Ir para o conteúdo
Mostrar cesto Esconder cesto
Voltar a Blog
Tela cheia

Cidades do futuro: quais os efeitos do crash ambiental?

24 de Abril de 2015, 3:03 , por Débora Nunes - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
Visualizado 156 vezes

Imaginar que Roma, a maior cidade do mundo na época do nascimento de Jesus, tenha diminuído sua população de um milhão de habitantes para apenas 15 ou 20 mil depois da decadência do império romano é ilustrativo. Após mil anos de poder sobre grande parte do mundo, o fim da civilização romana já inspirou filmes e livros que fazem alusão a essa derrocada como ilustrativa da crise que vivemos hoje. Há décadas, antes que as implicações da questão ambiental ficassem mais evidentes, o filme “As invasões bárbaras”, já tratavado assunto.

Será que nossas cidades hiper-engarrafadas, estressantes, poluídas, caras e violentas irão pelo mesmo caminho na medida em que os efeitos das mudanças climáticas se tornarem mais e mais severos? Alguns indícios, ainda muito pequenos e de crescimento lento, podem apontar para o decrescimento futuro: O movimento de retorno de migrantes nordestinos de São Paulo para as calmas pequenas cidades de onde migraram décadas antes; a saída de populações das metrópoles para cidades menores próximas em busca de qualidade de vida e aproveitando as possibilidades do trabalho pela internet; a proliferação de projetos de ecovilas, nas quais pessoas insatisfeitas com o mundo consumista, organizam-se para construírem modelos alternativos... Assim como Roma foi aos poucos desertada por seus habitantes, a crise da civilização ocidental, apontada em inúmeras pesquisas, podem indicar que o decrescimento das metrópoles e uma descentralização urbana serão uma tendência.

Os dados de um estudo de publicado por Safa Motesharri e colegas em 2014, financiado em parte pela NASA, dão mais concretude ao que muitos percebem também no seu dia a dia nas cidades: a insustentabilidade da civilização capitalista de consumo (ver sumário em inglês abaixo). Usando uma nova metodologia, denominada HANDY (Human And Nature DYnamical), que incorpora dados históricos, ambientais e de desigualdade, a pesquisa mostra que nas próximas décadas (20, 30 anos, ou seja, ainda em nosso tempo de vida), os efeitos do modelo civilizatório no clima, na água, na agricultura, na energia e na população já imporão mudanças profundas, levando ao colapso da civilização. A diminuição da população prevista pelo estudo, se dará tanto pela fome quanto por desastres climáticos e começará pelos pobres, menos protegidos, mas alcançará inevitavelmente os ricos.

Para além de tentarmos frear as tendências de crash ambiental com o crescimento de movimentos locais e globais, é importante que nos preparemos para uma transição mais sensata para outra etapa civilizatória. Cada pessoa e cada comunidade que mudar seu comportamento geral de consumo, de mobilidade, etc. estará em transição. Cada pessoa que começar a compensar sua pegada ecológica com plantio de árvores e alimentos, por exemplo, estará contribuindo para a transição coletiva. Diminuir o consumo material e compensar os efeitos de nossa própria existência na Terra é um caminho necessário, mas restabelecer uma vida mais calma e um ritmo mais sereno, indo na contracorrente do modelo atual, é outro desafio importante, uma verdadeira revolução tranquila. A matéria e energia estão interligadas profundamente como os novos paradigmas do conhecimento evidenciam.  Nós somos ao mesmo tempo parte dessa matéria e dessa energia universal e está em nossas mãos fazer nossa parte, enquanto o resto do mundo não acorda.  

 

Human And Nature Dynamics (HANDY):  Modeling Inequality and use of resources in the collapse or sustenability of societies

(Safa Motesharri,  Jorge Rivas, Eugenia Kalnay)

 

SUMMARY

Collapses of even advanced civilizations have occurred many times in the past five thousand years, and they were frequently followed by centuries of population and cultural decline and economic regression. Although many different causes have been offered to explain individual collapses, it is still necessary to develop a more general explanation.  In this paper we attempt to build a simple mathematical model to explore the essential dynamics of interaction between population and natural resources. It allows for the two features that seem to appear across societies that have collapsed: the stretching of resources due to strain placed on the ecological carrying capacity, and the division of society into Elites (rich) and Commoners (poor).

The Human And Nature DYnamical model (HANDY) was inspired by the Predator and Prey model, with the human population acting as the predator and nature being the prey. When small, Nature grows exponentially with a regeneration coefficient γ, but it saturates at a maximum value λ. As a result, the maximum regeneration of nature takes place at λ/2, not at the saturation level λ. The Commoners produce wealth at a per capita depletion rate δ, and the depletion is also proportional to the amount of nature available. This production is saved as accumulated wealth, which is used by the Elites to pay the Commoners a subsistence salary, s, and pay themselves κs, where κ is the inequality coefficient. The populations of Elites and Commoners grow with a birth rate β and die with a death rate α which remains at a healthy low level when there is enough accumulated food (wealth). However, when the population increases and the wealth declines, the death rate increases up to a famine level, leading to population decline.

We show how the carrying capacity —the population that can be indefinitely supported by a given environment [Catton, 1980]— can be defined within HANDY, as the population whose total consumption is at a level that equals what nature can regenerate. Since the regrowth of Nature is maximum when y = λ/2, we can find the optimal level of depletion (production) per capita, δ∗ in an egalitarian society where xE ≡ 0, δ∗∗(≥ δ∗) in an equitable society where κ ≡ 1, and δ∗∗∗ in an unequal society where xE ≥ 0 and κ > 1.

In sum, the results of our experiments, discussed in section 6, indicate that either one of the two features apparent in historical societal collapses —over-exploitation of natural resources and strong economic stratification— can independently result in a complete collapse. Given economic stratification, collapse is very difficult to avoid and requires major policy changes, including major reductions in inequality and population growth rates. Even in the absence of economic stratification, collapse can still occur if depletion per capita is too high. However, collapse can be avoided and population can reach equilibrium if the per capita rate of depletion of nature is reduced to a sustainable level, and if resources are distributed in a reasonably equitable fashion.

In the upcoming generations of HANDY, we plan to develop several extensions including: (1) disaggregation of Nature into nonrenewable stocks, regenerating stocks, and renewable flows, as well as the introduction of an investment mechanism in accessibility of natural resources, in order to study the effects of investment in technology on resource choice and production efficiency; (2) making inequality (κ) endogenous to the model structure; (3) introduction of “policies” that can modify parameters such as depletion, the coefficient of inequality, and the birth regions to represent countries with different policies, trade of carrying capacity, and resource wars.

 

 


Categorias

Desenvolvimento territorial, Pesquisa e tecnologia, Consumo ético e solidário, Meio-ambiente

0sem comentários ainda

    Enviar um comentário

    Os campos são obrigatórios.

    Se você é um usuário registrado, pode se identificar e ser reconhecido automaticamente.

    Cancelar