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Islândia 7 X Brasil 1

25 de Abril de 2017, 17:09 , por Débora Nunes - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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 Islandia parem o cassino financeiro

Eles viraram o jogo e se impuseram. Nós continuamos cabisbaixos, ainda. Quando o povo islandês percebeu que estava perdendo direitos e que uma classe dirigente atroz estava levando o país à bancarrota, eles simplesmente os varreram do mapa. O pequeno país de 320 mil habitantes, próximo à Inglaterra, soube estar à altura dos desafios históricos e os moradores de sua capital, Reykjavik, não deram trégua ao Parlamento e ao Governo. Gigantescos protestos obrigaram o governo a renunciar, o parlamento a se renovar e uma nova constituição foi construída participativamente.

Explicando: O país foi o primeiro a “quebrar” depois da crise de 2008, com desemprego em massa e o povo pagando pela crise, enquanto os bancos nadavam em dinheiro e os políticos seguiam envolvidos com seus próprios “negócios”. Nada que não seja conhecido no Brasil. A indignação do povo fez a diferença e vieram eleições antecipadas, trazendo pessoas mais identificadas com a cidadania e a ética para o parlamento. Os principais assuntos políticos passaram a ser resolvidos com plebiscitos e consultas de diversas naturezas pela internet. Os bancos quebrados foram nacionalizados, ao invés do Estado investir dinheiro do povo para salvá-los, como aconteceu nos EUA e Europa, pra eles continuarem cinicamente ganhando fortunas à custa do sofrimento alheio.

O mais interessante de tudo foi a revisão da Constituição, em 2012: mil e duzentos eleitores foram escolhidos por sorteio e outras  trezentas pessoas foram chamados para representar os trabalhadores, empresários, ONGs, etc. Dessa assembleia cidadã nasceu um documento  de 700 páginas com as bases da Constituição. O passo seguinte foi a convocação de um grupo de trabalho de 25 pessoas, sem conotações partidárias, para redigir o texto constitucional. Esse foi submetido a um referendo pela internet antes de ser votado pelo parlamento, depurado de seus membros mais asquerosos, que foram pra cadeia. É aqui que o Brasil fez seu golzinho no 7x1... já mandamos alguns pra lá.

Talvez você esteja se perguntando: por que eu não fiquei sabendo de nada disso na época? Boa pergunta.  O caso da Islândia é absolutamente renovador da política. Sai completamente do caminho de ignorar que o sistema da democracia representativa está em frangalhos, ou do caminho de apenas pensar em punir a corrupção dos políticos. Sim, ela precisa ser punida, mas vamos botar quem no lugar dos políticos pra governar? A Islândia mostra um caminho: representantes eleitos da cidadania organizada e os da cidadania “desorganizada”, indicados por sorteio; participação popular pelo facebook, twitter, etc, controlando o governo eleito. Já imaginou se a onda pega no Brasil? Nos vingaríamos dos 7 a 1.

(Artigo publicado no jornal "A Tarde" de 24 de abril 2017)

Para conhecer melhor os acontecimentos na Islândia ver documentário (em inglês) no link abaixo sobre o Movimento Cidadão.


Categorias

Economia, Política, Internacional, Cultura
Tags deste artigo: Islândia

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