscar coerência para ter alegria. No Módulo II passa-se também a um compromisso com os outros, com o mundo, com a Natureza, com a História, além de um compromisso consigo mesmo. Assim, aprofunda-se a discussão do Plano de Transição e o desafio agora não é mais saber a direção do caminho pessoal de transformação, mas o enfrentamento das dificuldades que esta transformação exige ao longo do caminho. Assim novos conteúdos inspiradores e demonstrativos de caminhos práticos, mas os mesmos rituais dos quatro elementos, o mesmo ambiente cooperativo, a mesma constante reflexão sobre as escolhas e estilos pessoais se repetem em estímulo a atitudes concretas de transição para uma vida mais pacífica, ecológica, amorosa, coerente. Espera-se que cada pessoa, como adulta responsável e empoderada, identifique mudanças reais em suas vidas e que vão aprofundando o compromisso com avanços que tragam a coerência no seu cotidiano entre o que quer pro mundo e o que pratica, em uma lógica holística, integrativa, quântica. Em termos práticos isto se revela em ações ecológicas de consumo e descarte, de respeito ao próprio corpo, de harmonizações nas relações interpessoais, em integração de momentos de interiorização na vida cotidiana que permitam maior transcendência...Em face dos desafios do mundo, da humanidade, espera-se que cada participante do Módulo II se perceba como pessoa que constrói um mundo diferente aqui e agora e com isto reforça as necessárias mudanças históricas. Sabe-se que há uma diversidade de reações individuais, que há pessoas que mudam mais facilmente o que se refere ao elemento terra, ou água, ou ar ou fogo e tem maiores dificuldades em outros elementos, cada um.a segundo sua individualidade e potencial. E sabe-se também o imenso desafio que é mudar, sobretudo em ambientes conservadores, em meio a uma sociedade que segue a manada, que espera soluções de cima e coloca sempre a culpa no outro, se desresponsabilizando. Ser adulto, governar seu território de vida com as leis e práticas que lhe são éticas, pertinentes, necessárias, exige imensa coragem. Cada um e cada uma de nós sabe o quanto é difícil, mas também o quanto é libertador e alegre este Caminho de Transição. Estamos juntes!



Psicologia yóguica e os perfis psicológicos

12 de Junho de 2024, 10:49, por Débora Nunes - 0sem comentários ainda

Resumo integrativo chacras

Resumo dos perfis pessoais a partir dos Chakras e das Gunas predominantes segundo a psicologia yóguica

 

Débora Nunes

A Psicologia yóguica é uma ciência em plena expansão, com cada vez maior número de interpretações que convergem e se diversificam. A metodologia do dr Vivekananda, traz dez aspectos a observar na evolução dos chakras segundo as gunas: 1) Nosso bem-estar físico; 2) Nossa vitalidade; 3) Nossa identidade; 4) Nossa percepção do mundo; 5) Nossas memórias; 6) Nossos Instintos 7) Nossos pensamentos; 8) Nossa intuição; 9) A qualidade de nossas emoções; 10) Nossos comportamentos. Assim, a cada estágio de desenvolvimento das gunas em cada um dos seis chakras mais “mundanos”  temos determinadas características pessoais. O Sahasara é um centro de energia de contato com a consciência cósmica e assim tem um dinâmica diferente de evolução, em uma dimensão muito mais espiritual do que psicológica.

A partir da observação dos dez aspectos citados acima e das três gunas evolutivas (Tamas, Rajas e Satwa), o método Rishi Vivekananda de psicologia yóguica traz oito padrões de desenvolvimento dos chakras (Tamásico, Tamásico-rajásico, Rajásico-tamásico, Rajásico, Rajásico-Sátivico,  Sátivico-Rajásico, Sátivico e Iluminado). No presente resumo da Psicologia Yóguica, trataremos apenas de três padrões básicos, correndo o risco de simplificações, porém tornando mais acessível a técnica para uma primeira abordagem. Como em todas as dinâmicas da sabedoria yóguica, não há avanço sem prática, assim convida-se a leitora e o leitor a aplicar em si estas características para descobrir seu perfil pessoal em cada chakra (Tamásico, Rajásico, Sátivico) e só depois tentar observar nos demais. Depois deste exercício, evidenciando que estamos sempre em evolução, com altos e baixos, é possível buscar no livro do Dr. Vivekananda, a abordagem mais detalhada dos oito padrões citados acima.

Identificar padrões é apenas o primeiro passo para a cura e a evolução e o yoga oferece técnicas meditativas, ássanas, pranayamas, mudras, bandhas e mantras para este processo, como citado no post anterior. É muito importante lembrar também que mesmo os estágios mais baixos de cada chakra podem ser estimulados à autocura. A plasticidade cerebral, reconhecida desde os anos 1960, mostra que a qualquer idade é possível evoluir, estimulando a neuroplasticidade para se criar percepções e memórias novas, assim como emoções e comportamento mais evoluídos. A observância dos mandamentos dos quatro tipos básicos do yoga (Raja, Karma, Bakti e Janana, a prática dos dos yamas e nyamas, relacionados aos comportamentos cotidianos e as práticas citadas acima, são parte do Yoga lifestyle, ou estilo de vida.

Complementarmente ao sugerido pela Psicologia yóguica do Dr Vivekananda, a técnica de criação da “Flor de mim”, desenvolvida como parte da metodologia da Escola de Sustentabilidade Integral -ESI, pode ser de grande ajuda para clarear as transições que a pessoa deseja fazer em sua vida. Trata-se de quatro mandalas diagnóstico desenhadas por cada pessoa, representando suas forças, fragilidades, ambições e necessidades, segundo suas quatro inteligências (emocional, mental, emocional e física). A “Flor de Mim” significa autoconhecimento e favorece o autogoverno e é baseada no “princípio SWAN”, de Swami Nijaranananda Saraswati, sendo Swan cisne em inglês, um animal que representa a evolução espiritual e cujas letras significam exatamente strenght (força), weakeness (fragilidade), ambitions (ambições) e needs (necessidades).  Outro passo complementar à promoção da harmonia e evolução dos chakras, é a meditação baseada em visualizações criativas que ajudam o processo de ativação de cada chakra.

 

A seguir, a descrição de cada Chakra e suas características evolutiva que podem sempre avançar.

 

O chakra  Mooladara

Palavras chaves: segurança pessoal, proteção

Tamásico: pessoas que vivem o Mooladara neste estágio têm o menor nível de segurança pessoal. Geralmente são pessoas que viveram traumas expressivos que lhes deixam em alerta e com medo, constantemente. Elas percebem o mundo como um lugar perigoso; seus pensamentos, constantemente hipervigilantes, esperam o pior; suas emoções expressam continuamente algum grau de medo e seu comportamento tende a buscar estar no controle de tudo para evitar situações que lhes parecem assustadoras. Em níveis mais evoluídos, como o Tamásico-rajásico ou Rajásico-tamásico, as características podem ser atenuadas e os traumas até serem inconscientes. Assim, tratamento psicoterapêutico para evidenciar os traumas e práticas yóguicas de relaxamento profundo como o Yoga Nidra são essenciais para a cura.

Rajásico: estas pessoas levam em conta sua segurança pessoal de maneira operativa. Percebem o mundo como um ambiente de oportunidades e buscam segurança financeira sem ambição excessiva e apego ao dinheiro (diferentemente da forma tamásica). A amplitude da percepção da segurança das pessoas com Mooladara rajásico incluem as relações, nutrindo os laços com a família e amigos, inclusive em seus empreendimentos, podendo ser bons provedores familiares e grupais, até mesmo de empregos. Outro aspecto do chakra Mooladara, a busca de segurança da espécie, faz com que o perfil rajásico possa relacionar-se com nutrir crianças, suas ou de outrem, de diferentes maneiras. Suas emoções sobre sua segurança pessoal são neutras e suas ações acerca de adquirir segurança monetária são honestas e focadas em si e nos seus.

Sátivico: a percepção do mundo das pessoas com Mooladara Sátivico é de que a prosperidade é a possibilidade de realizar sua missão no mundo e que ela está segura se está trilhando seu correto caminho (swadharma, em yoga). Embora aceitem sua condição de necessitadas de comida, abrigo e proteção física, e trabalhem por estas coisas, estas pessoas sentem-se sempre apoiados pela “graça divina”. Sua confiança se confirma em experiências recorrentes de “coincidências provedoras”: uma pessoa que ajuda na hora certa, um dinheiro que chega quando necessário, um problema que se resolve miraculosamente. Esta condição é difícil de ser percebida por quem não está neste estágio do Mooladara, assim é difícil explicar, mas para quem o experimenta, é uma evidência e gera natural generosidade com as demais pessoas.

Para além da psicologia yóguica do Dr Vivekananda, acrescento que a passagem de modos tamásicos aos rajásicos e até iluminados no Mooladara é favorecida pela conexão direta com a Mãe Terra. Contato com o elemento terra como a agricultura, a cerâmica, a colocação de argila no corpo (ingerida ou em emplastros) tendem a curar inseguranças e fazem crescer a confiança na providência divina e na abundância cósmica. A meditação cotidiana tem o mesmo efeito, particularmente se incluir a harmonização do chakra Mooladara por contração e relaxamento, visualizando uma luz vermelha de empoderamento e equilíbrio em seu papel. A recitação do mantra “Laaam” é recomendada por tradições yógicas ancestrais com a mesma intenção.

 

O chakra Swaddhisthana

Palavras chaves: alegria e sexualidade

Tamásico: pessoas com o Swadhisthana neste nível têm grande dificuldade de encontrar alegria no cotidiano e têm uma vida sexual muito pobre ou inexistente. Sua percepção do mundo é frequentemente negativa, assim como suas memórias mais recorrentes. Assim, sua visão de futuro tende a ser pessimista. Tudo isto tem a ver com uma baixa autoestima e tendências depressivas que podem levar inclusive a tentativas de suicídio. O Dr Vivekananda recomenda vivamente nestes casos as medicações antidepressivas ocidentais, reconhecendo que as técnicas yóguicas ajudam muito após superadas as situações agudas. Em níveis como o Tamásico-rajásico ou Rajásico-tamásico no Swadhisthana, mais evoluídos, observa-se atenuação destas características gerais, mas com tendência a diversos vícios, como busca desta alegria inalcançável. Técnicas de visualização criativa e relaxamento pelo Yoga Nidra são de grande ajuda, assim como ásanas de abertura vibracional.

Rajásico: esta característica no Swadhisthana predispõe as pessoas a verem o mundo de forma mais positiva e proativa e como uma oportunidade de prazeres. Elas buscam isto de muitas formas e tendem a ser bem-humoradas e a se darem momentos de alegria, pequenos ou grandes prazeres coridianos. No campo sexual, têm alta consideração pelo seu ou sua parceira.  A positividade do Rajas, no entanto, tem um problema: a percepção de que a fonte de apreciação da vida vem de fora de si mesmo, o que fragiliza a pessoa nos momentos em que as coisas não acontecem como esperam. A busca da interiorização oportunizada pelas diferentes formas de yoga tende a ser altamente positiva.

Sátivico: O Swadhisthana em estado Sátivico significa que a pessoa tem a alegria em si. Este estado interno de gratidão favorece naturalmente os acontecimentos externos, mas o estado Sátivico não busca a alegria externa pois ele já a encontra interiormente. Observa-se uma alta presença de carisma neste perfil pessoal, pois as pessoas gostam de estar na presença desta “bolha” de positividade e alegria, que vê o lado precioso da Vida todo o tempo, inclusive em quem a cerca. São pessoas inspiradoras, que ensinam os outros a viver melhor.

A plasticidade cerebral pode favorecer a passagem de modos tamásicos e rajásicos ao satívico e até iluminados no Swaddhisthana por rituais diários de gratidão. Ter um momento fixo do dia para lembrar de algo bom, belo e alegre que aconteceu, mesmo nos dias mais duros, ajuda o cérebro a sei conectar com a emoção da gratidão, que é essencialmente uma emoção alegre. No começo pode ser muito difícil, particularmente para pessoas com o Tamas muito desenvolvido, mas na medida que o ritual começa a fazer parte da vida, a dificuldade diminui, pois circuitos cerebrais novos com este conteúdo se desenvolvem.  O Swaddhisthana pode ser harmonizado na meditação diária visualizando uma alegre luz alaranjada na região do baixo ventre, fazendo contração e descontração dos músculos desta região e recitando-se o mantra Vaam.

 

O chakra Manipura

Palavras chaves: autoestima, capacidade de agir

Tamásico: A apatia é uma característica das pessoas com este perfil de Manipura. Tendem a ser inertes em face à vida, com nenhuma capacidade de realizar projetos. Isto se relaciona com a outra característica de Tamas neste chakra: a baixa auto-estima. O sentimento de contínua fadiga e a letargia são predominantes, levando a tendências depressivas. O yoga em geral tem excelente efeito nesta condição, porém é difícil a pessoa decidir por curar-se e engajar-se em práticas físicas exatamente pela inércia que lhes é predominante.

Rajásico: São pessoas ativas e corajosas, cuja vitalidade do Manipura flui e lhes permite agir em face ao que a vida requer. O lado obscuro do Rajas, entretanto pode levar-lhes a agir pelo ego e ambição, tendo seu próprio interesse omo o centro de suas ações. A competitividade pode ser também outra característica de seu comportamento, e o esporte de alto nível e outras atividades baseadas em “um ganha, outro perde”, como as atividades advocatícias, podem ser espaços privilegiados para pessoas com Manipura rajásico. O egocentrismo e a competitividade são características que não contribuem para bons relacionamentos humanos, assim este é um desafio para este perfil psicológico.

Satívico: pessoas com este perfil tendem a usar sua capacidade de ação em benefício de outras pessoas e do mundo de forma desinteressada. Sentem-se capazes de realizar aquilo a que se propõem, mas aceitam as dificuldades como parte do aprendizado necessário à evolução, pessoal e do Todo.   Observam com um sorriso a cadeia de coincidências que faz com que as coisas aconteçam por seu intermédio. Frequentemente se sentem como um instrumento de uma força maior que dirige suas ações, que lhes auxilia a bem cumpri-las.  Observam com um sorriso a cadeia de coincidências que faz com que as coisas aconteçam por seu intermédio.

A passagem de modos tamásicos aos satívicos no Manipura precisa de muita prática. Dar um passo de cada vez para que um projeto seja cumprido, não colocar objetivos muito altos para não voltar à inércia inicial. A visualização das coisas desejadas como se já tivessem sido realizadas é um motor vibratório para vencer o Tamas e ir adquirindo Rajas para chegar a Satwa. Para não passar pelo egocentrismo e competitividade de Rajas, é importante que o projeto pessoal (que deve incluir a evolução na vida cotidiana da própria pessoa) tenha também um aspecto de benefício ao mundo. No começo, para quem tem tamas em alto grau, realizar um projeto não é fácil, e um projeto desinteressado também, para quem tem rajas muito desenvolvido. As práticas do yoga e da meditação vão harmonizando o chakra, sobretudo se o Manipura é visualizado em sua potente luz amarela na região do umbigo na meditação diária, como um sol que ilumina o mundo e não apenas a si mesmo. O movimento de contração e descontração dos músculos da região do umbigo e a recitação do mantra Raam, ajudam também na busca da ativação deste chakra.

 

O chakra Anahata

Palavras chaves: amor e compaixão

Tamásico: a preocupação com outras pessoas neste nível do Anahata submerge na apatia. Assim, o isolamento emocional é uma característica que leva à não empatia pelos outros. A personalidade dos sociopatas é o típico exemplo do Anahata tamásico, quando não há envolvimento emocional positivo. Elevar a atividade do Anahata pela prática do yoga é assim uma necessidade imperativa em locais que concentram pessoas com esta característica, como nas alas das prisões para criminosos perigosos.

Rajásico: são pessoas capazes de amar e serem amadas e o amor é parte importante de suas vidas.  Este e o tema de todos os filmes e canções românticas. Neste ambiente preconiza-se que viver o amor é sempre um acontecimento para fora, em direção a alguém específico. É uma concepção de amor condicional, em que as pessoas acreditam que o amor é uma emoção que pode estar associada ao ciúme, à dependência emocional, ao ressentimento pelas desigualdades momentâneas no dar e receber, por exemplo. Na ausência de uma relação amorosa tipo casal, a pessoa se sente vazia, desamada, pois o amor incondicional, perene e aberto a tudo e todos não é sequer compreendido.

Satívico: as pessoas com Anahata neste patamar não precisam apenas de dar e receber compaixão e amor. Elas são compaixão e amor em essência e as pessoas ao seu redor sentem isto.  Quando elas entram em uma comunidade as animosidades se dissolvem e assim elas sempre parecem estar rodeadas de pessoas amorosas. O poder do amor de um Anahata satívico é tão forte que cada ser que se aproxima dele se modifica um pouco, ficando mais compassivo e amoroso.

 

A observação cotidiana do bater do próprio coração é uma prática com múltiplas consequências benéficas e uma delas é a atenção ao Anahata chakra. As sabedorias ancestrais dizem que fazemos crescer tudo aquilo a que prestamos atenção. Assim, o desenvolvimento do Anahata segue paralelo a um melhor conhecimento de como está funcionando nosso corpo, como fazem os médicos ao auscultar seu ritmo. O Anahata pode ser harmonizado na meditação diária visualizando uma alegre luz verde azulada na região do coração e recitando-se suavemente seu mantra Yaam.

 

O chakra Vishuddi

Palavras chaves: comunicação, expressão da missão de vida

Tamásico: a característica do Vishuddi tamásico é a reclusão. O isolamento de outras pessoas pela não comunicação, pode chegar ao extremo da paranoia, do contínuo sentimento de ser perseguido. Se em casos menos graves é possível elevar a atividade do Vishuddi com diferentes práticas do yoga, a paranoia exige intervenção medicamentosa.

Rajásico:  a comunicação neste estado do Vishuddi flui facilmente e são pessoas que gostam de falar e ouvir. Os relacionamentos fluem também neste patamar, em conversações sadias, porém, quando rajas é muito presente, a pessoa pode se tornar aquela que domina todas as conversações. Os aspectos sombrios de rajas, a ambição pessoal e o oportunismo, pode significar que as e os parceiros para estas conversações são escolhidos em função de interesses prévios.

Satívico: neste nível a comunicação flui em outro estado e o fluxo de palavras passa através da pessoa e não simplesmente saindo de seu cérebro através da boca.  Percebe-se intuição e a sabedoria na interação com pessoas inspiradoras que têm um Vishuddi satívico. Quando falam em público este sente que a Verdade está presente, que há coerência interna na pessoa que fala. É como comunicar-se com alguém que possui uma conexão maior.

 Desenvolver o Vishuddi em direção à harmonia satívica e a iluminação exige muito silêncio, mesmo este sendo o chakra da comunicação. É no silêncio que satwa se manifesta e que a comunicação se torna o que precisa ser. É na fala que vem da alma que a comunicação realmente se estabelece e conectar-se com a alma exige vazio de pensamentos. Práticas meditativas e exercícios que atingem o Vishuddi trabalham nesta direção, como engolir saliva de modo bem concentrado em sua passagem pela região do chakra, a visualizando de uma potente luz neon nesta região e na recitação do mantra Haam.

 

O chakra  Ajna

Palavras chaves: intelecto, intuição

Tamásico: As pessoas neste estado têm dificuldade para pensar com clareza. A inércia de Tamas impede a fluidez do raciocínio lógico e, menos ainda à sabedoria intuitiva. Em situações muito extremas isto pode ser diagnosticado com um retardo mental, mas outras inteligências seguem funcionando, como a do corpo, da alma e do coração. Porém, os ajnas tamásicos podem tornar-se adictos das pulsões negativas dos outros chakras (drogas, sexo, poder), por terem dificuldade de se auto restringirem pelo pensamento lógico.

Rajásico: A atividade intelectual destas pessoas está em grande forma e sua clareza e senso lógico são presentes em todas as atividades, porém poucas vezes elas conseguem realizar o que pensam. Como tudo em rajas, há uma tendência de funcionamento no nível do ego, portanto, é uma clareza mental que tende a ser usada para favorecer a si mesmo e a seus próximos. As pessoas em geral, para as quais são escritos os textos e produzidos os vídeos, filmes, músicas e outras dimensões da cultura intelectual, têm o Ajna rajásico. A sociedade ocidental, que valoriza muito o pensamento, estimula o rajas neste chakra, que é muito encontrado nos cientistas e empreendedores.

Satívico: Aqui se expressam com mais clareza os poderes mentais mais elevados. O intelecto se aproxima da sabedoria, como algo que canaliza saberes disponíveis na inteligência universal através da intuição. Aí podem se manifestar poderes psíquicos como a premonição, a telepatia, a clarividência, a capacidade de curar. Todas estas capacidades, como é típico da presença de satwa, são frequentemente usadas pelo bem dos outros e do planeta, muito mais do que para o benefício pessoal.

Para a evolução do Ajna em direção satívica, o lugar em que a pessoa evolui é muito importante. Buscar cercar-se de pessoas e ambientes que tenham as habilidades do chakra, a capacidade intelectual e intuitiva, é de grande ajuda (grupos de estudo e de meditação, pessoas com conversas instrutivas e inspiradoras, bons livros, filmes etc.). Quem tem muito tamas beneficia-se do estudo, das conversas inteligentes, mesmo como mero expectador. Quem deseja desenvolver sua intuição deve frequentar ambientes mais espiritualizados, onde esta é uma prática comum. É importante observar que estes ambientes, quando menos dogmáticos, entendem que cada pessoa tem a divindade em si e, portanto, pode desenvolvê-la. Assim, a presença de um mestre, sempre bem-vinda, será sempre a de quem facilita o caminho e nunca de quem dirige a vida do outro, como fazem os guias manipuladores.

Para concluir esta etapa inicial de aproximação da psicologia yóguica, é interessante conhecer o resumo citado pelo Dr Vivekananda, baseado em seus estudos do yoga e prática profissional e na classificação do psicólogo americano Abraham Maslow. Assim, o comportamento de uma pessoa harmonizada se situaria no nível do Vijnamaya Kosha (o corpo da sabedoria, que envolve o Annamaya kosha, referente ao corpo físico; o Pranamaya kosha, ao corpo energético; o Manomaya kosha, ao corpo mental). Esta classificação exclui o que o Yoga busca em última instância: o desenvolvimento do Anandamaya kosha, ou camada da plenitude ou da iluminação. Mas isto é outra história...

Pessoas já evoluídas seriam então aquelas objetivas, que percebem a realidade de modo claro, mas que toleram a incerteza; acolhedoras, que acolhem a si mesmo e aos demais como são; honestas, simples e bem-humoradas que constroem um cotidiano sóbrio e alegre; que não são autocentrados e trabalham para os outros em coisas que fazem sentido para si; são independentes e valorizam sua privacidade e autonomia; têm bons relacionamentos, profundos e satisfatórios, com um pequeno número de pessoas compatíveis consigo; comprometem-se com o bem estar de todos os seres, sendo empáticas e afetuosas; são inconformistas e resistem à aculturação de um modo de vida que não faz sentido para elas; são criativas e originais em seu pensamento e democráticas, pois valorizam os direitos das outras pessoas. Finalizando, poderíamos perguntar: estas características fazem sentido para você? Quais fazem sentido? Construa seu plano para chegar lá aonde a Vida é plena, pois você está em harmonia consigo mesma (o), como as outras pessoas e a Natureza.



Psicologia yóguica

12 de Junho de 2024, 9:57, por Débora Nunes - 0sem comentários ainda

Resumo evolução yin yang chacras

Conceitos gerais e algumas práticas

Débora Nunes

O doutor Rishi Vivekananda, médico psiquiatra australiano vinculado à tradição de Satyananda (fundador da Bihar School of Yoga, uma das mais respeitadas escolas de Yoga da India, onde estudei em 2023), propôs uma síntese extremamente útil para quem quer se autoconhecer e evoluir. O resumo a seguir busca inspirar pessoas a conhecer seu livro[1], assim como as obras do inspirador guru Swami Satyananda Saraswati e de seu sucessor, Swami Niranjanananda Saraswati. Para situar leitoras e leitores ocidentais, há proximidades da abordagem da  psicologia yóguica  com Gustav Young, impulsionador no Ocidente de uma psicologia não materialista e Abrahan Maslow, com suas sínteses de tipos psicológicos. Minha própria prática de Yoga há mais de duas décadas, assim como a experiência com a “Meditação de harmonização dos chakras” que desenvolvi há muitos anos, ajudam na interpretação e nos exemplos e, espero, ajudem a tornar mais claras as complexidades da psicologia yóguica.

O yoga reconhece alguns padrões de realidade que foram utilizados na abordagem do doutor Vivekananda: os chakras, os sete principais centros de energia do corpo humano; os koshas, as cinco camadas do corpo humano; as gunas, ou graus de evolução de toda existência (inclusive humana) e os nadis, fluxos energéticos do corpo. Com base nestes padrões, e mais alguns códigos bem conhecidos de vida prática do Yoga, como os yamas e os nayamas, e as práticas corporais tais como os ássanas, pranayama, mudras, bandhas e shatkarmas, o Dr Rishi construiu, junto com sua experiência prática de 45 anos como psiquiatra e décadas como praticante do Yoga, um roteiro de autoconhecimento e práticas de autossuperação. Juntamente com a referência aos cinco modos mais conhecidos do Yoga, a Raja Yoga, a Karma Yoga, a Bhakti yoga e Jnana Yoga, a Psicologia yóguica é um rico caminho para se trilhar.

                                  

Comecemos por explicar melhor cada um dos termos citados em sânscrito: os Chakras, centros de energia do corpo humano situados ao longo da coluna vertebral, são sete (principais): Mooladhara, ou chacra Raiz ou Básico, situado no períneo e vinculado às necessidades de sobrevivência e autoproteção e à relação com a Terra; Swadhisthana  ou chakra Sacral ou Genésico, situado quatro dedos abaixo do umbigo, nas imediações do cóccix, rege o poder criador da energia sexual, a ancestralidade e a descendência; Manipura, ou chakra do Plexo Solar ou Digestivo, situado acima do umbigo e relacionado à auto expressão do indivíduo, ao seu poder pessoal; Anahata, ou chakra do Coração, situado no centro do peito e que relaciona-se à compaixão e ao desenvolvimento do amor em dimensão universal;  Vishuddi ou chakra Laríngeo, situado na garganta que representa a comunicação criativa da pessoa no mundo, alinhada com o propósito pessoal de serviço ao cosmos; Ajna ou chakra do Terceiro Olho, situado entre as sobrancelhas e relacionado com a inteligência integrativa, racional e intuitiva ao mesmo tempo; e por fim, o Sahashara chakra da Coroa, situado acima da cabeça e que representa a transcendência, o canal de comunicação com o divino

O segundo padrão de realidade humana reconhecido no Yoga são os Koshas. Dentro da concepção yóguica de que cada pessoa possui um Atma, equivalente à Alma no mundo ocidental, que é parte da emanação divina que tudo une, os koshas são camadas em torno desta alma dentro do complexo corpo-energia-mente. Existem cinco camadas: o Annamaya kosha, referente ao corpo físico; o Pranamaya kosha, ao corpo energético; o Manomaya kosha, ao corpo mental; o Vijnamaya kosha, ao corpo de sabedoria e o Anandamaya kosha, ou camada da plenitude ou da iluminação.  Cada pessoa tem uma preponderância de sua consciência em uma destas camadas.

O terceiro padrão de entendimento do mundo a partir do Yoga são as Gunas. Desde o clássico indiano Bhagavad Gita, o próprio Krishna descreve com as Gunas as qualidades de todas as criaturas da Natureza: Sattwa, pureza; Rajas, paixão e Tamas, inércia. Ele descreve que a qualidade Sattwa influencia a pessoa em direção à pureza, contentamento e sabedoria; a qualidade Rajas influencia a pessoa em direção à busca de satisfação de seus desejos e a qualidade Tamas influencia a pessoa em direção à inércia e à ignorância. Todas as Gunas estão presentes em todos as pessoas em determinado período e situações.  Olhando de forma mais ampla, as Gunas Rajas e Tamas podem ser vistas de forma menos negativa. O dinamismo e a entusiasmo de Rajas podem ser usados para nobres propósitos, assim como a estabilidade e o não julgamento de Tamas, mesmo que por ignorância, podem ser também construtivos.

O quarto padrão de realidade observado no Yoga é a existência dos canais de energia, os Nadis, ao longo da coluna vertebral. Existem três Nadis: um, situado à direita da coluna, Pingala, vinculado ao sol e ao masculino; outro, situado à esquerda da coluna, Ida, vinculado à lua e ao feminino, e um Nadi central, Sushuma, que se ativa quando Ida e Pingala estão harmonizados. Enquanto Sushuma está situado ao longo da coluna em linha direta, Ida e Pingala fazem uma espécie de zig-zag ou espiral ao longo da coluna. Para o Yoga, ainda, Sushuma é o caminho da Kundalini, a serpente que representa e evolução da conciência, que nasce no Mooladara chakra e percorre Sushuma até chegar ao Sahasrara, à iluminação.

Estes padrões de entendimento da pessoa vão constituir a base da compreensão das personalidades segundo a psicologia yóguica. Na proposta do Dr. Vivekananda, na medida em que deciframos a nós mesmos, o Yoga propõe caminhos evolutivos através do estilo de vida yóguico. Neste yoga lifestyle há regras de conduta como as auto restrições dos yamas, que são a não violência, a expressão verdadeira de si, a honestidade para com os outros, o desapego à matéria e prestígio e o autocontrole dos desejos. Já os niyamas são os códigos pessoais, como a pureza e ordem no campo mental e físico, o contentamento e aceitação do que é, as práticas de austeridade (jejum, silêncio, solidão, abstenção, etc),  a auto-observação das forças, fragilidades, necessidades e ambições que se carrega e o cultivo da fé em uma inteligência maior que tudo rege em benefício da evolução pessoal e coletiva.

 O estilo de vida yóguico é também o exercício dos mandamentos das cinco principais yogas: o Raja Yoga, o Karma Yoga, o Bhakti Yoga, e o Jnana Yoga. O Raja Yoga, que, pode-se dizer, rege o comportamento cotidiano, cultiva a presença em toda a ação, auto-observando-se através dos códigos do yamas e niyamas citados anteriormente. O Karma Yoga, que rege principalmente o trabalho, baseia-se no serviço ao mundo com grande eficiência e presença, seguindo nosso Sankalpa, nossa missão no mundo. O Bhakti Yoga, ou yoga de devoção e a doação de si ao propósito maior, busca desenvolver a fé, uma fé não religiosa que é focada em algo que faz sentido pra nós e que honramos dentro da compreensão da nossa unidade com o divino. O Jnana Yoga, que foca no conhecimento, envolve o contínuo aprendizado sobre nós mesmos e sobre o mundo, buscando a consciência maior e a imersão na sabedoria universal.

Outro caminho evolutivo da psicologia yóguica do Dr Vivekananda são as práticas físicas, todas derivadas das indicações da tradição de Satyananda e da Bihar School of Yoga. Um caminho exemplar e universal é recomendado para encontrar o equilíbrio: Entre as centenas de ásanas do Yoga, por exemplo, destaca-se como prática diária o Pawanmuktassana e o Suryanamaskara, por suas capacidades de integrar todo os sistemas do corpo. O Pawanmuktassana envolve exercícios para desenvolver a flexibilidade de todas as articulações, com atenção ao ponto em movimento e à respiração e pequenas pausas entre um exercício e outro. O Suryanamaskara, poderoso exercício devocional de saudação ao Sol, regula Ida e Pingala e ativa o sistema dos chakras, vitalizando o corpo, a mente e o sistema energético.

Ainda nas práticas físicas estão as limpezas corporais (Shatkarmas), onde destacam-se a lavagem das narinas, a lavagem do estômago e a lavagem intestinal periódica. Nos exercícios respiratórios, alguns Pranayamas, são destacados: a observação da respiração natural; a respiração yóguica; a respiração pela garganta (Ujjayi); a respiração alternada das narinas (Nadi Shodana); a respiração forçando o abdômen (Kapalbhati) e a respiração do som das abelhas (Bharamari). Em relação aos Bandas (contrações), a recomendação principal é o Moola Bandha, ou contração do períneo e sobre os Mantras, a repetição do Aum ou Om, e o mantra com respiração So-Ham. Em termos de práticas meditativas, a Yoga Nidra é destacada, em sua prática completa de 30 min. Todas as práticas citadas precisam ser orientadas por pessoa treinada até que a pessoa adquira autonomia. Nos atendimentos profissionais de psicologia yóguica, outras práticas corporais podem ser acrescentadas, segundo os perfis e necessidades pessoais.

A seguir, no próximo post, iremos resumir as formas de identificação dos perfis pessoais segundo os Chakras e as Gunas predominantes, continuando a compreensão da psicologia yóguica, a partir dos conceitos aqui citados.

 

[1] VIVEKANANDA, Rischi (2005). Practical Yoga Psychology. Munger: Yoga Publications Trust

 



Cidades do Futuro: caos ou renascimento?

18 de Março de 2024, 10:50, por Débora Nunes - 0sem comentários ainda

 Cidades do futuro

Quando os sinais do aquecimento global se tornam cada vez mais evidentes, quem mora nas cidades sofre ainda mais. O calor insuportável é um dos sinais mais fortes e as pessoas buscam defender-se como podem. O ar-condicionado virou sonho dourado para poucos e quem fica de fora deste privilégio recebe uma cidade ainda mais quente pelo efeito destes. O “salve-se quem puder” é a ação típica do modelo de sociedade individualista em que vivemos. Quando se combinam o aumento do nível do mar em cidades praianas ou ribeirinhas, a ocorrência de eventos climáticos extremos, sobretudo secas e inundações, a carestia dos alimentos por causa de mudança do regime de chuvas e estiagens no campo, a poluição do ar por químicos e microplásticos, a perspectiva de novas pandemias etc.. a perspectiva é o caos, mas um renascimento pode ser possível.

Não faltou aviso nos últimos 40 anos, mas os apelos da ciência foram ignorados. A persistência de cientistas em estudar o fenômeno das mudanças climáticas traz análises cada vez mais sofisticadas, previsões cada vez mais palpáveis e um tempo de mudanças cada vez mais próximo. Muito do que era previsto para 2100 é agora previsto para 2030! As e os profissionais da cidade, em muitos casos, continuam ignorando a questão e os problemas parecem grandes demais para terem solução. Juntam-se aos desafios já conhecidos e para os quais muitas soluções foram propostas e poucas efetivamente implementadas e têm-se um panorama devastador. Com a desigualdade se espraiando pelo mundo, até no Norte global, e com a fragilização dos Estados, cada vez mais endividados, como vislumbrar soluções abrangentes e inclusivas vindas dos Estados nacionais e das municipalidades?

Para citar alguns exemplos, como passar de uma mobilidade urbana atravancada, excludente, cara, perigosa e poluente para outra fluida, barata, segura, cooperativa e não poluente? Como passar de uma gestão de resíduos que enfrente a cultura do desperdício, a poluição e o alto custo de processamento dos resíduos urbanos, para uma situação de consumo sóbrio, reciclagem e produção de insumos a partir da coleta seletiva? Sobre o abastecimento de combustíveis nas cidades, como passar de carestia, insustentabilidade pela emissão de CO2 pelo uso do petróleo e poluição, para um contexto de moderação, cooperação, regeneração e inovação integrada das energias renováveis no quotidiano? Sobre como lidar melhor com os alimentos, como passar da baixa qualidade dos ultraprocessados, da carestia, da contaminação química e emissão de CO2 na agricultura altamente motorizada, para a agroecologia da abundância, da economia solidária, dos produtos orgânicos e da regeneração ecológica? Como passar de um abastecimento de água cada vez mais incerto, com altos custos de despoluição e contínuo desperdício, para soluções baseadas na moderação, na captação de água de chuva, na regeneração de mananciais e na cultura de sacralidade da água, mãe da Vida?

Quando pensamos sobre estas perguntas – e outras afins - vemos que não há respostas em grande escala na visão de mundo hegemônica que produz as estruturas culturais, socioeconômicas e políticas em que vivemos. Albert Einstein já dizia que “Os problemas significativos que enfrentamos, não podem ser resolvidos no mesmo nível de pensamento em que estávamos quando os criamos”. Isto nos leva a pensar que uma mudança de cultura é essencial e isto poderia começar nas Universidades, onde os profissionais da cidade são formados. Enquanto urbanistas, arquitetos, sociólogos e geógrafos acompanham a perplexidade da cidadania em geral em face das mudanças climáticas e suas graves implicações para a vida nas cidades, tudo parece sem solução. Uma nova cultura precisa ser criada para superar a visão de mundo hegemônica que também é majoritária nestas profissões: o paradigma cartesiano e mecanicista, que é descrito aqui. Em uma nova visão de mundo, vislumbram-se caminhos.

Para as pessoas nos pontos de ônibus, ou seja, a maioria da população, é demais preocupar-se e pensar soluções para as mudanças climáticas.  É como uma família pobre que já tinha grandes problemas e enfrenta uma pandemia, perdendo fontes de renda e entes queridos. Para não repetir esta crueldade histórica, cabe aos urbanistas mostrar soluções, ainda que estas sejam apenas de monitoramento, adaptação e mitigação, já que não há mais como retroceder nos processos de mudança do clima. Certamente as cidades precisarão mudar muito e uma parte delas, infelizmente se tornará inviável. Isto é particularmente verdadeiro para cidades que ficam em áreas inundáveis à beira mar ou rios, ou as grandes metrópoles que têm dependência excessiva de insumos vindos de fora sem possibilidades de se reconverterem para mais autonomia.

Olhando o contexto global, é preciso ter em conta também a fase ultra concentradora de renda do capitalismo financeiro que faz com que pessoas como Elon Musk tenham muito mais dinheiro do que a maioria dos Estados do mundo. Isto é tão mais grave pelo fato dos Estados serem devedores destes super ricos e portanto terem se tornado reféns do sistema financeiro. Isto explica em parte a paralisia geral da sociedade humana em face da emergência climática. Esperar soluções apenas via políticas públicas por municipalidades, estados e União seria ingênuo neste contexto. Soluções urbanísticas para as mudanças climáticas têm que ser criativas, colaborativas, regeneradoras, em rede, referenciadas por uma visão de mundo holística e ecológica onde a adultez de cada pessoa é estimulada para fazer face ao caos de modo comunitário. Indivíduos, entidades públicas, coletivos, empresas, movimentos sociais fazem parte da teia de soluções para que as cidades possam renascer.

E então?

Uma esperança pode vir da ideia de que do mesmo jeito que a maioria das pessoas não é suicida, a humanidade também não o será. Ou de que com o fundo do poço se aproximando, daqui a menos tempo que antes, o pior terá passado.  O realismo, que deve ser parceiro do otimismo, nos lembra o peso da cultura do individualismo, da desigualdade, do materialismo e da infantilidade das soluções rasas, fúteis e de curto prazo para problemas que são vistos sempre como sendo causados “por outros”. Este realismo nos lembra que vivemos numa sociedade que achou que os recursos da Terra eram inesgotáveis e que ainda não arregaçou as mangas pra ajudar a Natureza a se recuperar. Nos lembra que o lucro ainda é o indicador central da economia e que a propriedade individual de bens é ainda associada fortemente ao bem-estar – como no caso dos ar-condicionados. Ou, ainda mais amplo, que uma sociedade patriarcal baseada na dominância masculina, que é competitiva e hierárquica e dificilmente saberá ter uma visão suficientemente larga da democracia para convocar todas as pessoas para que juntas, salvem as cidades.

É de se concluir, portanto, que as possibilidades do caos se instalar são grandes. Que as soluções políticas de extrema direita com líderes fortes (e mentirosos) que se dizem capazes de mudar uma realidade cada vez mais atroz (e que por isto são chamados de “mitos”) tendem a se espraiar. Que as guerras tendem a se acirrar até pelo medo que se espalha. O chamado à paz, à ação conjunta, a mudanças de visão de mundo em direção à ecologia, à sobriedade, à participação cidadã corresponsável pelas soluções para todes, à igualdade de gênero e de oportunidades ainda é ouvido por uma minoria, infelizmente. Mas se haverá caos, e ele já é observado em larga escala, é histórico que haverá também o pós-caos, o pós- capitalismo, o pós-tudo. E o renascimento virá exatamente das pessoas que estão encarando os problemas e imaginando e praticando soluções. Estas revoluções tranquilas ainda têm pequena escala, mas vão se mostrar cada vez mais essenciais como sementes plantadas por quem vê que o mundo muda porque o vemos de forma diferente e agimos em acordo.

Quem hoje produz soluções como as ecovilas, a agroecologia, a permacultura, a economia solidária, a educação para a igualdade, a comunicação não violenta, o vegetarianismo e veganismo e as muitas formas de sobriedade feliz, estão plantando sementes. Assim como, nas cidades, os que focam nas energias renováveis como a solar, na agricultura urbana, na captação de água de chuva, na coleta seletiva com compostagem, reciclagem e reuso, nos sistemas alternativos de saneamento, nos orçamentos participativos, na participação cidadã para o pensar e agir nas cidade, nas caronas solidárias, na troca ou compra coletiva de bens, nos sistemas monetários alternativos, na propriedade coletiva de insumos não cotidianos (como ferramentas, impressoras, veículos), os ecobairros e as cidades em transição e tantas soluções mais, são sementes do futuro urbano.

Para que os profissionais da cidade saiam da negação e do sentimento de impotência, é necessário lhes conceder o direito de sonhar, o dever de estudar soluções práticas, reais, cotidianas que enfrentem os problemas das cidades. E que as pratiquem eles mesmos e elas mesmas. Que saiam do paradigma de que o Estado é solução para tudo e pensem em soluções nas quais a cidadania seja ativa e, colaborativamente, co-responsavelmente, enfrente os problemas. Ao mesmo tempo, e complementarmente, que não abandonem a exigência de que o Estado cumpra seu papel para solucionar problemas urbanos. Que estes profissionais criem soluções inovadoras de políticas públicas e sejam incansáveis batalhadoras e batalhadores pela sua implementação.

E para ir mais longe, porque não aprender a projetar eco-cidades participativas e solidárias? E imaginar a cultura alternativa que estaria dando suporte a estas mudanças de modos de viver urbanos? A utopia como horizonte é mais do que nunca necessária, como diria Eduardo Galeano, pra nos dar direção para onde ir. A autotransformação como base para novos mundos é um potente meio de mudar a cultura, enquanto o contexto cultural hegemônico ainda negar a necessidade urgente de mudar de paradigma, de valores e jeito de viver. Cedo ou tarde o óbvio será reconhecido. Cada pessoa que sai do modo de vida hegemônico, dos modos de pensamento e ação tradicionais, deixa de ser parte do problema e torna-se parte da solução. Cada pessoa que muda seu jeito de viver em direção a um modo sustentável, democrático e justo é uma semente para outro amanhã, e uma impulsora das mudanças nas instâncias coletivas, nas prefeituras das cidades, nos Estados. Enfrentar o caos para poder renascer é tarefa de muitos, inclusive minha e sua. Aqui e agora.

 



Economia Solidária: breve aproximações do conceito e história

8 de Março de 2024, 14:45, por Débora Nunes - 0sem comentários ainda

 Economia solidária

Por Débora Nunes

O conceito de Economia Solidária surgiu na França nos anos 1990, dentro de uma discussão maior acerca das transformações econômicas do final do século XX, em que, ao crescimento econômico vertiginoso não correspondeu um aumento generalizado do bem-estar dos homens e mulheres, mas, ao contrário, um aumento do desemprego e da exclusão social. Outros conceitos, mais conhecidos que Economia Solidária, se desenvolveram dentro de uma lógica de questionamento da economia liberal (século XIX) e neoliberal (século XX), mas também de interação com ambas, a exemplo de Terceiro Setor, Economia Social e Economia Popular. Como esses quatro conceitos são muito próximos e podem ser confundidos na prática, utilizaremos as definições de França (2001) para avançarmos em seguida na conceituação de Economia Solidária.

Segundo França, o Terceiro Setor seria o “universo do privado, porém público”, que aparece  num contexto anglo-saxão, onde predomina a idéia da filantropia para fazer face aos problemas sociais e onde, particularmente nos EUA, a ação redistributiva das organizações sem fins lucrativos é paralela à ação estatal nesse campo. A Economia Social é formulada em um contexto europeu, no qual o Estado-Providência é a base do enfrentamento dos problemas sociais e onde se desenvolve uma economia com fins sociais baseada em grandes fundações, associações e cooperativas, que atuam hoje, segundo França, como ‘‘apêndice do Estado”. Já a Economia Popular seria oriunda do contexto latino-americano, tendo tênue fronteira com a economia informal e se constituindo em “formas de sobrevivência da população mais pobre”, em que o registro da solidariedade está na base das atividades econômicas, praticamente como um prolongamento da solidariedade familiar ou comunitária.

A Economia Solidária tem afinidades com os conceitos anteriores, mas também particularidades que a afirmam como conceito e prática particulares. Consistiria, ainda segundo o mesmo autor, em “iniciativas apoiando-se sobre atividades econômicas para a realização de objetivos sociais que concorrem a ideais de cidadania”. Ela tem herança histórica comum com a Economia Social, ou seja, européia, e dá ênfase especial ao aspecto democrático da organização do trabalho, em que predominam o estatuto associativista e, em alguns casos, o cooperativista. As iniciativas de Economia Solidária articulam a dimensão econômica, social e política em uma só ação coletiva e são experiências que se abrem para o espaço público, no sentido da busca de transformações sociais amplas.

Nessa busca de transformações sociais gerais baseadas em iniciativas particulares, o movimento sindical brasileiro produziu uma visão particular e esclarecedora sobre a Economia Solidária ao  afirmar: “Não se trata somente de gerar oportunidades de trabalho e renda. Trata-se de construir novas relações sociais baseadas nos valores da solidariedade e da cooperação, que fortalecem a participação do cidadão na sociedade” (Revista Debate Internacional – CUT, 2000).  Nesta idéia de construção de “novas relações sociais” está embutida a reorganização de um projeto de transformação social através da mobilização da sociedade civil, que se traduz tanto do ponto de vista da mudança do modelo político, visando à superação da democracia representativa em busca da democracia direta/participativa, quanto da mudança do modelo econômico visando reverter prioridades do Estado e incorporar critérios sociais à  idéia de eficácia econômica.

Com o intuito de contribuir para uma compreensão mais precisa do que diferenciaria a Economia Solidária de outras iniciativas no mesmo campo econômico e social, foram  levantados (consultando-se materiais de divulgação de inúmeras experiências que reivindicam o conceito) alguns princípios que podem ser observados como norteadores dessas iniciativas e que ajudam a caracterizá-las, mesmo que não estejam presentes em todas elas:

  • motivações de justiça e solidariedade em todas as atividades implementadas e vividas coletivamente, tanto nas de produzir e consumir  bens e serviços, como nas de distribuí-los  e comercializá-los;
  • referências de êxito distintas daquelas do capitalismo, já que a reciprocidade e a fraternidade nas relações interpessoais são almejadas;
  • processos de autogestão e autonomia, implicando lógicas de participação e estímulo ao engajamento;
  • criatividade e soluções alternativas  face aos problemas e negócios implementados, visando à inovação tecnológica, gerencial e de relações humanas;
  • preocupação com o meio ambiente e com um progresso sustentável para a geração seguinte, preservando os meios naturais hoje existentes.

 

Economia Solidária: apreendendo seu contexto

 

A partir desses referenciais gerais e antes de abordar a experiência concreta que tentaremos descrever e analisar, passaremos a discutir o contexto em que surgiu este conceito. Por que a expressão “Economia Solidária” surgiu no final do século XX, fazendo renascer antigas utopias? Há aspectos econômicos, sociais, políticos e culturais a serem observados, que, mesmo sendo imbricados, podem ser desdobrados com o intuito de propor um melhor entendimento do fenômeno. Do ponto de vista econômico, observa-se uma vinculação com o aumento do desemprego; do ponto de vista político, com o enfraquecimento da idéia de um Estado do Bem-Estar Social; do ponto de vista social, com a intranqüilidade que representa a junção dos dois problemas citados, e do ponto de vista cultural, com pretendidas modificações identitárias que estariam em gestação no momento.

 

Grande parte dos países do mundo — como é o caso brasileiro — passaram a apresentar altas taxas de desemprego ao longo da década de 90[ii].  Tais índices são contemporâneos de uma economia globalizada, gerida numa ótica de livre comércio  radical. A globalização liberal, mesmo não sendo uma novidade, foi atualizada na última década pelas operações on-line, que multiplicaram o alcance dos contatos internacionais, favorecendo o mundo das finanças e a deslocalização das empresas, fatores que, por sua vez, realimentam as origens do desemprego. Há uma certa convicção, entre muitos autores que se debruçam sobre o tema, de que os empregos eliminados ao longo do processo de reestruturação produtiva e de crise econômica das últimas décadas do século XX dificilmente retornarão, a menos que ocorra um expressivo crescimento da atividade industrial e dos serviços. Por isso, tem surgido com alguma expressão a idéia de que se deve buscar ocupação e não necessariamente emprego, trazendo à tona a discussão sobre alternativas de organização dos trabalhadores por uma via autônoma e solidária como as iniciativas de Economia Solidária, capazes de melhorar as condições de vida da população envolvida.

 

           Concomitante a isso, tem-se a crise do Estado de Bem-Estar que veio aprofundar o difícil quadro social da nossa época. Esta crise é advinda da situação falimentar de muitos estados nacionais, mas também da intensa campanha ideológica feitas nas duas últimas décadas pelos arautos do neoliberalismo. O esvaziamento do modelo de políticas sociais intensivas de caráter público desmonta uma das soluções antes vistas como possíveis para as crises periódicas do capitalismo. Certamente o esvaziamento desta alternativa, a falta de perspectiva de retomada de políticas de pleno emprego ou de redução do desemprego no curto prazo teriam permitido o fortalecimento de uma certa tendência, em particular de solidariedade. Junta-se a isso a importância cada vez maior que a organização da sociedade civil, de forma autônoma — nem via Estado, nem via mercado —,  vem tendo, e vê-se o surgimento de práticas de solidariedade civil, que, mesmo não sendo novas na história, tomam outro significado e dimensão neste momento.

         

A essas questões econômicas, políticas e sociais junta-se uma dimensão cultural que poderia ser entendida como pano de fundo de todos os fatores citados anteriormente. Desse ponto de vista, a Economia  Solidária seria um renascer de utopias e de práticas que vêm dos  primórdios da humanidade e atravessam toda a história humana: o que Marx e Engels chamaram de “comunismo primitivo”; as corporações profissionais da idade média; as organizações  pré-sindicais do tipo guildas; as experiências ditas de “socialismo utópico”, de Saint Simon, Owen e Fourier; os diversos tipos de cooperativas de produtores, chegando às comunidades hippies de “paz e amor” e às comunidades esotéricas da atualidade. Em todas essas experiências, que embora tão diferentes procuram estabelecer uma produção coletiva com base na solidariedade, podem-se identificar elementos do que estamos chamando hoje de Economia Solidária.

 

Dentro dessas experiências que podem ser consideradas “antepassadas” da idéia atual de Economia Solidária,  os ideais socialistas — de propriedade coletiva e emancipação humana dos valores de competição e exploração ­— são, sem dúvida, uma contribuição das mais importantes. A diferença principal entre a prática real do socialismo vivido no século XX e as demais experiências citadas é que no campo socialista se tentou estipular uma tática e uma estratégia para generalizar a proposta numa escala nacional (e mesmo internacional), enquanto as outras experiências foram implementadas de forma pontual. Esse processo de generalização se baseou na tomada do poder político liderada por um partido e na manutenção desse poder via um Estado socialista. Na tentativa de generalização de uma prática, feita de forma impositiva, o socialismo real deixou subjacente a idéia de que os fins justificam os meios. O fracasso das experiências do socialismo real significou uma fragilização dos meios utilizados e, também, dos fins, levando aqueles que lutaram por essa idéia de volta a uma encruzilhada, a partir da qual é necessário reconstruir o caminho.

 

O ressurgimento, na atualidade, dessa idéia antiga de uma Economia Solidária parece estar vinculado também ao processo de hiperdesenvolvimento dos valores capitalistas: a propriedade, o individualismo e a competitividade. Ao chegar ao paroxismo do consumo e ao reino da propaganda, da mercantilização de todos os aspectos da vida humana, da competição exacerbada, da corrida contra o relógio, a sociedade demonstra a vacuidade desses valores como fundadores das personalidades através das doenças ditas “modernas”: stress, depressão, síndrome do pânico, anorexias, etc. Para muitos, este sentimento de  inadequação se manifesta também sob a forma de um vazio existencial angustiante.

 

A reação social a esse estado de coisas vem se dando pelo ressurgimento do ideal de solidariedade, retomando-se bandeiras históricas. Resgatam-se valores da Revolução  Francesa, liberdade, igualdade e fraternidade, e o ideário socialista do homem como capital mais precioso, mas com uma compreensão nova. A idéia de uma nova espiritualidade, que implica a busca de uma harmonização pessoal com o universo e com os outros,  é a novidade. Todos os rebeldes de antes precisaram romper com a espiritualidade porque ela era manipulada pela religião como instrumento de poder. Num momento em que na maior parte dos países do mundo  já se completou a desvinculação Igreja-poder, via Estado laico, a espiritualidade toma um aspecto de escolha pessoal, que não precisa mais ser contestada quando se questiona o status quo. Dessa forma, ela pode revelar todo seu potencial revolucionário de busca de uma existência plena, já que é impossível haver harmonização pessoal junto com miséria, violência, desigualdade e injustiça.

Certamente a idéia de um “homem novo” não é privilégio dos tempos atuais. Os ideais republicanos e socialistas falavam de um  homem novo, solidário, que seria forjado, socialmente, pela razão. O “homem novo” de hoje seria forjado, ao mesmo tempo, por arranjos sociais novos, mas também por uma espiritualidade revalorizada, definidora da “Era de Aquários”. Certamente, no mundo hipermercantilizado em que vivemos, esta “espiritualidade revalorizada” é vendida na lojinha da esquina, mas é também acalentada com sinceridade e vigor por muitos dos novos rebeldes, adeptos da busca de um mundo novo, gerido participativamente e baseado numa Economia Solidária (BOFF, 2001).

Tudo isso soa romântico diante da força do capital, dos interesses financeiros, da política manipulada, da corrupção, da ignorância e da miséria que se perpetua para grande parte dos humanos. Talvez, diante da magnitude da tarefa de transformação social, apareça a consciência de que, para os que se opõem a este estado de coisas, resta a velha e boa guerra de guerrilhas: pequenas ações — locais e globais — que vão minando o grande exército. A diferença é que esta imagem “guerreira” vem também incorporando, pouco a pouco, a busca da vivência da amorosidade, da vinculação dos ideais globais de solidariedade à prática cotidiana de compartilhar, e de novas lógicas que vão além da racionalidade instrumental analítica. Nesta luta, ou neste desafio, melhor dizendo, ao mesmo tempo em que cada desafiante se contrapõe a um estado de coisas de forma firme, racional, inteligente, se propõe também a mudar a sociedade de forma doce, relacional e espiritual. 

É neste contexto que entram a idéia e as práticas da Economia Solidária, que têm se mostrado uma das  contestações mais interessantes ao modelo econômico atualmente vigente, pois questionam, na sua própria existência cotidiana, as bases do modelo excludente que deu origem à pobreza e exclusão. Sua principal força talvez seja o exemplo "subversivo" de atuar na economia sem submeter-se aos princípios capitalistas de competitividade exacerbada e lucro privado, dentro de uma lógica de cooperação.  Busca-se a origem grega da palavra “economia”, que não está na idéia de negócios, como hoje, mas de resolução de problemas domésticos (oikonomia de oikos, casa), o que remete a um entendimento da economia mais voltado para a sobrevivência  e para o bem-estar da humanidade (ARRUDA, 2000). Por outro lado, a literatura aponta também que até hoje essas práticas têm pequeno alcance e são carregados de voluntarismo. Algumas polêmicas são encontradas na literatura acerca da origem e destino das práticas de Economia Solidária. Para alguns elas são vistas como uma alternativa objetiva (SINGER, 1999) de estruturação socioeconômica para a humanidade. Outros questionam se elas seriam uma tentativa de  "controle político dos miseráveis"  ou, ao contrário, uma "utopia experimental" (VAINER, 2000).

É pensando que essas experiências podem gerar sobretudo outras formas de relações econômicas e humanas, marcadas pela solidariedade, e que elas possam significar “sementes (que) começam a se impor quando ainda o velho é quantitativamente dominante”  como diz Milton Santos (2000) em um texto-testamento —, que propomos estudá-las em profundidade — tanto as de cunho micro com as macro — para compreender melhor sua dinâmica interna e seu alcance socioeconômico.

 

[i] Para maior aprofundamento desses conceitos ver texto de FRANÇA, Genauto: “Esclarecendo terminologias: as noções de terceiro setor, economia social, economia solidária e economia popular em perspectiva”, na publicação acima indicada.

[ii] Nas categorias desemprego e subemprego, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estimou, em seu relatório de 1999, uma cifra de aproximadamente um bilhão de pessoas no mundo, um número que vem crescendo a uma média anual de cem milhões de pessoas.

 

 



Visitando o novo mundo: Purna Ananda

12 de Dezembro de 2023, 15:43, por Débora Nunes - 0sem comentários ainda

Visão purna anandaGalpão purna ananda

Purna Ananda: Yoga e Ecologia

A ecovila Purna Ananda Ashram Ecovila Integral, ou fazenda Plenitude, localizada em Vassouras, RJ, surgiu em 2010, no interior da Associação Nacional de Yoga Integral (ANYI). Horivaldo Gomes foi o fundador da ANYI que difunde este tipo de yoga da vida cotidiana, concebida pelo mestre indiano Sri Aurobindo e desenvolvido pela francesa Mirra Alfassa, fundadora de Auroville-India, maior ecovila do mundo. Com sua companheira Tat Radha Prem e pessoas da associação, Hori, como era carinhosamente chamado Horivaldo Gomes, que já deixou este mundo, fundou a comunidade intencional que, como Auroville, é baseada na busca da realização, na vida concreta, de valores espirituais como paz, liberdade, amor, respeito, harmonia, plenitude, irmandade, solidariedade.

Os documentos da Associação citam a Visão e Missão de Purna Ananda:

Missão:
Aprender e ensinar o respeito e a responsabilidade com os seres, a terra e o Divino. Estimular o autoconhecimento e a descoberta de uma consciência que permita o convívio em harmonia entre as pessoas e entre o indivíduo com o meio ambiente. Incentivar o desenvolvimento sustentável atuando na economia e na educação da sociedade local. 

Visão:
Viver plenamente cada momento e cada sentimento. Amar, ouvir, entender, compartilhar e compreender cada ser vivo. Ingerir apenas alimentos puros, sem derrame de sangue. Encher a terra de alimentos saudáveis e promover a fartura.


Para comprar a terra e realizar o sonho da comunidade intecional, o grupo original chamou novas pessoas a entrarem na construção coletiva. A escolha foi por uma antiga fazenda de cavalos de 97ha, bem degradada e situada a 1,5 km do centro de Vassouras. A terra pertence à associação e cada associado pode adquirir o direito de uso e cuidado de uma ou mais glebas de 900m2. Da área total, cerca de 50 ha são reserva natural. Cerca de 50 pessoas constituíram a associação, mas nem todas são envolvidas diretamente com a ANYI, o que caracteriza, como em Piracanga e em Auroville, uma comunidade espiritual e uma comunidade ecovileira convivendo. 

O Ashram e a Ecovila se organizam segundo quatro princípios: ecologia, educação, espiritualidade e Harmonização integral. Diversas ações individuais e coletivas vêm sendo realizadas pelos associados e colaboradores para alcançar estes objetivos. Na Ecologia praticam-se a agroecologia e silvicultura sustentável, o reflorestamento, a bioconstrução, promovem-se as energias limpas a redução e o tratamento adequado dos resíduos e a conservação da biodiversidade. Na Educação estimula-se a educação artística e a expressão corporal, a educação ambiental, etc. A Espiritualidade expressa-se pelo templo Ecumênico com espaço de meditação e práticas do Yoga para o auto aperfeiçoamento. A Harmonização integral se materializa pelas terapias holísticas como Reiki, Acupuntura, Cromoterapia, Aromaterapia, Jin shin jyutsu, Shiatsu, Yogaterapia, etc.

Com muita perseverança, investimento e trabalho coletivo em reformas e melhorias, a sede da fazenda tornou-se a "Casa Mãe", com a cozinha comunitária da comunidade e área para atividades espirituais, funcionando também como centro de terapias integrais. A "Casa Filha" é uma estrutura menor que recebe visitantes para pernoite e o grande galpão onde antes ficavam os cavalos hoje é um centro de eventos internos e externos, como a tradional festa de Natal onde a comunidade recebe famílias das comunidades vizinhas.

Desde o início a comunidade estabeleceu uma governança democrática e também dinâmicas econômicas solidárias. Um fundo financeiro coletivo vem servindo para a construção de residências, para a melhoria da infraestrutura do lugar e recentemente também para a instalação de uma central de energia solar. As reuniões da comunidade para tomar decisões incorporam a inteligência do coração, para auxiliar a mente a ir no bom caminho da amorosidade e facilitar a convivência. Várias técnicas de superação de conflitos são experimentadas nestas reuniões já que o desafio de viver em comunidade é um projeto visionário que destoa completamente do mundo externo, que foca prioritariamente nos interesses e visões individuais. Purna Ananda, como todas as ecovilas, vem buscando meios de fazer da vida comunitária harmoniosa uma escolha de vida benéfica para todes, sabendo de antemão que estão criando cultura de um novo mundo.

 

 

 

Aurobindo, mirra e débora20221217 181450



Êtes-vous en bonne santé integrative? Questionaire II - ESI, ecologie intérieure

13 de Novembro de 2023, 9:17, por Débora Nunes - 0sem comentários ainda

 Logo esi

Chaque question a une réponse qui cherche à être la plus favorable à votre santé et à votre bien-être, ce qui revient à un bon alignement personnel. Situez-vous face à la question et à la réponse proposée, sur la base des références qui suivent, en comprenant votre processus de transformation personnelle vers l´auto-gouvernance de votre bien être.

Pour répondre, utilisez l’échelle suivante, qui essaye de voir le processus de changement:

(A) ALPHA – Il y a une certaine stabilité et equilibre. Peu de questions à propos de votre contexte de vie (alienation?).

(B) BETA – Vous ressentez parfois un malaise, une interrogation sur votre contexte de vie (besoin d´ajuster quelque chose?)

(G) GAMA - L’agitation génère un inconfort, mais la compréhension du besoin de changement n’est que mentale.

(D) DELTA - C'est le moment de crise et  du saut paradigmatique dans l´action car la comprehension inclut deja le coeur;

(NA) NOUVEAU ALPHA – Une nouvelle stabilité suite à des trasnformations. Les nouveaux défis de l'approfondissement sont attendus.

 

1 - A propos de votre santé physique. Dans une vision holistique de la vie, inconfort et maladie sont associés pour indiquer où et comment vous devez changer. Cette observation fait-elle partie de votre vie?

Rep. Oui, je comprends en profondeur et pour cela je pratique une auto-observation quotidienne de mon corps (douleurs, posture, yeux, ongles, peau, digestion, appétit et comportement général). Je sais que ce sont des signes de changement, je perçois mes faiblesses et mes forces, les respecte et cherche des transformations.

Votre situation actuelle: ______________________________________________________________________

 

2 - Sur la quantité, la qualité et les types d'aliments que vous consommez quotidiennement:

Rep. J'essaie de faire de ma nourriture mon médicament, en donnant la priorité aux fruits, aux légumes, aux thés, aux grains entiers et aux noix, en évitant les viandes et les produits industriels.

Votre situation actuelle: _______________________________________________________________________

 

3 - Sur le suivi des déchets corporels comme indicateurs de santé:

Rep. Je suis attentif (ive) à la quantité, à la qualité, au timing et au rythme de mes déchets (urine, fèces, menstruations, mucosités, etc.) et j'essaie de comprendre ce qu'ils révèlent , quand quelque chose sort de l'ordinaire.

Votre situation actuelle: ________________________________________________________________________

 

4 - La colonne vertébrale conserve l’axe physique et subtil de votre corps. Cherchez-vous à être aligné?

Rep. J'exerce chaque jour ma posture pour la renforcer, j'observe et comprends mes tendances au désalignement et j´essaye d´être en alerte pour l'aligner à nouveau;

Votre situation actuelle: ________________________________________________________________________

 

5 - Suivez-vous la quantité et la qualité du sommeil que vous avez chaque jour et cherchez-vous à l’équilibrer?

Rep. Oui, je cherche à dormir dans des conditions favorables pour une bonne nuit de sommeil et à dormir chaque jour le nombre d heures dont mon corps a besoin.

Votre situation actuelle: ________________________________________________________________________

 

6 - Le rythme d'activité et de repos, qu'il soit mental ou physique, est l'une des clés de la santé. Est-ce que vous respectez vos limites?

Rep. J'essaie de ralentir ma vie, de résister aux pressions extérieures et de trouver un équilibre entre le repos, les activités intellectuelles, créatives et physiques, pour équilibrer les enérgies Yin-Yang, d'action et de réceptivité.

Votre situation actuelle: ________________________________________________________________________

 

7 - Votre poids est un autre indicateur de la santé et de la forme physique de votre mode de vie. Comment vous trouvez-vous?

Rep. Je connais les mesures de la normalité du poids et les utilise comme référence. Je respecte cependant mes particularités génétiques et mes goûts personnels.

Votre situation actuelle: ________________________________________________________________________

 

8 - Vos habitudes d’exercice physique font partie de votre relation avec votre corps. Comment êtes vous dans cela?

Rep. Je fais de l'exercice, de préférence à l'extérieur, tous les jours, pour améliorer la tonicité et la souplesse de mon corps, en surveillant ma respiration et mon état d'esprit.

Votre situation actuelle: ________________________________________________________________________

 

9 - A propos de votre santé psychique. La fluctuation des émotions est un processus naturel de la vie, mais il existe des processus de désalignement personnel qui se manifestent par une certaine constance dans certaines émotions. Avez-vous souvent remarqué ce que vous ressentiez?

Rep. Je les observe toujours et j'essaye de me soigner. J'essaie de regarder ma vie avec un certain recul, en comprenant que le monde réel est comme une pièce de théâtre dans laquelle chacun joue son rôle. Mes adaptations et insuffisances par rapport à ce rôle sont des ressources pour mes émotions et je cherche à me soigner.

Votre situation actuelle: ________________________________________________________________________

 

10 - Les comportements quotidiens indésirables sont révélateurs de l'apprentissage qui reste à accomplir, car savoir et ne pas faire, ce n'est pas encore savoir. Comment vous trouvez-vous généralement par rapport à cela?

Rep. Je cherche à vivre selon la devise de Gandhi, en essayant d'être ce que je veux voir dans le monde et en sachant que la cohérence entre ce que je pense, ce que je dis et ce que je fais est une source d'équilibre et de joie.

Votre situation actuelle: ________________________________________________________________________

 

11 - À propos des relations interpersonnelles, qui reflètent votre personnalité et ont une incidence sur votre qualité de vie. Prenez-vous soin que vos relations soient saines?

Rep. Je cherche à cultiver des amitiés qui me soutiennent et me font grandir et essaie de rendre mes relations familiales

enrichissantes pour moi et pour les autres, en activant une empathie e respectant mon ancestralité et mes descendants. Dans mes environnements de sociabilité, je cherche à pratiquer la complémentarité et la coopération afin que tous gagnent les uns avec les autres.

Votre situation actuelle: ________________________________________________________________________

 

12. Pour le savoir traditionnel et pour d'innombrables érudits de l'esprit humain, comme Jung, les rêves sont révélateurs de l'âme. Observez-vous vos rêves?

Rep. J'essaie de me souvenir tous les jours de mes rêves et de voir leurs qualités (agréable, désagréable, cauchemars, inexistence de rêves, etc.). Lorsque cela est possible, j'essaie de les décrire par écrit, en cherchant à les comprendre dans l'immédiat et dans leur chaîne à long terme.

Votre situation actuelle: ________________________________________________________________________

 

13 - Percevez-vous la relation entre l'apparence et l'organisation de votre environnement materiel (à la maison, au travail, etc) et de votre vie intérieure? Cherchez-vous à agir dans ce domaine?

Rep. Oui, j'essaie de garder mon cadre de vie organisé. Puisque je comprends que tout est interconnecté, je cherche à utiliser l'organisation externe comme une aide à mon développement personnel et à inspirer cet alignement pour apporter des changements à mon environnement.

Votre situation actuelle: ________________________________________________________________________

 

14 - Votre santé mentale résulte d'une hygiène constante. Vous prennez soin de ce qui nourrit votre esprit?

Rep. J'évite les excès d'informations négatives, les soucis et les pensées excessives, ainsi que les personnes et les situations qui me stressent et consomment mon énergie mentale et spirituelle.

Votre situation actuelle: ________________________________________________________________________

 

15 - Les activités que vous exercez au quotidien nourrissent ou épuisent votre corps. Comment est votre alignement personnel dans ce domaine?

Rep. Je cherche à ce que mon travail / mes études et mes activités quotidiennes en général soient alignés sur ma mission dans le monde (sankalpa). J'ai constamment le sens de l'utilité personnelle / professionnelle, je me sens libre et avec la possibilité de créer mon destin avec joie.

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16 - Votre relation à votre propre avenir peut être une source de bien-être ou de tristesse. Comment vous projetez-vous?

Rep. Je me sens à l'aise, car je suis clair(e) dans mon processus d'évolution personnelle et mes projets futurs incluent la joie de la cohérence croissante entre ce que je suis et ce que je veux être, en faveur d'être une personne âgée en paix. Je réalise que je pacifie et rend de plus en plus subtil mon énergie personnelle et ainsi je contribue à la paix dans le monde.

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17 - A propos de votre santé spirituelle. Vous intégrez-vous dans votre quotidien le temps d´être en contact avec la dimension subtile de votre existence?

Rep. Tout au long de la journée, j'ai de petits rituels liés à la dimension subtile de la vie et une routine quotidienne bien établie de silence intérieur (méditation, contemplation, yoga, etc.).

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18 - Les peurs obsessionnelles sont l'opposé de l'abandon aux desseins de l'Univers qui sait ce qui est le mieux pour vous à long terme et comment encourager au mieux votre apprentissage. Voyez-vous votre relation avec vos peurs?

Rep. Pour moi, la peur est à la fois le conservateur de l'intégrité physique et l'instrument de l'esprit pour garder le contrôle. J´observe et cherche à guérir mes peurs avec plus d'abandon et de confiance, chaque jour.

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19 - Votre relation à vous-même est l'une des composantes majeures de votre bien-être. Que ressentez-vous sur ce point?

Rep. Je suis en paix avec moi-même, cultivant mon estime de moi avec acceptation, pardon et regard bienveillant. Em même temps, je cherche à être meilleur(e) aujourd'hui que je ne l'étais hier, pour moi-même et pour le monde.

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20 - Sur les marques que vous laisserez dans le monde apres votre mort...

Rep. Je fais de la mort un alliée, attentif à l'héritage que je vais laisser et j'ai le sentiment d'être sur le bon chemin, cherchant à faire de mon mieux et à faire partie de groupes qui tentent de contribuer à un monde meilleur.

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